INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
A cultura do milho na Integração Lavoura-Pecuária A cultura do milho (Zea mays) se destaca no contexto da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) devido às inúmeras aplicações que esse cereal têm dentro da propriedade agrícola, quer seja na alimentação animal na forma de grãos ou de forragem verde ou conservada (rolão, silagem), na alimentação humana ou na geração de receita mediante a comercialização da produção excedente. Outro ponto importante são as vantagens comparativas do milho em relação a outros cereais ou fibras no que diz respeito ao seu consórcio com capim. Uma das vantagens é a competitividade no consórcio, visto que o porte alto das plantas de milho exerce, depois de estabelecidas, grande pressão de supressão sobre as demais espécies que crescem no mesmo local. A altura de inserção da espiga permite que a colheita mecanizada seja realizada sem maiores problemas, pois a regulagem mais alta da plataforma diminui os riscos de embuchamento. Somando-se isso à disponibilidade de herbicidas graminicidas pós-emergentes, seletivos ao milho, é possível obter-se resultados excelentes com o consórcio milho + capim, como, por exemplo, no sistema Santa Fé. A cultura do milho também possibilita trabalhar com diferentes espaçamentos. Atualmente, a tendência é reduzir o espaçamento entre as fileiras do milho. Isso vai melhorar a utilização de luz, água e nutrientes e aumentar a capacidade de competição das plantas de milho. No consórcio com forrageiras, a redução de espaçamento tem, ainda, a vantagem de formar um pasto mais bem estabelecido (fechado), quando as sementes da forrageira são depositadas somente na linha de plantio do milho. A decisão pelo espaçamento do consórcio a ser estabelecido deve levar em conta a disponibilidade das máquinas, tanto para o plantio quanto para a colheita. Vantagens da Integração Lavoura-PecuáriaA integração lavoura-pecuária é a diversificação, rotação, consorciação ou sucessão das atividades agrícolas e pecuárias dentro da propriedade rural de forma planejada, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que há benefícios para ambas. Possibilita, como uma das principais vantagens, que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano ou, pelo menos, na maior parte dele, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de fibras, de lã, de carne, de leite e de agroenergia a custos mais baixos devido ao sinergismo que se cria entre a lavoura e a pastagem. Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (SILP), compostos por tecnologias sustentáveis e competitivas, foram e ainda estão sendo desenvolvidos ou ajustados às diferentes condições edafoclimáticas do país, o que tem possibilitado a sustentabilidade do empreendimento agrícola, com redução de custos, distribuição de renda e redução do êxodo rural em decorrência da maior oferta de empregos no campo. Dentre os principais benefícios para o produtor podemos destacar: (i) diversificação de atividades/produção garantindo maior estabilidade de renda, uma vez que o produtor não fica dependente das condições favoráveis de mercado e ou sujeito à problemas climáticos de apenas um produto, além de possibilitar a obtenção de receitas em diferentes épocas do ano; (ii) associa o baixo risco da atividade pecuária com a possibilidade de alta rentabilidade da produção agrícola; (iii) viabiliza a recuperação do potencial produtivo de áreas já desmatas, principalmente pastagens degradadas, aumentando a produção e oferta de grãos, fibras, agroenergia, carne e leite, contribuindo para a redução da pressão por abertura de novas áreas, principalmente na região Amazônica; (iv) como alternativa para a recuperação de pastagens degradadas, a ILP apresenta viabilidade técnica e econômica, utilizando-se a produção da lavoura (grãos, fibras etc) para cobrir os custos de preparo da área e aquisição dos corretivos e fertilizantes, ficando o pecuarista com a pastagem recuperada; (v) otimiza a utilização de máquinas, equipamentos, insumos e mão de obra no decorrer do ano, ou seja, as máquinas e funcionários que no período da safra estão ocupados na condução das lavouras, no período da entressafra serão utilizados nas atividades pecuárias; (vi) redução na incidência de pragas, doenças e plantas daninhas nas lavouras em função da rotação de culturas, baixando os custos de produção (redução da quantidade de defensivos agrícolas e custos de aplicação); (vii) maior eficiência de utilização de corretivos e fertilizantes aplicados por meio de consorciação e/ou sucessão de culturas/pastagem em uma mesma área, como exemplo o aproveitamento pelas pastagens do adubo residual utilizado na cultura anterior; (viii) na ILP, com a introdução de capins em determinados períodos nas áreas de lavoura, têm-se a produção de excelente palhada (quantidade e qualidade) para a realização do Sistema de Plantio Direto na palha. O plantio direto possibilita a redução de custos com operações mecanizadas e defensivos, eleva o teor de matéria orgânica no solo, melhora a estrutura física do mesmo elevando a velocidade de infiltração da águas das chuvas e mantém o solo com cobertura vegetal durante todo o ano, protegendo-o da erosão e repercutindo em benefícios ambientais significativos. Durante as etapas de conversão da propriedade ou parte dela para SILP, o proprietário deverá ir se qualificando, pois o gerenciamento torna-se mais complexo. A maior dificuldade para adoção de SILP, por parte do pecuarista, é seu parque de máquinas geralmente limitado. Por sua vez, o agricultor demandará investimentos consideráveis em cercas e animais. Em razão disso, acordos de parcerias e arrendamentos de terra têm sido uma saída para aqueles que não dispõem de capital para fazer esses investimentos ou não estão dispostos a utilizar as linhas convencionais ou especiais de crédito para SILP que estão sendo implementadas. Milho consorciado com forrageirasNa prática, depara-se com as mais variadas situações em que o produtor tenta reduzir os custos de recuperação ou reforma de seus pastos fazendo plantio de milho + forrageira. Aliás, essa prática é bastante antiga. Por outro lado, é raro aquele que faz implantação de pastagens em áreas agrícolas. Existem para estas duas situações propostas para inserir as propriedades em SILP de tal forma que elas passem a ser mais sustentáveis e competitivas. As tecnologias disponíveis são o Sistema Barreirão, o Sistema Santa Fé e suas variações. Qualquer um desses sistemas é perfeitamente ajustável a qualquer tamanho de propriedade, desde as pequenas, com alguns hectares e que usam a mão-de-obra familiar, até
Sustentabilidade: para cada hectare plantado, um será preservado
Com o “Compromisso Um para Um”, até o final de 2025, Bracell propõe um novo padrão de atuação para o setor de celulose As plantações de eucalipto, intercaladas com florestas nativas, formam verdadeiros mosaicos florestais que proporcionam benefícios ambientais para a biodiversidade (Foto: Divulgação) As empresas de celulose têm na floresta sua matéria-prima. Natural, portanto, que desenvolvam ações voltadas para a preservação do habitat dos eucaliptos. A Bracell, líder global na produção de celulose solúvel, segue um padrão de alto nível em direção a esta tendência: atualmente mantém, para cada hectare de terra plantada com eucalipto, 0,56 hectare em área nativa conservada. Mas a empresa quer ir além. E acaba de anunciar uma meta ousada e atingir a proporção de: um hectare preservado para cada hectare de produção. Resultado de investimentos previstos inicialmente em R$ 12 milhões a ação, chamada Compromisso Um para Um, é perene e está atrelada à estratégia de sustentabilidade da companhia. “A iniciativa inédita é importante porque amplia a área de atuação da empresa na conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais prestados pela natureza, para além da nossa área de produção. Adotamos esse compromisso de forma permanente”, explica Márcio Nappo, vice-presidente de sustentabilidade e comunicação corporativa da companhia, parte do grupo RGE, que tem mais de 60 mil funcionários e operações no Brasil, China, Indonésia, Espanha e Canadá. Como resultado serão conservadas áreas de Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, nos três estados onde a Bracell atua, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia. “Vamos avançar ainda mais, contribuir com a conservação de áreas públicas, como unidades de conservação, promover corredores ecológicos e manter mananciais em áreas privadas”, explica o gerente de meio ambiente e certificações João Augusti. O compromisso com a conservação de áreas nativas se estende a um conjunto de ações, conforme as demandas de cada região atendida. Inclui, por exemplo, o combate ao desmatamento e furto de madeira nativa e à caça ilegal e captura de animais silvestres. E passa também pela prevenção e combate a incêndios flores tais. “Essas são ações nas quais a empresa tem grande expertise e pode contribuir compartilhando técnicas e metodologias”, diz Nappo. Conservação de ReservasA Bracell mantém Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), onde são permitidas apenas atividades de pesquisa científica, educação ambiental e visitação turística. Atualmente, a companhia possui quatro RPPNs, que somam mais de 3 mil hectares de proteção integral de vegetação nativa, fauna e flora. Uma delas, a RPPN Lontra, fica no litoral norte da Bahia e abriga centenas de espécies da fauna e flora silvestres, muitas delas raras e ameaçadas de extinção. O trabalho da empresa levou a Unesco a conceder à área título de Reserva Avançada da Biosfera da Mata Atlântica. As parcerias firmadas são elemento fundamental para alcançar a meta um para um, que abrange frentes tão diversas quanto a proteção da biodiversidade e dos serviços ambientais e a gestão do clima e da paisagem. É o caso do acordo assinado recentemente com a Fundação Florestal de São Paulo, que tem por objetivo patrocinar ações de proteção em 66 mil hectares de matas nativas, que incluem áreas relevantes da Mata Atlântica e do Cerrado Paulista. A Bracell também firmou um termo de cooperação mútua com a Secretaria de Meio Ambiente da Bahia (Sema), para fortalecer a proteção da biodiversidade em Unidades de Conservação (UCs) de Mata Atlântica no estado, como os Cânions do Subaé e a bacia do rio Subaúma – assim, contribui para proteger espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção da fauna e da flora, e os recursos hídricos, garantidos pelas formações florestais. “Firmamos também uma parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, de forma a apoiar ações para promover a restauração da floresta em Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal, contribuindo para a formação de corredores ecológicos, promovendo a conectividade de fragmentos remanescentes e preservação de recursos hídricos”, detalha Augusti. Fábrica inovadora Localizada em Lençóis Paulista (SP), nova fábrica Bracell é a maior e mais sustentável planta de celulose solúvel do mundo (Foto: Divulgação) Ao assumir o Compromisso Um para Um, a companhia fortalece sua posição de vanguarda em proteção ambiental. Como fez, também, ao investir no Projeto Star, em que construiu a fábrica de celulose mais moderna do mundo, livre de combustíveis fósseis, capaz de produzir fibras renováveis − a partir do plantio sustentável de eucalipto –, além de fornecer energia limpa para o grid nacional. “A planta vai gerar um excedente de energia suficiente para fornecer eletricidade para 3 milhões de pessoas, o equivalente à cidade de Brasília, capital do país”, explica Márcio Nappo, vice-presidente de sustentabilidade e comunicação corporativa da Bracell. “Assim, aliamos tecnologia de ponta e proteção da biodiversidade de forma eficiente”. Fonte: Época Negócios Curadoria: Boi a Pasto
As abelhas e seus mecanismos de defesa
Um estudo realizado por pesquisadores da University of Sussex, do Reino Unido, revelou que, apesar de serem incapazes de ferroar como as abelhas da espécie Apis mellifera por terem o ferrão atrofiado, as abelhas sem ferrão apresentam diferentes mecanismos de defesa. Pelo senso comum, as meloponíneas, chamadas de abelhas sem ferrão, ou ASF, são inofensivas, incapazes de se defender. Afinal, não ferroam… Ledo engano. Um estudo de universidades paulistas mostrou o oposto. Uma das defesas é “morder” o intruso, prendendo-se a ele, e o indivíduo até morre para proteger a colônia. Na espécie Trigona hyalinata, conhecida como guaxupé, as operárias chegam ao extremo de ter a cabeça separada do corpo, por não soltar a mandíbula, matando ou afugentando o predador ou saqueador. Morre mas salva seus ninhos-colônias, onde estão o estoque de comida (mel e pólen) e a rainha, que coloca os ovos para manter a colônia e as larvas que vão perpetuar a espécie. Um estudo realizado por pesquisadores da University of Sussex, do Reino Unido, em colaboração com colegas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) – ambas da Universidade de São Paulo (USP) –, revelou que, apesar de serem incapazes de ferroar como as abelhas da espécie Apis mellifera (a abelha africanizada) por terem o ferrão atrofiado, as abelhas sem ferrão apresentam diferentes mecanismos de defesa. Dói menos, mas dói! A mordida delas dói menos que a ferroada de uma abelha africanizada, mas pode ser suficiente para defender a colônia, afastando o agressor. Os próprios pesquisadores se transformaram em cobaias, para medir o nível de dor causado pelo ataque de cada espécie de abelha sem ferrão. Para tanto, colocaram seu próprio braço na entrada da colônia, provocando as abelhas, como se fossem um agressor. Classificaram a dor que sentiram entre 0 (pequena beliscada) e 5, uma mordida que causa uma dor desagradável, capaz de romper a pele se for persistente. Os pesquisadores observaram que a mordida das abelhas do gênero Trigona é mais dolorida do que as outras espécies de abelhas sem ferrão. Observando na lupa, verificaram que elas possuem mandíbulas serrilhadas, parecendo possuir cinco “dentes” afiados. Os pesquisadores resolveram testar a persistência das abelhas em defender sua colônia, cujo limite é o suicídio. Colocaram uma bandeira tremulando na entrada da colônia, aparentando um agressor. As abelhas “morderam” a bandeira, prendendo-se a ela. Então, tiveram suas asas puxadas com pinças, para ver se largavam o agressor, ou se preferiam ficar sem as asas – uma condenação à morte. As operárias de seis espécies de abelhas sem ferrão mais agressivas demostraram disposição de sofrer danos fatais e morrer, mas não soltavam a bandeira. Outras formas de defesa Já sabemos que as abelhas africanizadas utilizam seu ferrão, injetando uma toxina nos agressores, afastando-os e, em alguns casos, podendo mata-los. Na natureza, as abelhas escolhem locais bem protegidos, dentro de ocos de árvores grossas, numa cavidade entre pedras, ou no alto de árvores, dificultando o acesso de predadores naturais como forídeos, formigas, lagartos, aranhas, pássaros, sapos, entre outros. Se o perigo for muito grande, as abelhas que percebem o risco – normalmente as guardiãs ou soldados – liberam substâncias voláteis, que alertam todos os demais membros da colônia. Esse alerta ajuda a formar um grande “exército”, que se une para combater o invasor. Algumas espécies, como a jataí (Tetragonisca angustula) possuem uma guarda reforçada perto do ninho, o que inclui uma “força aérea” de guardiãs que sobrevoam permanentemente a entrada do mesmo, para detectar qualquer perigo á colônia. Há espécies de abelhas que, à noite, fecham a entrada do ninho com uma espécie de tela, que permite o ingresso de ar, mas impede a entrada de predadores. A teia é construída com cerume, que é uma substância formada pela mistura de cera e resina, que foram coletadas de plantas. As abelhas vedam frestas no ninho com própolis, o que evita a entrada de predadores ou de microrganismos, como fungos ou bactérias. Algumas espécies de abelhas sem ferrão se defendem de invasores grudando bolinhas de própolis, em uma forma bem pegajosa, limitando os movimentos e podendo levar os agressores à morte. Algumas espécies de abelhas sem ferrão possuem comportamento tímido e se escondem ao perceberem movimentação perto do ninho. O objetivo é dificultar ao agressor a localização do ninho. Já outras espécies se defendem atacando os invasores. Voam ao seu redor, enrolam-se nos pelos e cabelos, mordiscando com suas mandíbulas. Espécies de abelhas do gênero Oxytrigona, produzem uma substância cáustica nas glândulas mandibulares, que causam dor em contato com a superfície do corpo, podendo ocasionar queimaduras. O comportamento defensivo das abelhas sem ferrão mostra o quanto nós, humanos, temos a aprender com insetos sociais. Eles colocam sua comunidade acima do indivíduo, e sacrificam a própria vida para defender o coletivo. (*) Por Décio Luiz Gazzoni é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa e membro do Conselho Científico Agro Sustentável Foto: Divulgação / Alfapress Fonte: Revista Rural Curadoria: Boi a Pasto
Mais lucrativa, pecuária sustentável ajuda a reduzir o desmatamento
Com 1,064 milhão de toneladas e US$ 7,409 bilhões em receita, o Brasil é recordista na exportação de carne bovina, com e Iniciativas que garantem a sustentabilidade da cadeia produtiva abrem mais oportunidades nos mercados internacionais O Brasil é uma potência mundial no segmento de carne bovina, liderando o ranking de países exportadores. De janeiro a julho de 2022 foram 1,064 milhão de toneladas e US$ 7,409 bilhões em receita, respectivamente 17,7% e 45,5% a mais sobre o mesmo período de 2021, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Chegar a esses números exige não apenas esforço dos produtores, mas muitas vezes práticas que são condenáveis do ponto de vista da sustentabilidade da cadeia produtiva. Embora parte dos questionamentos a esse respeito parta de nações concorrentes, é praticamente impossível dissociar o avanço da pecuária ao desmatamento. De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no ano passado a floresta amazônica perdeu 10.362 km2 de mata nativa, 29% a mais do que em 2020. E em muitas das áreas onde antes havia árvores, hoje há pasto. A pecuária profissional e sustentável pode se descolar dessa imagem de vilã se assumir valores como a transparência frente ao mercado global. Desde que não fique apenas no discurso, claro. Essa tem sido uma das prioridades do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), conforme afirmou o vice-presidente da instituição, João Schimansky Netto, que está há pouco mais de um mês no cargo: “O maior desafio é despertar essa consciência de que é preciso mostrar o melhor da pecuária sustentável com a mesma mensagem”. O executivo entende bem essa relação, pois também é o responsável pela compra de carne bovina da empresa sueca Norvida na América do Sul, sobretudo no Brasil. Segundo Netto, além dos fatores relacionados à qualidade, os clientes europeus fazem questão de saber como a carne foi produzida. Para ele, falta um instrumento oficial que comprove a origem de um bezerro e por onde esse animal andou. “Isso é o que a Europa cobra e o setor está trabalhando para mostrar. Qualidade sanitária a gente já tem, a bola da vez é a questão do desmatamento”, disse. Quanto mais alinhado estiver o setor, maiores são as chances de avançar nesse campo. A pecuária sustentável é baseada em bem-estar animal, conservação do solo e da água, melhor aproveitamento de insumos e mitigação dos gases de efeito estufa. Adotar tais práticas naturalmente apresenta redução de custos, elevação de margens de lucratividade e pode conquistar mais mercados, o que já é um ganho bem significativo. Além disso, permite aos produtores receber serviços ambientais e entrar no mercado de créditos de carbono. Assim, todos ganham, especialmente o planeta. Fonte: Isto é Dinheiro Curadoria: Boi a Pasto
Resultados detectaram monoetilenoglicol em produtos para alimentação animal
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que os resultados preliminares das análises realizadas nos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) detectaram monoetilenoglicol como contaminante de propilenoglicol em lotes de produtos para alimentação animal além daqueles inicialmente detectados. Dando continuidade às ações de investigação sobre os casos suspeitos de intoxicação de animais, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que os resultados preliminares das análises realizadas nos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) detectaram monoetilenoglicol como contaminante de propilenoglicol em lotes de produtos para alimentação animal além daqueles inicialmente detectados. Até o momento, as investigações ainda não determinaram a origem do aditivo utilizado, em virtude da falta de rastreabilidade dos envolvidos e da mistura de lotes de aditivos nos diferentes estabelecimentos já identificados sem registro no Ministério. O propilenoglicol é um produto de uso permitido na alimentação animal, desde que seja adquirido de empresas registradas no Mapa. Para o maior controle quanto à conformidade do propilenoglicol comercializado, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal determinou que empresas fabricantes de alimentos e mastigáveis devem indicar os lotes de propilenoglicol existentes em seus estoques e seus respectivos fabricantes e importadores ao Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SIPOA) de sua região, realizar análises em produtos que contenham o propilenoglicol em sua composição, para garantir a segurança de uso nesses produtos, e indicar os lotes de produtos acabados em estoque e já distribuídos que tenham utilizado propilenoglicol em sua composição, incluindo a porcentagem utilizada. Em caso de resultado não conforme, as empresas devem realizar o recolhimento dos produtos e informar ao SIPOA da região. Aos fabricantes de aditivos que elaborem ou importem propilenoglicol, o Dipoa solicitou que se manifestem quanto à fabricação, importação ou compra de propilenoglicol em território nacional desde dezembro de 2021, com relação à identificação dos lotes, o quantitativo adquirido e suas origens. Os fabricantes das demais categorias de produtos para as demais espécies de animais também devem indicar se usam o propilenoglicol na composição dos seus produtos e quem são os fornecedores do aditivo. As empresas têm o prazo de 10 dias para atender às determinações do Dipoa. A não comunicação ao SIPOAS será interpretada como não utilização do propilenoglicol e as empresas serão fiscalizadas quanto à veracidade das informações prestadas. Fonte: Revista Rural Curadoria: Boi a Pasto
Clima: a pecuária brasileira é o vilão ou a solução?
A pecuária brasileira de ponta é parte da solução para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa A pecuária brasileira de ponta é parte da solução para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, seja pelo vigor do sequestro e armazenagem de carbono das pastagens tropicais bem manejadas, seja por conta de seu consistente aumento de produtividade, em que se produz mais quilos de carne e litros de leite com emprego de menor volume de recursos naturais. Adicione a esses elementos a conservação de reservas legais e APPs e ninguém conseguirá competir com a carne brasileira do ponto de vista de pegada de carbono. Não há mecanismo mais barato e eficaz para se sequestrar carbono da atmosfera do que aquele chamado “fotossíntese”. É precisamente a atividade econômica pecuária que tem a responsabilidade de garantir que esse mecanismo se manifeste em um parcela do território brasileiro maior que as áreas da França, Espanha, Alemanha, Italia e Holanda, somadas. Sem a presença do investimento do pecuarista no bom manejo de pastagens, parte considerável dessa área iria se degradar, tornando-se, no limite, deserto. Nesse caso, essas áreas perderiam sua frágil camada fértil de solo, deixando consequentemente de propiciar condições para que carbono seja retirado da atmosfera. O próprio processo de desertificação é, aliás e por si só, grande emissor de gás metano. Já as Reservas Legais e APPs dessas propriedades, que do mesmo modo contribuem para a remoção e armazenamento de carbono, são também financiadas pela pecuária. Em outras palavras, combater o consumo e a produção da carne brasileira é trabalhar, não só pela fome, mas também em prol de verdadeira calamidade ambiental. E por que isso não é reconhecido? O esforço multilateral de regulação climática global não passa de uma disputa distributiva entre países e indústrias. O que está em jogo é a decisão de quem pagará a trilionária conta da redução das emissões líquidas de gases de efeito estufa no mundo. Quem pode mais, chora menos. Mas também, de quem se beneficiará, evidentemente. Dessa forma, existem essencialmente três razões que levam o Brasil a ter uma imagem ruim no debate climático global, em franco arrepio à realidade que se observa na natureza. A primeira é que, sendo o país mais verde do planeta, não interessa a nenhuma nação rica do mundo ter o Brasil como modelo, como benchmark. São interesses econômicos e geopolíticos que se manifestam, acima de tudo mas não somente, através de metodologias de contabilidade climática que pretendem desprezar vantagens competitivas como as que temos. A segunda é o desconhecimento e preconceito da opinião pública, em especial no próprio Brasil, em relação à realidade da atividade agropecuária em geral. Não cabe a ninguém, a não ser ao próprio setor rural continuar trabalhando em boa comunicação para a reversão desse quadro. E a terceira, a falta de uma cultura arrojada de relações externas no Brasil que privilegie prementemente os interesses nacionais à luz de nossas vantagens comparativas e competitivas. Só assim poderemos, no futuro, seguir cumprindo nossa missão de alimentar o mundo e conquistar, assim, protagonismo cada vez maior. Cabe ao pecuarista, em suma, seguir perseguindo o equilíbrio econômico-financeiro e permanente aumento de eficiência de sua atividade, sempre em respeito ao Código Florestal. Ao fazê-lo, estará automaticamente incrementado os indicadores ambientais e climáticos de sua propriedade. No entanto, como já é evidente, é primordial conseguir demonstrar as relações de causa e efeito inerentes à sua atividade de forma clara, primeiro à opinião pública brasileira, depois à mundial. Eduardo Lunardelli Novaes, conselheiro técnico da Associação nacional da pecuária intensiva – ASSOCON Curadoria: Boi a Pasto