julho 27, 2024

Na Metade Sul, inverno vira verão para a pecuária gaúcha

Conforme especialista da SIA a oferta de pastagem de inverno aumentou muito na região O avanço da soja na região do Pampa traz um novo desafio aos pecuaristas gaúchos da Metade Sul do Rio Grande do Sul. O manejo tradicional sempre possibilitou muita oferta de pastagem nos meses mais quentes. No entanto, com a entrada da soja, essa matriz produtiva de alimentos está mudando. Agora sobra comida no inverno. O engenheiro agrônomo Armindo Barth Neto, gerente Técnico da SIA, Serviço de Inteligência em Agronegócios, explica que quando a soja é colhida, o produtor entra com as espécies de inverno, principalmente o azevém, e garante uma enorme oferta de comida nos meses mais frios do ano, o que antigamente era praticamente impensável. “O pecuarista sempre entrou com melhoramento de campo nativo por meio de espécies de inverno para tentar amenizar a falta de comida. Porém, agora, o inverno que sempre foi um problema, passa a ser uma solução para boa parte das propriedades que estão adotando o modelo da integração lavoura-pecuária. Alguns produtores estão mudando a sua estratégia produtiva para concentrar durante o período frio”, informa. Barth Neto enfatiza que o desafio agora é como produzir mais comida no período mais quente do ano para tentar equilibrar a produção de comida de verão e inverno com a entrada da soja. “A principal dúvida do pecuarista gaúcho é quanto da sua área na fazenda pode ser arrendada para a soja para que o seu sistema não fique descompensado”, observa, colocando que há um lado muito positivo que é uma nova receita dentro da propriedade. “A soja entrando tem uma diversificação de renda, um dinheiro que de certa maneira ingressa sem grandes investimentos, simplesmente com o fornecimento da área”, ressalta. De acordo com o gerente Técnico da SIA, os produtores de soja que arrendam essas áreas fazem toda uma correção de solo e garantem boas pastagens com grande oferta de alimento de alta qualidade durante o inverno, mas por outro lado, no verão, boa parte das propriedades tem o seu sistema baseado em campo nativo, que muitas vezes não possibilitam acomodar esta mesma quantidade de animais nos meses mais quentes. “Então passa a ser esse o desafio, como equilibrar a produção forrageira ao longo do ano. E para superá-lo é necessário ter um planejamento bem organizado para que não ocorra esse desbalanço forrageiro entre verão e inverno. Sobra muito em uma época e falta em outra, e se perde em produção e rentabilidade”, salienta. Este equilíbrio na produção de pastagens nos períodos mais quentes passa, conforme Barth Neto, pela implementação de espécies mais produtivas durante o verão, como a braquiária, o panicum, milheto ou sudão, além da adubação dessas áreas para dar mais capacidade de suporte. Ele sinaliza também o grande desafio de manejo das pastagens dessas áreas que têm um potencial de crescimento forte. “O produtor tem que estar muito atento para manejar bem as áreas e não perder a mão para que o pasto não passe do ponto e não consiga uma boa gestão dessa oferta de comida”, alerta. Fonte: Agrolik Curadoria: Boi a Pasto

Pesquisadores desenvolvem capim que permite prolongar o pastejo

A descoberta é importante pois o capim é amplamente empregado na alimentação de gado leiteiro, especialmente na Região Sul. Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma nova cultivar de capim azevém (Lolium multiflorum Lam.) com produtividade de folhas até 20% maior em comparação às tradicionais da mesma espécie. Trata-se de um avanço importante uma vez que esse capim é amplamente empregado na alimentação de gado leiteiro, especialmente na Região Sul. Em produtividade de forragem, o material recém-desenvolvido gerou 2% mais do que as cultivares BRS Ponteio e a Fepagro, dois importantes materiais de azevém que estão no mercado. Chamada de BRS Estações, a nova cultivar ficou entre as mais produtivas em experimentos realizados no Paraná. Com lançamento agendado para 1º de setembro a BRS Estações apresenta ciclo produtivo longo, persistindo até novembro, de acordo com a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Andréa Mittelmann.“O capim permite prolongar o pastejo, contribuindo para o enfrentamento do vazio forrageiro de primavera”, destaca a pesquisadora. “Por ser proveniente de populações adaptadas à Região Sul do Brasil, a planta tem boa adaptação e sanidade, além de possuir alta produtividade de forragem, com excelente qualidade, devido ao florescimento tardio e à excelente relação folha/colmo”, relata a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado Fernanda Bortolini. A pesquisadora realça ainda a produtividade das sementes, por ter espigas densas e capacidade de ressemeadura natural. O analista da Embrapa Sérgio Bender diz que o capim se destaca, principalmente, pela boa produtividade das folhas, o que dá mais qualidade ao pastejo. Essa é a terceira cultivar de capim azevém desenvolvida pela Embrapa. A primeira, BRS Ponteio, ocorreu há uma década e foi considerada um sucesso pelo setor, com uma produtividade 7% maior que as concorrentes, na época. A segunda, BRS Integração, lançada em 2017, possui um ciclo mais curto (20 dias a menos), produzindo 5% a mais que a BRS Ponteio e se adapta bem aos sistemas de Integração Lavoura Pecuária (ILP). Fonte: Canal Rural Curadoria: Boi a Pasto

Novilhas criadas em sistema Lavoura-Pecuária-Floresta têm melhor resposta imunológica

Conclusão é de estudo inédito da Embrapa Agrossilvipastoril Novilhas Nelore criadas em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) tiveram melhor resposta imunológica a um determinado antígeno do que animais em pastagens comuns. Esse foi o resultado obtido por pesquisa realizada pela Embrapa Agrossilvipastoril e que ajuda a entender a dinâmica de verminoses no rebanho em diferentes sistemas produtivos. Além disso, pode ser extrapolado para outras doenças e parasitoses. O trabalho abre novas novas perspectivas sobre o manejo do rebanho nas propriedades rurais. “A fazenda pode ter módulos diferentes para categorias de animais. Se não for de interesse arborizar a fazenda toda, é interessante que ela tenha uma área com árvores para os animais mais jovens”, diz o pesquisador Luciano Lopes, da Embrapa. Resultados anteriores obtidos no mesmo experimento já demonstraram que novilhas Nelore em sistemas ILPF ganham mais peso e possuem maior precocidade sexual. “Na parte reprodutiva, vimos que há diferença entre os sistemas. Então é um ganho triplo. O ganho de peso por si só, o ganho de peso influenciando a precocidade sexual e, paralelamente, a melhor resposta imunológica. Para as novilhas, principalmente, seria bem interessante usar sistema ILPF”, avalia o pesquisador. Benefícios de novilhas em ILPF Uma série de pesquisas comprovou vantagens importantes na criação de novilhas em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta: Maior ganho de peso Maior precocidade sexual Melhor resposta imunológica Caminho da pesquisa O resultado obtido sobre a resposta imune do gado foi a última etapa de um trabalho que teve início analisando a ocorrência de nematoides (vermes) em pasto solteiro e em integração pecuária-floresta. A primeira constatação foi que a melhoria do microclima causada pela sombra das árvores favorecia a ocorrência de larvas de nematoides. Porém, ao contrário do esperado, as novilhas que pastejavam em sistemas sombreados apresentaram menor contaminação do que aquelas que estavam em pastagem com menor carga de parasitas. Essa comprovação foi feita por meio da contagem de ovos dos nematoides presentes nas fezes dos animais. De acordo com Lopes, duas hipóteses foram cogitadas para explicação. A primeira era que a sombra também favorecia a ocorrência de insetos, como o besouro rola-bosta, que predam as larvas nas fezes depositadas no chão, impedindo a contaminação de um hospedeiro. A segunda está relacionada à resposta imune dos animais. A primeira hipótese foi refutada em pesquisas. Segundo o pesquisador, a melhor resposta imune é o que explica a menor infestação de parasitas nas novilhas que pastejam no sistema silvipastoril. Verminoses As verminoses são responsáveis por grandes perdas na pecuária de corte, seja pela perda de peso ou pelo atraso no período reprodutivo. Dessa forma, o entendimento do ciclo dos parasitas em diferentes sistemas e das estratégias de controle são importantes informações para auxiliar o pecuarista. Nas pesquisas realizadas na Embrapa Agrossilvipastoril, observou-se que os bovinos estão mais vulneráveis às parasitoses do 6º ao 18º mês de vida. Após os 18 meses, o sistema imunológico já está mais bem desenvolvido e o animal, embora apresente o parasita, sofre danos menores. Outra comprovação foi a de que há variação ao longo do ano na carga parasitária dos animais, com maior incidência nos meses de fevereiro e março, fase final do período chuvoso, e em setembro, no fim da seca. Essa constatação reforça a recomendação de se fazer o controle estratégico, com vermifugação somente nos meses 5, 7 e 9, e não em todas as operações de manejo do rebanho no curral. “O pecuarista deve manter o controle estratégico, pois este é eficiente para manter o rebanho protegido. Assim ele evita vermifugações desnecessárias e reduz custos”, recomenda Lopes. Fonte: Revista Itatiaia Curadoria: Boi a Pasto

Dia Nacional da Pecuária: pesquisas da Secretaria de Agricultura garantem mais produtividade, melhor qualidade da carne e menos impacto no ambiente

Em 14 de outubro é comemorado o Dia Nacional da Pecuária, data para lembrar dessa importante atividade, responsável por disponibilizar a população um alimento altamente nutritivo, a carne. A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realiza por meio do Instituto de Zootecnia (IZ), Instituto Biológico (IB) e unidades da APTA Regional pesquisas de ponta garantem mais produtividade para o pecuarista, sanidade animal, mais qualidade para o consumidor e menos impacto para o ambiente. O Instituto de Zootecnia tem a pecuária de corte como um dos seus carros-chefes. O Instituto é reconhecido em todo o Brasil e no exterior por desenvolver pesquisas que visam a seleção de gado de corte. Os ganhos genéticos acumulados pelo processo de seleção do IZ no seu Centro Avançado de Pesquisa de Bovinos de Corte, resultaram em quatro arrobas a mais no peso da carcaça dos animais selecionados quando abatidos com 24 meses de idade. Além de produzirem carcaça mais pesada precocemente, os animais produzem carne com excelente parâmetro de qualidade.  Preocupado com a sustentabilidade da produção de carne no Brasil, o IZ inaugurou em julho deste ano o Laboratório de Fermentação Ruminal e Nutrição de Bovinos de Corte, um dos poucos do mundo com tecnologia para estudar o que ocorre dentro do rúmen dos animais, verificando o que se pode fazer para otimizar a fermentação ruminal e assim diminuir as emissões do metano entérico, natural no processo de fermentação dos bovinos. Um dos projetos em desenvolvimento no laboratório é realizado em conjunto com as empresas SilvaTeam e a JBS e busca reduzir a emissão de metano na atmosfera a partir do uso de aditivos que tornam o processo de fermentação da dieta mais eficiente. “Temos em nosso laboratório um equipamento que simula as condições do rúmen, que é a parte anterior ao estômago do animal. Esse rúmen artificial permite que a gente acompanhe as transformações que ocorrem no processo de fermentação e meça com precisão o potencial de aditivos para reduzir as emissões”, conta a pesquisadora do IZ, Renata Helena Branco Arnandes, que é também diretora do Departamento de Gestão Estratégica da APTA. De acordo com ela, um dos diferenciais do IZ é que as pesquisas iniciadas no laboratório depois são testadas no campo, com os animais em sistema de pasto e confinamento. Isso traz resultados mais consistentes para os estudos e para os usuários das tecnologias, uma vez que são validadas no laboratório e no confinamento. Os recursos para a criação do laboratório foram aportados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa (PDIP). A Secretaria de Agricultura e Abastecimento assinou também em julho deste ano protocolos de intenções com a JBS e SilvaTeam, visando ações conjuntas com o IZ para o desenvolvimento sustentável da pecuária paulista e nacional. Novilhas precoces A APTA Regional de Colina também tem forte atuação para a cadeia produtiva de bovinos de corte e contribuições marcantes para a pecuária, como o desenvolvimento do conceito do Boi 7.7.7, adotado em todas as regiões produtoras de gado de corte do Brasil. Agora, os pesquisadores trabalham no desenvolvimento de um sistema de produção em que as bezerras desmamadas aos 7/8 meses com 170 kg atinjam 300 kg aos 14/15 meses de idade, momento que estariam prontas para ficarem prenhas – tempo 40% mais rápido do que a média alcançada pelos produtores brasileiros, que conseguem emprenhar as novilhas aos 24 meses. De acordo com os pesquisadores, o ciclo de produção mais rápido, reduz os custos da criação dos animais nas fazendas. A produção precoce é alcançada com a utilização estratégica de suplementação na alimentação dos animais, logo após o desmame. As fêmeas que apesar de atingir o peso necessário não conseguirem emprenhar também podem ser usadas para aumentar os lucros dos produtores. A APTA desenvolve trabalho para engorda desses animais para um abate precoce, favorecendo a venda da carne no mercado gourmet. Segundo o pesquisador da APTA Regional de Colina, Flavio Dutra de Resende, as fêmeas têm mais facilidade para deposição de gordura, uma característica importante para esse nicho de mercado. “Por terem essa facilidade, podemos engordar com suplementação as fêmeas que não emprenharam, abatendo esses animais também jovens, com 19 meses. Enquanto a picanha de um boi de 23 arrobas ultrapassa 2 kg, essa novilha dá uma peça de 900 g a 1,1 kg, que é um tamanho de corte adequado, com nível de acabamento diferenciado. É a carne que o brasileiro mais gosta de comprar”, afirma. O sistema de produção de novilhas precoces é uma das entregas tecnológicas dos Institutos de Pesquisa da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP. As entregas fazem parte de um programa do Governo do Estado de São Paulo, que coloca como meta a disponibilização de 150 soluções tecnológicas pela APTA até 2022. Só neste ano, serão mais de 50 nas áreas de agricultura, pecuária, sanidade animal e vegetal, pesca e aquicultura, economia e processamento de alimentos. Sanidade animal A sanidade é outro fator fundamental para o avanço da pecuária. Por isso, o Instituto Biológico tem forte atuação nessa área, realizando diagnósticos com alto padrão de qualidade para diferentes atores da cadeia produtiva. Além dos diagnósticos, o IB realiza um outro importante trabalho, que é a produção dos chamados imunobiológicos, utilizados para diagnósticos de brucelose e tuberculose em animais, inclusive nos bovinos. Sem esses kits, não é possível o trânsito de animais no Brasil. O IB é a única instituição brasileira autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a produzir esses imunobiológicos, atendendo ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT).        Desde 2019, o Instituto passa por atualização de seu portfólio, graças a investimentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Os recursos foram fundamentais para que o IB aumentasse, em 2020, o prazo de validade dos frascos de tuberculina para triagem e confirmatório de tuberculose, que

Sistema de controle reduziu carrapato-do-boi em 82% sem usar químicos

Nos primeiros resultados foram registrados uma redução de mais da metade da população de carrapatos Um estudo da Embrapa realizou controle de carrapatos em bovinos sem o uso de produtos químicos, utilizando apenas estratégias de manejo, com os animais em pastejo em diferentes regiões. Chamado de Lone Tick, o sistema obteve resultados iniciais de 82% de redução da população de parasitas nos rebanhos. O trabalho está sendo desenvolvido nos biomas Cerrado e Pampa. O trabalho de pesquisa no Cerrado avaliou durante um ano o controle da infestação de carrapato Rhipicephalus microplus em bovinos da raça Senepol, no sistema de manejo rotacionado, obtendo uma média de dez carrapatos por animal, sem uso de acaricidas. “Quando há cerca de 40 carrapatos no animal, significa que teremos problemas econômicos no rebanho”, informa o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Renato Andreotti, responsável pela atividade de controle do carrapato-do-boi sem o uso de acaricidas, inserida no projeto “Produção e avaliação de antígeno recombinante para uso no controle do carrapato-do-boi com base na vacinologia reversa”. “Na raça Senepol, sensível ao carrapato, o projeto obteve sucesso. A meta agora é conseguir resultados semelhantes na raça Angus – animais produtivos e mais sensíveis ao carrapato – e presentes em diferentes regiões do País”, observa. O estudo será realizado por, pelo menos, dois anos. No Pampa, o trabalho foi iniciado no segundo semestre de 2021 e têm dado motivação para os produtores: nos primeiros resultados foram registrados uma redução de mais da metade da população de carrapatos. “Ainda, não podemos falar em percentual de redução da população porque estamos no início do projeto. Teremos mais certezas quando fizermos pelo menos uma avaliação sazonal. Mesmo assim, acredito que o trabalho está indo muito bem, pois os carrapatos adultos sobre os animais diminuíram”, relata o professor Rodrigo Cunha, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que realiza as coletas para avaliação do estado de saúde dos animais, por meio de análises realizadas no laboratório especializado da Faculdade. A presença do carrapato nos animais faz com que seus agentes causem o aparecimento da doença conhecida como tristeza parasitária bovina (TPB) causada pelos agentes: Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale, o que pode levar os animais à morte. Caso não seja adotado um controle pelo produtor, este sofrerá grandes prejuízos. “Não se tem registros exatos de mortes de animais por TPB no País. É importante lembrar que no Sul essa doença possui uma gravidade maior por ser região de instabilidade enzoótica, que significa que os animais estão vulneráveis após o inverno, levando a um risco de morte maior”, esclarece Andreotti ressaltando a preocupação com a qualidadedos alimentos fornecidos pela bovinocultura.  Um agravante do problema vem do melhoramento genético. Os produtores de gado de corte utilizam cruzamentos com raças mais produtivas para aumentar a produtividade do seu sistema por meio da precocidade, qualidade da carne, entre outros fatores, mas essas raças são mais sensíveis ao carrapato. “O rebanho acaba ficando refém das infestações por carrapatos, porque foi produzida uma nova definição genética dessa população de bovinos cruzados em sistemas de produção. Estima-se que haja perda de um grama de carne por carrapato ao longo do ano, por isso se justifica economicamente a necessidade do controle”, explica Andreotti.  Com o gado de leite o problema se repete. Animais mais produtivos costumam também ser mais sensíveis ao carrapato, e isso provoca uma perda anual de leite de 95 kg por animal, principalmente com a raça holandesa e em sistema de produção familiar, acarretando diminuição nos lucros. O pesquisador explica que os animais de raças europeias e seus cruzamentos são totalmente dependentes de controle do carrapato para poder expressar seu potencial genético produtivo, caso contrário, corre o risco de, além de não produzir, perder o investimento realizado no rebanho devido à mortalidade causada pela TPB. “No sistema Lone Tick, além do controle não usar acaricida, ele aceita a mesma carga animal do sistema de produção tradicional”, comenta. Controle estratégico do carrapato A cadeia produtiva de bovinos usa variadas formas para controle do carrapato, como o sistema tradicional, no qual o produtor define o produto acaricida que vai usar no balcão da loja de produtos veterinários, até sistemas sofisticados com o uso integrado de práticas de controle – chamado controle estratégico do carrapato – buscando impactos mínimos.  O controle do carrapato com uso de acaricidas é a mais usual. Mas, tem causado vários problemas para produção dos rebanhos. Por isso, o produtor precisa: 1)             Conhecer a biologia do parasita para melhor controle; isso fará retardar o avanço da seleção de parasitas resistentes, maior eficiência, menor custo e menor impacto no ambiente pela redução da quantidade de acaricidas; 2)             Conhecer as diferenças de temperatura e umidade nos diversos ambientes, ao longo do ano, pois há influência na produção de gerações do parasita e sua população; 3)             Quando utilizados os acaricidas sobre os animais, é preciso aplicá-los da forma recomendada, o que não vem sendo obedecido com frequência, pois tem se observado consequências como a contaminação do ambiente, intoxicação das pessoas que aplicam o acaricida e dos produtos de origem animal.  Segundo Andreotti, o uso intensivo de produtos químicos por dois anos consecutivos num rebanho, pode gerar o desenvolvimento de resistência àquele parasita. “O carrapato precisa ser monitorado anualmente, e temos soluções tecnológicas mais eficientes, inclusive, oferecemos análises por meio do Museu do Carrapato, site que traz um banco de informações sobre os parasitas, onde são estudadas todas as espécies que chegam para análises, através de fotografias e posterior catalogação”, conta o cientista. Por: Embrapa Clima Temperado e Embrapa Gado de Corte