julho 27, 2024

Apagão de mão de obra na pecuária já está acontecendo

O foco em gestão exigirão profissionais capacitados e raros na pecuária Em 2040, uma das dez grandes megatendências é o apagão de mão de obra na pecuária. A falta de pessoas qualificadas, no Brasil, chegou a 81% em 2022, o que representa o maior patamar nos últimos dez anos, segundo pesquisa da Man-Power-Group. A pandemia da Covid-19, que tirou inúmeras vidas, gerando também prejuízos econômicos incalculáveis, trouxe outro problema: a evasão escolar, algo que cobrará seu preço futuramente. “Especificamente, quanto nos referimos ao apagão de mão de obra, uma proporção de 84% da população brasileira já é urbana no Brasil. Essa tendência se acentuará. A forte injeção de automação irá reduzir esse impacto e alterará o perfil de pessoas necessárias na atividade. O maior desafio será qualitativo. Os enormes avanços tecnológicos, como a IoT, a maior complexidade do manejo, na busca de saltos produtivos, como a introdução crescente da ILPF e o foco em gestão exigirão profissionais capacitados e raros na pecuária. Adicionalmente, a alta rotatividade de gente especializada no campo faz com que produtores sintam-se desestimulados a oferecer treinamentos”, aponta Guilherme Malafaia, pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Na avaliação de Malafaia, a falta de mão de obra já abala cadeias de suprimentos de alimentos no mundo todo. Quer se trate de peões de fazenda, trabalhadores de frigoríficos, caminhoneiros, varejistas, assadores, chefs de cozinha, o ecossistema global de carne bovina sente a pressão da escassez. As cadeias de suprimentos são impactadas e alguns empresários necessitam elevar os salários, o que, de uma forma ou de outra, acaba impactando no preço final do alimento. Segundo ele, muitos produtores têm tido dificuldade em adotar novas soluções tecnológicas, pois não há profissionais com a qualificação necessária para lidar com as várias informações e inovações oferecidas por essas soluções. Apagão de mão de obra na pecuária já atinge profissão essencial Já Jaqueline Lubaski, pedagoga, jornalista e consultora de gestão de pessoas no agronegócio, informa que, a partir das ‘andanças’ realizadas em dez estados diferentes, a principal demanda, na bovinocultura de corte, é por um cargo em especial: especialista na lida de gado: os chamados vaqueiros, campeiros ou capatazes. OUÇA NO SPOTIFY: Saiba os impactos do La niña em 2023 “Já estamos, há alguns anos, com o aumento de déficit, porque formar um vaqueiro após os 18 anos é muito difícil. Nos últimos dois anos, a situação se agravou ainda mais com o aumento da procura, devido à maior produção de carne bovina. Estamos competindo com nós mesmos. Antes, perdíamos para a construção civil; hoje, perdemos para a agricultura, muitas vezes dentro de casa. Os vaqueiros deixam de ser vaqueiros para serem operadores ou tratoristas devido à maior valorização e também porque o conforto é maior”, destaca a especialista.

Lei de desmatamento da UE corre o risco de marginalizar pequenos agricultores

Uma nova lei da União Europeia que impede a importação de commodities ao desmatamento corre o risco de deixar de lado os pequenos agricultores incapazes de arcar com os altos custos da conformidade, disse o chefe da Mesa Redonda sobre Óleo de Palma Sustentável (RSPO).  Joseph D’Cruz disse à Reuters que os membros maiores certificados pela RSPO não enfrentarão dificuldades para cumprir os requisitos da UE, pois seus padrões de certificação já proíbem o registro e a conversão de florestas primárias. OUÇA NO SPOTIFY: A política de desarmamento é uma realidade no brasil “Existe um custo humano, social e de desenvolvimento, que produtores menores e marginais podem ser forçados a arcar para que o regulamento de desmatamento da UE seja implementado da maneira como está sendo configurado agora”, disse o CEO da RSPO em uma entrevista. A UE cercou em dezembro com um novo regulamento de desmatamento que exige que as empresas apresentem uma declaração de devida diligência mostrando quando e onde suas commodities foram produzidas e forneceram informações “verificáveis” de que não foram cultivadas em terras desmatadas após 2020, sob risco de pesadas multas A regulamentação foi bem recebida pelos ambientalistas como um passo importante na proteção das florestas, já que o desmatamento é responsável por cerca de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa. A lei se aplicará ao óleo de palma, soja, carne bovina, madeira, cacau e café e alguns produtos derivados. Pequenos produtores controlam ​​na Ásia, África e América Latina, que mais se beneficiam do acesso a mercados premium, não poderão vender para a UE porque carecem de uma cadeia de suprimentos que possam demonstrar rastreabilidade desde a fazenda até o mercado europeu, D’ Cruz disse. VEJA NO YOUTUBE: Impactos na soja e no milho? Mais de sete milhões de pequenos produtores em todo o mundo cultivam óleo de palma para viver, de acordo com dados da RSPO. Na Indonésia e na Malásia, os principais produtores, os pequenos proprietários respondem por cerca de 40% da área total de produção de óleo de palma. Os dois países acusaram a UE de bloquear o acesso ao mercado de seu óleo de palma, com a Malásia dizendo que poderia interromper as exportações para o bloco. Quota de Mercado Ativistas há anos acusam a indústria de óleo de palma de desmatamento desenfreado das florestas tropicais do Sudeste Asiático e abuso dos direitos dos trabalhadores, embora a RSPO tivesse tido essas questões em seus critérios de certificação. A participação no mercado do óleo de palma sustentável certificado pela RSPO bacteriológica em 19,8% por anos, devido à procura estagnada pelo produto certificado mais caro, especialmente em mercados a preços, como a Índia e a China. A RSPO está se concentrando em oportunidades na Índia e na China, onde os consumidores sobre sustentabilidade estão mudando, disse D’Cruz. “Quando essas começaram a mudarem, acho que a demanda chegará a um ponto crítico e animado a crescer significativamente.” Fonte: Agência Reuters Curadoria : Marisa Rodriges ? Portal Boi a Pasto

Quem é contra o agronegócio? E por quê?

Por Sérgio Turra, deputado estadual Os ataques recorrentes ao agronegócio brasileiro — por desinformação ou má fé de quem os comete — não podem ficar sem resposta. Calar-se perante ao fato seria consentir com os absurdos que temos acompanhado na mídia, e até no Parlamento Gaúcho, que cumpre o importante papel de ser porta-voz de um Estado que tem quase 40% do seu PIB impulsionado pelo setor primário. As acusações são sempre as mesmas: entre tantas outras bobagens, se diz que o Brasil é o país que mais utiliza “agrotóxicos” ou que o extraordinário crescimento da produção agrícola nos últimos 20 anos se deu à custa da derrubada de florestas – embora estudos da Embrapa demonstrem que as supersafras resultem do crescimento exponencial da produtividade, ou seja, de volumes maiores colhidos nas mesmas áreas, graças ao avanço da tecnologia. De fato, a agricultura ocupa menos de 10% do território nacional. As áreas de matas preservadas representam mais do que o dobro da média mundial. O Brasil é um dos países com maior cobertura vegetal nativa do planeta. Produtores rurais conservam em suas propriedades uma área equivalente a 20% do território brasileiro. Quem mais, no mundo contemporâneo, pode exibir números como esses? A pecuária e a avicultura também são acusadas de acelerar o aquecimento global, ou de transmitir hormônios à população. Nada disso também é cientificamente verdadeiro. A verdade é que foi o agronegócio que salvou o Brasil da insolvência na última grande recessão vivida pelo país antes da pandemia — e isso se repetiu durante a crise sanitária mundial. O setor cresceu, gerou empregos e garantiu o abastecimento do mercado interno e até dos de outros países. Em meio ao naufrágio da economia mundial, o campo ainda sustentou saldos positivos na balança comercial. E isso não se deu por acaso. O agronegócio brasileiro é o maior exportador de soja, açúcar, suco de laranja e café do mundo. É, também, o maior fornecedor de carne de frango, além de grande exportador de carne bovina, frutas, algodão e milho. O agronegócio responde por 48% das exportações brasileiras. Fatura mais de US$ 90 bilhões. Emprega mais de 19 milhões de trabalhadores. E gera mais de R$ 600 bilhões para a economia, contribuindo com quase 30% do PIB brasileiro. Não por acaso, as principais fontes de criação de empregos nos últimos anos foram a agricultura e a pecuária. Por trás do vinho icônico ou do prato do chef famoso existe uma legião de produtores rurais garantindo, com seu trabalho anônimo, a matéria-prima para os restaurantes e supermercados. Quem frequenta os salões dos melhores restaurantes nem sempre sabe de onde vêm os alimentos e como são produzidos. Ou de que modo uma quebra de safra impacta diretamente no custo de suas refeições ou do combustível renovável que utiliza em seu veículo. Mas o fato é que agricultores e consumidores não vivem uns sem os outros — por mais que raramente se encontrem face a face. Mesmo assim, ainda há quem demonize o agronegócio — um cantilena tão antiga quanto politicamente desonesta e oportunista. Sim, o Brasil é o terceiro maior fabricante de jatos comerciais do mundo, atrás apenas da Europa e dos Estados Unidos. Mas a verdadeira vocação do país é o agro, setor em que somos respeitados como superpotência. O desenvolvimento tecnológico neste segmento, e as produtividades obtidas graças a ele, assombram o mundo. A clonagem de animais, a transgenia, a digitalização, a agricultura de precisão, a automação das máquinas agrícolas, os drones e tantas outras já estão perfeitamente incorporadas ao dia a dia de nossos produtores. Há pouco mais de duas décadas, o Brasil colhia 70 milhões de toneladas de grãos. Nesta safra, estamos no limiar das 300 milhões de toneladas. Quem, em sã consciência, pode ser contra um setor que alimenta o mundo com responsabilidade social e ambiental, a não ser que seja motivado por um mesquinho projeto político de assalto ao poder? * Sérgio Turra é advogado e está no segundo mandato como deputado estadual no RS pelo Progressistas.Integra a Comissão de Agricultura, a Frente Parlamentar de Apoio à Agropecuária ea Frente Parlamentar de Combate aos Crimes Agropecuários.