setembro 19, 2024

Os prejuízos e desafios que vem com a alta incidência de Mastite

Alexandre de Souza,Gerente de Tecnologia de bovinos de leite – Cargill Nutrição Anima Atualmente, temos acesso há várias metodologias e ferramentas online, que podem nos auxiliar a calcular o impacto de casos de mastite no bolso do produtor, comumente associados aos prejuízos econômicos diretos, como: o custo de tratamento e descarte de leite e, indiretos, como: a perda de produção futura por lesão do parênquima glandular, descarte involuntário, perda de performance reprodutiva, etc, em decorrência de casos de mastite clínica, ou mesmo subclínica, devido à perda de produção muito bem catalogada na literatura científica e relacionada ao aumento da CCS. Em geral, o produtor se preocupa mais com os custos diretos da mastite, porém os custos indiretos podem assustar. Vale a pena o exercício de calcular o impacto econômico da mastite no rebanho e, agir em áreas relevantes o quanto antes. Sabemos que a incidência média de mastite no Brasil é bastante alta e afetando entre 5 e 10% de vacas ao mês, o que na maioria dos rebanhos podem chegar a custos que passam facilmente de mil reais por vaca. Dentre vários tipos de estratégias e medidas de precaução que podem ser adotadas no combate à mastite clínica e subclínica, e consequente melhoria da saúde do úbere e qualidade do leite, normalmente nos esquecemos – ou pelo menos subestimamos em muito – o papel da nutrição como fator fundamental em “armar” a vaca com um sistema imune eficiente! Muitos grupos de pesquisa tem associado a diminuição da capacidade imune em vacas de leite aos problemas de balanço energético negativo, comum no período do pós-parto. Por exemplo, dados recentes de Barletta et al. (2017) claramente mostram o impacto da perda excessiva de peso corporal e condição corporal no pós-parto, evidenciado por maiores níveis sanguíneos de BHBA/NEFA, e maior probabilidade de doenças após o parto incluindo o aumento na incidência de mastites. Na verdade, no estudo de Barletta et al. (2017) a incidência de mastites durante a lactação, praticamente dobrou nos animais que perderam mais peso (~30%), se comparado aos animais que mantiveram ou ganharam (~17%) peso no pós-parto. Mas enfim, qual seria a relação entre incidência de mastites e a nutrição? A resposta é a princípio simples: desbalanços nutricionais, como o balanço energético negativo e, a acidose ruminal (clínica ou subclínica), podem alterar a capacidade imune da vaca. A complexidade obviamente existe em explicar os mecanismos pelos quais a nutrição afeta a imunidade. Nesse sentido, uma revisão contemporânea do assunto claramente explica que a perda de peso, decorrente da perda de tecido gorduroso,  também conhecido como lipólise, pode afetar várias áreas do sistema imune e pode, entre outros efeitos, diminuir de forma direta a função das células de defesa presentes na circulação, mas também indiretamente diminuindo vários sinalizadores endócrinos corporais e, consequentemente, a capacidade de renovação dessas células de defesa pelo organismo do animal (Danicke et al. 2018). Em particular, os níveis circulantes de ácidos graxos não esterificados (ou simplesmente NEFA), podem funcionar como bons marcadores do status imune da vaca. Essa possibilidade foi claramente documentada em um estudo realizado por Ster et al. (2012), que verificou que a função celular do sistema imune, foi gravemente comprometida com aumento dos níveis de NEFA como mostrado na Figura 1 – adaptada/traduzida de Ster et al. (2012).  Figura 1 – Impacto das concentrações dos ácidos graxos não esterificados (NEFA) no sistema imune da vaca medida em termos de capacidade proliferativa de células de defesa – adaptado de Ster et al. 2012. Altos níveis de NEFA inibem a função imune da vaca. O estudo de Ster também mostra, que com diminuição dos níveis de NEFA no pós-parto ocorre uma melhora na função fagocítica dos neutrófilos e na liberação de imuno-moduladores celulares ou interferons – que representam-se como um mecanismo de comunicação celular dentro da cascata de resposta imune do animal. Em termos práticos, animais que perdem muita condição corporal no pós-parto têm altos níveis de NEFA no sangue, inibindo a função imune da vaca de várias formas. Assim, um manejo nutricional adequado no período de transição pode ajudar significativamente na imunidade e nas doenças do periparto.           Seguindo essa mesma linha de pesquisa, mas, agora com foco na imunidade do úbere, Zarrin et al. (2014) estudaram a relação entre o balanço energético negativo e a função imune específica da glândula mamária em vacas em lactação. Em particular, estes autores notam o efeito de altos níveis de corpos cetônicos (beta hidroxibutirato, BHBA), que em geral se mostra aumentado em vacas sob situações de balanço energético negativo, na resposta imune do úbere após um desafio com endotoxinas comuns na membrana bacteriana ou, simplesmente LPS, o que simula a entrada de patógenos na glândula mamária.  Resumidamente, os resultados do estudo de Zarrin et al. (2014) mostram que maiores concentrações de corpos cetônicos diminuem de forma significante a competência dos neutrófilos, principais células de defesa da glândula mamária, em se deslocar da corrente sanguínea para dentro da glândula mamária em quartos infundidos com endotoxinas, provavelmente devido a alterações no mecanismo de comunicação celular e diminuindo a síntese de moléculas conhecidas como citocinas. Baseados nesses resultados e nas alterações causadas na função imune específica do úbere pelos corpos cetônicos, os autores concluem que a presença de altas concentrações de corpos cetônicos no sangue, condição comumente encontrada em vacas em situação de balanço energético negativo, pode deixar vacas em lactação mais susceptíveis a ocorrência de mastites. Os achados destes e outros estudos, mostram a clara relação entre desbalanços nutricionais em bovinos e alterações da função imune a nível celular. Portanto, um bom manejo nutricional e uso de dietas balanceadas, em particular durante o período de transição (3 semanas antes e depois do parto), são componentes importantes no controle de doenças do periparto, e deve sempre ser considerado com cautela na estruturação de uma programa de controle de mastites. Sobre a Nutron A Nutron, marca de nutrição animal da Cargill no Brasil, é especialista e líder em soluções inovadoras de produção animal, por meio de desenvolvimento

Vetoquinol lança programa para diagnosticar verminoses em bovinos

A Vetoquinol Saúde Animal, uma das 10 maiores indústrias veterinárias do mundo, reforça o compromisso de oferecer soluções e serviços eficazes aos pecuaristas com uma ação diferenciada, que fará o diagnóstico de verminoses nas principais regiões de pecuária de corte e leite do país. O programa OPG Multiação tem o objetivo de influenciar o tratamento estratégico de 5 milhões de bovinos até o fim deste ano, impactando mais de 1.100 propriedades em todo Brasil.  “Com esse importante serviço, estamos contribuindo para massificar a identificação dos vermes gastrointestinais das propriedades, problema extremamente relevante, que compromete o ganho de peso na fazenda. Este prejuízo chega em média a mais 40 quilos por animal ao ano – ou seja, quase 2 arrobas – e podendo ultrapassar os R$ 800 anuais por bovino, apenas com o impacto das verminoses. Soma-se a isso o baixo aproveitamento do suplemento mineral e das pastagens consumidas pelo animal, refletindo em baixo desempenho. O OPG Multiação adota medidas para controle do problema, o que reduzirá o prejuízo dos produtores e maximizará a saúde, o bem-estar e a capacidade zootécnica dos bovinos”, afirma Antônio Coutinho, gerente de marketing para grandes animais da Vetoquinol.  A Vetoquinol já conta com aproximadamente 40 Veterinários equipados com microscópios que percorrem propriedades rurais de diversos estados para análises de OPG (Contagem de Ovos por Grama). Em parceria com a Agroquima, importante distribuidora de insumos agropecuários do Centro-Oeste e Norte, mais 13 profissionais estão sendo integrados ao time Vetoquinol.  “OPG é a medida utilizada para verificar o índice da presença de vermes gastrointestinais nos bovinos. Taxa acima de 250 ovos por grama de fezes indica que o animal está infectado e que produtor já está tendo perdas de produtividade”, explica o médico veterinário Guilherme Moura, gerente de serviços técnicos da Vetoquinol.  Diarreia, anemia e falta de apetite estão entre os sintomas das infecções por vermes. Os parasitas internos também podem provocar problemas reprodutivos. “Esse impacto negativo torna urgente o combate eficiente do agente causador das enfermidades”, ressalta Moura.  “Por meio do diagnóstico realizado pela equipe especializada do OPG Multiação, os pecuaristas conseguem avaliar a eficácia da vermifugação e se é necessário reajustar ou refazer o protocolo sanitário, para que o rebanho possa atingir sempre o seu máximo potencial zootécnico. Essa iniciativa da Vetoquinol contribuirá para a evolução da produção animal do Brasil”, finaliza Antonio Coutinho.  Nos próximos 90 dias, o programa OPG Multiação será intensificado nas principais regiões dedicadas à pecuária de corte e leiteira no país.  Sobre a Vetoquinol     Entre as 10 maiores indústrias de saúde animal do mundo, com presença na União Europeia, Américas e região Ásia-Pacífico. Grupo independente, projeta, desenvolve e comercializa medicamentos veterinários e suplementos, destinados à produção animal (bovinos e suínos), a animais de companhia (cães e gatos) e a equinos. Desde sua fundação, em 1933, a Vetoquinol combina inovação com diversificação geográfica. O crescimento do grupo é impulsionado pelo reforço do seu portfólio de produtos associado a aquisições em mercados de alto potencial de crescimento, como a Clarion Biociências, ocorrida em Abril/2019. A Vetoquinol gera 2.372 empregos e está listada na Euronext Paris desde 2006 (símbolo: VETO). A Vetoquinol conta com SAC formado por profissionais da área veterinária para auxílio aos clientes. A ligação é gratuita – 0800 741 1005. Site: www.vetoquinol.com.br    

Dia Nacional da Pecuária: pesquisas da Secretaria de Agricultura garantem mais produtividade, melhor qualidade da carne e menos impacto no ambiente

Em 14 de outubro é comemorado o Dia Nacional da Pecuária, data para lembrar dessa importante atividade, responsável por disponibilizar a população um alimento altamente nutritivo, a carne. A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realiza por meio do Instituto de Zootecnia (IZ), Instituto Biológico (IB) e unidades da APTA Regional pesquisas de ponta garantem mais produtividade para o pecuarista, sanidade animal, mais qualidade para o consumidor e menos impacto para o ambiente. O Instituto de Zootecnia tem a pecuária de corte como um dos seus carros-chefes. O Instituto é reconhecido em todo o Brasil e no exterior por desenvolver pesquisas que visam a seleção de gado de corte. Os ganhos genéticos acumulados pelo processo de seleção do IZ no seu Centro Avançado de Pesquisa de Bovinos de Corte, resultaram em quatro arrobas a mais no peso da carcaça dos animais selecionados quando abatidos com 24 meses de idade. Além de produzirem carcaça mais pesada precocemente, os animais produzem carne com excelente parâmetro de qualidade.  Preocupado com a sustentabilidade da produção de carne no Brasil, o IZ inaugurou em julho deste ano o Laboratório de Fermentação Ruminal e Nutrição de Bovinos de Corte, um dos poucos do mundo com tecnologia para estudar o que ocorre dentro do rúmen dos animais, verificando o que se pode fazer para otimizar a fermentação ruminal e assim diminuir as emissões do metano entérico, natural no processo de fermentação dos bovinos. Um dos projetos em desenvolvimento no laboratório é realizado em conjunto com as empresas SilvaTeam e a JBS e busca reduzir a emissão de metano na atmosfera a partir do uso de aditivos que tornam o processo de fermentação da dieta mais eficiente. “Temos em nosso laboratório um equipamento que simula as condições do rúmen, que é a parte anterior ao estômago do animal. Esse rúmen artificial permite que a gente acompanhe as transformações que ocorrem no processo de fermentação e meça com precisão o potencial de aditivos para reduzir as emissões”, conta a pesquisadora do IZ, Renata Helena Branco Arnandes, que é também diretora do Departamento de Gestão Estratégica da APTA. De acordo com ela, um dos diferenciais do IZ é que as pesquisas iniciadas no laboratório depois são testadas no campo, com os animais em sistema de pasto e confinamento. Isso traz resultados mais consistentes para os estudos e para os usuários das tecnologias, uma vez que são validadas no laboratório e no confinamento. Os recursos para a criação do laboratório foram aportados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa (PDIP). A Secretaria de Agricultura e Abastecimento assinou também em julho deste ano protocolos de intenções com a JBS e SilvaTeam, visando ações conjuntas com o IZ para o desenvolvimento sustentável da pecuária paulista e nacional. Novilhas precoces A APTA Regional de Colina também tem forte atuação para a cadeia produtiva de bovinos de corte e contribuições marcantes para a pecuária, como o desenvolvimento do conceito do Boi 7.7.7, adotado em todas as regiões produtoras de gado de corte do Brasil. Agora, os pesquisadores trabalham no desenvolvimento de um sistema de produção em que as bezerras desmamadas aos 7/8 meses com 170 kg atinjam 300 kg aos 14/15 meses de idade, momento que estariam prontas para ficarem prenhas – tempo 40% mais rápido do que a média alcançada pelos produtores brasileiros, que conseguem emprenhar as novilhas aos 24 meses. De acordo com os pesquisadores, o ciclo de produção mais rápido, reduz os custos da criação dos animais nas fazendas. A produção precoce é alcançada com a utilização estratégica de suplementação na alimentação dos animais, logo após o desmame. As fêmeas que apesar de atingir o peso necessário não conseguirem emprenhar também podem ser usadas para aumentar os lucros dos produtores. A APTA desenvolve trabalho para engorda desses animais para um abate precoce, favorecendo a venda da carne no mercado gourmet. Segundo o pesquisador da APTA Regional de Colina, Flavio Dutra de Resende, as fêmeas têm mais facilidade para deposição de gordura, uma característica importante para esse nicho de mercado. “Por terem essa facilidade, podemos engordar com suplementação as fêmeas que não emprenharam, abatendo esses animais também jovens, com 19 meses. Enquanto a picanha de um boi de 23 arrobas ultrapassa 2 kg, essa novilha dá uma peça de 900 g a 1,1 kg, que é um tamanho de corte adequado, com nível de acabamento diferenciado. É a carne que o brasileiro mais gosta de comprar”, afirma. O sistema de produção de novilhas precoces é uma das entregas tecnológicas dos Institutos de Pesquisa da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP. As entregas fazem parte de um programa do Governo do Estado de São Paulo, que coloca como meta a disponibilização de 150 soluções tecnológicas pela APTA até 2022. Só neste ano, serão mais de 50 nas áreas de agricultura, pecuária, sanidade animal e vegetal, pesca e aquicultura, economia e processamento de alimentos. Sanidade animal A sanidade é outro fator fundamental para o avanço da pecuária. Por isso, o Instituto Biológico tem forte atuação nessa área, realizando diagnósticos com alto padrão de qualidade para diferentes atores da cadeia produtiva. Além dos diagnósticos, o IB realiza um outro importante trabalho, que é a produção dos chamados imunobiológicos, utilizados para diagnósticos de brucelose e tuberculose em animais, inclusive nos bovinos. Sem esses kits, não é possível o trânsito de animais no Brasil. O IB é a única instituição brasileira autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a produzir esses imunobiológicos, atendendo ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT).        Desde 2019, o Instituto passa por atualização de seu portfólio, graças a investimentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Os recursos foram fundamentais para que o IB aumentasse, em 2020, o prazo de validade dos frascos de tuberculina para triagem e confirmatório de tuberculose, que

Sistema de controle reduziu carrapato-do-boi em 82% sem usar químicos

Nos primeiros resultados foram registrados uma redução de mais da metade da população de carrapatos Um estudo da Embrapa realizou controle de carrapatos em bovinos sem o uso de produtos químicos, utilizando apenas estratégias de manejo, com os animais em pastejo em diferentes regiões. Chamado de Lone Tick, o sistema obteve resultados iniciais de 82% de redução da população de parasitas nos rebanhos. O trabalho está sendo desenvolvido nos biomas Cerrado e Pampa. O trabalho de pesquisa no Cerrado avaliou durante um ano o controle da infestação de carrapato Rhipicephalus microplus em bovinos da raça Senepol, no sistema de manejo rotacionado, obtendo uma média de dez carrapatos por animal, sem uso de acaricidas. “Quando há cerca de 40 carrapatos no animal, significa que teremos problemas econômicos no rebanho”, informa o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Renato Andreotti, responsável pela atividade de controle do carrapato-do-boi sem o uso de acaricidas, inserida no projeto “Produção e avaliação de antígeno recombinante para uso no controle do carrapato-do-boi com base na vacinologia reversa”. “Na raça Senepol, sensível ao carrapato, o projeto obteve sucesso. A meta agora é conseguir resultados semelhantes na raça Angus – animais produtivos e mais sensíveis ao carrapato – e presentes em diferentes regiões do País”, observa. O estudo será realizado por, pelo menos, dois anos. No Pampa, o trabalho foi iniciado no segundo semestre de 2021 e têm dado motivação para os produtores: nos primeiros resultados foram registrados uma redução de mais da metade da população de carrapatos. “Ainda, não podemos falar em percentual de redução da população porque estamos no início do projeto. Teremos mais certezas quando fizermos pelo menos uma avaliação sazonal. Mesmo assim, acredito que o trabalho está indo muito bem, pois os carrapatos adultos sobre os animais diminuíram”, relata o professor Rodrigo Cunha, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que realiza as coletas para avaliação do estado de saúde dos animais, por meio de análises realizadas no laboratório especializado da Faculdade. A presença do carrapato nos animais faz com que seus agentes causem o aparecimento da doença conhecida como tristeza parasitária bovina (TPB) causada pelos agentes: Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale, o que pode levar os animais à morte. Caso não seja adotado um controle pelo produtor, este sofrerá grandes prejuízos. “Não se tem registros exatos de mortes de animais por TPB no País. É importante lembrar que no Sul essa doença possui uma gravidade maior por ser região de instabilidade enzoótica, que significa que os animais estão vulneráveis após o inverno, levando a um risco de morte maior”, esclarece Andreotti ressaltando a preocupação com a qualidadedos alimentos fornecidos pela bovinocultura.  Um agravante do problema vem do melhoramento genético. Os produtores de gado de corte utilizam cruzamentos com raças mais produtivas para aumentar a produtividade do seu sistema por meio da precocidade, qualidade da carne, entre outros fatores, mas essas raças são mais sensíveis ao carrapato. “O rebanho acaba ficando refém das infestações por carrapatos, porque foi produzida uma nova definição genética dessa população de bovinos cruzados em sistemas de produção. Estima-se que haja perda de um grama de carne por carrapato ao longo do ano, por isso se justifica economicamente a necessidade do controle”, explica Andreotti.  Com o gado de leite o problema se repete. Animais mais produtivos costumam também ser mais sensíveis ao carrapato, e isso provoca uma perda anual de leite de 95 kg por animal, principalmente com a raça holandesa e em sistema de produção familiar, acarretando diminuição nos lucros. O pesquisador explica que os animais de raças europeias e seus cruzamentos são totalmente dependentes de controle do carrapato para poder expressar seu potencial genético produtivo, caso contrário, corre o risco de, além de não produzir, perder o investimento realizado no rebanho devido à mortalidade causada pela TPB. “No sistema Lone Tick, além do controle não usar acaricida, ele aceita a mesma carga animal do sistema de produção tradicional”, comenta. Controle estratégico do carrapato A cadeia produtiva de bovinos usa variadas formas para controle do carrapato, como o sistema tradicional, no qual o produtor define o produto acaricida que vai usar no balcão da loja de produtos veterinários, até sistemas sofisticados com o uso integrado de práticas de controle – chamado controle estratégico do carrapato – buscando impactos mínimos.  O controle do carrapato com uso de acaricidas é a mais usual. Mas, tem causado vários problemas para produção dos rebanhos. Por isso, o produtor precisa: 1)             Conhecer a biologia do parasita para melhor controle; isso fará retardar o avanço da seleção de parasitas resistentes, maior eficiência, menor custo e menor impacto no ambiente pela redução da quantidade de acaricidas; 2)             Conhecer as diferenças de temperatura e umidade nos diversos ambientes, ao longo do ano, pois há influência na produção de gerações do parasita e sua população; 3)             Quando utilizados os acaricidas sobre os animais, é preciso aplicá-los da forma recomendada, o que não vem sendo obedecido com frequência, pois tem se observado consequências como a contaminação do ambiente, intoxicação das pessoas que aplicam o acaricida e dos produtos de origem animal.  Segundo Andreotti, o uso intensivo de produtos químicos por dois anos consecutivos num rebanho, pode gerar o desenvolvimento de resistência àquele parasita. “O carrapato precisa ser monitorado anualmente, e temos soluções tecnológicas mais eficientes, inclusive, oferecemos análises por meio do Museu do Carrapato, site que traz um banco de informações sobre os parasitas, onde são estudadas todas as espécies que chegam para análises, através de fotografias e posterior catalogação”, conta o cientista. Por: Embrapa Clima Temperado e Embrapa Gado de Corte