setembro 8, 2024

Novo bioinsumo aumenta em até 20% a produtividade da cana-de-açúcar

Novo inoculante é formado por duas bactérias que aumentam a absorção de fósforo pela planta, aumentando a produtividade. Duas bactérias identificadas pela Embrapa em seu banco de microrganismos, capazes de aumentar a absorção de fósforo pelas plantas, mostram ganhos comprovados na cultura da cana-de-açúcar. O incremento de produtividade, segundo dados da pesquisa da Embrapa, chega a 20% com o primeiro inoculante solubilizador de fósforo desenvolvido no País, com recomendações agronômicas validadas para a cultura da cana-de-açúcar, identificado como Omsugo ECO e comercializado pela multinacional Corteva Agriscience. O novo bioinsumo promove a redução da aplicação de adubos fosfatados, resultando em ganhos econômicos e mais sustentabilidade ambiental. As duas cepas de bactérias que deram origem ao inoculante – Bacillus subtilis (CNPMS B2084) e Bacillus megaterium (CNPMS B119) – foram selecionadas a partir dos acessos da Coleção de Microrganismos Multifuncionais e Fitopatógenos (CMMF) da Embrapa Milho e Sorgo (MG). “Esse acervo tem enorme potencial em oferecer soluções para o aumento de produtividade de diversas culturas agrícolas, com foco em sustentabilidade e descarbonização da agricultura”, enfatiza Myriam Maia Nobre, chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, ao informar que a coleção possui 11 mil registros. De acordo com a pesquisadora Christiane Paiva, líder da equipe desenvolvedora do estudo, as cepas dessas bactérias, a partir de mecanismos distintos, promovem maior crescimento das raízes e solubilização do fósforo adsorvido no solo. “Realizamos pesquisas com foco na cultura da cana, definindo as doses e quais seriam as recomendações de uso do inoculante Omsugo ECO para buscarmos o melhor custo-benefício para o produtor rural. Tivemos relatos de ganhos médios de cerca de 12 toneladas por hectare nas áreas onde os produtores realizaram testes com o produto, se comparadas com áreas sem aplicação”, reforça. Com o bioinsumo, canaviais entregam até 20% a mais de produtividade Experimentos conduzidos no ano agrícola 2020/2021 pela Embrapa e pela Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) em três áreas produtoras brasileiras comprovam a eficiência do Omsugo ECO nessa cultura, fornecedora de matéria-prima para um setor de alta importância estratégica e econômica para o País. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com 572,8 milhões de toneladas produzidas para a atual safra 2022/2023, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os cientistas avaliaram os três mais importantes índices relacionados ao desempenho de uma lavoura de cana-de-açúcar: toneladas de cana por hectare (TCH) que mede a produtividade; açúcar total recuperável (ATR), indicador que representa a capacidade da cana de ser transformada em açúcar ou álcool; e toneladas de açúcar por hectare (TAH). A maior média de produtividade observada coincidiu com a parcela que recebeu a maior dose do inoculante líquido do Omsugo ECO. “A produtividade em TCH foi 20% superior ao tratamento que não recebeu aplicação do inoculante ou adubo fosfatado”, relata o pesquisador Geraldo de Almeida Cançado, da Embrapa Agricultura Digital, que conduziu os estudos na cultura da cana. Nas condições experimentais, o uso combinado de doses superiores a 500 ml por hectare do inoculante e aplicando somente 50% da quantidade de adubação fosfatada recomendada foi capaz de promover aumento significativo para os parâmetros de TCH e TAH. “Esses índices são associados, respectivamente, à produtividade e à qualidade da matéria-prima na cultura da cana-de-açúcar, indicando a eficácia do inoculante para essa cultura,” relataram os pesquisadores. Os dados foram publicados no Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa intitulado Utilização de Inoculante Líquido Solubilizador de Fosfato Formulado à Base dos Isolados de Bacillus megaterium e Bacillus subitilis no Plantio da Cana-de-Açúcar, que reúne autores da Embrapa Agricultura Digital e da Embrapa Milho e Sorgo. Como a tecnologia funciona As bactérias selecionadas pela Embrapa, por formarem esporos de alta resistência a estresses ambientais, permitem melhor colonização das raízes da cana e aplicação o ano todo. Além disso, sua aplicação é compatível com as práticas operacionais e de manejo da cultura. Os mecanismos de ação das bactérias passam pela liberação de fitormônios e pela produção de enzimas fosfatase e fitases que auxiliam na ciclagem do fósforo orgânico do solo e na produção de ácidos orgânicos para a liberação do fósforo fixado na forma inorgânica, que são essenciais para a ação na raiz e o aumento da absorção do fósforo pela cultura da cana. Os testes realizados no primeiro ano de validação da tecnologia comprovam a eficácia e a compatibilidade com as demais práticas agropecuárias preconizadas no Portfólio Corteva, segundo a empresa. Por InPress Porter Novelli “Estamos trazendo para o mercado o primeiro solubilizador de fósforo com recomendações agronômicas comprovadas para a cultura. A tecnologia foi pesquisada ao longo de 18 anos pela equipe da Embrapa e agora se junta às ações de desenvolvimento em larga escala da Corteva voltadas à cultura da cana. A demanda por produtos biológicos no mercado é crescente e deve continuar assim nos próximos anos”, informa Rodrigo Takegawa, líder de Marketing de Cana da Corteva Agriscience. “O novo produto vem ao encontro da demanda e da expectativa dos produtores de cana-de-açúcar na busca por soluções inovadoras sustentáveis. O foco dessa solução é fazer uso do fósforo retido no solo e, ao mesmo tempo, melhorar significativamente no aproveitamento da adubação fosfatada, contribuindo para um salto em produtividade e longevidade do canavial”, afirma Takegawa. De acordo com executivo da Corteva, o Omsugo ECO visa não apenas aproveitar melhor os fertilizantes de adubação fosfatada, mas também fazer uso das reservas do solo. “Essa solução apresenta compatibilidade biológica, física e química com os principais produtos utilizados no cultivo, inclusive em conjunto com a vinhaça, participando assim das atuais práticas agrícolas presentes na lavoura,” reforça. Foto: Guilherme de Medeiros / Simbiose Imagem comparativa do desenvolvimento de canavial sem o bioproduto e com a aplicação do insumo Fonte: Embraba Curadoria: Boi a Pasto

Como tornar o agronegócio mais sustentável?

Mercado agro busca formas de se reinventar para diminuir o impacto ambiental Nunca se falou tanto em sustentabilidade como nos últimos anos. O mundo está em uma corrida contra o tempo para minimizar os impactos ambientais causados por indústrias, antes que se tornem irreversíveis. Entre um dos setores mais poluentes, o agronegócio, que é responsável por quase 1/5 de toda a emissão de gás carbônico no planeta segundo a publicação ‘Our World in Data’, enfrenta o desafio de se reinventar nesse cenário. Em comparação com resto do mundo, o Brasil lidera a redução do impacto ambiental no agronegócio — segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o país foi capaz de elevar o volume de sua produção, além de reduzir o impacto ambiental da atividade, se destacando entre países como Argentina, Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França e Índia. Apesar de serem dados animadores, ainda há um longo caminho a se trilhar rumo a sustentabilidade. Diante destes desafios, as indústrias possuem duas opções: reduzir as emissões de CO², reestruturando sua cadeia produtiva em busca de maior eficiência energética e conversão alimentar, ou, como opção, também é possível compensar suas emissões, o que pode ser feito através do plantio de árvores ou da compra de créditos de carbono. Para aqueles que buscam otimizar sua produção, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental causado por ela, é importante se atentar aos insumos, resíduos e a eficiência da estrutura. Para otimizar de forma sustentável os insumos e resíduos da produção de carnes, é recomendado o uso de uma energia limpa, como a solar, através da instalação de painéis de captação de luz. Além disso, a água usada nas criações dos animais pode ser de reuso, usando a captação da água da chuva, e deve-se optar por um bio compostor para despejo de resíduos. Quando a eficiência da estrutura, um dos pontos essenciais é o investimento em isolamento térmico. Economia de energia, ganho de produtividade, melhora na ambiência, e o bem-estar animal são as principais vantagens de instalar esse tipo de sistema. “Levando em consideração que 80% do calor de interno vem do telhado, a melhor, mais sustentável e econômica opção para manter a temperatura de um aviário agradável é investir em soluções para coberturas. Para isso, subcoberturas que utilizam do são tão recomendadas”, explica Emerson Salum, Gerente Comercial da Saint-Gobain Produtos para Construção. “É também importante garantir que as telhas utilizadas contribuam para a eficiência térmica do espaço, as telhas Topcomfort são indicadas já que sua tecnologia consegue ajudar a diminuir a incidência de calor no ambiente”. O Midfelt Agro da Isover proporciona ao sistema um bloqueio térmico e acústico, o que diminui a incidência de calor transmitido pela cobertura ao ambiente, aumentando a produtividade dos aviários. O produto é sustentável, já que é produzido a partir de vidro reciclado, seguro, por ser incombustível e não gotejar em caso de incêndio, além de ser antifúngico e antibacteriano, evitando a propagação de fungos, bactérias e roedores. Fonte: Agrolink Curadoria: Boi a Pasto

O açaí da Mata Atlântica: pesquisadores desenvolvem produtos com os frutos da palmeira juçara

Smoothie de juçara, morango e banana é um dos produtos desenvolvidos a fim de agregar valor ao fruto da Mata Atlântica Fruto nativo da Mata Atlântica, a juçara (Euterpe edulis) é saudável e ótimo ingrediente para diferentes produtos alimentícios. Foi o que demonstrou uma pesquisa realizada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) que transformou a fruta em bebida tipo smoothie, corante e outros tipos de apresentação de polpa. A pesquisa procura agregar valor à matéria-prima e ajudar a proteger a espécie que chegou a ser incluída em lista de risco de extinção devido à extração ilegal de seu palmito. Similar ao seu parente amazônico, o açaí (Euterpe oleracea), o fruto da Mata Atlântica apresentou propriedades antioxidantes valiosas. A pesquisadora da Embrapa Flávia Gomes informa que os frutos da juçara são fonte de compostos bioativos, em especial, ácidos fenólicos e antocianinas. Evidências científicas têm apontado que essas substâncias têm ação antioxidante que protege as células contra radicais livres. Por isso, seu consumo poderá promover a redução do risco de diversas doenças degenerativas como câncer, aterosclerose, entre outras. “Vale destacar que a possível eficácia dos compostos bioativos no organismo humano é determinada pela biodisponibilidade dessas moléculas, que é definida como a quantidade de composto absorvido e metabolizado após a digestão. A biodisponibilidade tem como fator limitante a bioacessibilidade, a qual está relacionada à quantidade desses compostos que é liberada do alimento durante a digestão, ou seja, é uma fração de um composto potencialmente disponível para absorção”, detalha a cientista. Em testes realizados, os produtos avaliados apresentaram bioacessibilidade dos compostos fenólicos entre 5% e 25%, ou seja, nessa faixa, a quantidade de compostos fenólicos ingerida estaria disponível para absorção após a digestão. Os pesquisadores esperam que a agregação de valor aos frutos vá contribuir para a preservação da espécie. A exploração racional da fruta contribui para manter a floresta protegida e o fornecimento de um produto de alto valor agregado com importantes características nutricionais, funcionais e até de desenvolvimento econômico. Polpa em póA polpa da juçara em pó apresenta como diferencial não conter agentes encapsulantes na formulação, o que permite a disponibilização de um produto com intensidade de cor e elevada capacidade antioxidante.Foto: Kadijah Suleman Secagem da polpa para aumentar vida útil Segundo a pesquisadora Renata Tonon, devido à alta perecibilidade, a juçara apresenta vida útil muito curta. Assim, a secagem da polpa da fruta é uma forma de conservação do produto. “As polpas de frutas em pó apresentam baixa atividade de água o que dificulta, ou até impede, a multiplicação de microrganismos responsáveis por sua deterioração, aumentando consideravelmente a sua vida útil”, explica. A produção da polpa da juçara em pó também propicia maior facilidade no transporte, armazenamento e manuseio, o que favorece a comercialização, especialmente a exportação. “Além da possibilidade de reconstituição para consumo direto, a polpa em pó também pode ser utilizada como ingrediente em diversos produtos alimentícios. Por ser altamente concentrada em antocianinas, pigmento responsável por sua coloração roxa, pode, ainda, ser aplicada como corante natural, em substituição aos sintéticos”, destaca Tonon. A polpa em pó de juçara demonstrou, ainda, possuir propriedades prebióticas (ver quadro no fim da matéria). A equipe da Embrapa investigou o potencial da polpa em influenciar o crescimento de grupos bacterianos específicos, em um sistema de fermentação controlado, simulando as condições do intestino grosso humano. A polpa em pó aumentou a contagem de Bifidobacterium (microrganismo benéfico) e reduziu a população de Escherichia coli (bactéria patogênica). Aplicação em sorvete, iogurte e bebidas de frutas Nos produtos lácteos, foram testadas pequenas quantidades de corante de polpa da juçara, que variaram de 0,05% a 0,2%. Os resultados mostraram poder corante elevado da polpa desidratada, sendo que pequenas quantidades foram suficientes para reforçar a cor vermelha/rosada característica de sorvete e de iogurte de frutas vermelhas (mistura de morango e amora). “A pequena quantidade de polpa desidratada utilizada como corante nos produtos desenvolvidos não modificou as características nutritivas. Porém, foi capaz de conferir uma coloração atrativa e estável ao longo da vida útil dos produtos, de um mês no caso do iogurte e três meses para o sorvete”, informa a pesquisadora Ana Carolina Chaves. Adicionalmente, a polpa de juçara in natura foi estudada para o desenvolvimento de bebidas à base de frutas, buscando encontrar formulações otimizadas com base em valor nutritivo e aceitação sensorial. Aceitação dos produtos Testes sensoriais foram realizados visando avaliar o efeito da aplicação da polpa de juçara em pó, em diferentes concentrações, nas formulações de suco misto de maçã, iogurte e sorvete, além de avaliar o desempenho de diferentes proporções das frutas morango, banana e juçara na formulação de um smoothie. Nessa avaliação com consumidores potenciais de cada produto, verificou-se a aceitação de aparência, sabor e consistência, permitindo a identificação da formulação com melhor potencial de mercado. A pesquisadora Daniela Freitas de Sá relata que os resultados também demonstraram que a polpa em pó de juçara proporcionou a cor desejada e aumentou a expectativa de aceitação dos produtos, impactando positivamente a intenção de compra pelos consumidores. Já no desenvolvimento de uma bebida probiótica, avaliadores selecionados compararam bebidas produzidas com diferentes microrganismos probióticos e uma bebida referência (sem probiótico) após 90 dias de armazenamento, usando um método discriminativo. “Os resultados das análises sensoriais indicaram que os microrganismos avaliados não provocaram mudanças na aparência e consistência das bebidas e que apenas um dos microrganismos estudados promoveu uma alteração no sabor em relação à bebida sem probiótico”, relata a pesquisadora. Inspiração no açaí A aproximação da pesquisa da Embrapa com a juçara começou em 2008, por meio do proprietário da empresa Juçaí na época, George Braile. “Logo depois, a Embrapa abriu edital de propostas e eu submeti um projeto com o objetivo de estudar a aplicação dos processos de separação com membranas na polpa de juçara, aproveitando todo o conhecimento que já tínhamos sobre o açaí”, relembra a pesquisadora Lourdes Cabral. O projeto foi aprovado e, na equipe, foi incluída uma aluna de mestrado que avaliou a nanofiltração como ferramenta para concentrar as antocianinas presentes na polpa. “A grande motivação foi, de fato, validar a experiência que o grupo de pesquisa tinha com o açaí amazônico

Novo amendoim forrageiro tem alto teor de proteína e pode aumentar produção pecuária, aponta pesquisa

Resultado de 15 anos de pesquisa, nova cultivar é uma opção alimentar para bovinos, equinos e ovinos. Estudo foi feito pela Embrapa no Acre. Uma nova modalidade de cultivar amendoim forrageiro foi desenvolvida pela Embrapa no Acre e se destaca, principalmente, pela alta concentração de proteína, elevada produtividade de forragem e maior tolerância à seca. A tecnologia é alternativa para intensificar a produção de carne e leite e viabilizar uma pecuária com pasto mais sustentável. Resultado de 15 anos de avaliação e seleção de materiais genéticos, a nova cultivar “BRS Oquira” foi testada nas condições de clima e solo da Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. A pesquisa foi coordenada pela Embrapa Acre e contou com a parceria da Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Amazônia Oriental (PA), Embrapa Pecuária Sudeste (SP) e Embrapa Gado de Corte (MS). A tecnologia está registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e passou a ser comercializada por viveiristas de três estados (Acre, São Paulo e Ceará), credenciados pelo Mapa e licenciados pela Embrapa. No Acre, a estimativa de produção de mudas da cultivar é de 16 toneladas por ano, com colheita a cada quatro meses. Os estudos mostraram que, em cultivos adubados e irrigados, o teor de proteína bruta na planta chega a 29%, valor que garante alimento de qualidade para o rebanho e melhora a produtividade animal. A coordenadora do Programa de Melhoramento Genético do Amendoim Forrageiro, da Embrapa Acre, pesquisadora Giselle de Assis, explica que, diferente de outras leguminosas que concentram a proteína nas folhas, o amendoim forrageiro possui elevado teor proteico também nos talos, característica que possibilita uma forragem de alta qualidade. Em experimentos sem adubação e irrigação, a cultivar BRS Oquira apresentou 22% de proteína bruta, teor de fibra em torno de 43% e 68% de digestibilidade de matéria seca (forragem). “A recomendação é justamente para essa nova cultivar ser utilizada na alimentação animal, com foco no consórcio de pastagem. A ideia é que o produtor que já planta a gramínea, que é o capim, possa introduzir o amendoim forrageiro no sistema dele de produção. A cultivar se mostrou muito bem adaptada e está sendo recomendada não só para o bioma Amazônia, mas também para a Mata Atlântica e Cerrado e ele tem alta produtividade, então, mostrou uma produção maior de forragem em relação a outras cultivares que já existem. Além disso, ele foi pesquisado em sistemas intensivos de produção e se mostrou uma forrageira de uma qualidade tão elevada quanto a da alfafa, que é uma leguminosa forrageira considerada a rainha das leguminosas, a mais utilizada e de excelente valor nutritivo”, explicou Giselle. Mais alimento para o gado Por ser nutritivo e palatável, o amendoim forrageiro pode ser usado na dieta de bovinos, equinos e ovinos, sob pastejo direto, em pastos consorciados com gramíneas, em plantios puros que funcionam como bancos de proteína ou fornecido no cocho como forragem verde picada, feno e silagem. Conforme a pesquisadora, a BRS Oquira demonstrou alto desempenho também na produtividade de forragem, em relação a outras cultivares de amendoim forrageiro. Em cultivos sem uso de adubação e irrigação, a nova cultivar produziu entre 13 e 16 toneladas de massa seca de forragem por hectare/ano na Amazônia, enquanto, no Cerrado, a produção variou de 10 a 13 toneladas por hectare/ano. No bioma Mata Atlântica, experimentos adubados e irrigados produziram entre 15 e 20 toneladas de matéria seca por hectare/ano. “Esse desempenho representa um aumento que varia de 10% até 44% na produtividade de forragem, capaz de proporcionar ganhos reais na produtividade do rebanho”, afirmou Giselle. Alta resistência e perenidade Além do elevado valor nutritivo e alto desempenho na produção de forragem, os estudos revelaram alta superioridade da BRS Oquira em outros aspectos que influenciam a eficiência da tecnologia. “Uma vantagem também, até para a gente aqui do Acre, é que esse material tem uma tolerância maior ao período seco. Apesar de estarmos na Amazônia e aqui a gente ter uma precipitação mais elevada que outras regiões, a gente passa melhor por esse período”, afirma a pesquisadora. Outra característica que confere perenidade a pastos consorciados com a cultivar é que, mesmo associada com gramíneas de maior porte, em condições de sombreamento, se desenvolve bem. Além disso, por ser uma espécie que possui caule com diversos pontos de enraizamento, a nova cultivar consegue se multiplicar rapidamente na pastagem e cobrir totalmente o solo, aspecto que evita processos erosivos e confere persistência quanto ao pastejo e pisoteio do gado. Os resultados da pesquisa mostraram ainda que a nova forma de cultivar de amendoim forrageiro também é tolerante a solos encharcados. Essa característica possibilita o consórcio com gramíneas adaptadas a essa condição, em áreas afetadas pela ‘síndrome da morte do braquiarão’, doença associada ao encharcamento do solo e ataques de fungos, considerada o principal fator de degradação de pastagens na Amazônia. “Aqui no Acre tivemos, nos últimos 20 anos, uma degradação muito intensa das pastagens, causada pela chamada síndrome da morte braquiarão. Como temos solos com drenagem insuficiente e temos uma precipitação elevada, vários meses do ano esse solo fica encharcado e aí esse capim não tolera esses solos, fica debilitado e suscetível a fungos que estão nos solos e são patogênicos. E o amendoim forrageiro é tolerante a esse ambiente. Então, onde o capim marandu morreu porque encharcou pode plantar essa cultivar do amendoim e outro capim e vai ajudar a fazer a recuperação dessas áreas”, explicou a pesquisadora. Adubação natural para a pastagem A cultivar BRS Oquira também é capaz de realizar a fixação biológica de nitrogênio nas pastagens, processo que melhora a fertilidade do solo e contribui para o desenvolvimento das plantas. De acordo com a pesquisa, por meio da associação com bactérias que vivem no solo e se alojam nas suas raízes, a leguminosa captura nitrogênio do ar e o disponibiliza para as plantas. “O grande diferencial é que a pastagem consorciada mantém sua produtividade ao longo do tempo, porque dificilmente o produtor faz a adubação nitrogenada na pastagem dele, porque o adubo

TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO: O QUE SERÁ TENDÊNCIA EM 2023?

Uso de imagens, inteligência artificial, ferramentas de automação e monitoramento devem ter avanços significativos em 2023. Tudo isso depende, no entanto, de mais conectividade A previsão de safra recorde de grãos — o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima uma produção de 288,1 milhões de toneladas – e o crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) – na ordem de 10,9%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) – permitem projetar um robusto crescimento para o agronegócio em 2023. Atrelado ao cenário otimista, o desenvolvimento de tecnologia segue a todo vapor. Essencial para a expansão do setor, com soluções que vão desde piloto automático, monitoramento de colheita e uso de drones, até ferramentas de planejamento e análise de resultados, a tecnologia tem revolucionado a maneira como se produz. A garantia de mais produtividade, sem deixar de lado a sustentabilidade, passa por diversas soluções inovadoras. Os avanços, no entanto, levam tempo. Segundo Alexandre Alencar, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da divisão de Agricultura da Hexagon, as operações extremamente complexas e diferentes umas das outras, fazem com que os passos da tecnologia no setor agropecuário, principalmente com relação a automação, sejam mais lentos. “Eu sempre elenco no mínimo cinco etapas: pré-plantio, plantio, adubação, pulverização e colheita. São cinco diferentes tipos de autonomia exigidas para uma safra completa autônoma. A complexidade disso é enorme e não vai acontecer da noite para o dia”. Confira, abaixo, algumas tendências para o ano de 2023: Uso de imagens e inteligência artificial Antigamente, os problemas na lavoura, como doenças e pragas, por exemplo, eram detectados somente por meio de monitoramento visual: era preciso percorrer pessoalmente a área plantada, o que tornava o processo muito mais lento e bem menos eficiente. Hoje, tecnologias de detecção por imagem, como voos por drone, com infraestrutura que identifica de forma automática as falhas na lavoura, são capazes de percorrer grandes áreas em um tempo muito menor. Segundo Alexandre, o uso de imagens permite um processamento mais complexo e avançado de dados, como consequência, um melhor planejamento para a execução das operações. “Atividades que antes eram feitas de maneira manual hoje estão sendo aceleradas pelo uso de imagens. E por trás disso temos a atuação de machine learning e inteligência artificial, que treinam algoritmos que permitem um monitoramento mais preciso das áreas”, explica. Automação plena A automação completa — em 100% das atividades no campo — ainda está longe de ser realidade, mas muitas ferramentas já permitem facilitar o dia a dia do produtor. “Um dos grandes sonhos dos produtores é ter a máquina totalmente independente da ação humana,executando as operações de forma independente. Isso não significa acabar com o emprego, mas aumentar a produção agrícola e deixar para as máquinas o trabalho físico enquanto o homem fica com o esforço intelectual”, explica Alexandre. Apesar dessa realidade ainda estar distante, a agricultura já conta com vários elementos de semi-automação, e a tendência para o ano de 2023 é que os investimentos aumentem ainda mais. “Na divisão de Agricultura da Hexagon, por exemplo, o piloto automático foi desenvolvido para ajudar na navegação de tratores, máquinas e implementos agrícolas e florestais, garantindo o alinhamento e minimizando a sobrepassagem durante o plantio, aplicação de insumos e tratos culturais”, exemplifica. Monitoramento remoto Outra área que deve receber atenção em 2023 é o monitoramento remoto. “Antigamente você mandava um exército de pessoas para o campo, não só para executar a atividade, mas também controlar se estava tudo correto. Tínhamos uma série de coordenadores de campo, gerentes, líderes de frente, que tinham a missão de verificar se a operação estava sendo feita de maneira correta. Hoje a atividade, até pela expansão da agricultura corporativa, é gerenciada de forma remota”, conta Alexandre. Por meio de salas de controle, no caso de grandes operações, ou pelo uso de dispositivos móveis, como tablets ou celulares, no caso de pequenos produtores, é possível coordenar as operações de forma mais eficiente. “A gente costuma dizer que a sala de controle da agricultura é quase como uma torre de operações de um aeroporto. Você consegue ver as colhedoras e tratores trabalhando dentro de áreas específicas, e ao mesmo tempo acompanhar as movimentações de caminhões no transporte da matéria-prima para a indústria”. Segundo o diretor, em 2023 os produtores devem investir cada vez mais na tecnologia, já que é possível manter uma melhor sincronização de todos os equipamentos e máquinas e resolver os problemas de maneira muito mais rápida e precisa. Fonte: Compre Rural Curadoria: Boi a Pasto

A importância da semente para o agronegócio

Responsáveis por 12% a 15% do total do custo de produção, as sementes são o início de toda a estratégia para a sequência de uma boa safra, além de serem o principal insumo da produção agrícola e assegurarem um campo sadio e vigoroso.

Novo padrão para café torrado entra em vigor e indústria já está se preparando

As mudanças nos rótulos poderão ser feitas pelas empresas ao longo dos próximos 18 meses esde o dia 1º de janeiro, estão em vigor os padrões de classificação para o café torrado comercializado no Brasil estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, a partir da Portaria nº 570 . A classificação atendeu uma demanda apresentada pelo setor e com o padrão oficial definido, o órgão fiscalizador poderá verificar e controlar a qualidade, as condições higiênico-sanitárias e a identidade dos produtos oferecidos aos consumidores, o que pode ainda aumentar o consumo e a exportação do café. Entre as mudanças, algumas poderão ser percebidas diretamente pelo consumidor, já que estarão expostas nas embalagens: a espécie de café, o ponto de torra e a denominação “fora de tipo” caso o produto não consiga atingir os padrões mínimos de cafeína, extrato aquoso e a nota de qualidade global da análise sensorial estabelecidos pela Portaria. A rigor o que se busca é a garantia da qualidade do café torrado para todos os tipos de cafés. Atualmente, na comercialização desse produto, os consumidores baseiam-se na qualidade expressa na embalagem ou na fidelidade a uma marca, onde se cria uma expectativa positiva sobre o café que se pretende consumir. “A nova regra vem ao encontro dos objetivos do Ministério, que é assegurar a oferta de produto de qualidade e seguro ao consumo e ao mesmo tempo estimular o desenvolvimento sustentável de toda a cadeia produtiva e uma concorrência leal no mercado”, explica o coordenador-geral de Qualidade Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária, Hugo Caruso. Indústria em preparação Embora a indústria tenha um ano e meio para se adequar, algumas empresas já se anteciparam e estão prontas para atender às novas exigências. O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Pavel Cardoso, disse que desde outubro do ano passado as indústrias estão se movimentando para providenciar a nova rotulagem. “Acredito que em abril ou maio o mercado já terá produtos expostos com a nova identidade”, afirmou. As embalagens impressas antes do início da vigência do padrão continuam válidas até meados de 2024. Mas a partir de agora, novos rótulos encomendados devem trazer as informações obrigatórias. Cardoso contou que a Abic adotou o Selo de Pureza em 1989, seguindo resolução da Anvisa, que já previa no máximo 1% de impurezas naturais da lavoura presentes no produto. Em 2004, a associação lançou o Programa de Qualidade do Café, que classifica e diferencia quatro categorias de café a partir de análise sensorial: gourmet, superior, tradicional e extraforte. De acordo com Cardoso, em função da nova Portaria, os dois programas de certificação da Abic serão unificados e a concessão do selo será mais rigorosa. Os cafés “fora de tipo”, por exemplo, não poderão receber o selo da instituição. A Abic continuará atuando como certificadora do café torrado e, em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária, vai ampliar o monitoramento do mercado visando coibir a prática de adulteração e fraude dos produtos, indicando, aos organismos de fiscalização, os produtos que não atendam à legislação. Corresponsabilidade Com a nova portaria, a responsabilidade pela venda de produto adulterado será compartilhada entre os produtores de café e o varejo. “Até então não havia um dispositivo de corresponsabilidade pela compra de café fraudado. É uma vitória avassaladora da indústria”, afirmou. Na prática, essa medida deve coibir a venda de produtos irregulares e elevar o padrão de qualidade do café. Outras mudanças A Portaria 570 vai permitir que órgãos de defesa do consumidor possam atuar em denúncias de fraude no produto. As torrefações deverão se registrar junto ao Ministério da Agricultura por meio do Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários (Sipeagro). Em relação à classificação do produto, que será obrigatória, as empresas terão as opções de terceirizar o processo, contratando uma empresa já credenciada no Ministério, ou implantar seus processos próprios processos, com classificadores e laboratórios internos. Neste caso, será necessário apresentar um manual de boas práticas ao Ministério. Se aprovado, as indústrias poderão classificar na frequência e maneira que acharem mais conveniente dentro do seu fluxo produtivo. Ainda de acordo com a portaria, pessoa física ou jurídica, incluindo o microempreendedor individual, que processe ou embale café e realize a venda direta ao consumidor final, efetuada no próprio estabelecimento de elaboração ou produção, em feiras livres, por meio de comércio eletrônico ou para cafeterias, fica facultada a apresentação do Documento de Classificação, desde que assegurada a conformidade, identidade e qualidade do produto conforme previsto no documento. Informações à imprensaAna Maio e Patrícia Távoraimprensa@agro.gov.br Curadoria: Boi a Pasto

O Futuro do uso de dados no Agronegocio

Brasil é um dos líderes dentre os países que mais realizam inovação e pesquisa científica na agricultura; grandes feitos ocorreram entre os anos 60 aos anos 2000 O setor do agronegócio possui uma grande tradição em pesquisa analítica com uso de dados. Foi assim que impulsionamos a revolução verde, conhecida também como a terceira grande revolução da agricultura – período de grande expansão na produção de alimentos nos anos 70 e 80 -, que foi em grande parte fruto de análise de dados e modelagem estatística. Muitas das técnicas de modelagem usadas hoje, a exemplo da análise de experimentos e de variância, apareceram ou foram aperfeiçoadas nesse período por demanda das aplicações no setor agro. E o Brasil é um dos líderes dentre os países que mais realizam inovação e pesquisa científica na agricultura. Grandes feitos da pesquisa científica brasileira na agricultura ocorridos nos anos 60 aos anos 2000, como a domesticação e expansão da soja no Cerrado, o controle do cancro cítrico e a criação de um dos maiores programas globais de energia renovável – a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar – só foram possíveis graças ao uso de dados e modelagem estatística. Como uma amostra dessa relevância, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) recebeu mais de três bilhões de reais em verbas federais para investimento em pesquisa e inovação agropecuária em 2022. No âmbito da economia digital, tecnologias como a agricultura de precisão, pesquisa genética contínua e mecanismos de proteção financeira, e a sofisticação dos produtos financeiros como o mercado de derivativos e de seguros, só são escaláveis com uso intensivo de dados e modelos matemáticos e estatísticos. Em um espectro mais amplo, até as recentes demandas da sociedade como rastreabilidade da cadeia, monitoramento e segurança alimentar e o controle sobre atividades de sustentabilidade ambiental são essencialmente cadeias de informações não-estruturadas. A combinação dados e agricultura, por sinal, é protagonista nas principais pautas da sociedade atual, como a segurança alimentar e a sustentabilidade sócio-ambiental. A segurança alimentar é um desafio devido ao cenário de estrangulamento da cadeia de suprimentos. Os desencaixes logísticos, consequência dos efeitos da COVID-19, afetam tanto a disponibilidade e preços dos insumos como sementes, defensivos e fertilizantes, como também a distribuição e processamentos dos produtos. Para dimensionar o problema, no Brasil, é estimado o retrocesso de mais de uma década de programas de erradicação da fome e miséria no período de 2019 a 2022. Para combater esse retrocesso, precisamos reorganizar a cadeia, identificar os pontos de gargalo de logística e armazenamento e digitalizar os dados “da porteira para dentro”, como detalhamento do histórico de produtividade, característica do solo e maquinário, tipos de cultura, entre outros, para conectar os produtores com melhores fontes de financiamento, otimização na compra de insumos e melhora na distribuição dos seus produtos. Fora as demandas urgentes de segurança alimentar, as pautas de responsabilidade social e ambiental, em especial relacionadas às demandas por descarbonização dos processos produtivos e compensação das emissões de gases do efeito estufa, também são um assunto que tende a ser amplamente discutido. Dentre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da ONU, fora a questão do combate à fome, podemos destacar o agronegócio naqueles relacionados ao consumo e produção conscientes, mudanças climáticas e agricultura sustentável. Assim, a inovação em modelos de predição relacionados ao agro se torna fundamental, objetivando a sustentabilidade e as questões sociais. Em ambos os temas citados, dados e análises são os principais mecanismos de identificação e valoração das iniciativas individuais, como o levantamento global para uso em políticas públicas. Buscando a coleta e análise de informações, bem como a implementação de soluções cada vez mais sofisticadas, podemos esperar protagonismo das empresas especialistas em dados e das agtechs no futuro do agronegócio, setor de crescente importância na agenda mundial. Fonte: Compre Rural Curadoria: Boi a Pasto

Marina assume ministério do meio-ambiente e anuncia secretaria especial contra desmatamento

Em cerimônia prestigiada no Palácio do Planalto, nova ministra do Meio Ambiente assume com promessa de recuperar protagonismo brasileiro A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) assumiu, nesta quarta-feira (4), o comando do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática. Em cerimônia prestigiada, realizada no Palácio do Planalto, ela fez duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro (PL) e anunciou as primeiras medidas no comando da pasta – dentre elas, a criação de uma secretaria extraordinária de combate ao desmatamento. Marina retorna ao cargo que deixou em 2008, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em meio a atritos com outras pastas e alegações de falta de apoio no governo. A reaproximação entre os dois se deu durante campanha eleitoral de 2002, no enfrentamento a Bolsonaro, e com as sinalizações do petista de maior protagonismo da agenda ambiental em um novo governo. A cerimônia que marcou o retorno de Marina Silva ao Poder Executivo teve amplo simbolismo e contou com a presença de figuras centrais da política nacional, como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que mais cedo assumiu o comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), além de outros ministros da nova gestão e parlamentares. Durante sua fala, Marina Silva acenou para a necessidade de protagonismo do Brasil nas questões ambientais em fóruns internacionais e também a nível interno. Como exemplo, a ministra citou o Acordo de Paris, compromisso mundial assinado por 195 países que prevê metas para redução da emissão de gases do efeito estufa. “O governo brasileiro, que sempre foi protagonista nessa discussão, não se furtará em exercer esse papel de liderança nacional e internacional”, disse. Para tanto, Marina definiu as políticas públicas em meio ambiente como “elemento estratégico do estado brasileiro na relação com a sociedade”. Segundo Marina, a promoção de temas ambientais a nível federal passa necessariamente por uma política de transversalidade. Citando o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD-MT), ela defendeu abordagens a partir de diferentes aspectos sob a visão e o trabalho desenvolvido por cada ministério, sem se tratar, portanto, de um tema restrito a uma única pasta.  ministério também promoverá a gestão compartilhada de recursos pesqueiros e gestão ambiental no meio rural, como forma de conter o enfraquecimento da gestão pública na área ambiental dos últimos anos. Também será criado um conselho sobre mudança do clima, sob a liderança de Lula. “A diretriz passa por recuperar, fortalecer e criar arcabouço institucional para tratar o tema com a participação de todas as instâncias governamentais na esfera federal, estadual e municipal, além de representantes do setor produtivo, acadêmico e da sociedade civil”, argumentou. “Haverá tensões, mas as visões setorais vão refletir em uma perspectiva mais integradora”, explicou. Além da participação interministerial, a nova estrutura do Ministério do Meio Ambiente traz para si a Agência Nacional de Águas e o Serviço Florestal Brasileiro como parte do arcabouço institucional do novo governo. Em caráter provisório ela anunciou a criação da Secretaria Extraordinária do Desmatamento e Ordenamento Territorial e Fundiário, como forma de frear irregularidades que nos últimos anos tenham resultado em prejuízos ambientais. A estrutura será desfeita caso cumpra a missão de acabar com a destruição da Amazônia. “Quando chegarmos ao desmatamento zero, não precisará da Secretária Extraordinária de Desmatamento. Então, esse secretário sabe que a taxa de sucesso dele será medida no dia que o presidente extinguir a secretária extraordinária de desmatamento”, afirmou. Segundo Marina, em breve a pasta contará também com a Autoridade Nacional de Mudança Climática, a ser criada até março, e uma Secretaria de Bioeconomia, que trabalhará temas envolvendo o potencial de biodiversidade e ativos ambientais. Marina apresentou o compromisso de recuperar 12 milhões de hectares degradados e gerar 260 mil novos empregos. Segundo ela, tal medida poderia fomentar a economia dessas áreas e enfraquecer o garimpo ilegal. A ministra ainda reforçou o compromisso da pasta em “fazer jus ao compromisso de tirar o Brasil do mapa da fome”. “É impossível cuidar da biodiversidade sem a participação da sociedade. Para isso, é preciso controle e participação social”, disse. “Que a gente passe a ter o melhor cartão de visitas. Aqui será o endereço para produtos de base sustentável. Com empresários, trabalhadores, cada um de nós”, disse. A nova ministra assume com a promessa de recuperar a imagem do Brasil no exterior em questões ambientais, atrair novos investimentos para o país e abrir o mercado nacional a partir de sinais claros de preservação ambiental. “Vamos ter uma ação que respeita o multilateralismo, mas vamos atuar internamente para que o Brasil volte, em lugar de ser um pária ambiental, ser um país que vai nos ajudar a fazer com que a gente consiga finalizar o acordo do Mercosul (com a União Europeia)”, afirmou. “Que a gente consiga trazer os investimentos, que a gente consiga abrir os mercados para os nossos produtos. Que a gente deixe de ser o pior cartão de visitas para os nossos interesses”, prosseguiu. A ministra reconheceu que haverá “tensões” internas, mas acrescentou que o papel de seu ministério não é “ser um entrave às justas expectativas de desenvolvimento social, mas facilitador” de que isso ocorra sem atacar o meio ambiente. Com capital político próprio e visibilidade internacional, ela vai comandar uma área que vai ser acompanhada de perto no exterior e ela própria será uma espécie de baliza do sucesso do governo Lula 3 em conciliar interesses, como o de ambientalistas e o do importante setor do agronegócio. Marina disse que o governo brasileiro não se furtará a exercer um papel de liderança nacional e internacional frente à emergência climática que se impõe, que tem como mais atingidos os mais pobres, lembrou. Ela fez duras críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na área ambiental e mencionou declaração do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP), deputado federal eleito para a próxima legislatura, durante uma reunião ministerial sobre “passar a boiada”. “Boiadas se passaram nos lugares onde deveriam passar apenas políticas de proteção ambiental”, disse. Durante o governo Bolsonaro, diversas políticas ambientais foram desmontadas,

Crédito mais caro e necessidade de tecnologia aumentam a procura por consórcio de máquinas agrícolas

Modalidade se torna opção especialmente para produtores rurais de pequeno e médio portes, que precisam modernizar suas fazendas. Um levantamento da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, aponta que 50% do parque industrial agrícola brasileiro tem mais de dez anos de uso. Para aumentar a rentabilidade do produtor rural e tornar a produção mais sustentável, as máquinas antigas precisam ser trocadas por outras mais modernas e tecnológicas, que oferecem novas possibilidades para a lida no dia a dia do campo. Entretanto, com os juros constantemente em alta, encarecendo o acesso ao crédito, produtores rurais de pequeno e médio portes precisam procurar novas alternativas para adquirir suas máquinas. Uma das opções que tem se mostrado mais acessível é o consórcio. Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) mostram que as vendas de novas cotas no segmento de pesados, que incluem tratores, máquinas e implementos agrícolas, cresceram mais de 50% de janeiro a agosto, na comparação com o mesmo período de 2021. Já o volume de créditos comercializados aumentou 12,5% nos oito primeiros meses do ano, somando mais de R$ 25 bilhões vendidos no período, comprovando a demanda por parte dos produtores. Este aumento pelo interesse em comprar máquinas a partir de consórcio é percebido também pela Jacto Máquinas Agrícolas, empresa sediada em Pompéia/SP. De acordo com Guilherme dos Reis, responsável pelo Consórcio Jacto, houve aumento de 35% na aquisição de cotas de consórcio de maquinários de pequeno porte, com crédito médio em torno de R$ 120 mil, quando comparado o período de janeiro a outubro de 2022 com o ano anterior. A demanda por esta categoria está tão em alta que a empresa decidiu pela abertura de um novo grupo entre os interessados em máquinas de porte menor, com planos a partir de R$ 23 mil, com 18 a 24 meses para pagar, oferecendo contemplações mensais por sorteio e por lance. Para Guilherme, o que explica esse interesse é o aumento constante dos juros, a falta de crédito da linha Moderfrota, principal programa para aquisição de máquinas e implementos agrícolas do Plano Safra, e a necessidade eminente de modernizar a produção. “O consórcio traz diversos benefícios para o produtor rural. Um dos principais é o baixo custo, devido as taxas de juros que tem oscilado para cima a cada reunião do Copom. Os consorciados compartilham o valor de uma máquina através do pagamento de parcelas planejadas. Também porque como não está vinculado ao sistema financeiro, não impacta os limites junto a outras instituições”, comenta Guilherme Reis. “Outro benefício é a vantagem do planejamento. O consorciado já sabe os valores das parcelas, além de não descapitalizar o seu dinheiro, que pode ser investido em outras necessidades da propriedade”, reforça o especialista. A Jacto atualmente está com três planos ativos para o cliente final, além do novo grupo para máquinas de pequeno e médio porte e renovação de frota, recém-aberto: Entrega Programada com plano a partir de R$ 23 mil e prazo de 12 parcelas; Primeira Parcela Grátis com contemplações mensais por sorteio ou lance e planos de 18 a 24 parcelas. Para grandes máquinas, plano de R$ 900 mil a R$ 1,8 mi, com contemplações mensais também por sorteio e lance e prazo de 84 parcelas, além do plano de R$ 300 mil a R$ 600 mil, com prazo de 102 meses, com contemplações por sorteio, lance livre e lance fixo com entrega imediata de uma linha específica de plantadeira e adubadora. Os planos são acessíveis a diferentes perfis de produtores rurais e também tipos de máquinas que pretendem adquirir. Fonte: G1 Curadoria: Boi a Pasto