novembro 21, 2024

Nova metodologia mede emissão de metano em reprodutores bovinos

Gás metano é gerado no processo digestivo dos bovinos Metodologia desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sul (RS) é capaz de mensurar a emissão de gás metano (CH4) em reprodutores bovinos de raças europeias. Denominada de Prova de Emissão de Gases (PEG), consiste na coleta do metano emitido por jovens reprodutores de uma mesma raça, mantidos sob condições idênticas de manejo e alimentação durante cinco dias. Depois, o gás é avaliado em laboratório e os animais são classificados de acordo com a emissão a partir de coeficientes previamente estabelecidos. O objetivo da PEG, que será lançada durante a Expointer 2022, é identificar animais que apresentem menor emissão de metano por quilo de alimento consumido e por quilo de peso vivo produzido. A identificação dos jovens reprodutores com menores índices de emissão de metano pode ser empregada no melhoramento das raças, utilizando a genética na formação de progênies com essa característica. De acordo com a pesquisadora Cristina Genro, da Embrapa, identificar animais mais eficientes na relação entre consumo de alimentos, ganho de peso e menor emissão do gás é mais uma ferramenta em prol da sustentabilidade da pecuária brasileira e da redução de impacto nas mudanças climáticas. A relevância da prova, segundo a pesquisadora, também está relacionada ao fato de o Brasil ter aderido ao Pacto Mundial do Metano na COP26, realizada na Escócia em 2021, no qual se comprometeu a reduzir a emissão desse gás, considerado fundamental na estratégia de mitigação do aquecimento global. Segundo dados do Observatório do Clima, 70,5% das emissões nacionais de metano são originadas da agropecuária, sendo 90% oriundas da fermentação entérica dos bovinos. “Nesse sentido, a identificação de animais mais eficientes no uso dos alimentos e que, portanto, emitam menos metano por quilo de alimento consumido, passou a ser algo de grande importância para a cadeia da carne bovina brasileira”, ressalta Fernando Cardoso, chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, . Em 2022, foram realizadas PEGs com animais que participaram de outras provas de desempenho no centro de pesquisa. O objetivo foi validar a metodologia utilizada para a mensuração, bem como para a adaptação e ajustes no equipamento usado na coleta do gás. Segundo Genro, umas das mudanças feitas nesse período foi a inserção de dois sistemas de coleta e armazenagem do gás. “Com isso teremos mais segurança na coleta dos dados, pois caso um dos coletores ou tubos não funcione, teremos o outro para enviar para a análise”, explica. As provas foram realizadas com reprodutores das raças Angus, Braford, Charolês e Hereford. “Nos resultados preliminares, verificou-se uma média de emissão nesses reprodutores de 48 kg/animal/ano de metano, bem menor do que é preconizado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para animais da mesma categoria, que é de 56 kg/animal/ano”, complementa a pesquisadora. Como funciona a metodologiaA metodologia para aferir a emissão de metano pelos animais utiliza a técnica do gás traçador hexafluoreto de enxofre (SF6). Para tanto, uma cápsula com a substância é administrada via oral ao reprodutor no início da prova. O SF6 liberado pela cápsula mistura-se aos gases da fermentação ruminal, atuando como um traçador do gás metano produzido e arrotado pelo animal. O ar expirado pelo bovino é captado por um tubo capilar de aço inoxidável posicionado na região logo acima das narinas. O tubo capilar é conectado por uma mangueira a um recipiente cilíndrico de alumínio, localizado no dorso do bovino, preenchido pelos gases captados durante os cinco dias de coleta. Depois, o recipiente é pressurizado com nitrogênio e as concentrações do metano e do SF6 são determinadas a partir de técnicas de cromatografia gasosa em laboratórios especializados. Além dos recipientes colocados nos animais, são distribuídos na área mais quatro cilindros providos de válvulas reguladoras de ingresso em cada período experimental, a fim de captar amostras do ambiente. A PEG é realizada logo após o término da Prova de Eficiência Alimentar (PEA), que gera os dados de consumo e desempenho individuais utilizados para os cálculos de emissão de gás metano por consumo de alimento e ganho de peso. Nas duas provas, a alimentação e o manejo são os mesmos, em um ambiente controlado e com oportunidades iguais para cada animal expressar seu potencial genético. A dieta fornecida aos animais é composta por 75% de volumoso (silagem e feno) e 25% de concentrado. O coeficiente técnico para a classificação dos reprodutores é calculado com base na relação entre a emissão de metano por consumo de matéria seca e a emissão de metano por ganho médio diário. A partir dessas relações, os reprodutores serão estratificados em elite, superior e comercial. Emissão de metano é decorrente do processo de digestão dos bovinosA produção de metano em bovinos ocorre durante o processo natural de digestão dos alimentos pelos animais. Depois de ingeridos, os alimentos vão para o rúmen, órgão do aparelho digestivo, onde micro-organismos ajudam na digestão por meio da fermentação, produzindo também o gás metano, que é emitido para a atmosfera a partir da eructação (arroto) dos animais. Segundo Genro, é possível mitigar a emissão de metano na pecuária brasileira, especialmente pelo manejo nas propriedades. “Pesquisas mostram que, com o manejo correto das pastagens e dos animais, é possível alcançar um balanço positivo do carbono. Ou seja, a atividade consegue capturar mais carbono e estocar no solo em maior quantidade do que emite na natureza”, explica. De acordo com a pesquisadora, medidas simples como o controle da altura das pastagens contribuem de forma muito positiva para alcançar esse objetivo. Para a grande maioria de espécies de forrageiras utilizadas na Região Sul, a Embrapa tem estudos que indicam a altura ideal para a entrada e saída de animais nas pastagens, de forma a aumentar o estoque de carbono no solo e mitigar a emissão dos GEE. “Pastagens bem manejadas podem ser um grande sumidouro de carbono”, ressalta. A adoção de outras tecnologias também pode contribuir para uma produção mais sustentável na pecuária em relação às mudanças climáticas. Entre elas, a pesquisadora destaca a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), um sistema que proporciona maior sustentabilidade, por utilizar em um

Brasil lidera redução do impacto ambiental no agronegócio

Ganhos de produtividade na agricultura e na pecuária estão alinhados à sustentabilidade do agronegócio brasileiro O agronegócio do Brasil foi capaz de elevar o volume de produção acima da demanda e ainda reduzir o impacto ambiental da atividade, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A instituição fez um estudo comparativo com grandes agroexportadores como Argentina, Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França e Índia. O País tem um histórico de políticas relacionadas à sustentabilidade, realizando ações pioneiras como o monitoramento por satélite do desmatamento da Amazônia, o Programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC) e a aprovação do novo Código Florestal, que aborda questões de conservação do meio ambiente. Esse cenário credencia o agronegócio brasileiro para um lugar de liderança na garantia de segurança alimentar mundial, proporcionando aumento da oferta de alimentos para atender ao crescimento populacional aliado às práticas de preservação dos recursos naturais. No entanto, essa imagem precisa ser reforçada no mercado global. Redução de gases de efeito estufa no agronegócio A agropecuária brasileira foi a que apresentou o maior aumento do índice de produtividade em relação às emissões de gases de efeito estufa (GEE). A geração de poluentes caiu 3,92% na pecuária em uma média anual e 3,91% em três décadas. Em 30 anos, a produtividade sustentável triplicou. Em 1990, a pecuária do Brasil produzia 16,4 toneladas de alimentos por tonelada de carbono equivalente (Gt CO2e) e passou para 51,9 toneladas por Gt CO2e em 2020. Na agricultura, a produção saiu de 243 toneladas por Gt CO2e para 774 toneladas por Gt CO2e no mesmo período. A China apresentou os piores resultados, com elevação média anual da produtividade em relação às emissões de GEE em 5,43% na pecuária e 1,99% na agricultura, entre 1990 e 2020, seguida pela Índia, com aumento de 3,97% na criação de animais e 1,72% nas lavouras. Efeito poupa-floresta no Brasil O Brasil é líder na diminuição das terras usadas, mantendo ou aumentando a produção de alimentos a partir da implementação de tecnologias medidas pelo efeito poupa-florestas. O indicador foi de 43,2% para a agropecuária nacional, enquanto a China e a Alemanha não chegaram a 2%. O País também lidera a conservação, com quase 500 milhões de hectares de florestas nativas preservadas em 2019, o que representa 58% do território. Enquanto isso, Alemanha, França e Estados Unidos têm apenas um terço da cobertura vegetal intacta. Por outro lado, as terras agrícolas brasileiras apresentam um dos menores percentuais de ocupação, com 63,5 milhões de hectares que são equivalentes a 7,5% da área total ocupada. O País só fica atrás do Canadá, que ocupa 3,9% do território com a agricultura. Energia limpaA participação da energia limpa na matriz energética brasileira se destaca em comparação aos outros países analisados. Cerca de 46% do consumo de energia do Brasil têm origem em fontes renováveis como hidrelétrica (29,3%), de biocombustíveis (11,9%) e eólica (4,2%). O Canadá é o país que mais se aproxima do perfil brasileiro, mas tem somente 28,6% da matriz energética de fontes renováveis. Em média, a participação da energia sustentável no consumo energético global é de apenas 12%; na Índia e nos Estados Unidos, a proporção é ainda mais baixa, sendo menor que 9%. Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Curadoria: Boi a Pasto

7 ERROS NAS LEIS E NORMAS PARA A PECUÁRIA PARA VOCÊ NÃO COMETER JAMAIS

Estar em dia com a legislação pode garantir futuras relações comerciais com compradores ou fornecedores que exigem o cumprimento das leis. É fundamental para a atividade pecuária cumprir as leis e normas vigentes. Além de garantir segurança jurídica, no caso de uma fiscalização e/ou uma ação trabalhista movida contra o produtor. Além disso, estar em dia com a legislação pode garantir futuras relações comerciais com compradores ou fornecedores que exigem o cumprimento das leis. Portanto, fique atento aos 7 erros comuns na atividade pecuária, quando o assunto for as leis e normas para o segmento. 1- Não registrar os trabalhadores na carteira de trabalho e previdência social Esse é um erro muito comum na atividade rural, principalmente na pecuária. Somente com o registro em carteira e o recolhimento da previdência de seus funcionários é que o pecuarista terá tranquilidade para exercer suas atividades sem dor de cabeça futura. A falta de registro pode acarretar em multa de até R$ 3 mil por funcionário não registrado, além de processos trabalhistas. 2- Atraso no pagamento dos salários A falta de pagamento do salário até o 5º dia útil do mês também pode gerar multa ao patrão. Evite atrasar os recebimentos dos funcionários da fazenda. Além disso, se o pagamento for em espécie, peça sempre que o funcionário assine um recibo com data e valor do pagamento. 3- Menores de idade trabalhando na propriedade Este assunto é motivo de muita discussão, já que a maioria dos produtores rurais iniciou suas atividades profissionais ainda bem cedo, muitos deles ainda crianças, para ajudar a família, não é mesmo? Mas, embora esse tipo de trabalho não esteja de acordo com a CLT e possa gerar multas e processos trabalhistas, é possível contratar adolescentes a partir dos 16 anos, desde que não seja em período noturno e que para isso eles tenham o salário igual ao do trabalhador adulto. 4- Trabalhador sem descanso semanal Na fazenda tem trabalho todo dia, o gado tem que comer, tem que apartar o bezerro, tem que ordenhar a vaca, tem que dar alimento para criação e essas atividades não podem parar. Contudo a nossa legislação exige que o funcionário tenha, ao menos, um dia de descanso na semana. Portanto, garanta que o seu funcionário tenha um dia livre, preferencialmente no domingo. 5- Trabalhadores sem condições de trabalho É comum o homem do campo ter costumes simples, sem luxo ou grandes exigências, mas a lei determina que o patrão sempre ofereça condições mínimas para o trabalhador. A NR31, principal norma de regulamentação de segurança do trabalho no meio rural, determina entre outras condições: Acesso gratuito e orientação para o uso de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), exemplos: protetor para os olhos, proteção contra o sol com boné de aba larga, bota de bico de aço e perneira. Alojamento de alvenaria para os trabalhadores, divididos por sexo e contendo camas com colchão (espaçados por 1 metro), 1 chuveiro para cada 10 trabalhadores e 1 vaso sanitário para cada 20 trabalhadores. 6- Não recolher o Fundo de Garantia dos funcionários A gestão da fazenda é como a gestão de qualquer outra empresa. Além de garantir a produtividade e rentabilidade ao negócio, o fazendeiro também tem as obrigações legais de um empresário. A maioria dos proprietários de terra opta por contratar um escritório de contabilidade para recolher as taxas e impostos devidos, mas é importante acompanhar se realmente todos os tributos estão sendo pagos, como no caso do FGTS dos funcionários. Existem casos em que os funcionários e patrões só souberam que as contribuições não foram pagas quando solicitaram a aposentaria. Portanto, fique atento e contrate sempre escritórios sérios e confiáveis. 7- Não formalizar contratos com terceiros Em algumas épocas do ano já existe maior exigência de trabalho nas fazendas e é nesse período que alguns proprietários optam por contratar um serviço terceirizado, como recuperação de cerca, terraplanagem de currais, construção de armazém, manutenção de maquinário, etc. No entanto, é importante que toda a contratação de mão de obra terceirizada seja formalizada através de contrato de prestação de serviço, com especificação das atividades contratadas e dados completos do prestador. Não estabelecer esse tipo de contrato pode caracterizar vínculo trabalhista, o que pode gerar prejuízos futuros com multas e ações trabalhistas. Fonte: Compre Rural Curadoria: Boi a Pasto

Desafios do agronegócio

O mundo já reconheceu que temos condições – capacidade de produção, qualidade, sanidade, produtividade e sustentabilidade – para alimentar pelo menos um bilhão de pessoas. Essa vocação brasileira para suprir o mundo com alimentos deve ser a catapulta definitiva para superarmos o tratamento terceiro-mundista que ainda recebemos da alguns países. O agronegócio vem dando uma extraordinária contribuição ao desenvolvimento econômico e à segurança alimentar do Brasil. Esse vasto e multifacetado universo é puxado pela agroindústria da carne, um setor de cadeias longas e complexas que ocupa milhões de pessoas no campo e na cidade e exporta proteína para mais de 160 países. Apesar do nível de especialização e avanço tecnológico, esse setor sofre poderosas influências de fatores extraorganizacionais que afetam sua competitividade. No campo, onde se localiza a base produtiva de toda a matéria-prima, o desafio é garantir a sucessão nas propriedades rurais, transformadas em empresas rurais, como resultado dos intensos programas de capacitação técnica e gerencial dos produtores e suas famílias. A sucessão é essencial para a perpetuação da atividade agropecuária e fixar a população na área rural. Duas variáveis atuam nesse processo: a melhoria da renda familiar rural, que permite elevar a qualidade de vida, e as condições de vida e trabalho no campo. A agroindústria garante a primeira; o Poder Público precisa contribuir com a segunda. Mas os grandes flagelos da agroindústria são as deficiências infraestruturais que anulam os ganhos no campo e na indústria. A falta de rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos, centros de processamento de exportações, gasodutos, água, comunicações e energia ameaçam a expansão empresarial. É notório que a manutenção da máquina pública devora praticamente toda a receita tributária, retirando da União Federal a capacidade de investimento, aparentemente não deixando outra opção a não ser as parcerias público-privadas. Entregar ao capital privado a construção das obras de infraestrutura, mediante a privatização de setores públicos, é uma saída porque, evidentemente, é melhor pagar por essas melhorias do que nunca tê-las… Outro aspecto é a escassez de mão de obra para ampliar as unidades industriais, fenômeno particularmente presente no sul do Brasil e que vem exigindo crescente automatização e robotização das atividades fabris, de um lado, e o emprego de trabalhadores de países vizinhos, de outro lado. Como se sabe, a agroindústria é um segmento intensivista em mão de obra e assegura elevado índice de desenvolvimento humano e econômico nas regiões onde se faz presente. A questão sanitária é outro aspecto que realça a complexidade da indústria de alimentos cárneos. O Brasil e, em particular, Santa Catarina conquistaram invejável status sanitário na esfera mundial, condição privilegiada para a conquista dos mercados mais exigentes, ao lado da qualidade e do preço competitivo de nossos produtos. Manter essa condição exige vigilância, tecnologia e investimento. O mundo já reconheceu que temos condições – capacidade de produção, qualidade, sanidade, produtividade e sustentabilidade – para alimentar pelo menos um bilhão de pessoas. Essa vocação brasileira para suprir o mundo com alimentos deve ser a catapulta definitiva para superarmos o tratamento terceiro-mundista que ainda recebemos da alguns países. Para cumprir esse papel planetário precisamos de uma atuação diplomática eficaz e efetiva para derrubar, mediante negociações bilaterais, injustas barreiras tributária e não-tributárias que ainda são impostas por mercados potenciais, como Índia e Coreia. O agronegócio brasileiro é um gigante, mas os seus desafios também são. Fonte: Por Neivor Canton, presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos Curadoria: Boi a Pasto

Manejo adequado do solo aumenta sequestro de carbono em áreas irrigadas

Aumento da demanda por alimentos estimula a realização de pesquisas de conservação do solo e redução do carbono atmosférico. O solo é o maior reservatório de carbono na natureza e, por isso, o estudo de seus atributos físicos é crucial para conhecer e mitigar mudanças climáticas. Estudo conduzido em Itaí, SP, por cientistas da Embrapa Meio Ambiente (SP) e da Embrapa Solos (RJ) comprovou que o uso de práticas agrícolas sustentáveis, como o Sistema de Plantio Direto (SPD), em áreas irrigadas, é capaz de aumentar o estoque de carbono do solo (ECS), reduzindo a liberação do gás carbônico (CO2) na atmosfera. A conclusão é resultado de comparações e avaliações dos atributos físicos e hídricos de amostras de solos de duas bacias de primeira ordem (principal fluxo de água a partir da nascente) cultivadas com SPD sob irrigação por pivô central. O estudo, de autoria dos pesquisadores Heloisa Filizola, Alfredo Luiz, Aline Maia e Luís Carlos Hernani, da Embrapa, foi publicado na Revista de Estudos Ambientais. Ao apontar incremento do ECS, que é um dos indicadores-chave para avaliar práticas agrícolas, a pesquisa mostra que o uso do SPD na região estudada impacta diretamente a redução da formação de gases de efeito estufa (GEEs) pela retenção do CO2 no solo. “O aumento da demanda por alimentos, associado à escassez de áreas para expansão da agricultura, torna cada vez mais necessária a realização de estudos relacionados à conservação do solo e à redução do carbono atmosférico,” declara Filizola. As áreas avaliadas apresentaram Índice de qualidade Participativo do Plantio Direto (IQP) – metodologia que avalia a qualidade desse sistema produtivo com base em um conjunto de indicadores que relacionam eficiência, rentabilidade e conservação ambiental – e condições físico-hídricas similares. Nas partes onde o manejo foi mais bem feito, houve maior retenção de água e cerca de 50% menos dispersão de argila. A adoção de sistemas de manejo, como o Plantio Direto, ajuda a preservar a qualidade física dos solos, uma vez que a diversificação e a consorciação de espécies incrementam a quantidade e a distribuição de raízes. Além disso, a superfície do solo permanece coberta com plantas em desenvolvimento ou com resíduos da colheita, moderando a evaporação e minimizando as perdas por erosão. Sequestro de carbono: mais do que indicador-chave, é crucial para a redução de GEEsHá consenso científico de que os ecossistemas terrestres têm grande importância no ciclo do carbono e de que o solo é tido como seu maior reservatório. O sequestro do carbono no solo depende de fatores como a cobertura vegetal, práticas de manejo e classes de solo. De acordo com Filizola, os estoques de carbono no solo são indicadores-chave na prestação de serviços ambientais promovidos por boas práticas agrícolas e isso se explica pela forte correlação entre esse elemento e os atributos químicos, físicos e biológicos, servindo, portanto, como um avaliador de sustentabilidade. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o solo armazena aproximadamente quatro vezes mais carbono que a biomassa vegetal e três vezes mais que a atmosfera, tendo assim grande importância no ciclo biogeoquímico do carbono. A importância da manutenção do carbono no solo ultrapassa a de indicador-chave para a determinação da qualidade do solo, pois, se liberado, contribuirá para o aumento do efeito estufa. As alterações no uso do solo encontram-se entre as principais fontes de emissão de carbono antropogênico para a atmosfera. Quando o solo é cultivado e manejado ocorrem alterações no efluxo e influxo de CO2 na interface solo-atmosfera, em especial mediante as operações de aração e gradagem, já que essas levam à maior oxidação da matéria orgânica quando em contato com o ar. Essas emissões de carbono também ocorrem por meio da alteração dos regimes de água, da erosão e das queimadas. Mitigação de mudanças climáticasEntre as várias soluções para mitigar as mudanças climáticas, uma opção importante é o sequestro de carbono em agroecossistemas, especialmente em solos agrícolas. Além disso, o estoque de carbono no solo poderia compensar as emissões antrópicas, beneficiando a produtividade agrícola e mitigando o aumento da temperatura. Para que ocorra sequestro de carbono no solo, os sistemas de manejo devem procurar manter elevadas quantidades de biomassa, causar o mínimo de distúrbio na estrutura, além de promover a conservação de solo e da água. Essas práticas também incrementam a atividade e a diversidade da fauna edáfica – expressiva parcela de organismos que habitam o solo –, fortalecendo os mecanismos da ciclagem de elementos. A manutenção da matéria orgânica no solo influencia a floculação, ou seja, diminui a remoção da argila do solo, seja pela formação de pontes entre as partículas, seja favorecendo sua união e aumentando sua estabilidade estrutural em solos, em especial os eletropositivos. Além disso, após a morte e decomposição do sistema radicular, permanecem os canalículos ou bioporos, que, associados aos orifícios construídos pela movimentação de meso e microrganismos no solo, ampliam na drenagem e levam ao aumento da aeração e da infiltração de água no solo. Os sistemas de cultivo exercem grande influência na qualidade física dos solos, em especial no tamanho dos poros e, por consequência, na sua estrutura. O que é o Sistema de Plantio Direto?É considerada a ferramenta mais eficaz e conservacionista da agricultura moderna para a exploração sustentável de sistemas de produção agropecuários. Fundamenta-se na diversificação de espécies, via rotação e consorciação de culturas, com ausência ou mínimo revolvimento do solo e cobertura do solo com palhada. É essencial para manter as características físicas, químicas e biológicas, garantindo a sustentabilidade do solo. Diferentemente de outros sistemas de manejo, no SPD preconiza-se o uso de práticas agronômicas integradas que viabilizam técnica e economicamente o contínuo semear ou plantar sem o preparo prévio do solo, safra após safra, por tempo indeterminado. Os sistemas de produção conduzidos em plantio direto demandam menos infraestrutura e força de trabalho humano, consomem menos energia fóssil, reduzem a erosão, exigem menores doses de corretivos e fertilizantes e favorecem o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas. Por isso, ao mesmo tempo em que propiciam a

Estratégias para aumentar a produtividade na pecuária de leite

Ao todo participaram do evento 45 pessoas, entre eles, seis técnicos de campo do Vale do Itajaí (SC). Transmitir conhecimentos sobre correção e manejo de solo e de pastagem com a altura de entrada e saída dos bovinos de leite para mostrar como esse conjunto de ações ajudar a aumentar a produtividade e a rentabilidade, usando a mesma área de maneira eficiente. Com esse foco, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), promoveu na última semana, o Dia de Campo em Agrolândia, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. O evento foi realizado por meio do Sindicato Rural de Ituporanga. As atividades ocorreram na propriedade de Aureo Gross – produtor da ATeG desde 2018. As atividades foram conduzidas pelo supervisor técnico Gerson Cunha (engenheiro agrônomo) e pelo técnico de campo Lucas José Oberosler (zootecnista). O supervisor regional Darci Aloisio Wollmann que acompanha as ações da ATeG esteve presente e destacou a importância de uma boa gestão para o desenvolvimento dos negócios rurais. O presidente do Sindicato de Ituporanga Arni Mohr também reforçou o quanto o programa tem trazido resultados significativos aos produtores. Ao todo participaram do evento 45 pessoas, entre eles, seis técnicos de campo do Vale do Itajaí. Segundo os organizadores do Dia de Campo, o encontro teve ótima adesão pelos produtores. Os assuntos abordados foram pertinentes e as ações vivenciadas, na prática, auxiliarão nas tomadas de decisões para melhorar a qualidade de solo e da pastagem com o manejo adequado para cada cultivar. Isso, consequentemente, renderá maior produtividade. O objetivo das atividades práticas foi atingido com redução de custo e aumento de renda na propriedade rural. Para os técnicos e supervisor técnico, a troca de informações e conhecimento com os produtores trazem a certeza de que o trabalho segue no caminho certo. A iniciativa oportuniza ajustes na tomada de decisões para levar aos produtores as melhores alternativas em busca de melhor qualidade de vida e renda no meio rural. Programa ATeG pecuária de leite O Programa de Assistência Técnica e Gerencial visa oferecer ao produtor rural um modelo de adequação tecnológica associada à consultoria gerencial, que priorize a gestão da atividade de forma eficiente e, com isso, permita alcançar mudanças efetivas no ambiente das empresas rurais. As oficinas técnicas e os Dias de Campo têm por objetivo trazer informações complementares e trocas de experiências com a finalidade de oferecer acesso a informações práticas e objetivas sobre cada área de atuação. O presidente do Sistema Faesc/Senar-SC, José Zeferino Pedrozo, ressalta que desde que foi criado em 2016, o programa ATeG na área de pecuária de leite atendeu mais de 5200 produtores em 209 municípios catarinenses. Atualmente, a iniciativa contabiliza 72 grupos com 2.050 produtores no Estado. “A ATeG vem sendo essencial para fortalecer o empreendedorismo no campo, gerando mais produtividade e rentabilidade para as famílias”. Para o superintendente do Senar/SC, Gilmar Antônio Zanluchi, os significativos resultados são realidade porque há um trabalho feito com comprometimento e dedicação por todas as equipes e parceiros envolvidos nos programa. “Cada vez que visitamos uma propriedade ficamos orgulhosos por ver de perto que o produtor realmente coloca em prática as técnicas de gestão, genética, manejo, entre outras melhorias oportunizadas pela ATeG”. A coordenadora da ATeG SC, Paula Coimbra Nunes, observa que, com a ATeG, o produtor explora novas ferramentas que potencializam o crescimento de seus negócios. “São dois anos de acompanhamento para aprimorar as técnicas e o gerenciamento, tornando a produção mais eficiente e lucrativa. As atividades são realizadas com grupos de 25 a 30 produtores organizados de acordo com a produtiva. Quem tiver interesse em participar pode entrar em contato com o Sindicato Rural de sua região”, finaliza. Fonte: O Presente Rural Curadoria: Boi a Pasto

Produtor de leite pode ter maior rentabilidade na seca

Com o pagamento de 3,19 por litro de leite na “Média Brasil”, valor recorde real da série histórica do Cepea, os pecuaristas que fizeram um bom manejo, principalmente da pastagem, tiveram a oportunidade de se capitalizarem neste inverno Esperado entre junho e setembro, nosso inverno é marcado por pouca chuva, baixas temperaturas e consequentemente menor oferta de forragem para a alimentação das vacas no campo. O produto que mais refletiu os efeitos deste período foi o leite, que teve um salto de preços nos últimos dois meses para o consumidor, em alguns supermercados o produto tem sido vendido por quase R$ 10,00/Litro. Por outro lado, o produtor mais preparado, que conseguiu manter a sua produção nesse período, nunca foi tão bem remunerado quanto agora, ainda que os custos de produção também tenham sido reajustados. O preço do litro pago a eles em julho avançou 19,1% frente ao mês anterior, chegando a R$ 3,19/L na “Média Brasil” líquida do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Este valor é recorde real da série histórica da instituição, iniciada em 2004, e está 24,7% acima da média registrada no mesmo período do ano passado. Este expressivo aumento se explica pela menor oferta de leite no campo em junho e pela maior disputa das indústrias de laticínios pela compra da matéria-prima para a produção de lácteos. A diminuição da produção de leite no campo e, consequentemente, a redução dos estoques de lácteos no último mês está relacionada ao avanço do período de entressafra em um contexto de redução de investimentos na atividade. Segundo a Eng. Agrônoma Thais Cavaleti, assistente técnica de sementes na Soesp – Sementes Oeste Paulista, esse cenário mostra que o produtor de leite precisa se preparar para esse período, seja com pastagem vedada, silagem, feno, sistemas integrados ou outros. “É sabido que todos os anos teremos um período de sazonalidade da pastagem e com isso a baixa produção da forrageira, esse é o desafio. A oportunidade é que como a oferta de leite nesse período do ano é baixa, consequentemente temos um aumento no valor pago pelo litro de leite para o produtor. Aqueles que melhor se preparam para este período, tem a possibilidade de produzir mais com menor custo numa época de maior valorização do produto”, destaca a profissional. Atenção com a pastagem Quando falamos em produção a pasto, o produtor que deseja ter melhores margens com o leite e não ficar refém das suplementações com outros insumos, precisa se preparar antecipadamente para a chegada do período de seca. Ou seja, garantir o fornecimento de alimento com qualidade para que os animais possam, na medida do possível, ter as suas exigências alimentares supridas neste período de baixa oferta de forragem. Nesse sentido, a primeira dica é que ele faça um planejamento forrageiro, maneje corretamente o pasto e que haja produção de forragem (oferta) para atender a demanda do animal o ano todo, reduzindo os impactos sobre a produção leiteira. Esse planejamento começa com a escolha correta da forrageira. Segundo Thais Cavaleti, algumas forrageiras se destacam na época seca, como exemplo a Brachiaria MG-4. Essa Brachiaria brizantha é uma excelente opção para a diversificação de pastagens em solos de média fertilidade. A grande vantagem da MG-4 é seu enraizamento agressivo, que permite que a planta busque umidade em grande profundidade do solo, trazendo a esta cultivar uma maior resistência ao período seco. Dessa forma, a MG-4 consegue se manter verde por mais tempo, com maior acúmulo de forragem e de melhor valor nutritivo, se comparada com outras cultivares. Além disso, os pastos de Brachiaria MG-4 apresentam bom controle de invasoras sob pastejo mais intensivo. Na Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é de fácil utilização com milho safrinha, para produção de forragem de outono-inverno e/ou de palhada para plantio direto. Sua dessecação requer baixas doses de glifosato. Outra opção interessante ao produtor, de acordo com a especialista, é a Brachiaria ruziziensis, cuja principal utilização é para áreas de integração lavoura-pecuária. Nesse sistema, o produtor integra a Brachiaria com o milho e, após a colheita da lavoura, ele terá um pasto de alta qualidade recém-formado para fornecer aos animais neste período de outono/inverno. A Ruziziensis foi pouco utilizada durante muitos anos, porém, desde o advento dos sistemas de produção lavoura-pecuária, esta cultivar tem sido utilizada em escala crescente a cada safra. Devido a sua alta produção de forragem com ótima qualidade e fácil dessecação, esta forrageira tornou-se uma excelente opção para pastejo no inverno, e logo após a formação de palhada. “É importante lembrar que a Brachiaria ruziziensis tem baixa tolerância ao pisoteio, por isso sua recomendação é para pastejo de inverno e/ou formação de palhada, porém, caso queira integrar o milho com uma pastagem para formação de áreas de pastejo definitivo uma excelente opção é a própria Brachiaria MG-4, que possui todas as qualidades que comentei anteriormente”, acrescenta Thais. Qualidade da semente Um item importante no planejamento forrageiro é a atenção com a escolha da semente a ser utilizada. A recomendação é sempre buscar sementes com alta pureza e com procedência. A Soesp, por exemplo, disponibiliza as sementes blindadas com a tecnologia Advanced. Os produtos recebem ainda na fábrica tratamento industrial para garantir sua blindagem. A empresa aplica dois fungicidas e um inseticida à superfície das sementes, todo esse processo tecnológico assegura um valor cultural de 80% nos Panicuns spp. e Brachiarias spp., além de alta pureza que atinge 98% e alta viabilidade. “Esse excelente resultado ajuda a garantir a formação de uma pastagem homogênea, contribuindo para o aumento da produtividade do rebanho e otimizando a produção da fazenda como um todo”, finaliza a especialista da Soesp. Fonte: Revista Impacto + Curadoria: Boi a Pasto

Quanto de pasto, lavoura e floresta devem ter na ILPF? Esta planilha dá a resposta

Pesquisadores da Embrapa falam sobre uma planilha eletrônica que ajuda o produtor a quantificar as áreas para implantar um sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Confira Está interessado em adotar um dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) na fazenda? Sabe quanto cada área de produção pode ter? Uma planilha elaborada por pesquisadores da Embrapa dá a dimensão exata para os pecuaristas implantarem qualquer sistema de ILPF. “A integração é um caminho sem volta e está crescendo mais de 1 milhão por ano”, diz Tonini. Os dados de 2020 estimam 17 milhões de hectares com o uso de sistemas de ILPF. “Este ano, seguindo as projeções, devem ser 20 milhões de hectares em todo o País”, diz Magalhães. A ILPF na ponta do lápis Para facilitar como o produtor pode dividir as áreas de sua propriedade, a união de trabalho de pesquisadores da Embrapa, com apoio da iniciativa privada, resultou numa planilha eletrônica. O documento pode ser aberto em um computador a partir de programas como o Excel, Libre Office ou Planilhas Google. Clique aqui e faça o download dessa planilha. Ela é gratuita. O sistema ILPF é para qualquer tipo de fazenda O sistema serve para popularizar cada vez mais a ILPF. Os pesquisadores afirmam que serve qualquer tipo de fazenda. A planilha também serve para qualquer tamanho de área de propriedade e para qualquer espécie florestal. O documento inclusive permite que sejam feitos os cálculos modificando a orientação do plantio das árvores no talhão. Cálculos para uma pecuária sustentável Uma das grandes vantagens, além da agregação de valor das atividades da fazenda, é poder implementar uma pecuária sustentável. A integração de árvores na pecuária ajuda o sequestro de carbono vindo da produção de gado. Segundo as pesquisas, de 200 a 400 árvores por hectare são suficientes para neutralizar as emissões de quatro a sete unidades animal por ano. Fonte: Giro do Boi Curadoria: Boi a Pasto