Lula quer viabilizar trecho da Transnordestina abandonado por Steinbruch M
A relação de Lula com Benjamin Steinbruch, acionista majoritário da CSN, azedou desde que o empresário celebrou, em dezembro de 2022, no apagar das luzes do governo de Jair Bolsonaro (PL), um termo aditivo com o Ministério da Infraestrutura abrindo mão do trecho da ferrovia Transnordestina que fica em Pernambuco, Estado natal do presidente. Segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, o governo busca agora uma forma de dar prosseguimento à construção do trajeto. “A solução pode ser privada ou com recursos públicos. O ramal custa aproximadamente R$ 4 bilhões”, diz. Não está descartada a possibilidade de a estatal Valec conduzir as obras enquanto uma nova concessão é feita. Legenda: O presidente Lula, no Palácio do Planalto. Foto: Evaristo Sa/AFP – 18/04/2023 ALVO. Auxiliares de Lula no Planalto dizem que o empresário abandonou as obras com a intenção de prejudicar a concorrente Bemisa, do banqueiro Daniel Dantas, que poderia escoar o minério de ferro que extrai no Piauí por Suape (PE), onde vai investir R$ 1,5 bi num terminal de minerais. ROTA. Steinbruch, por sua vez, preferiu concentrar esforços no circuito cearense da ferrovia, que termina no Porto do Pecém, onde a CSN tem um terminal de minerais. A iniciativa agrada ao ministro Camilo Santana (Educação), que é cearense e chegou a defender o projeto na Casa Civil. A empresa promete concluir mais 100 km se o governo liberar R$ 1 bilhão por meio de fundos de desenvolvimento do Nordeste. SELO. Em um dos últimos encontros entre Lula e Steinbruch, em janeiro, eles divergiram sobre o tema na frente de ministros. Procurada, a CSN lembrou que o aditivo foi avalizado pelo TCU.
Embrapa Arroz e Feijão inaugura laboratório de bioinsumos
A estrutura permite o escalonamento do processo de produção e desenvolvimento de insumos biológicos Foi inaugurado nesta terça-feira (22) o Laboratório Multiusuário para Pesquisa e Desenvolvimento de Bioinsumos (BioFabLab). O evento contou com a presença de diversas autoridades, como Tiago Freitas de Mendonça, secretário de Agricultura do Estado de Goiás, que representou o governador Ronaldo Caiado; Guy de Capdeville, diretor-executivo de Pesquisa e Inovação da Embrapa; Alessandro Cruvinel, coordenador de Novas Tecnologias e Recursos Genéticos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); Robson Domingos Vieira, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (FAPEG); Rose Monnerat, diretora de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da SoluBio; Dirceu Borges, Superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Pedro Leonardo, presidente da Emater-GO; além de Elcio Guimarães, chefe-Geral da Embrapa Arroz e Feijão (veja lista completa abaixo). O BioFabLab é um benefício construído na Fazenda Capivara, sede da Embrapa Arroz e Feijão em Santo Antônio de Goiás, por meio de um Termo de Execução Decentralizada (TED) no valor de R$ 390 mil, concedido pelo Mapa. A SoluBio entrou como parceira oferecendo, em regime de comodato, o Biorreator, equipamento onde se processam as reações biológicas. A estrutura física do laboratório permite o escalonamento do processo de produção e desenvolvimento de insumos biológicos, podendo produzir desde pequenos volumes (100 ml) em frascos agitados, até volumes maiores (5 L) em biorreator de bancada ou em grande escala (220 L). Os resultados alcançados serão dedicados a projetos de pesquisa da Embrapa e seus parceiros. Entretanto, esse trabalho deverá aumentar a velocidade da chegada desses novos produtos até o agricultor. A biofábrica destina-se a apoiar o desenvolvimento de soluções biotecnológicas, tornando-se num ambiente para co-desenvolvimento de bioinsumos para a agricultura sustentável. Em seu discurso, o diretor-executivo Guy de Capdeville destacou que a área de bioinsumos possui futuro promissor para a agricultura nacional, permitindo aliar maior produtividade com sustentabilidade ambiental. Além disso, é um setor da atividade agropecuária com previsão de crescimento nos próximos anos. Nesse sentido, ele pontuou que o BioFabLab integra essa perspectiva dentro da Embrapa. “Contar com um laboratório dessa natureza, com a capacidade de escalonar e trazer as soluções no patamar tecnológico elevado, que possa ser transferido para o setor produtivo colocar no mercado vai ser fundamental. Nós estamos, na Embrapa como um todo, avançando em todas as nossas Unidades para termos estruturas e para que formemos redes de pesquisadores com competências técnicas, para que possamos crescer cada vez mais nesse setor. E não é a Embrapa como produtor final do bioinsumo, mas, sim, a Embrapa como parceiro do setor produtivo que vai levar essas tecnologias para o nosso agro, para os nossos produtores rurais”, afirmou Guy de Capdeville. A próxima a falar foi Rose Monnerat, ex-pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos, que esteve na solenidade representando Alber Guedes, fundador e CEO da SoluBio. Atuando em controle biológico há mais de 30 anos, ela lembrou que, no início, trabalhar nessa área era algo subvalorizado e até desconsiderado. “Concretizar esse laboratório é perceber que nos tornamos profissionais e, depois de mais de três décadas na Embrapa, perceber as pesquisas de controle biológico e os bioinsumos sendo vistos como uma solução verdadeira para a agricultura é de dar muito prazer”, disse ela. Rose finalizou ressaltando a importância do apoio do Ministério da Agricultura: “É fundamental para que possamos ter regras e legislações que cubram e legitimem todas as etapas que precisam ser cumpridas”, e parabenizou a iniciativa do estado de Goiás de criar o programa estadual de Bioinsumos. “Esse projeto completa a ideia de levar informação para o agricultor, para que possamos realmente ter uma agricultura sustentável no país, sendo um exemplo para todo o mundo, como já estamos sendo”, concluiu. O coordenador de Novas Tecnologias e Recursos Genéticos do Mapa) Alessandro Cruvinel, considerou que o BioFabLab vai fazer parte de uma rede de iniciativas integradas entre instituições de pesquisa e de desenvolvimento em Goiás (o estado possui também um programa de bioinsumos com unidades de referência e de transferência de tecnologia distribuídas pelo território goiano). “O BioFabLab é apenas um primeiro passo para uma série de outras ações que já vêm acontecendo no estado. O laboratório, apesar de não possuir uma estrutura grande, tem potencial enorme e que pode ajudar a reduzir nossa dependência de insumos importados, a reduzir nossa dependência de agroquímicos, de fertilizantes. Isso vai representar redução de custo, maior benefício para a nossa agricultura e para a segurança alimentar, que também é importante”, disse Alessandro Cruvinel. O secretário de Agricultura Tiago Mendonça relatou que, além de sancionar uma lei de fomento aos bioinsumos, o estado de Goiás buscou reunir vários atores, envolvendo institutos federais, universidades, centros de treinamento, setor privado e fundações de fomento à pesquisa, dentre outros. Essa atenção foi buscada para conceber a melhor estratégia para gerar e levar a tecnologia ao produtor rural. De acordo com Tiago Mendonça, os bioinsumos quebram paradigmas. Ele ponderou que, há 20 anos, a tecnologia era apenas uma história e o produtor não a usava porque “não funcionava”. Entretanto, não havia ainda a união de vários agentes que pudessem convergir para apontar resultados mais promissores sobre como desenvolver e aplicar os bioinsumos. Hoje, contudo, um maior entendimento da tecnologia vem sendo alcançado, por meio de iniciativas em parceria, apoiadas pelo estado. Após o descerramento da placa, que contou com os pesquisadores Marta Cristina Filippi e Adriano Nascente, líderes das pesquisas com microrganismos na Unidade, concluindo a cerimônia, o coordenador do BioFabLab, Márcio Vinícius, analista da Embrapa, apresentou a estrutura aos visitantes, descrevendo seu funcionamento e explicando os caminhos pelos quais essa linha de pesquisa passou até a constituição desse laboratório. Fonte: Embrapa Curadoria: Boi a Pasto
Sob seca, gado na Amazônia não engorda e pecuarista antecipa venda para abate
Pesquisa mostra que crise climática afeta oferta e qualidade da produção Pecuaristas da Amazônia estão mudando estratégias na produção de gado em resposta às mudanças climáticas. Criadores antecipam a venda dos animais para confinamento ou abate por não conseguirem engordar rebanhos nas pastagens escassas pelas secas severas. A oferta e a qualidade da produção podem ser afetadas, diz estudo. O rebanho bovino brasileiro atingiu recorde histórico de 224,6 milhões de animais em 2021, espalhados em mais de 2,5 milhões de estabelecimentos agropecuários. Cerca de 40% do rebanho está na Amazônia Legal, segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Sustentar o gado nos pastos da Amazônia sempre foi um desafio durante a estação seca. Os animais engordam na estação chuvosa e perdem peso drasticamente na estação seca, trazendo prejuízos aos pecuaristas. Esse “efeito sanfona” produz oscilações na oferta e torna a carne menos macia, diz a autora do estudo, Marin Skidmore, da Universidade Illinois (EUA). O efeito ficou mais dramático –e custoso– aos produtores à medida que as secas aumentam na região, expondo os animais à fome, sede e calor. Skidmore analisou quase quatro milhões de transações comerciais de gado operadas em 172 mil fazendas de Rondônia e comparou com variações climáticas de dez anos. Dados são do Guia de Transporte Animal e satélites do Climate Hazards Center (EUA). Ela também entrevistou dezenas de pecuaristas da região. Skidmore constatou que os pecuaristas estão terceirizando a engorda dos animais nas secas, vendendo-os para propriedades capazes de confinar ou manter o gado em pastagens recuperadas. Quando as temperaturas elevam-se muito, eles vendem direto para o abate. São medidas para evitar perdas financeiras com o gado magro e custos elevados do confinamento, como ração, insumos e estrutura tecnológica. Esse cenário levou a uma maior dependência de poucas fazendas equipadas para resistir às secas e uma maior especialização das fazendas em cuidar de distintas fases dos bovinos (parto, criação e engorda final). Os pecuaristas antevêem a severidade das secas observando irregularidades das chuvas da transição entre a estação chuvosa e seca, o que corresponde às observações científicas, segundo o estudo. Eduardo Assad, climatologista da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), avalia que os pecuaristas apenas “adiam o problema”, pois os modelos climáticos apontam aumento das secas na região. Os impactos econômicos podem ser “irreversíveis” a longo prazo, se não houver mudanças, adverte. Por serem atividades muito rentáveis a curto prazo, parte dos grandes agropecuaristas não se preocupa com os possíveis danos e perdas climáticas no futuro. “Alguma hora, eles vão perder muito dinheiro”, avalia Assad. Outra saída adotada tem sido expandir a área de produção para compensar as perdas, diz Carlos Nobre, climatologista da USP (Universidade de São Paulo). Skidmore mostrou ainda que a oferta de gado tornou-se mais instável, decaindo após dois anos da seca extrema, embora aumentasse inicialmente com aumento das vendas para o abate. No início da seca severa de 2016, provocada pelo El Niño, pecuaristas de Rondônia venderam 1.5 milhão de animais para engorda em contraste com 1 milhão vendidos no ano anterior. Cerca de 20% foram vendidos a mais para abate. O evento impactou a oferta de bovinos em Rondônia até 2019, diz Skidmore. Ela diz que “se o Brasil continuar passando por secas extremas, poderemos ter efeitos no preço mundial da carne”. O país é o maior exportador mundial de bovinos (25% entre os principais comerciantes) e possui o segundo maior rebanho do mundo (16% do mercado), segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Cerca de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro vem da agropecuária e as secas trazem prejuízos palpáveis a atividades de ponta do setor. A safra de soja de 2021/2022 amargurou prejuízos de cerca de R$ 90 bilhões em apenas três estados, segundo a Embrapa Soja (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Os confinamentos de gado ganharam relevância nesse cenário, aumentaram 442% no país entre 1990 e 2017. Cerca de 10% do rebanho vive confinado e deve crescer 5% em 2022. Na Amazônia, a prática expande-se rapidamente devido à escassez de terras e maior demanda de carne no país. Embora mais produtivos e associados a menor desmatamento, poluem mais e proporcionam menor bem-estar animal, segundo pesquisa da USP. O boitel (“hotel” para bovinos) é outra alternativa de confinamento em ascensão, em que o produtor aluga o serviço de engorda dos animais antes de vendê-los aos frigoríficos. Climatologistas ouvidos pela Folha afirmam que grandes alterações climáticas estão em curso na Amazônia nas últimas décadas. Especialmente na porção sul, área com mais de dois milhões de km², que vai do Atlântico à Amazônia boliviana. Carlos Nobre diz que a estação seca aumentou em até cinco semanas nessa região desde 1979. Temperaturas estão mais elevadas (2 a 3ºC maior) e chuvas reduziram em até 30% na estação seca. “É uma situação muito preocupante”, diz. São fenômenos causados por mudanças climáticas globais combinadas ao desmatamento, que hoje atinge mais 40% do sul da Amazônia, onde se concentra a pecuária no bioma. O El Niño está mais agressivo desde a década de 1970 pelas mudanças climáticas e provocará mais eventos climáticos extremos, segundo projeções científicas. O desmatamento altera drasticamente o ciclo da água na Amazônia. Durante a estação seca, a floresta garante as chuvas ao acessar as águas acumuladas na estação chuvosa, com suas raízes profundas, devolvendo umidade à atmosfera. “Essa característica desaparece quando se tem grandes áreas de pastagens”, pois as gramíneas têm raízes menores que um metro, diz Carlos Nobre. O desmatamento provoca os veranicos no sul da Amazônia (dias de seca dentro da estação chuvosa), mostrou pesquisa, e reduz a produtividade da soja, segundo pesquisa mineira. “Isso [ocorrência dos veranicos] é um desastre para a produção agrícola do país”, alerta Eduardo Assad. Philip Fearnside, cientista do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), complementa que “o grande trunfo do Brasil é conseguir duas safras de soja ao ano, e isso está ameaçado com aumento das secas”. As secas também tornam a floresta vulnerável aos incêndios e leva “algumas árvores morrerem de sede dentro da floresta”, lamenta. A pecuária é hoje o principal vetor do desmatamento na Amazônia, substituindo cerca de 76% das áreas desmatadas, seguida pelas culturas agrícolas (13%), diz Carlos Nobre. Skidmore mostrou
Qualidade do leite depende da saúde animal e higiene no processo da ordenha
Nutricionista animal dá dicas que ajuda a evitar a produção de leite ácido na hora da ordenha. Para quem acha que para ser produtor de leite basta acordar cedo e ir ao campo, está enganado. No Brasil, existe uma busca constante por uma produção eficiente e de qualidade – ausência de acidez do leite, por exemplo – que vem colocando o país entre os principais produtores do mundo. E para se chegar a essa colocação, neste ranking tão disputado, uma série de procedimentos e práticas vem se tornando cada vez mais frequentes nos campos. De acordo com o nutricionista da Quimtia Brasil, Stephen Janzen, empresa fabricante de insumos para a nutrição animal, a obtenção de leite de qualidade está relacionada tanto à saúde do úbere das vacas (avaliada pelo índice de CCS – Contagem de Células Somáticas), à higiene dos equipamentos de ordenha e no tempo de resfriamento do leite (que deve ser mantido na temperatura de 4ºC). Esses são monitorados pelo índice de CBT – Contagem Bacteriana Total. “De fato, quanto mais dermos a devida importância na manutenção da saúde do sistema mamário, higiene dos equipamentos e eficiência na manutenção da temperatura do leite, menor será ocorrência de leite ácido”, afirma Stephen. O leite ácido é considerado, um dos principais vilões de produtores neste segmento. A legislação que regula o trabalho considera como leite ácido aquele que apresenta acidez acima de 18º Dornic (escala de graus utilizada para medir acidez do leite), o que pode ser proveniente da acidificação do produto por microrganismos presentes e em multiplicação no próprio produto e que fazem o desdobramento da lactose. Confira abaixo alguns dos fatores que podem influenciar na qualidade do leite: 1. Controle (e registro) da incidência de mastite clínica e subclínica, com a utilização dos métodos de diagnóstico: caneca de fundo escuro, CMT (California Mastit Test) e CCS (Contagem de Células Somáticas). 2. Desprezar os primeiros jatos de leite em uma caneca de fundo escuro, a fim de remover os microrganismos naturalmente presentes na extremidade do teto, provenientes de resíduos da ordenha anterior e para, ao mesmo tempo, avaliar-se a ocorrência de mastite; 3. Colocar as teteiras somente em tetos higienizados e secos. Quando houver necessidade, deve-se utilizar água com pouca pressão e a secagem deve ser realizada com toalhas de papel descartáveis. 4. Controlar a ordenha e retirar o conjunto tão logo cesse o fluxo de leite. A retirada das teteiras deve ser feita com bastante cuidado e sempre se desligando o fluxo de vácuo deste conjunto; 5. Lançar mão do uso de pré e pós-dipping, utilizando-se produtos de eficácia e qualidade reconhecidas. 6. Atenção especial para higiene do funcionário e dos equipamentos de ordenha. 7. Após a ordenha, no menor tempo possível deve-se ter o leite resfriado a 4ºC para que, desta forma, evite-se a multiplicação de microrganismos que possam provocar a acidificação do leite. Fonte: Quimtia / Comunicare
Embrapa usa fungo em pastagem para controlar carrapato
De acordo com a entidade, técnica reduz necessidade de uso de acaricidas químicos sobre os animais, reduzindo impactos indesejados Uma abordagem inédita obteve sucesso no controle do carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus), importante parasita de bovinos de corte e de leite. Em vez de somente aplicar produtos sobre os animais, cientistas testaram formulações granulares secas com o fungo Metarhizium robertsii que também podem ser aplicadas sobre as pastagens. A abordagem inovadora foi feita por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) , da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e da empresa norte-americana Jaronski Mycological Consulting. Os experimentos foram bem-sucedidos no controle do aracnídeo, uma vez que 95% da população de carrapatos em um sistema de produção encontra-se no pasto e não nos animais. As fêmeas botam seus ovos no solo, dos quais eclodem as larvas que evoluem à idade adulta, quando finalmente saltam a fim parasitar os animais. É a primeira vez que essa estratégia é utilizada. Conforme destaca Éverton Kort Kamp Fernandes, pesquisador da UFG, o controle biológico por fungos enteropatogênicos é muito explorado na agricultura para o controle de artrópodes-praga e a estratégia do estudo foi aproveitar a ampla literatura e aplicar a técnica no controle do carrapato. Ele lembra que o agente de biocontrole não é uma toxina ou proteína capaz de causar a morte imediata do carrapato, mas um fungo, utilizado vivo para causar uma infecção letal no inseto. “Isso cria um desafio para a aplicação, uma vez que o manejo de controle deve ser planejado de duas formas distintas e complementares: a aplicação do fungo diretamente no animal infestado ou na pastagem, ou em ambos, para o efetivo controle de todo o ciclo de vida do carrapato”, explica. As aplicações reduziram significativamente o número de larvas de carrapatos sobre a pastagem durante estação mais úmida, atingindo pelo menos 64,8% de eficácia relativa, porcentagem expressiva e promissora levando em consideração o emprego de um inimigo natural. “A utilização dessas formulações, combinada a outras estratégias de controle, ajudará o produtor a obter animais menos infestados e a diminuir a pressão de resistência do carrapato aos acaricidas químicos, viabilizando a produção de leite e carne de qualidade com animais mais saudáveis e livres de infestações descontroladas”, comenta Alan Marciano, da UFRRJ. De acordo com os experimentos, a aplicação direcionada à pastagem atinge mais efetivamente a população de carrapatos do que as realizadas em bovinos infestados, além de prevenir ou minimizar os níveis iniciais de infestação no gado. O estudo também detectou persistência do fungo no solo e a colonização fúngica das raízes das gramíneas cultivadas nas pastagens. Isso garante resultados prolongados com redução da necessidade de novas aplicações. Os pesquisadores preveem que o fungo possa ser incorporado na manutenção e formação de pastagens, algo que dependerá de futuros estudos. Desenvolvimento de forrageira As formulações granulares de agentes microbianos estão ganhando atenção especial como tecnologia de baixo custo para uso como biopesticidas ou bioinoculantes na agricultura. Visando atingir as pragas de artrópodes que vivem no solo, pequenos grânulos levam propágulos de fungos a locais ocupados pelas pragas-alvo. Por se tratar de uma nova formulação, nunca testada em condições naturais, foi necessário que os cientistas investigassem a persistência do fungo no solo e a colonização das raízes da forrageira Urochloa decumbens. Sabe-se que esse fungo, além de controlar pragas, pode também ser um forte aliado no desenvolvimento da planta, e essa variedade é bastante utilizada para alimentar o “gado a pasto” no Brasil. O experimento ao ar livre revelou que, apesar do controle do carrapato e do envolvimento com a planta forrageira, houve um declínio significativo na persistência do fungo no solo ao longo do tempo. Esse fenômeno é esperado e influenciado por fatores intrínsecos ao microrganismo, edáficos, bióticos, culturais e climáticos. “Variáveis climáticas desafiadoras ao microrganismo foram registradas durante o experimento, e observamos que as duas estações em que ocorreram as aplicações divergiram em termos de persistência e eficácia do fungo contra o carrapato. Essa informação é valiosa para futuros protocolos de aplicação”, relata Alan Marciano. O cientista explica que altas temperaturas combinadas com alta incidência de chuva marcaram o período após a primeira aplicação, na qual foi registrada a melhor eficácia de controle do carrapato. Isso evidenciou que o período chuvoso foi benéfico ao fungo, pois propiciou uma umidade do solo adequada ao seu desenvolvimento, mesmo sob alta radiação solar. Contudo, durante a segunda aplicação, com temperaturas mais amenas e com menores precipitações, a eficácia relativa do controle de carrapatos foi menor, apesar de a persistência fúngica ter sido menos afetada durante os sete dias iniciais após a aplicação. Os pesquisadores explicam que a falta de chuva e o solo mais seco impediram a germinação de propágulos, esporulação e, consequentemente, afetaram o desempenho do fungo em se disseminar e causar a morte dos estágios não parasitários do carrapato (fêmeas em período de postura, ovos e larvas recém-eclodidas). A equipe de pesquisa já trabalha em melhorias da formulação para mitigar os efeitos deletérios identificados no estudo. Os pesquisadores acreditam que o trabalho é capaz de gerar um futuro produto no mercado, útil tanto para a pecuária quanto para a agricultura. O analista da Embrapa Gabriel Mascarin enfatiza a necessidade de novos estudos visando a persistência prolongada do fungo após a aplicação, em uma gama de condições além da situação brasileira, para otimizar as concentrações de grânulos aplicadas ao solo com o objetivo de incrementar as atuais taxas de eficácia no controle de carrapatos. Por: Canal Rural com curadoria Boi a Pasto.
Arroz negro: superalimento que ajuda a combater o colesterol
Considerado um superalimento, já que tem 30% de fibras a mais quando comparado ao arroz branco, nutricionista destaca as propriedades nutritivas do arroz negro O arroz preto ou arroz negro, como é popularmente conhecido, é um grão milenar, originário da China e há tempos consumido por lá. Entretanto, a partir de estudos mais recentes que evidenciaram suas vastas propriedades, tanto em termos de sabor quanto nutricionais, o arroz negro passou a ser inserido no cardápio de pratos sofisticados de grandes restaurantes, assim como indicado por nutricionistas, para reforçar o consumo de vitaminas e minerais na rotina alimentar do dia a dia. Quanto a sua composição nutricional, o arroz preto é considerado um superalimento, pois apresenta 30% de fibras a mais quando comparado ao arroz branco. Além disso, é rico em vitaminas A, B1, B2, B6, B12, cálcio, magnésio, zinco, ferro e possui 20% a mais de proteínas que o arroz comum.De acordo com a nutricionista Aline Maldonado Franzini Alcântara, é muito importante o consumo do arroz negro em uma dieta balanceada, capaz de regular diversas funções do organismo. “O arroz negro ajuda no bom funcionamento do intestino, reduz o colesterol, controla a glicemia, previne doenças degenerativas, cardiovasculares e até mesmo o câncer. Como ele é rico em antocianina, a substância que dá a coloração ao grão, tem grande potencial para proteger o corpo dos radicais livres”, comenta a nutricionista. Contribui com o emagrecimento ao aumentar a saciedade E a lista de benefícios não para por aí. Ainda de acordo com a nutricionista, o consumo do arroz preto ajuda no emagrecimento. “Isso se deve ao fato da saciedade, por conta da grande quantidade de fibras, o que faz com que a pessoa se satisfaça com uma menor quantidade do grão, além de ser um pouco menos calórico que o arroz branco. Para quem segue uma dieta vegana ou vegetariana ele pode ser um ótimo aliado, pois apresenta teores de ferro e magnésio elevados, o que previne a anemia e aumenta a absorção de cálcio pelos ossos”, explica Aline Maldonado Franzini Alcântara. Segundo o chef de cozinha Danilo Kapor, a textura firme e o sabor amendoado do arroz preto permite criar pratos ricos e marcantes. “Ele é perfeito para acompanhar, principalmente, peixes e frutos do mar, como tilápia, salmão, lulas e camarões, mas harmoniza perfeitamente também com um frango ao curry ou um mix de cogumelos como shitake e shimeji. É possível preparar um risoto inesquecível com o arroz negro, mas como todo grão integral, seu cozimento leva um pouco mais de tempo, em média, de 50 minutos a uma hora. Precisa levar isso em conta para o preparo, pois ele estará pronto quando atingir o ponto al dente”, destaca o chef. Sugestão de receita: arroz preto com camarão Ingredientes: Modo de fazer: Tempere os camarões limpos com sal e pimenta-do-reino. Reserve. Leve o arroz ao fogo e cubra com água. Deixe ferver por 40 minutos ou até que esteja macio. Escorra se necessário. Em outra panela, refogue as azeitonas em um fio de azeite e acrescente o arroz cozido. Deixe fritar um pouquinho e acrescente o creme de leite. Acerte o sal. Em uma frigideira, derreta a manteiga com um fio de azeite. Assim que esquentar, acrescente o alho, a salsinha e os camarões até dourar. Sirva o arroz com os camarões por cima. Fonte: Estado de Minas Curadoria: Boi a Pasto
Lentilhas: um potencial superalimento e descontaminante de águas?
A escassez de alimentos pode se tornar uma realidade, mesmo em países desenvolvidos. Assim, a descoberta de novas características de um determinado alimento pode o levar a um outro nível: o de superalimento. Saiba aqui que alimento é este! A lentilha é uma leguminosa muito apreciada a nível mundial, mas de uso mais expressivo na Ásia. Nos últimos anos, a mudança nos padrões de alimentação em nível europeu, como a substituição do consumo de carne e peixe por leguminosas como lentilhas, feijão e ervilhas, fez com que a lentilha ganhasse mais expressão nas dietas vegetariana, vegana e sem glúten. (…) a forma como olhamos para este tipo de leguminosa pode estar mudando (…) Estudos mais recentes comprovam que a lentilha, além de ser rica em nutrientes, é também composta por terras raras, um grupo de 17 elementos químicos que, quando minerados, transformam-se em metais maleáveis com várias aplicações no campo de tecnologia (catalisadores, televisores e computadores). Certas plantas e fungos presentes no planeta Terra são conhecidos por acumularem alguns micronutrientes (ou oligoelementos), num processo chamado de “hiperacumulação”. A lentilha é uma destas plantas, que apresenta um mecanismo de absorção muito eficaz. Esta informação leva a crer que a lentilha terá, no futuro, pelo menos duas aplicações de extrema importância. Que lentilha queremos no futuro? Tendo em mente a forma como a lentilha absorve certos micronutrientes e as terras raras, passando a usá-las como filtros, ela poderá ter um papel importante na filtragem de águas provenientes de explorações minerais. A concentração das terras raras presentes permite “tratar” as águas contaminadas provenientes de algumas explorações minerais, e assim entrar novamente no ciclo da água. Além disso, os estudos apontam para a impossibilidade dos tradicionais agentes poluentes das águas entrarem na cadeia alimentar, já que o refinado sistema de absorção das lentilhas descarta os principais micro poluentes que afetam as águas subterrâneas, dos rios e da rede de abastecimento público. Outra aplicação futura da lentilha será para a nutrição, tanto do ponto de vista animal como humano. Do ponto de vista da alimentação humana, ela já é considerada um superalimento, pois contém cerca de 7 vezes mais proteína do que a soja, além de ser extremamente rica em ômega-3. E ela tem ainda uma grande vantagem em relação a outras plantas: como é uma planta aquática, não ocupa terrenos agrícolas, que cada vez estão mais valiosos. Assim, a forma como olhamos para este tipo de leguminosa pode estar mudando, com um papel cada vez mais relevante na nossa alimentação diária. Fonte: Revista Tempo Curadoria: Boi a Pasto
Feijão, por Ibrafe: Início de semana com negócios e mobilizações
população consome diariamente ao redor de 280 carretas de Feijões. Por essa razão, são raríssimos mesmo os dias que não há negócios reportados para o PNF – Preço Nacional do Feijão. Ontem foram reportados alguns negócios que apontam para referência, base São Paulo, entre R$ 310/320. O Feijão-preto teve negócios reportados na fronteira por R$ 260/270. Mas na verdade não dá para deixar de lado o momento que estamos vivendo. Onde quer que você pergunte, o Brasil está com a respiração suspensa. Enquanto a grande mídia ignora as manifestações, outros identificam os mobilizados como golpistas. Esta atitude, ao invés de acalmar a população, está surtindo o efeito contrário. Um produtor do Mato Grosso dizia ontem que se tudo o que está sendo feito não tem sido suficiente para sensibilizar as autoridades, então está na hora de fazer sentir de forma mais severa a posição do povo. Assim como na época da pandemia, agora observo que há uma onda de solidariedade com quem está lá mobilizado, seja onde for. Porém, por outro lado, negócios imobiliários, renovações de arrendamento, compra de máquinas, caminhões e automóveis estão praticamente parados. Os contatos que normalmente são para troca de informações ou efetivamente para realizar negócios se tornam oportunidades de prospectar se há alguma informação sobre os desdobramentos da crise. Fonte: Notícias Agrícolas Curadoria: Boi a Pasto
Zoneamento agrícola para cultivo de cevada e aveia é publicado
Diretrizes têm o objetivo de auxiliar o produtor a identificar a melhor época para plantar e evitar perdas oram publicadas na semana passada as portarias do Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) para o cultivo da cevada e da aveia em sistema de produção sequeiro e irrigado. As orientações têm o objetivo de reduzir os riscos relacionados aos problemas climáticos, além de permitir que o produtor identifique a melhor época para plantar de acordo com a região do país, cultura, diferentes tipos de solos, água disponível, demanda hídrica das cultivares e elementos geográficos. A produção de cevada é influenciada por diversos fatores, como o clima, as características genéticas da cultura e as práticas de manejo de cultivos adotadas com finalidade cervejeira. Já a aveia é uma planta de clima temperado, que pode ser cultivada em diferentes condições climáticas e para diversos fins, como a produção de grãos para alimentação humana e animal, forragem e cobertura do solo. Benefícios do Zarc Os agricultores que seguem as recomendações do Zarc estão menos sujeitos aos riscos climáticos e ainda poderão ser beneficiados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Muitos agentes financeiros só liberam o crédito rural para cultivos em áreas zoneadas. Com as informações do Mapa Foto de capa: Embrapa Curadoria: Boi a Pasto
Plantação de arroz para safra 2022/23 próxima de ser concluída no Sul
O plantio se estende até o final de novembro. As sementes do arroz ainda estão em estágio de desenvolvimento No Sul de Santa Catarina, os agricultores semeiam arroz para a safra de 2022/223. As plantações começaram no fim de agosto e até meados de janeiro, deverão ser feitas as colheitas. Na Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec) e na Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc), quase 100% das áreas foram plantadas. O plantio se estende até o final de novembro. As sementes do arroz ainda estão em estágio de desenvolvimento, portanto, a temperatura não interfere no resultado final. Segundo Fernando Lock Silveira, engenheiro Agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a única interferência nessa etapa, caso faça frio, é uma demora maior para a planta crescer. “O frio demora um pouco mais para o processo, mas não afeta. De modo geral, está tudo indo bem desde o início da safra, o regime de água, por exemplo, tá indo bem, algo que no ano passado atrapalhou pela falta em setembro. Praticamente todos os agricultores já plantaram”, explica Silveira. No Sul, os municípios que mais ganham destaque na safra do arroz são Turvo, Meleiro, Jacinto Machado, Ermo, Sombrio, Praia Brava, Forquilhinha, Nova Veneza e Araranguá. A Amrec possui 58.848 hectares (ha) de área plantada, e cerca de 8.712 quilos de produtividade foram registrados no último ano. Na Amesc, são 21.828 há de área e em 2021, o registro foi de 8.784 quilos. Araranguá foi ainda, safra 2021/22, a principal região produtora de arroz em Santa Catarina, com um total de 503.134 toneladas. Também é a região com maior área de plantio. Fonte: T N Sul Curadoria: Boi a Pasto