julho 26, 2024

Lona para silagem no confinamento: como escolher?

A produção de silagem é uma técnica bastante antiga na atividade pecuária, mas vem ganhando destaque com a adoção de modernas tecnologias, tanto na produção quanto no armazenamento. O alimento produzido é responsável por manter o ganho de peso dos animais, principalmente no período do inverno, quando a qualidade e disponibilidade das pastagens diminui consideravelmente. Neste cenário, os custos de produção merecem atenção especial por parte do pecuarista, sendo importante que o produtor se preocupe com diversos detalhes, tais como: matéria-prima escolhida para plantio, infraestrutura para colheita e preparo (preparo de solo, maquinário e mão de obra), além de escolher o tipo de armazenamento mais adequado com sua realidade financeira. Em relação ao cereal, gramínea ou leguminosa escolhidos para produção de silagem, deve-se levar em conta as estações climáticas, já que alguns produtos registram melhor produtividade no verão e outros, no inverno. Complementando o processo de planejamento da lavoura é válido destacar que o preparo e manejo da área plantada definirão a produtividade na colheita, assim como a qualidade da lona que será responsável por proteger a silagem de intempéries e até mesmo a invasão de animais. Silagens com maior preferência na pecuária Selecionamos algumas opções de plantas forrageiras recomendadas pela Embrapa Trigo, a fim de auxiliar o produtor rural a definir qual opção será mais viável para alimentar a criação. A seguir estão elencadas algumas das espécies mais cultivadas: 1 – Milho: o cereal registra maior preferência na produção de volumoso, por reunir fatores como potencial produtivo, aceitação dos animais e qualidade da silagem. Essa matéria-prima oferece três opções de preparo: planta inteira, espiga e grão úmido. Entre os aspectos positivos observados no preparo do milho estão: 2 – Cana-de-açúcar: utilizada na forma de silagem ou oferecida fresca, a cana apresenta baixo custo de produção (em relação ao milho). Sua lavoura aceita cortes por um período de até cinco anos, alcançando uma produtividade média de 100 toneladas por hectare. Possui ainda alto teor de açúcar (40% a 50% de açúcares na matéria seca). Em contrapartida, o ensilamento dessa gramínea exige mais atenção, conforme informações divulgadas por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Em razão do alto teor de fermentação alcoólica é necessária a utilização de inoculantes que reduzem a produção de leveduras. Outra correção que precisa de acompanhamento técnico é a utilização de ureia, para suprir a falta de proteínas e minerais como cálcio e fósforo. 3 – Capim: Além de ser utilizada como principal fonte de alimentação dos bovinos na versão in natura, essa forragem pode ser transformada em silagem com fornecimento satisfatório de fibras e valor nutritivo. Outro ponto positivo é a capacidade de armazenamento, já que em um metro cúbico é possível acondicionar 500 a 600 kg de capim processado. 4 – Aveia: considerado uma alternativa de baixo custo, o cereal registra alto teor de proteína, bom percentual de carboidrato e digestibilidade de 65%. A recomendação de pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) é para que os produtores escolham cultivares melhorados geneticamente, a fim de alcançarem melhores resultados nutricionais. 5 – Centeio: com alto volume de massa verde, essa cultura é vantajosa na produção de pastejo, feno ou silagem. Cultivado no período de entressafra, apresenta ciclo de até 160 dias. Uma das cultivares desenvolvidas pela Embrapa, o BRS Serrano apresenta massa seca de forragem superior a 10 toneladas por hectare. O centeio é considerado a espécie mais produtiva (culturas de inverno) em termos de volume de forragem e, como outras matérias-primas, pode ser ensilado a partir da planta inteira, pré-secado ou com grãos úmidos. A silagem apresenta maior concentração de proteína bruta (10%), mas tem valor energético menor (10% a 15%) do que o milho. Pontos de atenção com o preparo da silagem Um fator importante a ser considerado pelo produtor é que existem diversas opções de silos no mercado, porém, se o processo não for realizado corretamente, o alimento preparado poderá fermentar, mofar, putrefar e até ser a fonte para produção de toxinas que prejudicam a saúde do rebanho. Um exemplo prático pode ser verificado na silagem de milho, colhido antes da hora. A quantidade de líquido produzirá uma fermentação butírica (converte carboidratos no ácido butírico por ação de bactérias, na ausência do oxigênio). O resultado é observado na perda de proteína e energia, além do animal não apreciar a silagem. Em contrapartida, a colheita tardia do cereal produz teor de matéria seca em excesso que pode dificultar a compactação, e consequentemente, formação de mofo. Os silos mais adequados para a realidade nacional são aqueles construídos na superfície. Saiba como funcionam: 1 – Silo trincheira: o modelo é um dos mais utilizados na produção pecuária já que podem ser adaptados em terrenos acidentados, atendendo a diferentes relevos do território nacional. O formato de trincheira contribui na boa compactação da silagem, possui baixo custo e é simples de manusear (armazenagem e retirada). 2 – Silo de superfície: a ensilagem é realizada no nível do solo com utilização de lona plástica. Apesar do menor custo, em relação a outras opções, não foi planejado para comportar grande volume de silagem e é recomendado para materiais com alta umidade. Lonas para silagem, qual a melhor escolha? Conforme alertado anteriormente, problemas na vedação da forragem podem colocar em risco a conservação do produto. Isso acontece quando existe a presença de oxigênio na compactação, ocasionando aumento na temperatura e proliferação de fungos e pragas, como por exemplo, roedores. Nesse sentido, a lona de cobertura tem papel fundamental na vedação da massa ensilada e se bem manejada, impede a penetração do ar para o interior da silagem. As principais características que a lona precisa ter são: A resistência das lonas é fundamental de forma a evitar rasgos e furos, por isso a atenção deve ser redobrada com a qualidade do material que pode ser adquirido por indicação técnica. O produto precisa ter dupla face e tratamento aditivo contra raios ultravioleta, a fim de proteger a cobertura da massa ensilada. Outra informação valiosa para os produtores é utilizar a dupla face com o lado escuro na parte

Silagem: sinônimo de nutrição de qualidade na época da seca

Artigo: Marco Aurélio de Oliveira Pádua (*) Estamos num período em que não falta alimento para o gado no pasto, mas, é nesse momento de fartura que se deve pensar na estação seca, quando não haverá comida em abundância e a alimentação do animal se torna mais cara. Um dos modelos mais tradicionais de armazenar alimentação para gado é a confecção de silagem, que consiste numa forragem que é cortada, compactada, vedada e armazenada em silos para fermentação. Conhecida como suplementação volumosa, a silagem, quando bem feita tem o valor nutricional semelhante ao material original, por isso a importância na hora da colheita e processamento. A colheita no momento ideal é muito importante, pois é quando a planta acumula a maior quantidade de matéria seca e de melhor qualidade nutricional, caso o corte não seja realizado nesse momento a planta começa a perder qualidade e, consequentemente, se for ensilada irá proporcionar uma silagem pouco aproveitável. O período de colheita vai variar conforme a planta que está sendo ensilada. Para milho, por exemplo, esse período pode ser de Janeiro a Abril dependendo da época em que foi realizado o plantio Para se ter silagem de alta qualidade é necessário estar atento a alguns pontos básicos que se relacionam com a atividade, tanto na fase de produção (que vai da análise de solo até o ponto de corte) como na fase de ensilagem (que vai do corte até a vedação do silo. O ponto de corte das plantas é fundamental para se obter uma silagem de qualidade. Esse ponto indica o momento em que a planta deve ser colhida no campo. O ponto de corte varia conforme a planta que está sendo utilizada e, para as principais forragens. utilizadas segue uma recomendação.  Problemas com a entrada de ar e água são os principais responsáveis pela perda de qualidade durante esta etapa. A vedação rápida e completa é um ponto importante para se ter silagem com alto valor nutricional; já a má vedação do silo geralmente pode provocar fissuras na lona, resultando em deterioração acentuada da massa superficial do silo, uma vez que a presença de ar, aliada a entrada de água, favorece o crescimento de microrganismos envolvidos com o processo de deterioração. Para o fechamento do silo deve-se utilizar, de preferência,  lonas dupla face e com espessuras de 200 a 400 micrase a proteção das mesmas com material que permite aderência à massa ensilada como sacos de areia, pneus ou terra, técnicas necessárias para evitar os problemas acima citados. O milho e o sorgo são as culturas mais adaptadas ao processo de ensilagem resultando em silagens de boa qualidade. Outras opções de forragens para produção de silagem são o capim elefante que é muito utilizado em regiões de pecuária leiteira devido a sua produtividade e os capins tropicais que apresentam menor custo; geralmente 50% do custo da silagem fresca de milho ou de sorgo.  O produtor deve fazer um bom planejamento de como fazer uma boa silagem definindo qual forragem utilizar (milho, sorgo, cana de açúcar, capim elefante, forrageiras tropicais) calcular o quanto de silagem ele precisa produzircom base no número de animais, o período de utilização da silagem e definir o tamanho da área de plantio.  Organizar, antecipadamente, equipamentos e materiais utilizados na confecção do silo. (ensiladeiras, carretas, limpeza do silo etc) tudo isso fará com que o produtor não tenha problemas no período de ensilagem e, com isso, consiga produzir uma silagem de qualidade. Passo a passo de uma silagem bem feita, neste exemplo de Milho:  Colheita –O ponto ideal de colheita é quando a planta possui 30-35% de matéria seca (MS) ou 65 a 70% de umidade. Esse estágio é, geralmente, atingido quando a linha do leite está entre 1/2 e 2/3 do grão.  Picagem –Em uma silagem de boa qualidade, o que se procura é picar o material em tamanhos de partícula de 0,8 a 1,5 cm, mantendo um tamanho médio de 1 cm. Enchimento – O enchimento do silo deve ser feito o mais rápido possível para que a fermentação do material aconteça de forma homogênea. Para isso, o produtor deve planejar a logística para utilização de máquinas e mão de obra. Compactação – É a etapa mais importante do processo. Nesta fase ocorre a expulsão de oxigênio de dentro do silo, que pode ser feita de várias maneiras: pisoteio animal ou humano; ou ainda com uso de tratores, rolos ou tambores compactados. Vedação – A última fase do processo de ensilagem consiste no fechamento do silo com lona plástica, material vegetal morto e terra. Deve ser muito bem feita para impedir a troca de oxigênio entre o ambiente e o material ensilado. A cobertura de lona plástica com material vegetal seco e terra é muito importante para aumentar a durabilidade da lona e diminuir o aquecimento da superfície do silo, que pode ocasionar perda do valor nutricional da silagem. (*) Fontes: Marco Aurélio de Oliveira Pádua é Engenheiro Agrônomo da Matsuda Minas e  Embrapa Caprinos e Ovinos