julho 27, 2024

Bicheiras em bovinos desafia a saúde animal e as finanças da fazenda

As bicheiras, ou miíases cutâneas, causam sérios impactos à saúde dos bovinos e comprometem a rentabilidade das fazendas pecuárias. No Brasil, as perdas em decorrência da doença chegam a R$ 500 milhões anualmente, conforme dados da Embrapa. “Essas infestações comprometem o bem-estar dos animais e resultam em custos com o tratamento e perdas na produtividade”, explica o médico-veterinário Thales Vechiato, gerente de produtos para grandes animais da Pearson Saúde Animal.

Ministro da Agricultura declara emergência zoossanitária devido à Influenza Aviária no Brasil

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional em função da detecção da infecção pelo vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) – H5N1 – em aves silvestres no Brasil. A medida foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União desta segunda-feira (22), na Portaria nº 587.

Brucelose: pecuaristas paulistas têm até 31 de maio para vacinarem os rebanhos

A vacinação contra a Brucelose está em andamento no Estado de São Paulo e os pecuaristas têm até o dia 31 de maio para vacinar todas as fêmeas bovinas e bubalinas com idade entre três e oito meses.

A declaração da vacina tem prazo de encerramento em 7 de junho no sistema de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave), da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA).

Ciência adota nanotecnologia contra mal-do-caroço, uma das principais doenças de caprinos e ovinos

A doença acomete caprinos e ovinos em todas as regiões brasileiras, causando prejuízos financeiros aos produtores. A Embrapa e a Universidade Federal de Lavras (Ufla) estão utilizando técnicas de nanotecnologia para controlar a linfadenite caseosa, doença também conhecida como “mal do caroço”, que atinge caprinos e ovinos em todas as regiões do País. O novo tratamento consiste no uso racional de antibióticos aplicados diretamente na área afetada por meio de nanopartículas e nanofibras. Os principais benefícios do novo procedimento são a biossegurança e a diminuição do resíduo de antibiótico no leite e na carne oriundos desses animais. O tratamento disponível atualmente envolve um manejo trabalhoso e gera custos com mão de obra e medicamentos, tornando-se pouco viável para rebanhos numerosos, além de apresentar riscos de contaminação para o manejador e o meio ambiente.  A linfadenite caseosa ou “mal do caroço” é uma doença bacteriana infectocontagiosa que promove a formação de abscessos em linfonodos superficiais (gânglios linfáticos) ou em linfonodos e órgãos internos do animal. A enfermidade está presente em 94,2% dos rebanhos de ovinos e em 88,5% dos rebanhos de caprinos na Região Nordeste, onde se localiza a maior produção desses animais.  O tratamento convencional do abscesso maduro consiste na drenagem cirúrgica do conteúdo purulento do caroço, seguida da cauterização química da ferida com tintura de iodo a 10% por, pelo menos, dez dias (foto à esquerda). Caso o procedimento seja feito de forma incompleta, o abscesso pode voltar a aparecer na mesma região após alguns meses. O custo desse tratamento para o produtor é de aproximadamente 86 reais por animal.  As opções disponíveis, além de terem alto custo para o produtor, são trabalhosas e não possuem 100% de eficiência na eliminação do agente infeccioso no abscesso. O tratamento com iodo ainda apresenta risco de contaminação tanto para o manejador quanto para o meio ambiente, uma vez que requer a abertura do caroço e a drenagem do conteúdo, que possui alta carga bacteriana. Como a linfadenite caseosa é uma zoonose, pode ser transmitida para o ser humano.  O tratamento que está sendo desenvolvido pela Embrapa e Ufla avalia o uso racional de antibiótico priorizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a cloxacilina, maximizando a biossegurança e reduzindo o risco ambiental. O objetivo da equipe de pesquisa é chegar a um protocolo que seja pouco laborioso, tenha um custo mais acessível, alta eficiência e elevada biosseguridade.  De acordo com a pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos Patrícia Yoshida, que lidera o projeto, o resultado esperado é a cura do abscesso precoce, sem a necessidade de abertura e exposição ao material purulento, o que seria um procedimento mais seguro. “O novo tratamento consiste em administrar altas concentrações de antimicrobiano diretamente no abscesso, mesmo com baixas concentrações nos demais tecidos e sangue. Dessa forma, espera-se menor resíduo de antibiótico no leite e carne desses animais”, explica.  Nanotecnologia potencializa aplicações do antibióticoOs pesquisadores utilizam a nanotecnologia para desenvolver duas novas opções de procedimento. Para o abscesso fechado, ainda no início da doença, está sendo testado o uso de nanopartículas (foto à esquerda), que têm a capacidade de direcionar o antibiótico para o interior das células infectadas pela bactéria causadora da linfadenite caseosa, para obter uma concentração maior do medicamento no local, o que pode favorecer o combate ao patógeno. “A bactéria se ‘esconde’ no interior das células de defesa do caprino, local onde muitas vezes o antibiótico não consegue atingir concentrações suficientes para eliminá-la. Por isso, muitas vezes ela sobrevive ao tratamento. Ao utilizarmos as nanopartículas para direcionar o antibiótico para o interior das células de defesa, conseguimos aumentar sua concentração nesse local e assim tornar o medicamento mais eficiente”, explica o pesquisador Humberto Brandão, da Embrapa Gado de Leite. Como as nanopartículas direcionam o antibiótico para o local da infecção, espera-se que o tratamento seja mais efetivo que os disponíveis atualmente. A outra opção é o uso de nanofibras (foto abaixo, à direita) para o tratamento do abscesso maduro após a drenagem, em substituição à tintura de iodo a 10%, de modo a eliminar a bactéria e favorecer a cicatrização. “As nanofibras são ferramentas bastante interessantes para aplicações médico-veterinárias, pois podem ser produzidas com materiais biocompatíveis com elevada área de superfície e porosidade, que mimetizam a matriz extracelular, e permitem carregar grandes quantidades de fármacos, possibilitando sua liberação de forma lenta no sistema”, relata o pesquisador da Embrapa Instrumentação Daniel Corrêa.Na Ufla, estão sendo desenvolvidos modelos computacionais com base nos resultados obtidos com animais para determinar com precisão os protocolos (doses e intervalos) de tratamento. O pesquisador Marcos Ferrante explica que trabalhar com modelos computacionais permite simular diferentes cenários, diminuindo o número de animais usados na pesquisa, além de maximizar o uso dos recursos financeiros. “Essas pesquisas permitirão otimizar as doses para protocolos terapêuticos em diferentes cenários produtivos, possibilitando aos produtores tratar os animais com a mínima quantidade de antibiótico necessária e sem comprometer a eficácia do tratamento”, complementa Ferrante. Tecnologia depende de parceiros para chegar ao mercado Atualmente, o desenvolvimento da nova técnica está em fase de testes com caprinos para definir a melhor forma de uso do produto, incluindo dosagem e frequência de aplicações. Segundo Yoshida, a equipe espera concluir os ensaios com os animais em condições controladas nos próximos três anos e encontrar parceiros na indústria farmacêutica para viabilizar a produção em larga escala para comercialização.  “Estamos prospectando parceiros para colocar o produto no mercado. A parceria com essa formulação pode ser em codesenvolvimento desse e de outros medicamentos. O parceiro interessado entraria com a expertise e infraestrutura de linha de produção, capaz de receber a tecnologia de formulações nanotecnológicas para uso farmacêutico. Essa tecnologia mostra potencial, visto que já foi testada em outras espécies animais e infecções, como mastite e ceratoconjuntivite em bovinos”, afirma a pesquisadora. Impactos da doença no sistema de produção A presença da linfadenite caseosa no rebanho traz diversos prejuízos para o criador, como queda na produção, aumento do custo com mão de obra e medicamentos para o tratamento, desvalorização da carne e da pele do animal, além de causar a morte de caprinos e ovinos quando a doença está

Estresse térmico afeta vacas leiteiras durante todo ano

Esse estresse age reduzindo produtividade e longevidade, afirma doutora em nutrição de ruminantes O estresse térmico afeta não só a saúde das vacas leiteiras, mas também impacta a produção e a reprodução dos animais. “O estresse térmico por calor em vacas leiteiras acontece quando a taxa de ganho de calor excede a perda, levando o animal a sair de sua zona de conforto térmico, o que causa queda na imunidade, assim como menor ingestão de matéria seca, além de aumentar a exigência de mantença”, informa a zootecnista Vanessa Carvalho, gerente de produtos e serviços técnicos para bovinos de leite da Phibro Saúde Animal. Segundo Vanessa, temperatura ambiente, umidade relativa do ar, exposição à radiação solar e velocidade do vento, entre outros fatores externos, influenciam no estresse térmico. No Brasil, onde as temperaturas médias são elevadas, o impacto desses fatores pode ser ainda mais expressivo.  Um levantamento de dados a campo realizado pela Phibro, empresa global referência em nutrição e saúde animal, avaliou a temperatura corporal e do ambiente de mais de 5 mil animais em cinco diferentes estados do Brasil (MG, SP, PR, RS e GO) e revelou que as vacas em lactação passam em média 39% do tempo em estresse térmico durante o ano, com temperatura corporal maior que 39,1 graus. Se considerarmos apenas no verão, esse número passa de 50% do tempo em estresse térmico.  “É comum ver vacas ofegantes, babando, aglomeradas de pé e, algumas vezes, até dentro dos bebedouros ou em represas tentando se resfriar. Esses são sinais claros de que os animaisestão passando por momentos de estresse por calor. Os dados encontrados nas fazendas nos mostram que o rebanho passa muito tempo em desafio, indicando que, além dos investimentos em manejo e instalação, existe a necessidade de maior conscientização e investimentos em tecnologias para melhorar o conforto e bem-estar dos animais”, informa a especialista da Phibro, doutora em nutrição de ruminantes pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).  Para avaliar o nível de estresse térmico dos bovinos leiteiros, podem ser levados em consideração a temperatura corporal do animal, o THI (índice de temperatura e umidade do ar) e, também, a Frequência Respiratória (FR).  “Em geral, THI acima de 68 é considerado como o início do estresse térmico. Além disso, estudos mostram que vacas com FR acima de 60 movimentos por minuto já estão em situação de estresse”, completa Vanessa Carvalho.  Para auxiliar os produtores de leite a minimizar o estrese térmico e seus efeitos negativos, a Phibro contém em seu portfólio o OmniGen-AF, que possui fórmula exclusiva e resultados comprovados, como o estudo conduzido pelo professor José Luiz Vasconcelos (mais conhecido como prof. Zequinha), na Universidade Estadual Paulista (Unesp), que verificou que, além de terem ficado 50% a menos do tempo em estresse térmico, as vacas produziram 3,2 litros de leite a mais por dia, nos primeiros 30 dias após o parto, quando consumiram OmniGen-AF no período de pré parto e início de lactação. Outra pesquisa realizada na Universidade do Arizona (EUA), utilizando vacas em câmaras climáticas com temperatura controlada, revelou que aquelas que consumiram OmniGen-AF tiveram aumento significativo na ingestão de matéria seca, menor temperatura corporal e menor frequência respiratória.  “Vale lembrar que para a mitigação do estresse térmico seja mais eficiente, não deve haver apenas a adoção de uma estratégia ou tecnologia; ainda há necessidade da adoção de medidas de manejo e instalação contra o estresse, como implementação de sistemas de resfriamento, sombreamento, galpões cobertos ente outros. Esse conjunto de ações colabora para termos animais mais produtivos e saudáveis, mantendo-se por mais tempo na propriedade, tornando o negócio mais rentável e sustentável”, finaliza a zootecnista da Phibro.  Fonte: Repórter Ceará Curadoria: Boi a Pasto

Aditivos e probióticos aumentam em até 7% a eficiência alimentar e reduzem 40% as doenças no rebanho

Confira a entrevista com o médico veterinário Matheus Capelari, doutor em nutrição de ruminantes e gerente de serviços técnicos para gado de corte da Kemin para a América do Sul A constatação foi trazida pelo médico veterinário Matheus Capelari, doutor em nutrição de ruminantes e gerente de serviços técnicos para gado de corte da Kemin para a América do Sul. Ele foi o principal entrevistado no programa Giro do Boi desta quarta-feira, 11, e falou sobre os avanços nas pesquisas em nutrição de ruminantes. Capelari fez parte de uma caravana de brasileiros que fez uma visita técnica a confinamentos de bovinos de corte nos Estados Unidos. Avaliação de aditivos e probióticos nos Estados Unidos Foi nessa viagem que ele trouxe os resultados de um estudo de aditivos e probióticos na melhora da eficiência da dieta dos bovinos. “O bovino evoluiu para consumir pasto, no entanto, o que mais cresce é a adição de grãos da dieta dos animais, correspondendo de 80% a 70% do que esses animais comem. É nesse contexto que entra o uso de aditivos e probióticos”, diz Capelari. Esses compostos fortalecem os microrganismos presentes por todo o intestino do bovino fazendo com que o animal se adapte melhor a mudança da alimentação com mais grãos. Isso faz com que o rebanho aproveite melhor a alimentação e converta esses nutrientes em mais carne e leite, no caso de um rebanho leiteiro.  Sistema imunológico dos bovinos A evolução de ruminantes como os bovinos fez com que os o seu sistema digestivo funcionasse como o maior repositório de seu sistema imunológico. Isso foi uma grande saída para o desempenho do animal, pois, é pela boca que entra grande parte dos patógenos que fazem mal ao bovino. “É por isso que ao longo de todo o intestino dos bovinos se encontram de 70% a 80% de agentes do sistema imunológico”, diz o especialista. Portanto, ao fortalecer os microorganismos intestinais se fortalece também a saúde desses animais. Cronograma sanitário aliado a nutrição bovina Em muitos confinamentos americanos, o cronograma sanitário inclui a oferta de aditivos e probióticos aos animais, pois fortalece a sanidade dos animais.  “Alguns pesquisadores recomendam o probiótico ao lado do protocolo sanitário, pois isso garantiu as melhores respostas de saúde dos bovinos”, diz Capelari. O estudo americano constatou que além do ganho de eficiência alimentar de 5% a 7%, foi diminuída em 40% a incidência de doenças nos animais. Fonte: Giro do Boi Curadoria: Boi a Pasto

Seca no Rio Grande do Sul impõe desafios na manutenção da alimentação animal

Especialista da SIA recomenda, entre outras alternativas para o momento, manutenção de altura de pastagens, ajuste de carga e priorizar categorias mais exigentes nos melhores pastos. Mais uma vez o Rio Grande do Sul passa dificuldades devido à falta de chuvas. A estiagem que pelo terceiro ano seguido prejudica lavouras e pastagens desafia o produtor a buscar soluções para amenizar este impacto. Na pecuária a preocupação vem com a nutrição dos animais, que perdem com o baixo crescimento dos pastos. O gerente técnico da SIA, Serviço de Inteligência em Agronegócios, Armindo Barth Neto, reforça que nestes períodos os produtores possam ter cartas na manga para minimizar os impactos do tempo seco. “Os produtores têm que ter consciência que estes períodos vão acontecer e é preciso ter alternativas para não estar exposto nestes momentos de dificuldades”, observa. No caso das pastagens, o especialista ressalta que neste ano se passa por um La Niña que no início de novembro registrou temperaturas frias, o que prejudicou o crescimento das pastagens logo no início da estação de crescimento. “Já no final de novembro e em dezembro tivemos registros de regiões com chuvas, mas na grande parte a média é de temperaturas muito altas com poucas chuvas, o que evapora muito rápido e cria o déficit prejudicando o crescimento das pastagens”, destaca. Barth Neto frisa que a primeira dica é sempre procurar manter as pastagens dentro da altura ótima de manejo. “Na SIA trabalhamos com o pastoreio Rotatínuo e cada pastagem tem sua altura ótima de manejo. Por exemplo, o capim sudão trabalhamos entre 25 e 40 centímetros, a mesma coisa para o milheto e a braquiária. No campo nativo trabalhamos entre 8 e 12 centímetros. Nestes períodos de estiagem é importante nunca deixar para baixo esta altura”, explica. Além disso, o gerente técnico da SIA também recomenda equilibrar a carga animal em cada potreiro, ajustando de acordo com o crescimento de cada área. “Se tivermos áreas não utilizadas ou subutilizadas, colocar mais animais nessas áreas e reequilibrar a carga animal nestes potreiros”, informa. Outra dica, de acordo com Barth Neto, é sobre a alimentação. Além de manter estoques, em muitos casos é preciso entrar com alguma suplementação para os animais para que se tenha uma parte da dieta que venha da pastagem e outra parte do cocho, com a finalidade que os animais comerem menos os pastos e consigam manter eles dentro da altura ótima. Outra alternativa, segundo o especialista, é fazer o pastejo horário, onde os produtores que têm áreas de pastagens anuais como Capim Sudão ou Milheto, “façam um acesso por um tempo determinado nessa pastagem, que pode ser por um turno (pela manhã ou pela tarde) ou em períodos mais críticos, soltar os animais por duas horas para que eles façam uma boa alimentação nestas pastagens e preservem a altura”, complementa. O gerente técnico da SIA lembra que é importante manter as pastagens bem manejadas porque quando começa a chover, logo que caem as primeiras chuvas, tendo a umidade no solo, estas pastagens voltaram a crescer muito rápido. “Se tenho uma pastagem rapada e quando começa a chover, não temos folha para essa pastagem fazer fotossíntese e este pasto, mesmo com chuva, demora para crescer e provavelmente em uma nova falta de chuvas não dá tempo para este pasto se recuperar”, salienta. Finalizando, o especialista enfatiza que o produtor deve neste momento fazer um ajuste de categorias, entendendo quais são as mais exigentes e oferecer as melhores pastagens. “Por exemplo, estamos em meio a uma estação reprodutiva e então é importante priorizar categorias com cria ao pé, entre elas as primíparas, que são vacas de primeira cria, essas sim tem que acessar as melhores pastagens e de maneira alguma não podem sofrer restrição alimentar, porque senão estas vacas têm uma taxa de prenhez muito baixa por falta de comida. Em segundo lugar, priorizar as vacas adultas que tem cria ao pé, e por último, em ordem de prioridade na reprodução, são as novilhas e vacas solteiras, animais adultos que não tem cria ao pé”, complementa Barth Neto. Fonte: O Presente Rural Curadoria: Boi a Pasto

Novo amendoim forrageiro tem alto teor de proteína e pode aumentar produção pecuária, aponta pesquisa

Resultado de 15 anos de pesquisa, nova cultivar é uma opção alimentar para bovinos, equinos e ovinos. Estudo foi feito pela Embrapa no Acre. Uma nova modalidade de cultivar amendoim forrageiro foi desenvolvida pela Embrapa no Acre e se destaca, principalmente, pela alta concentração de proteína, elevada produtividade de forragem e maior tolerância à seca. A tecnologia é alternativa para intensificar a produção de carne e leite e viabilizar uma pecuária com pasto mais sustentável. Resultado de 15 anos de avaliação e seleção de materiais genéticos, a nova cultivar “BRS Oquira” foi testada nas condições de clima e solo da Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. A pesquisa foi coordenada pela Embrapa Acre e contou com a parceria da Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Amazônia Oriental (PA), Embrapa Pecuária Sudeste (SP) e Embrapa Gado de Corte (MS). A tecnologia está registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e passou a ser comercializada por viveiristas de três estados (Acre, São Paulo e Ceará), credenciados pelo Mapa e licenciados pela Embrapa. No Acre, a estimativa de produção de mudas da cultivar é de 16 toneladas por ano, com colheita a cada quatro meses. Os estudos mostraram que, em cultivos adubados e irrigados, o teor de proteína bruta na planta chega a 29%, valor que garante alimento de qualidade para o rebanho e melhora a produtividade animal. A coordenadora do Programa de Melhoramento Genético do Amendoim Forrageiro, da Embrapa Acre, pesquisadora Giselle de Assis, explica que, diferente de outras leguminosas que concentram a proteína nas folhas, o amendoim forrageiro possui elevado teor proteico também nos talos, característica que possibilita uma forragem de alta qualidade. Em experimentos sem adubação e irrigação, a cultivar BRS Oquira apresentou 22% de proteína bruta, teor de fibra em torno de 43% e 68% de digestibilidade de matéria seca (forragem). “A recomendação é justamente para essa nova cultivar ser utilizada na alimentação animal, com foco no consórcio de pastagem. A ideia é que o produtor que já planta a gramínea, que é o capim, possa introduzir o amendoim forrageiro no sistema dele de produção. A cultivar se mostrou muito bem adaptada e está sendo recomendada não só para o bioma Amazônia, mas também para a Mata Atlântica e Cerrado e ele tem alta produtividade, então, mostrou uma produção maior de forragem em relação a outras cultivares que já existem. Além disso, ele foi pesquisado em sistemas intensivos de produção e se mostrou uma forrageira de uma qualidade tão elevada quanto a da alfafa, que é uma leguminosa forrageira considerada a rainha das leguminosas, a mais utilizada e de excelente valor nutritivo”, explicou Giselle. Mais alimento para o gado Por ser nutritivo e palatável, o amendoim forrageiro pode ser usado na dieta de bovinos, equinos e ovinos, sob pastejo direto, em pastos consorciados com gramíneas, em plantios puros que funcionam como bancos de proteína ou fornecido no cocho como forragem verde picada, feno e silagem. Conforme a pesquisadora, a BRS Oquira demonstrou alto desempenho também na produtividade de forragem, em relação a outras cultivares de amendoim forrageiro. Em cultivos sem uso de adubação e irrigação, a nova cultivar produziu entre 13 e 16 toneladas de massa seca de forragem por hectare/ano na Amazônia, enquanto, no Cerrado, a produção variou de 10 a 13 toneladas por hectare/ano. No bioma Mata Atlântica, experimentos adubados e irrigados produziram entre 15 e 20 toneladas de matéria seca por hectare/ano. “Esse desempenho representa um aumento que varia de 10% até 44% na produtividade de forragem, capaz de proporcionar ganhos reais na produtividade do rebanho”, afirmou Giselle. Alta resistência e perenidade Além do elevado valor nutritivo e alto desempenho na produção de forragem, os estudos revelaram alta superioridade da BRS Oquira em outros aspectos que influenciam a eficiência da tecnologia. “Uma vantagem também, até para a gente aqui do Acre, é que esse material tem uma tolerância maior ao período seco. Apesar de estarmos na Amazônia e aqui a gente ter uma precipitação mais elevada que outras regiões, a gente passa melhor por esse período”, afirma a pesquisadora. Outra característica que confere perenidade a pastos consorciados com a cultivar é que, mesmo associada com gramíneas de maior porte, em condições de sombreamento, se desenvolve bem. Além disso, por ser uma espécie que possui caule com diversos pontos de enraizamento, a nova cultivar consegue se multiplicar rapidamente na pastagem e cobrir totalmente o solo, aspecto que evita processos erosivos e confere persistência quanto ao pastejo e pisoteio do gado. Os resultados da pesquisa mostraram ainda que a nova forma de cultivar de amendoim forrageiro também é tolerante a solos encharcados. Essa característica possibilita o consórcio com gramíneas adaptadas a essa condição, em áreas afetadas pela ‘síndrome da morte do braquiarão’, doença associada ao encharcamento do solo e ataques de fungos, considerada o principal fator de degradação de pastagens na Amazônia. “Aqui no Acre tivemos, nos últimos 20 anos, uma degradação muito intensa das pastagens, causada pela chamada síndrome da morte braquiarão. Como temos solos com drenagem insuficiente e temos uma precipitação elevada, vários meses do ano esse solo fica encharcado e aí esse capim não tolera esses solos, fica debilitado e suscetível a fungos que estão nos solos e são patogênicos. E o amendoim forrageiro é tolerante a esse ambiente. Então, onde o capim marandu morreu porque encharcou pode plantar essa cultivar do amendoim e outro capim e vai ajudar a fazer a recuperação dessas áreas”, explicou a pesquisadora. Adubação natural para a pastagem A cultivar BRS Oquira também é capaz de realizar a fixação biológica de nitrogênio nas pastagens, processo que melhora a fertilidade do solo e contribui para o desenvolvimento das plantas. De acordo com a pesquisa, por meio da associação com bactérias que vivem no solo e se alojam nas suas raízes, a leguminosa captura nitrogênio do ar e o disponibiliza para as plantas. “O grande diferencial é que a pastagem consorciada mantém sua produtividade ao longo do tempo, porque dificilmente o produtor faz a adubação nitrogenada na pastagem dele, porque o adubo

Tecnologia impulsiona resultados da pecuária de corte e leite

Em ano de muitos impactos sobre o consumo de carne e leite e nos custos produtivos, pecuaristas avançam no uso de tecnologia para levantar resultados Um ano que ficará marcado pelas incertezas e por um menor crescimento econômico mundial. E em que novamente a atividade pecuária se destacou pela resiliência às adversidades, pela capacidade de superação dos produtores rurais para levar carne e leite de alta qualidade de forma competitiva, que paga as contas da porteira para dentro e que gera divisas ao país. É desse jeito que 2022 será lembrado. Apesar da retomada decorrente da flexibilização após a pandemia de Covid-19, o país foi desafiado por várias questões, como a alta na inflação que gerou impacto sobre o consumo de alimentos no país, de maneira geral, e de carne vermelha, em particular, passando pelas questões relacionadas à guerra entre Rússia e Ucrânia que dificultou o acesso da produção agropecuária a insumos, e chegando até às volatilidades e incertezas comuns decorrentes da corrida eleitoral no país. Esse cenário com destaque para a resiliência da atividade agropecuária foi apresentado pelo time de especialistas do negócio de Ruminantes da DSM em encontro com a imprensa em 7 de dezembro. Para os especialistas, um ponto que ajudou a segurar o mercado foi o fato de as exportações de carne bovina baterem recorde, somando 190 mil toneladas em outubro, segundo dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex). Os embarques da proteína para países como a China, que lidera o ranking de importadores, somado ao aumento da oferta e maior velocidade no ciclo de baixa de preços para todas as categorias animais, contribuíram para esse cenário apontando para o positivo. Na cadeia do leite, porém, a pecuária foi prejudicada pelo fenômeno La Niña, que provocou uma entressafra antecipada, com custos de produção elevados que desanimaram o produtor. Mesmo assim, a oferta tende a melhorar no final do segundo semestre, com recuperação da produção e maior importação de laticínios. “Mais uma vez, a pecuária de corte e de leite se mostrou essencial ao desenvolvimento do nosso país. Tivemos uma série de desafios ao longo desse ano, que foram tratados com muito cuidado pelos produtores, os verdadeiros protagonistas do nosso setor”, aponta Sergio Schuler, vice-presidente do negócio de Ruminantes da DSM para a América Latina. Ao reforçar o protagonismo da atividade pecuária na economia brasileira, contudo, Schuler não deixa de mencionar os avanços dos produtores para a adoção de tecnologia no campo, de modo a impulsionar os resultados buscando produtividade, eficiência e rentabilidade e, consequentemente, preservando o capital alocado na produção rural. “Muitos produtores passaram a entender melhor a importância de usar tecnologias nas fazendas, incluindo suplementação adequada para os animais se tornarem mais produtivos e saudáveis durante todo seu ciclo”, reforça o executivo. Sobre as tecnologias do portfólio da marca Tortuga® de suplementos nutricionais para bovinos, o diretor de marketing da DSM, Juliano Sabella, menciona algumas inovações relevantes e que melhoram os índices zootécnicos dos bovinos de corte e leite e a rentabilidade dos produtores. Destaque para os aditivos CRINA® e RumiStarTM, ingredientes de alta tecnologia exclusivos da DSM que, combinados aos Minerais Tortuga, trazem uma série de benefícios para aumento da produtividade. Destaque também para o Hy-D®, aditivo que, ao ser incluído na dieta dos bovinos, garante absorção mais rápida e eficiente dos macrominerais, melhorando o rendimento de carcaça, produção de leite e índices reprodutivos, elevando os índices zootécnicos e gerando benefícios de bem-estar animal e segurança alimentar. Para 2023, a DSM espera um ano de incertezas para o setor, mas com desenvolvimento e uso de tecnologias e maior concentração na produção agropecuária. Quando o assunto é o segmento leiteiro, a companhia tem perspectivas de demanda ainda fragilizada, com o La Niña afetando o primeiro trimestre e custos ao produtor ainda elevados. Já sobre os bovinos de corte, a demanda externa vai continuar aquecida, com câmbio favorável. Apesar disso, a demanda interna ainda vai seguir sendo impactada, com possível melhora nesse final de ano e ao longo do próximo. “Teremos maior oferta de animais, o que inclui maior abate de fêmeas. Isso vai refletir diretamente na produção, que vai aumentar a partir desse ano, mas se prolongando principalmente em 2023 e 2024”, explica Schuler. Aquisição da Prodap é um grande passo na jornada da DSM em 2022 Além da tecnologia incluída na dieta dos animais, outro passo importante do negócio de Ruminantes da DSM esse ano foi a aquisição da Prodap, concluída em setembro. Sobre isso, vale dizer que o desenvolvimento de tecnologias e de soluções digitais para a pecuária sempre foi uma das missões fundamentais da DSM e, nesse contexto, esse foi mais um importante passo da companhia em sua jornada de precisão e personalização. Nesse mercado, a Prodap é uma empresa brasileira que combina tecnologia, serviços de consultoria e soluções nutricionais personalizadas para impulsionar a eficiência e a sustentabilidade na criação de animais. No negócio de Ruminantes da DSM, a Prodap complementará o profundo conhecimento em nutrição animal e os recursos de consultoria, permitindo um nível ainda mais alto de experiência do cliente. Ao apoiar uma produção rural mais eficiente, essa aquisição contribui para o compromisso da DSM de permitir uma redução de dois dígitos nas emissões de bovinos nas fazendas até 2030. “Com a integração da operação da Prodap, passamos a fortalecer o desenvolvimento de soluções digitais para alcançar mais mercados globalmente e um maior número de espécies de animais. Muitos clientes do negócio de Ruminantes da DSM já vêm sendo atendidos com as tecnologias desenvolvidas e fabricadas pela companhia, com a atenção para os serviços da Prodap. Tudo isso em uma mesma unidade de negócios, que já conta com a confiança do produtor rural brasileiro em ambas as frentes, a de produtos da DSM e a de serviços da Prodap”, conclui Schuler. Censo de Confinamento DSM registra 6,95 milhões de bois confinados em 2022 Um volume de 6,95 milhões de bovinos confinados. Esse foi o montante registrado pelo Censo de Confinamento DSM 2022, estruturado pelo Serviço de Inteligência de Mercado