julho 27, 2024

Artigo: Monta natural ou Inseminação artificial em tempo fixo, o que vai ser na próxima estação de monta?

Aplicativo ajuda produtor a planejar estação de monta Para alcançar boas taxas de prenhez, todos os anos, entre agosto e setembro é necessário começar o planejamento e a preparação da estação de monta subsequente. Um dos principais aspectos a serem levados em conta é a escolha entre monta natural ou inseminação artificial. Esta decisão nem sempre é fácil, são inúmeros os aspectos que precisam ser levados em consideração. Caso a opção seja a monta natural, é preciso preparar e/ ou adquirir os touros, realizar exame andrológico deles etc. No caso de se optar pela Inseminação Artificial em Tempo Fixo – IATF, é necessária a escolha e aquisição do sêmen, protocolos hormonais, consultoria técnica, entre outros. Essencial também nesta fase, é monitorar a condição nutricional das fêmeas, e caso necessário, fazer uma suplementação, pois o sucesso da estação de monta depende muito da condição corporal da vacada.  Além dos aspectos técnicos, existem os aspectos econômicos a serem levados em consideração nesta decisão. Será que vale a pena investir em touros de alto valor genético para monta natural ou é melhor partir para a IATF? Qual a taxa de prenhez necessária para compensar este investimento com os touros e qual a relação touro: vacas usar? Por quanto tempo o touro deve permanecer na fazenda? Se optar pela IATF, qual o preço a pagar pelo sêmen para compensar os custos? Essas são dúvidas que muitos produtores têm e muitas vezes para chegar a essa resposta são necessários cálculos, planilhas, simulações, o que toma certo tempo e muitas vezes na correria do dia a dia, sem as ferramentas adequadas, este cálculo se torna difícil, e as decisões são tomadas mais pela “emoção” do que pela “razão”. Mas porque estou falando sobre tudo isso? Em fevereiro de 2019, a Embrapa Gado de Corte lançou o aplicativo Cria Certo com o objetivo justamente de auxiliar produtores e técnicos a planejar a estação de monta, principalmente no quesito escolha do método de reprodução a utilizar: monta natural ou IATF. Desde o lançamento, até o final de julho deste ano, já foram registrados quase sete mil acessos. Não importa qual o sistema operacional do seu smartphone (Android, IOS etc.), ele roda em qualquer dispositivo, tablet e desktop. O aplicativo é bastante amigável, levando apenas poucos minutos para realizar uma simulação. A média registrada de tempo de uso para cada acesso é de três minutos e 30 segundos. São quatro as opções de simulação: Monta Natural, uma IATF + repasse com touro, duas IATFs + repasse com touro e tres IATFs. Para realizar as simulações é necessário entrar com alguns dados, como número de vacas em reprodução, taxa de prenhez, taxa de natalidade, preço do touro / sêmen, preço do aluguel do pasto etc. Caso você não tenha estes custos definidos, o aplicativo possui alguns valores padrão para auxiliar na simulação, são valores de referência de mercado e são atualizados anualmente. Vou aqui citar um exemplo prático: Seria melhor investir R$ 10.000,00 em um touro com avaliação genética que possui uma DEP à desmama dos bezerros de cinco quilos ou usar um sêmen de um touro que possui a mesma DEP de cinco quilos à desmama pelo valor de R$ 18,00 a dose? Essa pergunta, eu não vou responder, deixo aqui o desafio aos senhores, de utilizarem o Cria Certo para respondê-la.  Entre as inúmeras vantagens de utilizar o aplicativo, uma delas é que é possível fazer várias simulações e salvá-las para comparações futuras, ou até mesmo realizar simulações de várias fazendas diferentes. Para isso basta somente fazer o login com a conta Google ou então com o Facebook. Achou interessante? O aplicativo é gratuito e está disponível pelo site www.criacerto.com. Que venha a estação de monta 2020/2021 porque com pandemia ou sem pandemia o agro não pode parar!!! Fonte: Embrapa Curadoria: Boi a Pasto

Lula diz que ‘desgraceira’ o levou a assinar decreto para retirar garimpeiros de território yanomami

Presidente afirma que encontrou indígenas em situação de abandono durante visita a Roraima O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (31) que a situação de “desgraceira” vivida por indígenas o levou a assinar um decreto que determina a retirada de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami. Em seu discurso, Lula citou sua viagem a Boa Vista ao lado da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, no dia 21. “O fato de ela ser ministra e o fato de a gente ter visitado lá em Roraima, uma terra yanomami, de ver a desgraceira que está acontecendo com aquele povo abandonado, fez com que ontem nós assinássemos um decreto para definitivamente tirarmos os garimpeiros das terras indígenas deste país”, disse. A declaração foi dada durante cerimônia no Palácio do Planalto para assinaturas de decretos que criam o Conselho de Participação Social e o Sistema de Participação Social Interministerial. Também participaram do evento a primeira-dama, Janja da Silva, e o ministro da Secretaria de Governo, Márcio Macêdo. Na segunda-feira (30), Lula já havia prometido acabar com o garimpo em áreas indígenas. “Vamos tomar todas as atitudes para tirar os garimpeiros ilegais e cuidar dos yanomamis. Resolvemos tomar decisão, acabar com a brincadeira, não vai mais ter garimpo. Não vai mais ter sobrevoo, barcaças com combustíveis”, disse o presidente a jornalistas. Na ocasião, Lula também assinou um decreto com medidas como o fechamento do espaço aéreo para aeronaves não autorizadas pela Aeronáutica, para fechar o cerco contra o garimpo na área yanomami. O texto amplia o poder de atuação dos ministérios da Defesa, da Saúde, dos Povos Indígenas e do Desenvolvimento Social e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Autoriza, ainda, a Aeronáutica a criar uma zona de identificação de defesa aérea no local, controlando o espaço aéreo e atuando para “neutralizar” aeronaves e equipamentos relacionados ao garimpo ilegal. “O Ministério da Defesa atuará no fornecimento de dados de inteligência e no transporte aéreo logístico das equipes da Polícia Federal, do lbama e dos demais órgãos e entidades da administração pública federal que participarão diretamente na neutralização de aeronaves e de equipamentos relacionados com a mineração ilegal no território yanomami”, diz trecho do decreto. O documento diz também que só poderá acessar o território yanomami quem for autorizado conforme um ato conjunto dos ministérios da Saúde e dos Povos Indígenas, “com vistas à prevenção e à redução do risco de transmissão de doenças e de outros agravos”. Além disso, o decreto libera as pastas para requisitarem bens, servidores e serviços necessários. Fonte: Folha de São Paulo Curadoria: Boi a Pasto

Estação de monta é assunto de capacitação EaD gratuita

Treinamento é simples, objetivo e essencial. Muito falada e às vezes pouco cuidada, essa é a realidade da fase de cria em algumas propriedades rurais do País. Sua complexidade justifica certas dificuldades e com base nessa realidade, a Embrapa (Campo Grande-MS) disponibilizou a capacitação “Fazendo Certo: como organizar a estação de monta em propriedades de gado de corte“, com inscrições gratuitas diretamente pela plataforma de cursos on-line da Embrapa, e-Campo. “Há alguns anos concedo entrevistas sobre a estação de monta e atendo ao Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) da Empresa e percebo que há dúvidas recorrentes e constantes, assim veio a proposta de organizar o conteúdo e transformá-lo em um treinamento simples, objetivo e essencial”, afirma a médica-veterinária e pesquisadora Alessandra Nicácio (Embrapa Gado de Corte), uma das responsáveis pela capacitação e especialista em reprodução animal.  Nos três módulos disponíveis, divididos em 13 vídeos, Nicácio e a também médica-veterinária e especialista em biotécnicas reprodutivas, Juliana Correa (Embrapa Pantanal), explanam sobre as vantagens de se organizar a estação de monta, os aspectos fisiológicos e sanitários de fêmeas e machos, os índices zootécnicos e a relação com direta com a produtividade do rebanho, estratégias de acasalamento, como inseminação artificial (IA) e inseminação artificial em tempo fixo (IATF), dentre outros temas.  A parceria das pesquisadoras, somando competências e esforços, possibilitou ampliar o conteúdo chegando às principais biotecnologias reprodutivas como o sêmen refrigerado e o uso de embriões, foco das últimas aulas. Os vídeos duram em média, 15 minutos e as veterinárias comentam que objetivo é permitir ao participante do curso, faze-lo em seu tempo, conforme sua disponibilidade. Como material de apoio, há indicação bibliográfica. E-campo No ano passado, a Embrapa Gado de Corte lançou seu primeiro curso na modalidade virtual –  “Fazendo Certo: a escolha da forrageira”. A vitrine de capacitações on-line da Embrapa, e-Campo, tem, atualmente, 84 cursos, dos mais variados temas, com inscrições abertas. No espaço, o aluno tem acesso aos conteúdos e às atividades interativas e avaliativas.  Fonte: Embrapa Curadoria: Boi a Pasto

Compromisso de Lula para 2030 terá impacto positivo no PIB mundial, caso se consolide guinada após política de Bolsonaro

Compromisso de Lula para 2030 terá impacto positivo no PIB mundial, caso se consolide guinada após política de Bolsonaro Zerar o desmatamento na Amazônia e no cerrado até 2030, como o Brasil se propõe a fazer, pode gerar um ganho de até US$ 240 bilhões (R$ 1,2 trilhão) para o PIB (Produto Interno Bruto) mundial. Os cálculos são do pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas) e economista sênior da LCA Consultores, Bráulio Borges, e consideram tanto o aumento da emissão de gases do efeito estufa por conta das queimadas quanto a redução da floresta, o que reduz a absorção de carbono. Ele afirma que segue a lógica do CSC (Custo Social do Carbono). O cálculo envolve a estimativa dos impactos causados pelas mudanças climáticas, como danos causados à saúde humana e ao meio ambiente, e os custos para remediá-los. Um menor aquecimento global, por exemplo, significaria desde menos gastos com energia para ar-condicionado até uma elevação menor do nível dos oceanos (que pode desvalorizar imóveis nas regiões litorâneas e até mesmo destruí-los) ou uma maior produtividade agrícola e do trabalho (neste último caso, por conta dos impactos sobre a saúde humana). Segundo o economista, a queda do desmatamento nos dois primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a redução da emissão de gases de efeito estufa proporcionou, em valores atuais, um ganho de US$ 818 bilhões (R$ 4,2 trilhões) para a economia mundial entre 2003 e 2011, na comparação com um cenário em que os resultados de 2002 fossem mantidos. Em contrapartida, o aumento do desmatamento e suas consequências na alta de emissão de gases de efeito estufa de 2019 a 2022, já durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), levaram a uma perda estimada em US$ 201 bilhões (cerca de R$ 1,02 trilhão, na comparação com a tendência em 2008 e com a estimativa para o ano passado). Bráulio usou dados de emissões líquidas do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), do Observatório do Clima, e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para desmatamento. Para estimar os custos, foi usado o chamado CSC (Custo Social do Carbono) por tonelada adicional de CO2 (gás carbônico) despejada na atmosfera —de US$ 185 por tonelada em 2020 e chegando a US$ 226 em 2030. Considerando uma trajetória linear de redução, a partir de 2027, os biomas sairiam do patamar de perdas e passariam a gerar ganhos para a economia mundial, que somam os US$ 240 bilhões. Com desmatamentos zerados em ambos os biomas em 2030, a captura de GEE pelas florestas seria maior do que as emissões brutas por conta de desmatamentos e queimadas, explica o pesquisador. Ele lembra que também é preciso considerar que os ganhos são diluídos no tempo —ou seja, não necessariamente se materializarão integralmente entre 2027 e 2030— e caso o desmatamento se mantenha zerado a partir de 2031, o ganho acumulado vai crescendo. “Esses ganhos e perdas afetam a economia mundial ao longo de muitos anos, já que os gases de efeito estufa têm efeitos por séculos, e os ganhos e perdas são diluídos no tempo. Há cerca de cinco anos, era uma utopia, mas hoje está clara a maneira como o Brasil pode monetizar a preservação, por meio do mercado de crédito de carbono”, diz Borges. Em novembro do ano passado, ainda na condição de presidente eleito, Lula ressaltou em discurso na COP 27 (conferência para o clima), no Egito, que o combate às mudanças climáticas seria prioridade nos quatro anos de seu governo. “Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida, não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação dos nossos biomas até 2030, da mesma forma que mais de 130 países se comprometeram ao assinar a declaração de Glasgow sobre as florestas”, disse o petista. “Vamos priorizar a luta contra o desmatamento em todos os nossos biomas. Durante os três primeiros anos [do governo Bolsonaro], o desmatamento na Amazônia teve um aumento de 73%, essa devastação ficará no passado”, concluiu. Borges avalia que a guinada na política ambiental, com a derrota de Bolsonaro em 2022, coincide com o avanço nas discussões sobre preservação ambiental, que o Brasil pode capitanear nos próximos anos. Nesse cenário, o destaque que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tem recebido e sua presença no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), empresta ao país uma reputação bastante positiva em todo o mundo, avalia o economista. “Já voltamos com o Fundo Amazônia, voltamos com o plano de combate ao desmatamento e já estamos recompondo orçamentos e equipes dos ministérios. O Brasil tem compromissos ambiciosos em relação a ser um país economicamente próspero, socialmente justo, politicamente democrático, culturalmente diverso e ambientalmente sustentável”, disse Marina em Davos. “Mas a gente precisa correr atrás, alguns resultados vão precisar ser entregues em breve e vai ser preciso estipular metas mais ousadas e um plano para cumprir essas regras”, diz Borges, que destaca oportunidades na expansão do setor elétrico por meio de energia eólica e solar e definição de padrões de emissões. Com a guinada na política ambiental, o Brasil também pode se beneficiar nos próximos anos da atração de capitais por meio de investidores que levam em conta a preservação ambiental. Além disso, o país pode evitar sanções aos produtos brasileiros e destravar o acordo entre Mercosul e União Europeia, conforme já sinalizado por líderes europeus. “E podemos ganhar royalties para manter a floresta de pé e ganhar para reflorestar. O mercado de crédito de carbono está se tornando cada vez mais global. Se o Brasil reduzir a zero o desmatamento, vai ter um excedente em relação às metas e poderá exportar isso para outros países cumprirem as suas”, diz Borges. O pesquisador acrescenta que, embora efeitos do desmatamento sejam captáveis com mais clareza pelos economistas —como o aumento da criação de gado nos estados da Amazônia Legal ou da extração de madeira ilegal— há custos que o desmatamento gera e que são mais difíceis de captar, como o da redução do regime chuvas

O alimento é o ponto de encontro entre o rural e o urbano

Além de conhecer como poucos as dores e os amores da evolução do agronegócio brasileiro, Roberto Rodrigues costuma ter a medida certa para debater esses extremos e o que está entre eles. Além de conhecer como poucos as dores e os amores da evolução do agronegócio brasileiro, Roberto Rodrigues costuma ter a medida certa para debater esses extremos e o que está entre eles. Exatamente por isso se tornou um porta-voz do setor em várias frentes, inclusive no Ministério da Agricultura (2003-2006). Além de uma família de agricultores, os Rodrigues são também esalquianos já estão na quarta geração de engenheiros agrônomos formados pela Esalq/USP, de Piracicaba (SP). Hoje à frente da coordenação do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP), lidera uma série de discussões sobre o agro e pretende ajustar o foco dessas conversas. “Mais do que defender a agropecuária, quero defender um projeto para alimentos no mundo”, disse ele. O senhor costuma dizer que a comida ajuda a promover a paz. Como fica a questão da segurança alimentar diante da guerra na Ucrânia?ROBERTO RODRIGUES –É preciso voltar um pouco para abordar essa questão. Mesmo antes da Covid, houve um cenário preocupante quanto à segurança alimentar em que toda semana morria gente no Mar Mediterrâneo. As pessoas estavam fugindo da África, da Ásia, da Europa Oriental, do Oriente Médio e indo para a Europa Ocidental. Para fazer o quê? Comer. E ter paz. Durante a pandemia, além da tragédia pelo caos da perda de vidas que ela ocasionou, muitos países que não tinham autossuficiência no abastecimento precisaram buscar comida fora para garantir segurança alimentar a suas populações. Só que dadas as circunstâncias climáticas em várias regiões do planeta nos anos de 2019 e 2020, os estoques estavam reduzidos. Então, diante da irrevogável lei de oferta e procura, houve uma brutal inflação de alimentos. Em dólar, produtos como soja, milho e proteína animal dobraram de preço de um ano para o outro nas bolsas de Chicago, Nova York e no resto do mundo. [Durante a pandemia] Faltou contêiner, faltou navio, a logística pipocou e impediu que as coisas avançassem. Como esse quadro impactou o agro? Produtores do mundo inteiro resolveram plantar mais, em áreas maiores, para aproveitar a onda de bons preços. Isso aumentou o consumo de fertilizantes, defensivos, sementes, maquinário e a necessidade de mais crédito. Só que as fábricas de fertilizantes não estavam prontas para aumentar 20% sua produção, Não é assim que funciona, da noite para o dia. Por outro lado, a pandemia também tinha rompido as cadeias produtivas, levando à escassez de insumos e de matéria-prima para produzir. Alguns países produtores de insumos, caso atípico da China, cortaram as exportações preocupados com o suprimento interno dos seus produtores. Então a oferta de insumos também diminuiu e a demanda aumentou, de novo a lei da oferta e procura se fez presente e os preços explodiram.Os ataques da Rússia sobre a Ucrânia potencializaram o problema. A Ucrânia é um dos maiores fornecedores de trigo e milho para a Europa, ocupando a posição de quarto maior exportador mundial de milho, ficando atrás dos Estados Unidos, Brasil e Argentina. A própria Rússia é grande fornecedora de trigo também para a Europa. Portanto, a extensão dessa guerra afeta dramaticamente a oferta de grãos para os países europeus e isso gera mais inflação nos alimentos em dois pontos fundamentais: trigo para consumo humano e milho para ração animal, portanto há o risco de perda de proteína animal. A situação é ainda pior no caso dos fertilizantes?Nessa questão, surgiu um horizonte de nuvens escuras no aumento dos preços e da escassez do produto. A Rússia também é um grande exportador de fertilizantes, é o segundo maior produtor de potássio para o mundo, exporta bastante nitrogênio e também produz ureia. Com os embargos que sofreu, há o risco de faltar matéria-prima na Europa, além de complicações logísticas de acesso a seus portos. E o Brasil se prejudica com esse processo todo, pois importa 95% do que consome internamente, sendo que 20% vêm da Bielorrússia. Ou seja, antes da guerra e até independentemente da pandemia, já estávamos com redução de oferta. Como o Brasil está passando por essa fase?O País tem uma agricultura moderna e sustentável, é muito empreendedor e usou a melhor tecnologia possível nos últimos 20 ou 30 anos. Isso resultou nessa explosão de crescimento da produção e da exportação de produtos agropecuários. Também temos um agricultor competente, eficiente, competitivo, rigoroso. Como resultado, temos uma terra boa, bem cultivada, bem preparada. Portanto, ainda que a safra disponha de menos fertilizantes, até por conta dos altos preços, não teremos um desastre na produção. Estou há mais de cinco décadas trabalhando na agricultura, então já passei por isso em anos anteriores, quando precisei reduzir adubação. Quais são as consequências dessa prática?Estamos falando de um cenário de escassez efetiva de fertilizante a um preço muito alto, o que levaria à redução da adubação. Essa diminuição gera duas consequências: menor faturamento para os produtores, mas também menor custo. Vamos ter uma redução de produção, portanto de renda, mas não me parece que seja uma coisa dramática para o produtor rural. O drama está no fato de que ao plantarmos com menos tecnologia, podemos reduzir a produção. O drama da inflação de alimentos no mundo não tem a ver conosco, mas podemos aumentá-lo ao participarmos de um processo que é difícil de solucionar. No ano que vem, seja lá quem estiver no governo, terá de fazer uma ginástica em ações sociais para alimentar a população. Esse é o reflexo para o Brasil. O aumento da produção própria não seria uma saída?O Plano Nacional de Fertilizantes surgiu com esse objetivo de reduzir a dependência externa dos insumos. A comissão do governo que lançou esse plano fez um bom trabalho. Como chegamos a essa dependência tão grande da importação de fertilizantes?Até os anos 1970, o Brasil tinha uma agricultura costeira, porque ali estava a terra boa e o também o