julho 27, 2024

Alemanha anuncia cerca de 200 milhões de euros para ações ambientais no Brasil

Valor equivale a mais de R$ 1,1 bilhão, na cotação atual. País europeu é um dos principais financiadores do Fundo Amazônia; verba anunciada vai também para outras iniciativas. Os governos do Brasil e da Alemanha fizeram um anúncio conjunto nesta segunda-feira (30) para detalhar um aporte de cerca de 200 milhões de euros, a serem enviados pela Alemanha, para uso em ações ambientais no Brasil. O anúncio foi feito em Brasília, após uma reunião entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a ministra da Cooperação da Alemanha, Svenja Schulze. Conforme o anúncio, os 203 milhões de euros serão divididos entre diferentes iniciativas (veja detalhes das principais “linhas” de financiamento mais abaixo): Ao tomar posse no cargo, no início de janeiro, Marina Silva afirmou que o país precisaria de “parcerias” para reestruturar a proteção ao meio ambiente no país.  Como os recursos vão ser distribuídos De acordo com o comunicado conjunto, os recursos vão ser distribuídos da seguinte maneira: Ajuda aos Yanomami Também na coletiva com a ministra alemã, Marina Silva afirmou que o governo federal utilizará recursos do Fundo Amazônia para ajudar o povo Yanomami. A população indígena sofre com uma grave crise de saúde, com inúmeros registros de desnutrição e malária. Criado em 2008, o Fundo Amazônia estava parado desde 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro. Na ocasião, o então governo suspendeu diversos comitês, entre os quais dois ligados ao fundo. Naquele mesmo ano, em meio a diversas medidas e declarações polêmicas do governo sobre a gestão ambiental, Noruega e Alemanha suspenderam os repasses. Em 1º de janeiro, dia em que tomou posse como novo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma série de medidas, entre elas um decreto em que determinou a retomada do fundo. Fonte: G1 Curadoria: Boi a Pasto

BRS Sulina: cultivar de ervilha é testada com sucesso para adubação verde e cobertura de solo

BRS Sulina está sendo testada em Santa Catarina Horizontes promissores para a cultivar BRS Sulina, variedade de ervilha indicada para adubação verde e para cobertura de solo no cultivo de grandes culturas, como trigo, milho, soja e feijão. Uma parceria entre a Embrapa Hortaliças e a empresa RAIX Sementes Ltda. está avaliando o potencial das sementes da leguminosa para cultivo em mix de plantas de cobertura (mistura de espécies gramíneas, crucíferas e leguminosa) na produção de biomassa, aporte de nitrogênio e tolerância a doenças de solo, e vem apresentando resultados bastante animadores.  “A cultivar apresentou rusticidade e adaptação a diferentes tipos de ambientes, com boa produção de biomassa mesmo em solos de média e baixa fertilidade, além de apresentar potencial para uso em consórcio com outras cultivares, gramíneas (aveia e centeio), nabo forrageiro e em esquemas de rotação, antecedendo o milho e soja, entre outras culturas”, registra Ana Maccari, pesquisadora da RAIX Sementes, que vem acompanhando os ensaios. Segundo Maccari, os resultados obtidos nesses estudos permitirão fundamentar as decisões no momento de recomendar a cultivar em termos de regiões adaptativas para formação de consórcios de cobertura de solo em sistemas de plantio direto (SPD). Sediada no município São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, a empresa RAIX Sementes atua na identificação de alternativas com capacidade de gerar benefícios envolvendo o aumento da sustentabilidade dos sistemas produtivos. O estabelecimento da parceria entre as duas instituições teve como ponto de partida o dia de campo promovido pela Fundação Agropecuária de Pesquisa Agrária – FAPA (Guarapuava-PR) em 2021, ocasião em que a BRS Sulina chamou a atenção de representantes da empresa, quando da apresentação de inovações tecnológicas disponíveis para cultivo no período de vazio outono e inverno. Às tratativas iniciais, que incluíram a formalização do acordo entre a empresa e a Embrapa Hortaliças, ensaios passaram a ser conduzidos em diferentes ambientes e épocas de semeadura para avaliar a adaptabilidade, o potencial agronômico, ciclo de produção e rendimento da massa seca da cultivar – conforme as primeiras avaliações, a BRS Sulina vem se constituindo numa “excelente alternativa para adubação verde e formação de cobertura de solo no período de vazio outonal/invernal”. BRS Sulina Leguminosa indicada para adubação verde e para cobertura de solo, a variedade de ervilha BRS Sulina foi desenvolvida em pesquisas conjuntas entre as Unidades Hortaliças e Trigo da Embrapa. O material foi trazido em 2010 para o Distrito Federal, onde predomina um clima mais ameno a mil metros de altitude e, nos experimentos conduzidos na Embrapa Hortaliças, foram selecionados materiais que apresentaram rusticidade, resistência a doenças e, principalmente, volume de massa verde. Com um rendimento em torno de 1,5 toneladas de grãos e cerca de 13 toneladas de massa verde, a variedade supera alternativas como a ervilhaca, aveia e nabo. Extremamente adaptada à Região Sul, devido ao rápido crescimento inicial, precocidade e uniformidade, a BRS Sulina proporciona grandes reduções de custo aos produtores de diversos segmentos, com a redução da dependência de fertilizantes químicos das culturas subsequentes. A facilidade e estabilidade na produção de sementes da cultivar são superiores a outras leguminosas anuais de inverno, como a ervilhaca comum e a ervilhaca peluda. A aptidão dos grãos para a formulação de ração animal, principalmente suínos, representa também mais uma alternativa de utilização da BRS Sulina. Para o pesquisador Warley Nascimento, chefe geral da Embrapa Hortaliças, os resultados dos experimentos que vêm sendo realizados pela empresa RAIX Sementes representam um aval a mais às características da cultivar, “além de possibilitar ao produtor uma diversificação de espécies com essa finalidade, que é a cobertura do solo e rotação de culturas, principalmente para a Região Sul do País, onde essa prática sustentável tem sido adotada por grande parte dos produtores”. Fonte: Embrapa Curadoria: Boi a Pasto

Pesquisa desenvolve filé de pirarucu em conserva

Avanço beneficia tanto piscicultores quanto pescadores, que utilizam planos de manejo para manter a espécie segura. Pesquisadores da Embrapa desenvolveram o filé de pirarucu (Arapaima gigas) em conserva, tecnologia agroindustrial que agrega valor ao pescado e desponta como potencial ativo de bioeconomia e desenvolvimento na Amazônia. O pirarucu está entre os maiores peixes de água doce do Brasil e do mundo e tem despertado a atenção de consumidores, manejadores e produtores em todo País, em especial, na Amazônia, de onde é originário. Entre as características atraentes ao mercado destacam-se o rápido ganho de peso desse peixe e o aproveitamento de carne, superior ao encontrado no gado. A tecnologia está disponível a empresas interessadas em dar continuidade à pesquisa e levá-la ao mercado consumidor. Ela foi desenvolvida por meio de parceria entre a Embrapa Amazônia Oriental (PA) e Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e resultou em um comunicado técnico detalhando todo processo e que pode ser acessado gratuitamente no portal da instituição.  A pesquisadora Alessandra Ferraiolo, uma das autoras do trabalho, defende que é necessário diversificar os produtos de peixes enlatados existentes no mercado, e com isso, possibilitar agregação de valor, assim como aumentar a vida útil do pescado fresco. O pirarucu é um peixe carnívoro que pode atingir, em condições de natureza, até três metros de comprimento e ultrapassar os 200 quilos. No caso da criação comercial, em cativeiro, os números também são animadores, pois o animal chega a 12 quilos em apenas um ano, tamanho apreciado pelo mercado. Em termos de rendimento econômico, pesquisas da Embrapa indicam que o pirarucu suplanta ao dobro o tambaqui (CoIossoma macropomum) e em até 40 vezes aos bubalinos, bovinos e ovinos. Considerando-se os elevados rendimentos de carne, o que indica a espécie com elevado potencial para a piscicultura industrial. Segundo Ferraiolo, o trabalho têm o intuito de agregar valor e incentivar o consumo da espécie, além de diversificar os produtos de peixes enlatados. “O objetivo do trabalho foi desenvolver conservas de pirarucu da pesca e da piscicultura e avaliar os produtos quanto às suas características físico-químicas, sensoriais e qualidade microbiológica”, detalha. Ela explica que as vantagens da espécie para esse tipo de processo agroindustrial estão no rendimento muscular e qualidade da carne. “A carne do pirarucu possui coloração clara, textura firme, sabor suave, o que agrada aos consumidores. A ausência de espinhas intramusculares e baixo teor de gordura são outros pontos importantes”, conta a cientista. Do rio à lata O trabalho dos cientistas envolveu, além do desenvolvimento de conservas, a avaliação da qualidade do produto final a fim de incentivar o consumo da espécie e fomentar a sua cadeia produtiva. Os produtos enlatados foram avaliados quanto às suas características físico-químicas e sensoriais e à qualidade microbiológica. A pesquisadora conta que foi obtido um produto de boa qualidade nutricional, sensorial e sanitária. É também considerado um produto de conveniência, por ser de fácil preparo, semipronto ou pronto para o consumo. “O filé de pirarucu em lata dispensa a cadeia do frio para o seu armazenamento, distribuição e comercialização”, enfatiza a cientista. Ela lembra que, como qualquer pescado, o filé da espécie é altamente suscetível à deterioração, desafio que a apresentação em lata ajuda a contornar. “O beneficiamento aumenta a vida útil, a diversidade de produtos e a aceitação do pescado pelo mercado consumidor, além de permitir um melhor controle de qualidade e aproveitamento dos subprodutos, sem perder os benefícios nutricionais”, defende a cientista ao ressaltar que o elevado teor de nutrientes presente no pirarucu o torna recomendável ao consumo. Pelo processo agroindustrial desenvolvido, os filés foram higienizados em solução clorada, imersos em salmoura (3% sal refinado), drenados, cortados e acondicionados em latas. Em seguida, adicionou-se o líquido de cobertura, à base salmoura a 2% e as latas foram submetidas aos processos de exaustão, recravação, tratamento térmico e resfriamento. Degustações, em testes sensoriais, também foram realizados e indicaram que a conserva elaborada com o pirarucu da piscicultura foi preferida em comparação à elaborada com o peixe oriundo da pesca. Os peixes de criação se sobressaíram nos atributos textura, sabor e impressão global. O resultado geral foi a intenção positiva de compra do produto. “A conserva de pirarucu, proveniente da pesca ou da piscicultura mostrou boa aceitação sensorial”, afirma Ferraiolo. Mercado Os dados oficiais sobre a produção pirarucu tem oscilado nos últimos anos. Depois de uma alta registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2015, quando a produção nacional atingiu algo em torno de oito mil toneladas, houve uma queda significativa em 2020, quando, de acordo com o instituto, a produção não conseguiu alcançar duas mil toneladas. Esses números, no entanto, não condizem com a realidade da produção do pirarucu, segundo Francisco Medeiros, presidente-executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). Medeiros relata que os dados do IBGE provavelmente registraram apenas a criação comercial e não a produção oriunda dos planos de manejo. “A produção do pirarucu se divide entre a criação comercial em cativeiro e os planos de manejo comunitários, estes, nos diversos estados da Amazônia”, enfatiza o presidente da PeixeBR. Sobre a discrepância de dados, Medeiros acredita que pode estar relacionada à dificuldade de mensurar a pesca de manejo nas comunidades tradicionais. De acordo com os registro da PeixeBR, somente o estado do Amazonas produziu cerca de três mil toneladas em 2020, ou seja, mil toneladas a mais que o registrado pelo IBGE. A PeixeBR reconhece, no entanto, que houve um queda vertiginosa na produção em cativeiro, mas, ao mesmo tempo, um aumento significativo na produção de manejo e organização comunitária. O executivo avalia que o mercado para esse peixe tem muitos gargalos, com destaque para o resfriamento e conservação, mas também potencialidades e que o papel da pesquisa, a união de esforços e implementação de políticas públicas, podem reestruturar e impulsionar a cadeia da espécie nativa, tanto no manejo quanto no cativeiro. Se por um lado houve queda na produção em piscicultura, o mercado de alimentos enlatados segue aquecido e projeta crescimento, segundo pesquisa divulgada pela empresa de consultoria Mordor Intelligence.  O estudo Mercado de alimentos enlatados –

Marina diz que governo usará recursos do Fundo Amazônia para ajudar povo Yanomami

População indígena sofre com uma grave crise de saúde, com registros de mortes de adultos e crianças provocados por doenças como desnutrição e malária. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta segunda-feira (30) que o governo federal utilizará recursos do Fundo Amazônia para ajudar o povo Yanomami. A população indígena sofre com uma grave crise de saúde, com inúmeros registros de desnutrição e malária. “Os recursos do Fundo Amazônia serão deslocados para ações emergenciais. Essas ações estão sendo tratadas em vários níveis, que envolvem: a questão da saúde; o tratamento ao problema da grave situação de fome, que está assolando as comunidades; a parte de segurança, para que essas pessoas possam ficar em suas comunidades, e isso tem a ver com operações de desintrusão do garimpo criminoso dentro dessas comunidades”, declarou a ministra. Marina Silva deu a declaração em uma entrevista coletiva em Brasília, após ter se reunido com a ministra da Cooperação da Alemanha, Svenja Schulze. Fundo Amazônia Criado em 2008, o Fundo Amazônia é destinado a financiar ações de redução de emissões provenientes da degradação florestal e do desmatamento. É considerada uma inciativa pioneira na área. Além de apoiar comunidades tradicionais e ONGs que atuam na região amazônica, o fundo fornece recursos para estados e municípios para ações de combate ao desmatamento e a incêndios. O fundo é abastecido com recursos de doações internacionais. Os governos de Alemanha e Noruega respondem, juntos, por mais de 99% dos depósitos. Em dez anos (2009 a 2018), o fundo aplicou mais de R$ 1 bilhão em 103 projetos de órgãos públicos e organizações não-governamentais. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) administra os recursos e aprova os projetos. Em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, as ações do fundo foram paralisadas. Na ocasião, o governo suspendeu comitês, entre eles o Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA), que tem como atribuição estabelecer as diretrizes e critérios para aplicação dos recursos do fundo. Isso levou Noruega e Alemanha a suspenderem os repasses. Em 1º de janeiro, dia em que tomou posse como novo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma série de medidas, entre elas um decreto em que determinou a retomada do fundo. Após a edição do decreto, entidades ambientais disseram ter boa expectativa com a retomada do fundo, afirmando ser possível garantir a preservação ambiental da região e a buscar o desenvolvimento sustentável. Também após o decreto, a Noruega informou que o Brasil já poderia gastar cerca de R$ 3 bilhões doados pelo país ao Fundo Amazônia. E a Alemanha anunciou a destinação de 35 milhões de euros. Fonte: G1 Curadoria: Boi a Pasto