dezembro 3, 2024

Pecuaristas cobram melhores políticas públicas

Lideranças do segmento reclamam que a atividade ficou em segundo plano nos últimos anoOs novos desafios da pecuária de corte brasileira exigirão ações mais contundentes do governo, afirmam lideranças do segmento, que reclamam que a atividade ficou em segundo plano nos últimos anos e perdeu espaço nas políticas públicas para a agricultura e a produção leiteira. As principais demandas são mais crédito e assistência técnica. “Temos acesso mais restrito a recursos que a agricultura, pelas características do nosso ciclo produtivo”, disse ao Valor o presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), Nabih Amin El Aouar. “Isso habituou o pecuarista a não procurar crédito. De certa forma é bom, porque não houve grande endividamento. Mas quem não investe fica limitado à forma antiga de se produzir.”O modelo extensivo, no qual o aumento da produção está diretamente ligado à abertura de novas áreas, está chegando ao fim. As lavouras de grãos avançam pelos rincões do país e continuarão tomando espaço dos pastos pouco produtivos. “O crescimento da pecuária será vertical, mas para isso precisamos de tecnologia”, diz El Aouar.Oswaldo Ribeiro Júnior, diretor-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Estado que abriga o maior rebanho bovino do país, afirma que o governo precisa investir na linha de crédito para a recuperação de pastagens degradadas. “Nosso maior patrimônio é o pasto, mas é caro recuperá-lo”, explica. Ele também pede a ampliação dos recursos para a retenção de matrizes, que permitirá ao produtor arbitrar melhor suas vendas.O presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), Maurício Velloso, afirma que o crédito agrícola muitas vezes tem prazo de pagamento de três a quatro vezes maior que o ciclo da cultura. “Já a pecuária, que tem um ciclo às vezes de cinco anos, conta com financiamentos de um ano. Isso obriga o pecuarista a pegar um financiamento para pagar outro, o que impede investimentos de longo prazo”, diz.“No Brasil, temos o melhor pecuarista do mundo, mas também temos o pior”, extrapolou o presidente da ACNB, para explicar que a heterogeneidade da pecuária local abre espaço para avanços. Enquanto os mais tecnificados esbanjam índices de produtividade por hectare, alguns mal sabem quantos animais têm.Para o diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Palma Nogueira, antes de falar em crédito é preciso discutir a difusão de conhecimento para diminuir o abismo entre esses perfis. “É preciso melhorar a comunicação governamental em relação ao que precisa ser feito nas fazendas”, diz.Nogueira sustenta que muitos pecuaristas estão alheios às transformações do negócio, que agora tem margens menores. “O grande desafio é criar essa demanda por assistência técnica, porque serviços nós já temos em secretarias municipais e estaduais e em universidades e unidades da Embrapa. Até técnicos da iniciativa privada fariam acordos, porque as empresas querem vender mais produtos”, afirma.Segundo Gabriel Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), é preciso expandir iniciativas como os “dias de campo”. “Mais do que em empresas, o produtor confia no sucesso do outro. Precisamos mostrar que gastar dinheiro com tecnologia é investir”, diz o dirigente.A presidente da Associação Brasileira de Angus, Mariana Tellechea, lembra que o peso dos recentes aumentos dos insumos sobre a pecuária é notório. “Além dos grãos, essenciais para a formação da ração animal, há outros itens que tiveram aumento acima da inflação, como químicos para correção de solo, sementes para formação de pastagens, combustíveis e energia elétrica”, elenca.Nesse sentido, Mariana defende que o governo continue estimulando, por meio de linhas de financiamento de longo prazo, a compra de equipamentos de irrigação e de armazenamento de água. “Parece uma solução mais eficiente do que falarmos em formação de estoque públicos, que é uma opção pouco viável no Brasil frente à deficiência de armazéns e aos gastos logísticos para o deslocamento de grãos de áreas mais abastecidas para as mais carentes”, defende.SustentabilidadePara as lideranças, o governo é preciso também haver segurança jurídica para que o produtor se sinta confortável em investir. “A gente precisa de tranquilidade para trabalhar. Não podemos produzir e, ao mesmo tempo, nos preocuparmos com invasões de terra e novos impostos”, diz o presidente da ACNB.Ribeiro Júnior, da Acrimat, lembra que, diferentemente de uma lavoura de soja, que leva poucos meses do plantio à colheita, um boi de alto padrão é abatido perto dos dois anos. “O pecuarista não gosta de virada brusca, porque é uma atividade de ciclo longo”, afirma.Entre as mudanças necessárias, Maurício Palma Nogueira afirma que o governo precisa parar de tentar empurrar para o pecuarista o papel de polícia. “Não é o empresário que tem que investir e investigar o outro para saber se o bezerro que está sendo comprado vem de uma área desmatada. O governo precisa dizer: este produtor está ilegal, não compre dele”, pontua.Segundo Nogueira, nenhum governo conseguiu criar medidas efetivas para lidar com o desmatamento ilegal. “A Izabella Teixeira [ministra do Meio Ambiente no governo Dilma] conseguiu reduzir drasticamente o desmatamento, que depois voltou. É preciso ir em cima do ilegal, porque toda vez em que o desmatamento aumenta, alguém quer criar uma regra nova para pressionar quem está operando dentro da lei”, diz.Nabih Amin El Aouar diz que é preciso separar produtores e bandidos, e reafirma o compromisso do setor produtivo com o Código Florestal. “Mas como vamos preservar mais do que o que já está estabelecido sem nada em troca? Nós não recebemos nada, e ainda, se porventura houver uma adversidade que não foi causada por nós, como um incêndio, arcamos com o ônus”, frisa.Mariana Tellechea afirma, ainda, que o Brasil precisa avançar com consistência na regulamentação da legislação de créditos de carbono para dar clareza ao produtor sobre a mensuração e certificação de um balanço das emissões de gases do efeito estufa nas propriedades. “Acreditamos que o setor pode ser uma fonte importante de geração de créditos de carbono, um ativo com previsão de alta demanda já no médio prazo”, diz. ]Ribeiro Júnior diz que os negócios de crédito de carbono ainda são poucos e acontecem de maneira

Custo de produção da pecuária de corte segue tendência de alta em MT

A mudança climática proporciona aos criadores a oportunidade de melhorar a qualidade das pastagens para a alimentação dos bovinos O custo de produção da pecuária de corte em 2022 em Mato Grosso seguiu com tendência de alta. Os valores médios do Custo de Produção Total (COT) da cria, recria e engorda, e da pecuária de ciclo completo foram de R$ 179,70, R$ 279,22 e R$ 151,83 por arroba, respectivamente, no 4º trimestre.  É o que aponta levantamento realizado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Essa observação segue desde 2018.  Diante deste cenário, conforme o setor produtivo, o atual período de chuvas se torna favorável para a atividade. A mudança climática proporciona aos criadores a oportunidade de melhorar a qualidade das pastagens para a alimentação dos bovinos. Importância na recuperação da pastagem  De acordo com o médico veterinário e gerente de relações institucionais da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Nilton Mesquita, a recuperação da pastagem é a principal alternativa para reduzir o custo de produção, tão necessário no momento atual.   Ações como adubação e uso de herbicidas para limpeza de áreas de pastagens são alguns exemplos do que pode ser realizado para que o pecuarista tenha um melhor rendimento da sua área.  Com isso, os animais passam a ter um melhor aproveitamento dos nutrientes e maior ganho de peso. Além disso, a alimentação a pasto tem menor custo e continua sendo a maneira mais barata e a mais utilizada para alimentar o rebanho. “Esse período de chuvas é a chance perfeita para os pecuaristas se envolverem em práticas de manutenção dos pastos, visando a aumentar sua produtividade. Para essas atividades que buscam melhorar a qualidade do pasto é fundamental o planejamento, uma vez que o custo tem um fator preponderante. A realização desses trabalhos agora, durante a época de chuvas, ajudará a preparar o terreno para as próximas estações, aumentando a probabilidade de obter bons resultados no futuro. Portanto, essa é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada pelos pecuaristas”, afirmou o gerente da Acrimat. Fonte: Canal Rural Curadoria: Boi a Pasto

Produtores usam “brinquedos” para acalmar os suínos nas granjas

Prática ajuda a evitar o estresse e os comportamentos a ele associados como o de ranger os dentes e a agressividade. Pesquisadores, indústrias, produtores e organizações não governamentais têm investido na introdução de “brinquedos” nas instalações em que os suínos são criados para reduzir os efeitos do confinamento intensivo. “Brinquedo é como são chamados elementos colocados nas baias com a intenção de permitir que esses animais expressem comportamentos naturais, iguais aos que eles teriam se estivessem soltos na natureza”, explica o pesquisador Osmar Dalla Costa, da Embrapa Suínos e Aves. A produção global de carne suína aumentou quatro vezes nos últimos 50 anos e deve se manter em alta até 2050 devido ao crescimento da população mundial e do consumo per capita em algumas regiões do planeta, como a Ásia. No entanto, esse aumento produtivo depende da superação de alguns desafios. Um deles é a necessidade de aperfeiçoamento das boas práticas de produção voltadas ao bem-estar animal. Propiciar as melhores condições de vida possíveis aos suínos é uma exigência cada vez mais comum entre consumidores de todo o mundo. Além disso, significa reduzir perdas econômicas. Animais estressados, em geral, diminuem sua capacidade de transformar ração em carne e oferecem uma matéria-prima de pior qualidade. Investir em elementos de enriquecimento ambiental nas instalações em que são criados os suínos é uma espécie de segunda onda do bem-estar animal na suinocultura brasileira. A primeira onda teve início em meados dos anos 2000 e focou na melhoria das condições básicas disponibilizadas aos animais do nascimento ao abate – espaço adequado, temperatura, qualidade do ar, limpeza, transporte e tratamento humanitários. Qualquer modificação que aumente o conforto do ambiente (como a diminuição no número de animais por baia ou a instalação de ventiladores) pode ser vista como uma ação de enriquecimento ambiental. Entretanto, na maior parte das vezes, o termo se refere ao acréscimo de objetos pendurados em algum ponto das instalações (como uma corrente colocada na divisória de uma baia) ou soltos no ambiente (como um pedaço de madeira livre no chão) que permitam ou estimulem os suínos a desenvolver comportamentos naturais, como fuçar, brincar e desenvolver laços de grupo. De acordo com o gerente executivo de Sustentabilidade Agropecuária na Seara Alimentos, Vamiré Luiz Sens Júnior, os “brinquedos” visam principalmente quebrar a monotonia, que podem provocar comportamentos anormais por parte dos suínos. Por exemplo, quando os animais experienciam estados de estresse e frustração, exibem com frequência atitudes sem função aparente, como mastigar com a boca vazia, ranger os dentes, morder barras de ferro ou lamber o chão. Os suínos que vivem em ambientes enfadonhos também demonstram mais propensão a interações sociais negativas. “Esse tipo de comportamento traduz-se, na prática, em episódios de agressividade dentro das baias. É daí que vêm problemas como a caudofagia, que ocorre quando um ou mais animais na baia sofrem mordeduras e consequentes lesões na cauda”, explica Dalla Costa. Regulamentação das boas práticasA introdução de “brinquedos” para os suínos também é respaldada por uma regulamentação recente. A instrução normativa número 13 (IN 13), publicada pelo Ministério da Agricultura em dezembro de 2020, estabeleceu as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial. A norma prevê no seu capítulo sexto que “os suínos devem ter acesso a um ambiente enriquecido, para estimular as atividades de investigação e manipulação e reduzir o comportamento anormal e agressivo”. O mesmo capítulo recomenda que devem ser disponibilizados materiais para manipulação, como palha, feno, cordas, correntes, madeira, maravalha, borracha e plástico. Também são citados como itens de enriquecimento ambiental na IN 13 a oferta de estímulos sonoros, visuais e olfativos que aumentem o bem-estar dos suínos. Práticas europeias adaptadas ao Brasil É comum ouvir que os suínos são animais bem mais inteligentes do que parecem. Na verdade, os suínos são a quarta espécie mais inteligente do planeta (ficam atrás apenas dos humanos, chimpanzés e golfinhos). Além disso, eles são sociáveis, sensíveis e gostam de estar sempre em movimento ou brincando quando acordados. Essas características ajudam a entender porque esses animais têm problemas para viver dentro de ambientes enfadonhos e porque respondem bem a elementos que despertam a sua natural curiosidade. “É por isso que vale a pena estudar e investir no enriquecimento ambiental adaptado às condições brasileiras, especialmente no que diz respeito a encontrar os brinquedos mais eficazes para evitar a manifestação de comportamentos indesejados por parte dos animais”, enfatiza Dalla Costa.As referências sobre a introdução de “brinquedos” para enriquecimento ambiental na suinocultura brasileira vêm, principalmente, de duas fontes. A primeira são os conceitos desenvolvidos e aplicados pela Comunidade Europeia, que acabam formando um entendimento mais ou menos homogêneo em todo o mundo sobre como devem ser as ações de enriquecimento ambiental. Essa fonte mais teórica recomenda que elementos de enriquecimento ambiental devem ser seguros (sem representar risco à saúde dos animais), investigáveis (passíveis de serem escavados com o focinho), manipuláveis (devem mudar de lugar, aspecto e estrutura), mastigáveis (podem ser mordidos) e comestíveis (de preferência, que possam ser comidos ou cheirados, com odor e sabor agradáveis).Ainda segundo os conceitos da Comunidade Europeia, o “brinquedo” deve manter um interesse que se renova, ficar o mais próximo possível do piso, ser fornecido em quantidade que permita fácil acesso a todos os animais e ser apresentado limpo (suínos perdem logo o interesse em materiais sujos com fezes, por exemplo). Os europeus sugerem também categorias relacionadas às características listadas acima. Elementos “ótimos” atendem a todos os requisitos. Ou seja, são seguros, manipuláveis, comestíveis e mantêm o interesse ao longo do tempo. Elementos “subótimos” contemplam a maioria das características desejáveis. Por fim, os elementos de “interesse marginal” distraem os suínos, só que não satisfazem muitos dos requisitos essenciais.A segunda fonte que orienta a introdução de brinquedos são estudos feitos por pesquisadores brasileiros (da Embrapa Suínos e Aves, universidades, empresas privadas, consultorias) e experimentos práticos aplicados por agroindústrias e produtores. Essa segunda fonte se complementa com a primeira e concede à suinocultura brasileira condições de adaptar, ao contexto local, o que o mundo entende por enriquecimento

Aplicativos ajudam piscicultores e agricultores familiares a encontrarem novos clientes

O primeiro, já disponível para o sistema Android, se chama Vendo Meu Peixe, e é direcionado a piscicultores. O segundo é o Rede Campo – Sabor do Campo a um Clique, que pretende aproximar consumidor e produtor rural para estimular a comercialização de produtos da agricultura familiar. O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater), em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Santa Helena, lançou nesta quinta-feira (09), no Show Rural, em Cascavel, dois aplicativos que auxiliam a comercialização de produtos rurais paranaenses. O primeiro, já disponível para o sistema Android, se chama Vendo Meu Peixe, e é direcionado a piscicultores. O segundo é o Rede Campo – Sabor do Campo a um Clique, que pretende aproximar consumidor e produtor rural para estimular a comercialização de produtos da agricultura familiar. O Vendo Meu Peixe é fruto da observação de extensionistas do IDR-Paraná. Eles perceberam que os piscicultores do Oeste do Paraná têm apresentado dificuldades para encontrar canais de venda da produção. Para resolver esse problema, o aplicativo vai apresentar um mural de ofertas. Assim, resolve também um problema dos compradores, que poderão localizar lotes por tamanho dos peixes e localização, e então negociar a compra. A ferramenta já está disponível para download na Google Play Store (dispositivos Android), e também pode ser acessada pelo Instagram do IDR-Paraná (@idrparana). Em breve será também disponibilizado para IOS. O aplicativo é dirigido a piscicultores, abatedouros de peixe e empresas de piscicultura de todo o Estado. O Sabor do Campo a um Clique, destinado a viabilizar a comercialização de alimentos da agricultura familiar, nasceu pela dificuldade identificada pelo grupo Rede Campo durante a pandemia para encontrar produtores familiares. O objetivo é ter um espaço para que agricultores possam comercializar seus produtos em todo o Estado, bem como garantir para a população o acesso a alimentos saudáveis e de qualidade. Atualmente a ferramenta se encontra em testes no município de Santa Helena, e na sequência será implementada em Londrina e Toledo, e então por todo o Estado. Depois de feitos os devidos ajustes, o aplicativo ficará disponível nas plataformas de aplicativos para agricultores familiares, agroindústrias rurais, cooperativas do Paraná e consumidores. Ambas as ferramentas estão devidamente registradas, atendendo às exigências da legislação e seu uso é gratuito. O desenvolvimento dos aplicativos foi liderado pela professora Alessandra Matte, da UTFPR, em parceria com o IDR-Paraná. A criação foi viabilizada pela Rede Campo (Rede de Pesquisa, Inovação e Extensão em Desenvolvimento Rural), um grupo de pesquisadores, extensionistas e desenvolvedores vinculados à UTFPR, ao IDR-Paraná e outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil O projeto contou, também, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da prefeitura de Santa Helena. Fonte: Agência Estadual de Notícias do Paraná Curadoria: Boi a Pasto