novembro 3, 2024

Composição do Leite: como utilizar a nutrição a favor de seu rebanho

Quando falamos em leite, lembramos no mais antigo e rico alimento utilizado pelo homem. Liéber Garcia* Ao nascer, utilizamos como fonte de alimento, nos primeiros meses de vida, o leite materno. No entanto, com o passar dos anos, com o crescimento da demanda de alimentos no mundo, o homem passou a utilizar outras fontes para suprir a demanda de alguns nutrientes para seu melhor desenvolvimento. Dentre os animais domésticos, os bovinos são os principais fornecedores dessa matéria-prima tão apreciada e utilizada na indústria alimentícia. Contudo, para que o alimento leite tenha seu devido valor, devemos avaliar tanto a sua composição nutricional (proteína, gordura, minerais) quanto a sua composição sanitária (contagem de células somáticas-CCS, contagem bacteriana total-CBT, presença de água ou outros compostos químicos adicionados propositalmente), pois, essa composição poderá interferir no rendimento dos produtos lácteos nas indústrias. Focaremos na composição nutricional, sendo que o manejo nutricional influi diretamente na maior ou menor composição de nutrientes no leite produzido pela vaca. A composição média do leite bovino encontra-se no quadro abaixo: É de conhecimento geral que a indústria láctea nacional vem gradativamente aumentando a qualidade do leite adquirido, pagando aos produtores não somente pelo volume, mas também pela composição do produto. Sendo assim, é de suma importância econômica para a atividade, que o produtor não seja penalizado, quando for receber pelo leite produzido, ou seja, fornecer leite com níveis de sólidos, abaixo do mínimo permitido. Mas onde a nutrição poderia ajudar? Sabemos que o leite produzido é função da dieta ofertada aos animais e sua digestão por todo o trato gastrointestinal do mesmo. Sabemos também que essa produção só será potencializada após os nutrientes ofertados ao animal serem utilizados para a mantença e que somente após a exigência de mantença do animal for suprida é que o excedente de nutrientes passará a ser utilizado para a produção de leite. Portanto, o primeiro passo para potencializar a produção e qualidade do leite é o fornecimento de alimento (matéria seca), em quantidade e qualidade compatíveis com a produção e composição esperada. O segundo passo é entender que os alimentos deverão atender as demandas da vaca propriamente dita e dos microrganismos presentes no rúmen, pois a composição do leite depende desses dois indivíduos. Em dietas baseadas em forragens, grãos, farelos, vitaminas e minerais, deve-se ter em mente que cada um desses ingredientes terá sua digestão e absorção realizada no rúmen (fermentação microbiana) e seus compostos e/ou parte desses alimentos terão a digestão no abomaso (estômago verdadeiro) para depois serem absorvidos nos intestinos. As forragens, quando fermentadas pelas bactérias no rúmen, resultarão em ácidos graxos voláteis, sendo o principal resultante, o ácido acético e, em menor quantidade, o ácido butírico. Por sua vez, grãos ricos em amido resultarão em ácido propiônico. Por outro lado, farelos proteicos e/ou uréia, serão as fontes de nitrogênio e aminoácidos para o crescimento dessas bactérias, que por sua vez, servirão de fontes de proteína ao animal hospedeiro. Para que se obtenha a gordura no leite, o organismo animal se utiliza principalmente de 50% do ácido acético resultante da fermentação das fibras e 50% dos lipídeos oriundos da dieta ou lipídeos circulantes na corrente sanguínea. Portanto, para potencializar a produção de gordura no leite devemos lançar mão de alguns cuidados nutricionais e de manejo, para que, essa fermentação da fibra, não fique prejudicada, podendo assim, ocasionar queda nos níveis de gordura no leite. Dentre os manejos, podemos citar: • Baixo teor de fibra efetiva (FDNef) na dieta total e alto teor de carboidratos não fibrosos; • Dietas muito úmidas (>50% de umidade); • Fornecer mais do que 3 kg de concentrado por trato para os animais; • Fornecimento de gordura poli-insaturada acima do recomendado; • Animais sob estresse térmico; Todos esses fatores podem deprimir o teor de gordura no leite, seja porque causam acidose e o animal não consegue o equilíbrio ruminal desejado para a máxima fermentação e crescimento microbiano, ou porque algumas reações de biohidrogenação de gorduras poli-insaturadas produzem metabólitos que inibem a síntese de gordura na glândula mamária. Dessa forma, se quisermos aumentar o teor de gordura no leite, basta respeitarmos esses fatores supracitados, balanceando fibras e carboidratos não fibrosos, dietas com umidade adequada, dividir em maior número de vezes o trato ofertado aos animais, respeitar os limites de gordura adicionada na dieta (especialmente as de origem dos grãos de soja e algodão) e principalmente, dar conforto térmico (sombra, ventilação e aspersão) aos animais. Quando falamos em teor de proteína no leite, devemos saber que é o constituinte com menor modificação pela dieta. Mudanças muito significativas, dependendo do mercado, deverão lançar mão de material genético, pois há raças que produzem maiores teores de proteína no leite do que outras. No entanto, podem ser potencializados pela nutrição. A proteína do leite dentre os alimentos consumidos pelo homem é a que apresenta um dos melhores perfis de aminoácidos. Portanto, para que se aumente o teor de proteína basta melhorarmos o aporte e relação de aminoácidos nas dietas ofertadas. As principais fontes de aminoácidos – e as que mais se comparam com o perfil aminoacítico do leite – são as bactérias ruminais. Dessa forma, tudo o que for feito para potencializar o máximo crescimento microbiano ruminal tende a melhorar os níveis de proteína no leite. Outra forma é o fornecimento de aminoácidos específicos, protegidos da degradação ruminal, que complementarão os aminoácidos fornecidos pelas bactérias. Dentre esses aminoácidos protegidos podemos citar a metionina e a lisina. Para que haja um melhor crescimento e melhor aporte de proteína microbiana ruminal, podemos controlar o pH, evitando acidose, que prejudica o crescimento dessas bactérias; processar a fonte de amido, para que o mesmo se torne mais eficiente como fonte de energia para essas bactérias; quantidade e qualidade da fibra da forragem ofertada também impacta no crescimento dessas bactérias. Quando o desafio nutricional é alto, ou seja, animais de alta produção com alimentos de média a baixa qualidade, podemos lançar mão de aditivos que promovem um maior crescimento de microrganismos benéficos no rúmen. Dessa forma, haverá

As vacas falam, estamos ouvindo?

A avaliação da alimentação dos rebanhos leiteiros sempre foca nos índices produtivos e reprodutivos das vacas, mas para fazer uma avaliação completa do manejo nutricional, o produtor tem que andar no meio dos animais Alexandre M. Pedroso*  Eu costumo dizer que a vaca é o melhor ´termômetro´ para sabermos se as rações que formulamos ou o manejo que recomendamos estão adequados. Devemos sempre ´escutar o que as vacas nos dizem´, mas, muitas vezes, técnicos e produtores não dão ouvidos às vozes do rebanho. Costumeiramente digo em palestras e treinamentos que a parte mais fácil do manejo da alimentação é a formulação da dieta. O difícil é fazer com que as vacas comam exatamente aquilo que foi previsto pelo nutricionista e que estejam no ambiente que foi considerado por ele na hora de formular a dieta. Sim, pois o desempenho das vacas não depende unicamente da comida disponibilizada. Lembro-me de uma vez em que fui chamado por um produtor de leite que se queixava da produção de suas vacas. Ele gostaria que eu fizesse uma avaliação das formulações que estavam sendo utilizadas. Fui até a fazenda e passei cerca de três horas visitando as instalações, avaliando itens de conforto, manejo, e voltei a me reunir com ele. Apresentei uma lista com quinze itens que deveriam ser imediatamente corrigidos para que as vacas pudessem ter melhor desempenho. Uma das únicas coisas em que não vi defeito foi justamente na formulação das dietas. A avaliação da alimentação dos rebanhos leiteiros sempre foca nos índices produtivos e reprodutivos das vacas, e também os resultados das análises laboratoriais dos alimentos, mas para fazer uma avaliação realmente completa do seu manejo nutricional o produtor tem que andar no meio dos animais. Essa interação mais próxima é fundamental para que o produtor possa observar seu comportamento, o manejo do cocho, a disponibilidade de água, o conforto, seu escore de condição corporal e muitos outros itens, como ruminação, aparência geral, problemas de casco. Além disso, é importante que essas visitas sejam feitas em diferentes horários, para se ter uma ideia melhor das variações ao longo do dia. Assim, é possível unir as informações do escritório com as coletadas entre o rebanho para montar um quadro da situação. Para saber se as coisas vão bem na fazenda, há uma série de aspectos que devem ser observados. De cada dez vacas, quantas estão ruminando? Há sinais de que as vacas estão selecionando a ração? O que está sendo selecionado? As vacas estão consumindo dejetos, terra ou areia? Estão consumindo minerais de forma exagerada? Essas e outras tantas perguntas que podem ser feitas procuram cobrir pontos importantes relativos ao manejo da alimentação e às condições de conforto dos quais o rebanho está submetido. Por exemplo: como regra geral, caso não estejam comendo, bebendo, dormindo, ou se estiverem sob estresse térmico, quatro a cinco vacas de cada dez devem estar ruminando. As vacas podem ruminar por até dez horas por dia e, se isso não estiver acontecendo, é necessário procurar a causa. Seleção de alimentos? Falta de FDN ou Fibra Fisicamente Efetiva? Isso deve ser investigado e corrigido. Fazer a avaliação física da dieta oferecida às vacas e dos alimentos volumosos é muito importante para saber o que, de fato, os animais estão ingerindo e se isso equivale ao que foi formulado pelo nutricionista. Avaliar as fezes das vacas é uma excelente ferramenta para identificar possíveis problemas. Se as vacas fazem muita seleção de alimentos nos cochos, haverá grande variação nas fezes (de secas à diarreia) dentro do lote, que supostamente está consumindo a mesma ração. E, nesse caso, ficamos sem ter ideia de qual ração cada vaca está efetivamente consumindo. Dessa forma, aumentam os casos de acidose ruminal e outros distúrbios digestivos. Para resolver o problema, é preciso minimizar as possibilidades de seleção de alimentos, fazendo formulações e misturas corretas. Outro ponto a ser observado é que o aumento no consumo de minerais, bem como a ingestão de dejetos, terra ou areia, é um sinal claro de desordens digestivas ou de que as vacas estão sob estresse calórico. É fundamental avaliar muito bem as condições de conforto na fazenda. Atualmente, sabemos que, dependendo da umidade relativa do ar, temperaturas acima de 20°C já são suficientes para causar algum grau de estresse para os animais. Há sombra disponível nos sistemas de pastejo? Os galpões de confinamento oferecem condições adequadas, onde as vacas podem descansar confortavelmente? Se as vacas não conseguem andar ou descansar com conforto, provavelmente produzirão menos leite, isso porque o animal não precisará destinar energia extra para ´sobreviver´ ao ambiente. Superfícies lisas, que fazem as vacas escorregarem, superfícies irregulares, que as fazem andar como se estivessem pisando em ovos, ou lama tão profunda a ponto de ´sugar´ as botas de algum desavisado possivelmente vão contribuir para que as vacas façam menos visitas ao cocho ou, no caso de vacas no pasto, para que os ciclos de pastejo sejam reduzidos. Corredores cheios de pedras e buracos aumentam muito a incidência de problemas de casco no rebanho. Se nem o produtor consegue andar direito pelos corredores destinados às vacas, isso significa que elas estão sendo obrigadas a gastar mais energia do que deveriam em atividades não produtivas. Observar as vacas enquanto se movimentam é uma boa maneira de saber se estão confortáveis ou não. A distância entre a sala de ordenha e as áreas de alimentação e descanso determina quanta energia adicional elas terão que gastar para se locomoverem, acima do que normalmente já está considerado nas exigências de manutenção. E isso será subtraído da energia líquida disponível para produzir leite. Ou seja, quanto mais tiverem que andar, pior. Percursos de mais de 500 metros são indesejáveis. Proporcionar às vacas um lugar confortável para deitarem, ruminarem e descansarem é fundamental para mantê-las saudáveis e produtivas. Em galpões do tipo Free- Stall, se as vacas não deitam nas baias, é necessário reavaliar seu desenho e dimensões, e verificar se as camas estão limpas e em quantidade adequada. Os galpões do tipo Compost

O fósforo na alimentação de bovinos

O fósforo (P) é o segundo elemento mineral mais abundante no organismo.  Rafael Achilles Marcelino* A eficiência dos sistemas de produção animal depende, em grande parte, do uso de medidas racionais de manejo, sobretudo no que diz a respeito da nutrição dos animais, uma vez que a alimentação representa uma fração significativa dos custos de produção. Neste sentido, o correto balanceamento das dietas possui grande importância, sendo necessário para isso o conhecimento das exigências nutricionais dos animais, assim como da composição bromatológica e da disponibilidade de nutrientes dos alimentos. Os minerais, embora presentes em menores proporções do que outros nutrientes, tais como proteína e a gordura, desempenham funções vitais e suas deficiências acarretam alterações de ordem produtiva, reprodutiva e de saúde. Os minerais possuem basicamente três funções no organismo animal: composição estrutural de órgãos e tecidos, constituintes de tecidos e fluidos corporais e catalisadores de sistemas enzimáticos e hormonais. O fósforo (P) é o segundo elemento mineral mais abundante no organismo. Cerca de 80% está presente nos ossos e dentes, além de localizar-se também em todas as células e em quase toda transação envolvendo formação e quebra de ligações de alta energia. Fósforo também está intimamente envolvido no equilíbrio ácido-básico do sangue e de outros fluidos corporais, sendo componente fosfolipídico, fosfoprotéico e do ácido nucléico. A absorção de P ocorre principalmente no intestino delgado. Somente pequenas quantidades são absorvidas no rúmen, omaso e abomaso. A homeostase do P é predominantemente mantida por reciclagem salivar e excreção fecal, sendo proporcional a quantidade de P consumida e absorvida (NRC, 2001). Fósforo também é requerido pelos microrganismos ruminais para digestão da celulose e síntese de proteína microbiana. A falta de energia e de proteína é, frequentemente, responsável pelos baixos níveis de produção. Todavia, desequilíbrios minerais nos solos e forrageiras vêm sendo responsabilizados pelo baixo desempenho produtivo e reprodutivo de ruminantes sob pastejo em áreas tropicais. Fontes de suplementos minerais de P (fosfatos monocálcico e bicálcico) são adicionadas acima da recomendação, no intuito de se garantir “margem de segurança resultando em 25 a 35% de excesso do mineral na dieta e o aumento de 30% de sua excreção. No rúmen, a disponibilidade dos minerais e sua utilização dependem da taxa de passagem e da interação com a população microbiana. As disponibilidades do Ca e P podem ser significativamente alteradas em virtude de suas combinações químicas ou associações físicas com outros componentes da dieta. O ácido fitico afeta a absorção intestinal do Ca e P, porém no rúmen, em virtude da produção da fitase microbiana, o fitato é amplamente utilizado. A absorção de P também pode ser prejudicada pelo magnésio (Mg), AI e Fe, que formam precipitados, bem como pelo molibdênio (Mo) e cobre (Cu), que interferem diretamente na absorção de P. A vitamina D aumenta a absorção e a atividade de transporte de Ca e P. Seu requerimento em bovinos de corte é de 275UI/kg de matéria seca (MS) para cada dia (d), segundo o NRC. Porém, animais que recebem luz solar ou que se alimentam de forrageiras secas ao sol raramente necessitam desta suplementação, a não ser que sejam animais confinados e que recebam dieta conservada. A concentração plasmática da forma ativa da vitamina D (l ,25 OH2 D) é menor para o gado europeu, atribuída a uma adaptação genética e ambiental, devido à menor luminosidade. Fatores como espécie, maturidade da planta, clima, o tipo de solo e sua concentração de minerais, não devem ser utilizadas separadamente para predizer a concentração mineral da forrageira.Geralmente, as concentrações da maioria dos minerais são maiores em leguminosas com relação às gramíneas. Na tabela 1 pode-se observar as variações encontradas entre gramíneas e leguminosas, coletadas de suas partes novas e condições experimentais. Tabela 1 – Concentração de minerais em algumas gramíneas e leguminosas forrageiras Com relação à idade da planta, o efeito da idade da planta sobre a concentração de minerais em capim Panicum maximum pode ser observado na tabela 2. A concentração da maioria dos minerais nas forrageiras tende a decrescer com a idade da planta, e para alguns minerais, a influência da maturidade sob suas concentrações é maior, como no caso do nitrogénio e fósforo, os dois de grande importância no planejamento da suplementação dos animais em pastejo. Tabela 2 – Concentrações médias de minerais na forrageira Panicum maximum em diferentes idades O entendimento dos processos que envolvem a utilização dos minerais pelo ruminante, particularmente o fósforo, é importante, de modo a possibilitar o desenvolvimento de estratégias que possam adequar o suprimento de misturas minerais para o animal, garantindo uma maior vantagem produtiva e econômica, conciliada a uma menor excreção de fósforo, favorecendo uma maior eficiência de utilização desse mineral. Geralmente a suplementação com P é superestimada, ocasionando um gasto desnecessário para um melhor desempenho dos animais e menor excreção fosfatada no ambiente. Pesquisas feitas não sugerem que o excesso de P na dieta melhore o desempenho produtivo e reprodutivo. Deve-se avaliar o balanceamento da dieta como um todo e eliminar exageros, pois os custos desses excessos certamente pesam no orçamento, além de apresentar restrições ambientais. * Rafael Achilles Marcelino é da Universidade Federal de Lavras – 3rlab Fonte: 3rlab

Bom planejamento nutricional de bezerros proporciona seu máximo desenvolvimento

O preparo das vacas para cobertura e reprodução é uma etapa importante no manejo nutricional do animal, que deve começar já no nascimento. Um manejo nutricional correto e bem planejado irá assegurar seu crescimento saudável e irá contribuir para a produtividade e rentabilidade da fazenda O preparo das vacas para cobertura e reprodução é uma etapa importante no manejo nutricional do animal, que deve começar já no nascimento. Um manejo nutricional correto e bem planejado irá assegurar seu crescimento saudável e irá contribuir para a produtividade e rentabilidade da fazenda. O manejo do bezerro, desde seu nascimento, visa melhorar seu peso e a idade ao desmame, reduzir a idade ao primeiro parto, reduzir o intervalo entre partos e, aumentar o peso corporal de bezerros desmamados por hectare/ano, ao longo da vida produtiva. Para isso, é indicado um sistema de fornecimento de suplementos que vão do nascimento, passando pela desmama, cobertura e o parto, diferenciando as linhas para estação seca e chuvosa. E tudo começa ao nascimento, com aproximadamente 28 kg (7% do peso de suas mães), enquanto este animal é lactente, seguindo durante o crescimento até a desmama. Nesse período, o produtor deve fornecer ao animal um suplemento mineral proteico energético, específico para bezerros em amamentação em sistema de creep-feeding, tanto no período chuvoso quanto de seca, sendo fornecido do nascimento até aproximadamente 15 dias que antecedem à desmama. Nos 15 dias que antecedem a desmama, deve-se iniciar o fornecimento de um suplemento mineral proteico energético especifico para a desmama, ainda em sistema de creep-feeding, sendo que este deve continuar a ser fornecido aos animais até 30 dias pós desmama, com o objetivo de minimizar o estresse desencadeado pela desmama, favorecendo com que os animais continuem a ganhar peso em uma fase de vida que comumente acabam por perder peso e adoecer com facilidade. O objetivo é que a desmama seja realizada com peso médio entre machos e fêmeas próximo a 50% do peso adulto de suas mães. Comumente após a desmama, estes animais entrarão em um período do ano crítico, a seca, onde há uma diminuição dos valores nutricionais das forragens, o que contribui para uma diminuição da ingestão de matéria seca e consequentemente no desempenho dos animais. Desta forma, o produtor deve fornecer um suplemento especifico para este período do ano, que além de fornecer todos os minerais essenciais, forneçam fontes de proteína, para que haja uma melhor atividade da microbiota ruminal, favorecendo melhor consumo de alimento e evitando a perda de peso que comumente ocorre e que favorece o surgimento do conhecido “boi sanfona”. Com a chegada da estação chuvosa, espera-se que o animal, se fêmea, esteja com aproximadamente 70% do seu peso adulto, e desta forma encontre-se apto para a cobertura. É o momento de fornecer um suplemento específico para animais de cria, onde deve-se ter toda a atenção voltada não somente a quanto há de fósforo no suplemento, mas sim a todos os elementos minerais que constituem o produto, com atenção especial voltada aos microminerais, que são minerais extremamente importantes para que se consigam obter bons índices reprodutivos. Após o período gestacional, ocorre o parto. Durante a gestação é extremamente importante que se tenha todo o cuidado frente a nutrição dos animais, haja vista que está se refletirá no desenvolvimento fetal. Os microminerais serão importantes durante a gestação para a matriz, para que após o parto, seu colostro contenha bons níveis de anticorpos que aumentarão a sobrevida do bezerro enquanto este ainda não tem memória imunológica, ou seja, enquanto o seu organismo não consegue combater sozinho os microrganismos patogênicos. Programa Desempenho Máximo Todas essas orientações integram o Programa Desempenho Máximo, desenvolvido pelo Grupo Matsuda, como forma de utilizar corretamente os diversos produtos em diferentes épocas do ano, considerando o estágio de desenvolvimento do animal, se cria, recria ou engorda — e ainda, se gado de corte ou leite, se à pasto ou confinado — e para não perder a linha de progressão do crescimento e desenvolvimento do animal.  São as orientações técnicas desse programa que vão otimizar a utilização correta dos suplementos, com informações consolidadas em um mapa de comunicação visual, onde o produtor lê e identifica facilmente os produtos corretos a serem utilizados. A metodologia do Programa Desempenho Máximo é simples, criada exatamente para facilitar o manejo nutricional na fazenda, por meio de todo um processo de informações visuais. São banners, disponibilizados para os produtores, com a indicação dos produtos a serem utilizados de acordo com a curva de crescimento e época do ano. Para a produção de carne a pasto, por exemplo, são considerados 29 meses de criação, desde o nascimento até o abate. Para vacas produtoras de leite, também a pasto, é demonstrado todo o processo de criação, desde o nascimento, passando pela desmama, cobertura, parto, nova cobertura e novo parto. Há banners também para o manejo nutricional de bezerros, de gado de corte confinado e de criação intensiva de gado leite. O Programa Desempenho Máximo, se usado corretamente, também permitirá ao produtor antecipar a compra dos produtos indicados, com a devida antecedência, eliminando a preocupação com a faltas de produto em estoque. Ainda, os responsáveis pelo fornecimento dos produtos, poderão identificar em cada momento da produção, conforme a idade e a época do ano, quais são os produtos que serão utilizados. Fonte: Redação Boi a Pasto

Erros mais frequentes no manejo nutricional de rebanhos leiteiros com vacas confinadas

Assumir que o que foi colocado na frente das vacas é o que foi balanceado pode ser um grande erro Você se preocupa com o que suas vacas comem? A dieta delas é balanceada por um nutricionista ou você compra o concentrado e ainda está na velha relação 1: 3 (1 kg ração : 3 kg de leite)? Mas, independente disso você acredita que elas estão comendo o que você acha que elas estão? Ou são suas vacas que estão definindo o que elas comem? Assumir que o que foi colocado na frente das vacas é o que foi balanceado pode ser um grande erro. E assim, não certificamos as 3 dietas bases dentro de uma fazenda, sendo elas: 1) Dieta do nutricionista (mesmo que você esteja usando a relação 1:3); 2) Dieta do tratador e 3) Dieta que realmente a vaca ingeriu. É muito importante que essas 3 dietas estejam bem próximas uma da outra. Uma maneira prática de avaliar se o que está na frente das vacas em termos de nutrientes é o que você visualiza na tela do computador é fazer análises bromatológicas da dieta. Você pode pensar “esse cara está doido, pois não tenho análises das forragens e insumos (2 grandes erros!!!) de minhas vacas quanto mais ter ou fazer análises de dietas”. Aí vai um conselho de quem acompanha dietas de vacas a mais ou menos 10 anos: O custo de uma análise é muito barato pelo seu benefício. E dieta é o item mais pesado da planilha de custo de produção de leite, ou seja, não podemos ser amadores nesse item. Precisamos alimentar as vacas de forma balanceada para que elas expressem todo seu potencial produtivo, independente da raça. Isso significa dizer, por exemplo, em nunca tirar 10 kg de leite numa vaca com potencial para 15 kg. E na maioria das vezes esses 5 kg de leite a mais não vêm por você ter dado mais concentrado para a vaca e sim de fatores como: qualidade da forragem, concentrado bem balanceado que supre as deficiências dessa forragem, mistura bem feita desse e de outros insumos (subprodutos) com a forragem quando o gado está confinado (ano todo ou na seca nos sistemas de pasto), linha de cocho adequada, conforto animal, entre outros. Abaixo temos uma tabela com a composição nutricional da dieta de um lote de alta produção balanceada para 32 kg, porém a dieta foi feita manualmente. Essa tabela nos mostra que a dieta na frente da vaca (tratador) não é a dieta balanceada (nutricionista) vista na tela do computador. Como podemos observar a principal diferença está nos carboidratos (FDN e CNF), onde o carboidrato fibroso (FDN) da dieta do tratador está muito alto. No ponto onde foi coletada a amostra, provavelmente o tratador deixou cair mais silagem (que tem mais fibra e menos concentrado) que é de fibra baixa (Foto 1). Qual a implicação disso para as vacas que comem desse lado do cocho? E para as vacas que comem do outro lado do cocho, onde caiu mais concentrado e menos forragem? (Foto 2). Na primeira situação (foto 1) teremos o risco da doença metabólica cetose subclínica, uma doença metabólica. As vacas desse lote são de alta demanda de energia e a dieta nesse ponto está com baixa densidade energética, pois a fibra (FDN) está muito alta e o carboidrato não fibroso (CNF), que gera mais energia por kg de consumo para a vaca, está muito baixo (Tabela1). Essas vacas, principalmente as de baixo DEL (dias em lactação), irão mobilizar muito da sua condição corporal, isto é, irão emagrecer criando o risco de cetose. Entretanto, no outro lado do cocho (foto 2) teremos o contrário, ou seja, falta de fibra (FDN) e excesso de CNF levando as vacas a um risco de acidose. Além disso, o tratador não misturou bem a dieta, o que permite que a vaca selecione ainda mais o concentrado, agravando a situação. Pode-se dizer então que na mesma linha de cocho criaram-se dois riscos metabólicos: cetose e acidose. A consequência será menor eficiência produtiva e reprodutiva das vacas desse lote. É importante salientar que para cada 1 kg de leite que as vacas perdem no pico de produção (que normalmente ocorre entre a 4ª e 8ª semana pós-parto) elas irão perder algo entre 200 a 220 kg de leite na lactação total. A melhor maneira de termos uma dieta bem misturada principalmente em rebanhos grandes é o uso de uma Totalmix (vagão misturador de dieta). No entanto, o uso incorreto dessa máquina também pode proporcionar dietas de riscos. A tabela dois mostra a análise de uma dieta de vacas também de alta produção onde houve erros de mistura. Conforme podemos observar a principal diferença está novamente nos carboidratos (FDN e CNF). Nesse lote o risco metabólico é acidose, pois a quantidade de fibra (FDN= 25,6%) é baixa para vacas pós-parto. Essa dieta caía inicialmente para o lote pós-parto, onde as vacas ficavam por volta de 10 a 20 dias, e as avaliações de consumo mostravam que as vacas estavam comendo 40 a 50% do recomendado, indicando haver algum problema. Várias estratégias foram feitas no sentido de melhorar o consumo sem êxito e não desconfiávamos da dieta, pois visualmente se mostrava bem misturada e com tamanho de partícula adequado. Após a análise e com os resultados da tabela 2 mais o dado do baixo consumo identificamos que as vacas realmente estavam com acidose. Nesse caso, foi diagnosticado que o vagão não estava misturando bem por excesso de carga. Após consertar esse manejo e, por precaução, entrar na dieta com uma fibra mais longa (na época tifton picado verde) o consumo desse lote voltou para o recomendado. E foi perceptível que os animais estavam com mais saúde, o que não vínhamos antes. Assim, nem sempre o que está na frente da vaca é aquilo que estamos vendo na tela do computador na hora do balanceamento. Outro erro muito frequente acontece nas fazendas que trabalham com fórmulas de concentrados comerciais,

Estratégias de suplementação auxiliam na desmama precoce e no aumento da rentabilidade do rebanho

Ação de forma direcionada em animais com índices reprodutivos mais baixos possibilita incrementar a receita do produtor Com o objetivo de levar ao pecuarista novas tecnologias em nutrição para rebanho de corte, a Trouw Nutrition, apresentará duas palestras durante a BeefExpo, em Foz do Iguaçu (PR), no Hotel Recanto Cataratas – Thermas Resort & Convention. No dia 21, às 11 horas, Supervisor de Treinamento Técnico, João Marcos Beltrame Benatti, abordará sobre “Estratégias de suplementação em fazendas de cria”. Já no dia 22, às 15h30, a Supervisora de Pesquisa e Desenvolvimento, Josiane Lage, falará sobre “Desmama Precoce: vacas mais férteis, bezerros melhores”. As duas palestras são gratuitas e serão na sala dois, no Painel Beef 360°. Os custos crescentes da pecuária de corte e a importância econômica do incremento nos índices reprodutivos incentivam os produtores a utilizar práticas de manejo que melhorem a eficiência dos sistemas de produção. De acordo com Benatti, uma das problemáticas nas fazendas de cria está na generalização dos produtos utilizados. “Vacas apresentam exigências diferentes, tanto pela sua categoria, por serem novilhas, primíparas e multíparas, quanto pelo período do ano em que pariu. Assim, cada interação categoria/época de parição, necessita de um tipo de suplementação”, explica. Para isso, o zootecnista salienta que explanará na apresentação sobre a importância da separação em lotes, direcionamento da suplementação e impactos na rentabilidade. “Irei explicar qual é o benefício econômico de se fazer isso. Também abordarei sobre reprodução, que está diretamente ligado à nutrição e não somente em apostar em tecnologias isoladas como a IATF”, ressalta. A cria é o segmento com rentabilidade mais baixa em bovinos de corte. Isso se dá principalmente em razão dos baixos índices reprodutivos das propriedades. Uma forma de melhorar a rentabilidade é com investimento em nutrição. O zootecnista alerta, porém, que a cria nem sempre comporta a suplementação com maior inclusão de concentrado em todo o rebanho. “Assim, agir de forma direcionada em animais com índices reprodutivos mais baixos possibilita incrementar a receita do produtor”, esclarece João Marcos. Há também outros fatores de importância no sistema de cria. “Vacas que emprenham mais cedo desmamam bezerros mais pesados. Por isso, lançar mão do uso de tecnologia incrementa o peso dos bezerros”, orienta Benatti. Com o tema “Desmama Precoce: vacas mais férteis, bezerros melhores”, a Supervisora de Pesquisa e Desenvolvimento da Trouw Nutrition, Josiane Lage, abordará a técnica que auxilia no aumento na porcentagem de prenhez do rebanho e diminuição do intervalo entre o parto e a concepção. A desmama precoce se baseia na separação do bezerro e da vaca com até 90 dias, possibilitando que a energia que seria destinada a produção de leite seja redirecionada para reprodução. “Com isso, a fêmea supera o balanço energético negativo de forma mais rápida e reduz o impacto em sua perda de massa corporal pós-parto. Assim, as vacas com taxas de prenhez baixas elevam suas taxas, melhorando os índices do rebanho”, explica. O grande foco da desmama precoce são as vacas com baixas taxas de fertilidade, principalmente as primíparas. “Podemos considerar também as vacas com escore corporal muito baixo e vacas em pastos com condição de forragem ruim. Outro ponto que iremos abordar é que a desmama precoce possibilita o abate das vacas de descarte que estariam com bezerro ao pé antes da entrada da seca, pois, a aplicação da técnica ajuda na recuperação mais rápida da condição corporal do animal”, esclarece Josiane Lage. Mais informações: www.trouwnutrition.com.br Fonte: Attuale

A importância dos aditivos no desempenho de bovinos

Para que o bovino tenha um melhor desempenho, é fundamental a inclusão de aditivos em rações, concentrados, suplementos minerais, núcleos e premixes. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é classificado como aditivo toda substância, microrganismo ou produto formulado, adicionado intencionalmente, que tenha ou não valor nutritivo; que melhore o desempenho dos animais e as características dos produtos destinados à nutrição dos mesmos, além de atender às necessidades nutricionais ou que tenha efeito anticoccidiano. Para que o bovino tenha um melhor desempenho, é fundamental a inclusão de aditivos em rações, concentrados, suplementos minerais, núcleos e premixes. Dentre vários, destacam-se: monensina sódica, lasalocida sódica, virginiamicina, bicarbonato de sódio e leveduras Saccharomyces cerevisiae. Todos favorecem o bom funcionamento do rúmen. Alguns, quando usados simultaneamente tem efeito simbiótico, como é o caso da levedura e lasalocisa e monensina e virginiamicina. Para os aditivos propiciarem benefícios, é imprescindível que se respeite a quantidade ideal requerida pelo animal. É necessário conhecer a categoria do animal, seus estágios fisiológico e produtivo, sua alimentação e a quantidade de ração ou suplemento ingerido diariamente. A partir destas informações é possível definir a quantidade de cada aditivo por quilograma de Matéria Seca (MS) ingerida. Os aditivos ionóforos atuam selecionando bactérias ruminais. Parte das bactérias Gram Positivas, sensíveis à ação da monensina e lasalocida, são eliminadas e, por consequência, permitem que mais substratos sejam utilizados pelas bactérias Gram Negativas. Como resultado, haverá maior síntese de ácido propiônico, o qual gera mais energia para o animal. Em adição, a produção de metano e gás carbônico são reduzidos consideravelmente, o que gera mais energia para ganho de peso. Os ionóforos ainda contribuem para redução de incidência de acidose por proporcionarem maior estabilidade do pH ruminal. Em se tratando de bezerros, os inóforos também auxiliam na prevenção de coccidiose. Para os bezerros de corte e leite, em fase de aleitamento,  é recomendada a ingestão de pelo menos 60 mg de lasalocida/animal/dia.  Bovinos de corte, quando manejados em regime de pasto, para incremento do ganho de peso é sugerido de 100 a 15o mg/dia de monensina. Para animais manejados em regime de confinamento, quando o objetivo também é a maior eficiência alimentar, deve-se fornecer de 200 a 300 mg/animal/dia do ionóforo.  A virginiamicina é um melhorador de desempenho de alta eficiência. Assim como os ionóforos, atua na seleção de bactérias ruminais, tornando o metabolismo mais eficiente. O processo de digestão é beneficiado, com menores perdas no processo de fermentação, pois haverá maior síntese de ácido propiônico e menor produção de ácido acético e lático e, principalmente, metano. Como resultado haverá mais energia disponível para o animal, melhora na conversão alimentar e maior ganho de peso diário. A virginiamicina atua inibindo a síntese protéica de Bactérias Gram Positivas. O efeito continua mesmo após a remoção do aditivo (bacteriopausa), contribuindo para os resultados de ganho de peso observados em animais manejados em regime de pasto. Em regime de pasto, o consumo de suplemento mineral linha branca, de pronto uso, normalmente não é uniforme. Sendo assim, nos suplementos que contêm virginiamicina, o aditivo continua atuando no dia que o animal não ingere o suplemento. Por ter menor influência sobre o consumo, é recomendada em dietas quando o objetivo é preservar maior ingestão de MS. Para bovinos de corte confinados, a recomendação é de 25 mg/kg MS ingerida, enquanto para aqueles manejados em regime de pasto, de 35 a 45 mg de virginiamicina/100 kg de Peso Vivo (PV). Quando a ingestão de fibra é limitada, a manutenção de um pH ruminal adequado é um desafio. Cepas de leveduras específicas, Saccharomyces cereviseae, são ativas no rúmen e, por isso, incrementam a anaerobiose. Como resultado haverá aumento da digestão de fibra, maior regulação do pH ruminal, o que previne a acidose e a laminite. É recomendada para bezerros por propiciar colonização precoce da flora, rúmen e papilas. É fundamental adquirir estes aditivos de empresas idôneas e consultar um técnico, de sua confiança, que conheça o modo de ação e dose correta (relação custo/benefício). O uso racional destes e outros aditivos irão garantir incremento do desempenho e maior lucratividade.  Fonte: José Leonardo Ribeiro – gerente de produtos ruminantes do Grupo Guabi

Suplementação estratégica pode incrementar resultados na reprodução bovina

Conheça algumas das alternativas e momentos adequados para maximizar a eficiência do processo. Em um país de clima tropical, com variações significativas na qualidade e quantidade de forragem produzida durante o ano, a suplementação bovina é, muitas vezes, essencial para assegurar a eficiência da reprodução do rebanho. Por isso, durante o primeiro Simpósio Repronutri de Reprodução, Nutrição e Produção Animal, o médico veterinário Ed Hoffmann – professor do curso de medicina veterinária na Universidade de São Paulo (USP) – discutiu uma questão de grande importância para quem decide atender às exigências nutricionais dos bovinos por meio da suplementação alimentar: quando fazê-lo? Segundo o professor, alguns fatores devem ser considerados ao tomar essa decisão. Ele lembra que a pecuária brasileira é realizada, em grande parte, por meio do sistema extensivo de cria e que os animais apresentam diferentes exigências nutricionais durante as fases do ciclo reprodutivo. “Uma suplementação, por exemplo, em uma fase de lactação é diferente de uma fase logo após o desmame, que é diferente do terço final da gestação. Seria muito cômodo se nós pegássemos as exigências nutricionais das vacas, analisássemos o que o pasto está oferendo e déssemos a diferença como suplementação – mas isso não é economicamente viável. Então, nós temos que escolher momentos mais estratégicos”, diz Hoffmann. Então, quando? Com essas questões em mente, o professor sugere um momento específico para suplementar os animais: logo após o desmame. “É um período em que a exigência nutricional da vaca cai bastante. Ela tem todo o metabolismo voltado para si própria. Então, eu alimento a vaca e ela acumula reservas em forma de gordura. É essa reserva que ela vai poder utilizar no pós parto com a lactação para compensar o balanço energético negativo dela”, afirma. “Faço a suplementação por 75, 90 dias, que é o suficiente para ela recompor a sua reserva energética. Em números, ela deve recompor de 45 a 50 kg de reserva para ela poder ter uma lactação e um último trimestre de gestação adequados”. O tipo de suplementação, segundo o professor, também varia de acordo com a condição dos animais. “Às vezes, o balanço energético negativo é muito pequeno e a gente pode, por exemplo, suplementar os animais com um pouquinho de proteína – porque isso faz com que eles aumentem a ingestão de alimentos. Então, a gente consegue suplementá-los não dando uma ração, mas estimulando a ingestão maior. Com maior ingestão, eu consigo superar esses problemas. Isso, às vezes, pode ser feito com pequenas quantidades de proteína por dia. Em outras situações, eu já preciso entrar com rações balanceadas”. O que usar? Para o veterinário, as vacas com uma boa condição corporal após o desmame, como a condição corporal 5, podem ser suplementadas com sal mineralizado com ureia, por exemplo, apenas para a manutenção do peso. Já a condição corporal 4 exige uma suplementação um pouco maior, para que os animais recuperem de 40 a 50 kg. Com a pastagem em boas condições, é possível suplementá-los com mineral proteico. “Ele tem um pouco de proteína verdadeira, que vai fazer aquele efeito de estimular a aumentar a ingestão de alimentos”, diz. Para regiões que não têm mais pastagem nessa época, o professor recomenda uma suplementação maior, com soja, milho e outros resíduos industriais. “O que tiver na região”. Somado a esses fatores, a variação entre épocas do ano favoráveis à pecuária e os períodos que demandam mais esforços para atender as necessidades nutricionais dos bovinos faz com que seja preciso planejar a suplementação como forma de não perder dinheiro. “Por quatro meses, nós temos que fazer suplementações em algumas categorias animais e isso é inevitável. O planejamento possibilita que a gente faça isso com alimentos adquiridos na época certa, com custos melhores, administrados nas quantidades corretas”, afirma. “Quanto mais planejado, melhor é o custo-benefício”. O professor ressalta, ainda, a importância de se apostar em tecnologia e profissionalização para o sucesso da atividade. “Temos que aproveitar o momento para produzir mais, produzir melhor e produzir antes”. Fonte: Embrapa Pantanal / Foto: Ériklis Nogueira

A importância dos aditivos no desempenho de bovinos

Para que o bovino tenha um melhor desempenho, é fundamental a inclusão de aditivos em rações, concentrados, suplementos minerais, núcleos e premixes. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é classificado como aditivo toda substância, microrganismo ou produto formulado, adicionado intencionalmente, que tenha ou não valor nutritivo; que melhore o desempenho dos animais e as características dos produtos destinados à nutrição dos mesmos, além de atender às necessidades nutricionais ou que tenha efeito anticoccidiano. Para que o bovino tenha um melhor desempenho, é fundamental a inclusão de aditivos em rações, concentrados, suplementos minerais, núcleos e premixes. Dentre vários, destacam-se: monensina sódica, lasalocida sódica, virginiamicina, bicarbonato de sódio e leveduras Saccharomyces cerevisiae. Todos favorecem o bom funcionamento do rúmen. Alguns, quando usados simultaneamente tem efeito simbiótico, como é o caso da  levedura e lasalocisa e monensina e virginiamicina. Para os aditivos propiciarem benefícios, é imprescindível que se respeite a quantidade ideal requerida pelo animal. É necessário conhecer a categoria do animal, seus estágios fisiológico e produtivo, sua alimentação e a quantidade de ração ou suplemento ingerido diariamente. A partir destas informações é possível definir a quantidade de cada aditivo por quilograma de Matéria Seca (MS) ingerida. Os aditivos ionóforos atuam selecionando bactérias ruminais. Parte das bactérias Gram Positivas, sensíveis à ação da monensina e lasalocida, são eliminadas e, por consequência, permitem que mais substratos sejam utilizados pelas bactérias Gram Negativas. Como resultado, haverá maior síntese de ácido propiônico, o qual gera mais energia para o animal. Em adição, a produção de metano e gás carbônico são reduzidos consideravelmente, o que gera mais energia para ganho de peso. Os ionóforos ainda contribuem para redução de incidência de acidose por proporcionarem maior estabilidade do pH ruminal. Em se tratando de bezerros, os inóforos também auxiliam na prevenção de coccidiose. Para os bezerros de corte e leite, em fase de aleitamento,  é recomendada a ingestão de pelo menos 60 mg de lasalocida/animal/dia.  Bovinos de corte, quando manejados em regime de pasto, para incremento do ganho de peso é sugerido de 100 a 15o mg/dia de monensina. Para animais manejados em regime de confinamento, quando o objetivo também é a maior eficiência alimentar, deve-se fornecer de 200 a 300 mg/animal/dia do ionóforo.  A virginiamicina é um melhorador de desempenho de alta eficiência. Assim como os ionóforos, atua na seleção de bactérias ruminais, tornando o metabolismo mais eficiente. O processo de digestão é beneficiado, com menores perdas no processo de fermentação, pois haverá maior síntese de ácido propiônico e menor produção de ácido acético e lático e, principalmente, metano. Como resultado haverá mais energia disponível para o animal, melhora na conversão alimentar e maior ganho de peso diário. A virginiamicina atua inibindo a síntese protéica de Bactérias Gram Positivas. O efeito continua mesmo após a remoção do aditivo (bacteriopausa), contribuindo para os resultados de ganho de peso observados em animais manejados em regime de pasto. Em regime de pasto, o consumo de suplemento mineral linha branca, de pronto uso, normalmente não é uniforme. Sendo assim, nos suplementos que contêm virginiamicina, o aditivo continua atuando no dia que o animal não ingere o suplemento. Por ter menor influência sobre o consumo, é recomendada em dietas quando o objetivo é preservar maior ingestão de MS. Para bovinos de corte confinados, a recomendação é de 25 mg/kg MS ingerida, enquanto para aqueles manejados em regime de pasto, de 35 a 45 mg de virginiamicina/100 kg de Peso Vivo (PV). Quando a ingestão de fibra é limitada, a manutenção de um pH ruminal adequado é um desafio. Cepas de leveduras específicas, Saccharomyces cereviseae, são ativas no rúmen e, por isso, incrementam a anaerobiose. Como resultado haverá aumento da digestão de fibra, maior regulação do pH ruminal, o que previne a acidose e a laminite. É recomendada para bezerros por propiciar colonização precoce da flora, rúmen e papilas. É fundamental adquirir estes aditivos de empresas idôneas e consultar um técnico, de sua confiança, que conheça o modo de ação e dose correta (relação custo/benefício). O uso racional destes e outros aditivos irão garantir incremento do desempenho e maior lucratividade. Fonte: José Leonardo Ribeiro – gerente de produtos ruminantes do Grupo Guabi / LN Comunicação

O poder da eficiência alimentar

Identificar os melhores em CAR pode render até 30% a mais na pecuária. Daniel de Paula* O que era moda, virou regra. É cada vez mais imperiosa a necessidade de se usar tecnologias que mensuram a eficiência alimentar em pecuária. Provas de Consumo Alimentar Residual (CAR) estão cada vez mais comuns pelo mundo afora e as estatísticas comprovam o benefício que isso traz na economia da fazenda. A herdabilidade é cada vez mais comprovada por gênios que estudam esses números e composições de fórmulas que transformam os filhos em personagens cada vez melhores que os pais e mais desejados na produção de carne a campo, a grande aptidão do Brasil tropical. Acabo de voltar de mais uma semana de grande aprendizado e admiração em Pirajuí/SP. Aliás, sou um privilegiado por ter nesse pequeno município do Noroeste paulista dois vizinhos com quem cultivo muita amizade. Um que cria Senepol, a Fazenda da Grama, onde é realizado desde 2009 o programa Safiras do Senepol, também com medição de eficiência alimentar em novilhas que se convertem em doadoras em uma prova premiada internacionalmente. O outro, que divide cerca, é a Fazenda Perfeita União, que está cada vez mais segura na seleção de um Guzerá para resultados que se espalha por todo o Brasil, para produção de carne a campo. E é sobre essa seleção de um zebuíno milenar que eu quero abordar a importância das informações que eles geram dentro de casa, onde trabalham os Irmãos Tonetto, os sobrinhos, os filhos, enfim, a família toda reunida no batente, na lida. Foi lá que nasceu um programa de melhoramento genético que identifica os animais no Índice Super Precoce Funcional (Ispf) em bezerros desmamados e selecionados para esse desafio de desempenho. 20% da safra – em breve serão 100%, mas quando o projeto estiver pronto eu conto aqui – vira alvo de medição do CAR a partir dos 12 meses e, aos 15, esses selecionados continuam em avaliação com as tecnologias disponíveis e hoje mais acessíveis a todos, como ultrassonografia de carcaça (para conhecer AOL, EGS, etc.). Desenvolvidos em parceria com a Aval Serviços Tecnológicos, esses programas já descobriram o que o professor doutor Roberto Sainz, da Universidade da Califórnia, em Davis (EUA), veio constatar na fazenda, em uma de suas recentes e rápidas passagens pelo Brasil. Sobre o CAR, ele confirmou que, pelas experiências mostradas em países como EUA, Austrália, Nova Zelândia e outras partes, animais mais eficientes nesse fator passam para gerações futuras, da segunda em diante, até 30% dessa característica, que mexe diretamente no bolso do pecuarista. Relatórios que me foram fornecidos pela Perfeita União sobre as 12 edições da prova (11 delas encerradas) confirmam a eficiência da eficiência. A diferença, segundo interpretação do doutor Yuri Farjalla, também da Aval, pode cegar a 15% entre os animais que comem menos e os que consomem mais matéria seca para ganhar o mesmo peso, que continua tendo o maior peso (40%) na composição do Ispf. E é nisso que nos atemos, em eficiência alimentar, sem contar os outros fatores que montam o ranking do Ispf, como CE (20%), AOL (20%) e carcaça (EGS) + marmoreio + temperamento (os outros 20%). Nas estatísticas do Guzerá IT e parceiros que deixam os touros mais promissores na prova, a diferença do menor para o maior CAR foi entre -0,781 a 0,826 – quanto menor o CAR, mais eficiente o animal. Isso, levando-se em consideração os mais de 200 touros medidos nessa prova desde 2012, dentro da fazenda, sem artificialismos e com dieta balanceada para todos os animais, que antes e depois continuam desafiados na avaliação a pasto, com suplementação básica em se tratando de pecuária sustentável. Todo esse processo visa evitar que animais tardios permaneçam no rebanho, custando mais caro ainda ao pecuarista – por isso o teste com um grupo contemporâneo desde muito cedo. A eficiência está na diferença entre o medido e o predito, que só se conhece após a prova de 75 dias, depois de todas as mensurações (pesagem inicial e final e cálculo do desvio padrão para definição do ganho com os dados do que cada animal consumiu). Como alguém pode saber se isso garante o melhoramento genético? Bem, para dar apenas um exemplo, um dos primeiros destaques nessa avaliação, Ioio OJA, animal equilibrado, apresentou o melhor desempenho em 2012 e já teve, aos três anos de vida, um filho que apresentou desempenho ainda melhor na última edição, vendido sábado por R$ 12 mil (50%). Parece uma engenharia complicada, mas no sumo tem resultado que pode impactar até 25% no custo de produção. Levando-se em conta que a dieta leva 70% disso, imaginemos o quanto isso beneficia no caixa da fazenda. E o que é melhor, muito rápido. Esses dias, em Pirajuí abriram os meus olhos e os de muitos outros pelo Brasil, tomara que também tenham feito o mesmo com os teus. *Daniel de Paula é publicitário e jornalista, repórter do Canal do Boi, canal integrante do SBA. Fonte: Enfoque / Rural Centro