julho 27, 2024

Brasil alcança patamares de excelência em nutrição e saúde animal

Pesquisador revela a evolução produtiva da cadeia “Toda vez que você nutre melhor o animal e faz isso de uma maneira mais uniforme, com matérias-primas de alta propriedade, tem uma ação melhor em resposta frente aos agentes patogênicos, seja de maneira direta, no animal, ou indireta, na mesa do consumidor”. Assim afirma o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária de Suínos e Aves (Embrapa Suínos e Aves, Concórida/SC), Everton Krabbe, confirmando a importância entre os dois elos para a qualidade e quantidade de proteína animal tida hoje no Brasil. A discussão vem em dia certo: 31 de março. O Dia da Saúde e Nutrição, estabelecido no calendário do Ministério da Saúde, chama a atenção para o desenvolvimento humano. Na outra ponta da cadeia, a preocupação é a mesma. Como o chavão orienta: “não somos o que comemos, somos o que os animais comem”, centros de estudos, empresas privadas e associações dão continuidade ao progresso de anos que a nutrição e a sanidade exercem nos animais de produção. Programas de manejo, aperfeiçoamento genético, melhoria nos sistema de equipamentos, amplo conceito de biosseguridade, disseminação de informações, em conjunto, foram somadas às melhorias em meio aos marcos significativos na alimentação e no cuidado. “O uso de enzimas, por exemplo, foi um divisor de águas. Sua aplicação surgiu como opção para redução de custo, o que depois veio a agregar ao animal até na saúde, em questão de contaminação de carcaças”, diz Krabbe. O doutor em nutrição animal também adiciona o uso de ingredientes mais biodisponíveis, minerais orgânicos e quelatados com melhor absorção e controle de matéria-prima, frente às micotoxinas. Segundo Everton Krabbe, a produção brasileira passa para um a nova realidade na área da saúde e nutrição, com elevados padrões de qualidade Essas temáticas viraram máximas depois da intervenção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF), conforme acredita o pesquisador: “Muitos produtores acharam isso um revés, no entanto, o ministério contribuiu fortemente em controle de processos, o que permitiu hoje uma minimização de riscos significativa no produto final”. As atribuições ele delega às Boas Práticas de Fabricação, conhecidas BPF, uma vez que a definição das normas para fabricação e comercialização, registro e fiscalização dos produtos destinados à alimentação animal é realizada pela Coordenação de Produtos de Alimentação Animal (CPAA), do Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). Os estabelecimentos devem cumprir o que determina a Instrução Normativa nº 04/2007, no que se refere às BPF e condições higiênico-sanitárias das fábricas. “Determinados processos foram adotados no Brasil essencialmente porque foi uma ação dos importadores, caso contrário, estaríamos atrasados em duas décadas”, acredita Everton Krabbe Com parte da lição de casa feita, o mundo também contribuiu para alcançarmos níveis nutricionais e sanitários de excelência. Como potencial exportador, que hoje alcança com seus produtos mais de 150 países, o Brasil recebeu as missões. Uma visão externa de diversos ângulos produtivos que puderam trazer, de fora para dentro, crescimento e investimentos locais no setor. “Não tenho dúvida de que quem define o que quer comer é o cliente. Foi exatamente isso que aconteceu com o Brasil. Ao mesmo tempo que exportamos para países que necessitam de alimento, embarcamos também para mercados rigorosos, que exigem mercadoria de qualidade. Esse fato é bom para todos: para os que compram, o que eleva os níveis como um todo, independente do destino, e para o mercado interno, que passa a consumir alimentos embasados no mesmo processo de qualidade”, analisa Everton. Para cumprir o check list, a rastreabilidade foi outro nome forte que apareceu no dicionário da indústria produtora. De acordo com o MAPA, ela representa a possibilidade de o consumidor conhecer “a vida pregressa” dos produtos e identificar os possíveis perigos à saúde coletiva a que foram expostos durante a sua produção e distribuição. Esses registros permitem identificar até mesmo a origem das matérias-primas e insumos utilizados na produção. É com esse conceito que corrobora o pesquisador: “validação da qualidade”. Os requisitos básicos à rastreabilidade, como documentação e registros, estão previstos no item 7.7 do Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos. Com tópicos como esses, na história da saúde e nutrição dos animais, foi que o Brasil tornou-se sinônimo de competividade. “Se não formos os melhores, estamos próximos do primeiro colocado. Se formos líderes do ranking, o segundo colocado está colado em nós”, simplifica Krabbe. O que o futuro nos reserva. “Os próximos desafios nutricionais são relativos, pautados em cima de custo. Nesse momento é disponibilidade limitada de milho, por exemplo, que é a plataforma de produção na América. Mas há outros temas mais aprofundados. Um deles é o contínuo aproveitamento de nutrientes presentes nas dietas, e devemos conseguir isso por meio de biotecnologia, processamento de alimentos e equipamentos rápidos de análise para antever a variabilidade das matérias-primas”, comenta adicionando, sobre o último elemento, o tempo de perda. Se não identificada esse variabilidade é possível perder em aproveitamento do material ou em potencial de crescimento dos animais, caso ele não corresponda às expectativas. “Por isso a chamada nutrição de precisão. Esse é o desafio”, pondera. A sanidade, por outro lado, é bem mais incerta. Os impasses podem acontecer hoje, amanhã, semana que vem ou nem acontecer. “Nunca teremos tranquilidade. O problema pode surgir a qualquer momento”, reforça Krabbe, com isso, a necessidade de estar na vanguarda do problema. “O Brasil tem que reconhecer seu papel de protagonista no mercado internacional de carne. Não pode ver tendências e agir de forma reativa, temos que atuar antevendo os desafios”, conclui. Fonte: feed&food online / Luma Bonvino, da redação

Estudo sugere criar programa para controlar tuberculose bovina entre animais silvestres

O Brasil não possui uma legislação específica para o controle da doença, à qual os animais silvestres são suscetíveis A partir de uma pesquisa realizada no parque temático Pampas Safari, que funcionou no município de Gravataí, no Rio Grande do Sul, até 2017, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) compreenderam a extensão do surto de tuberculose bovina em animais silvestres, como cervos. Os resultados servem como um alerta para a necessidade de um programa de controle da doença entre esses animais, seja na natureza, em zoológicos ou parques. Desenvolvida com o apoio da Fapesp e a colaboração de equipes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul e da Faculdade de Medicina Veterinária da USP (FMVZ-USP), o resultado da pesquisa mostra que a doença foi provavelmente transmitida através dos bois para ao menos 16 espécies diferentes de animais, em sua maioria da espécie cervídeos. Foram encontradas três variantes genéticas da bactéria causadora da doença, a Mycobacterium bovis. Os resultados foram publicados na revista Transboundary and Emerging Diseases. Segundo os autores, trata-se do primeiro estudo que mostra a prevalência da doença em um ambiente que não é totalmente fechado, como um zoológico. Daiane Lima, pesquisadora do Grupo de Pesquisa Animal da Embrapa e primeira autora do estudo, afirma que “esses números, tanto de variantes como de espécies de animais infectados, provavelmente são maiores, pois não há um teste de diagnóstico específico para a tuberculose bovina em animais silvestres”. Flábio Ribeiro de Araújo, também da Embrapa, acrescenta que “o problema certamente foi muito maior do que o relatado. Nós só pegamos um fragmento do que aconteceu lá, com testes em animais mortos”. ZoonoseA tuberculose bovina é uma enfermidade infectocontagiosa que acomete animais domésticos, silvestres e também humanos. A transmissão para o homem se dá principalmente pela ingestão (leite cru não pasteurizado, na maioria das vezes) ou inalação de aerossóis por meio do contato com animais doentes. Não existe tratamento nem vacinas para os animais, somente medidas de prevenção e contenção do espalhamento de focos, que envolvem o abate após o diagnóstico. De caráter crônico, a doença causa prejuízos econômicos para a pecuária de corte e de leite, além de barreiras sanitárias. “Mundialmente, a notificação de tuberculose bovina à Organização Mundial da Saúde Animal é obrigatória. Mas, no Brasil, os casos em animais silvestres não precisam ser reportados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Queremos que esse trabalho ajude a corrigir esse vácuo legal, tendo em vista que o Programa Nacional de Controle da Tuberculose Bovina do ministério não leva em conta os animais silvestres”, afirma Ana Márcia de Sá Guimarães, coordenadora do Laboratório de Pesquisa Aplicada a Micobactérias do ICB-USP, onde foi feito parte dos testes. Diagnóstico e sequenciamentoOs cientistas analisaram amostras de animais sacrificados, coletadas entre os anos de 2003 e 2018. Além de amostras de lhamas que vieram a óbito, foram também incluídas amostras oriundas do diagnóstico de cervídeos realizado pela equipe veterinária do SEAPDR, seguindo orientações de pesquisadores, e o protocolo diagnóstico do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que também cuidou das eutanásias dos animais diagnosticados clinicamente. Com o decorrer dos anos, as amostras desses animais foram enviadas à Embrapa e à FMVZ-USP, que ficaram responsáveis por realizar o diagnóstico por meio de cultivo bacteriano. As amostras positivas foram submetidas ao sequenciamento genômico. Sendo possível entender se existia transmissão entre os animais e se houve múltiplas introduções da bactéria ao longo do tempo. No ICB-USP as amostras passaram por análises de bioinformática, onde foram captados todos os DNAs e comparados para avaliar se houve mutações da bactéria. “Tentamos ver quais genomas seriam mais próximos entre si e quais estariam mais distantes e que poderiam ser de origens diferentes”, explica Cristina Zimpel, aluna de doutorado. “Com o estudo, conseguimos mostrar, pelas três variantes encontradas, que houve ao menos três introduções diferentes da doença no parque no período”, acrescenta. Tudo indica que o surto no Pampas Safari se deu em função de dois fatores: alimentação inadequada dos animais, que compromete sua imunidade e habilidade de lutar contra o patógeno; superlotação de indivíduos de espécies diferentes em um espaço pequeno. “Os cervídeos que se infectaram foram sacrificados. Mas como o Pampas Safari é um local privado e a fazenda onde ele ficava situado ainda existe, não dá para dizer que o surto terminou”, diz Ana Márcia de Sá Guimarães. Os pesquisadores estimam que a doença pode ter se espalhado para outros Estados, pois no parque havia uma atividade intensa de venda de animais vivos para outras fazendas. Rastreamento de casosA busca por novas parcerias para analisar outros casos de transmissão de tuberculose bovina em animais silvestres. “Queremos conversar com pessoas responsáveis por zoológicos em diferentes regiões do país para ver se elas já presenciaram casos da doença e o que foi feito. E então analisá-los a fim de ter a real noção de sua prevalência no Brasil”, afirma Guimarães. Paralelamente, o grupo seguirá fazendo estudos sobre transmissão e diagnóstico da tuberculose nos bovinos e bubalinos. Na avaliação dos pesquisadores, é imprescindível um programa de controle da doença voltado aos animais silvestres, com notificação obrigatória dos casos e estabelecimento de critérios claros de diagnóstico. Sem essas medidas, o risco de disseminação da doença no Brasil, por meio dos animais silvestres, tende a aumentar. Fonte: Canal Rural Curadoria: Boi a Pasto

A suplementação para bovinos é essencial no período seco

Entre o período de abril e setembro, os países localizados no trópico sul têm sua produção de forragens afetada pela estacionalidade, o que torna praticamente impossível conciliar a produção de forragem de alta qualidade, durante o ano todo, com a demanda de nutrientes que os animais precisam. José Leonardo*  Este fato gera a necessidade de suplementação mineral, proteica e energética dos bovinos, na época seca, momento em que o objetivo dos pecuaristas deve ser o incremento do ganho de peso dos animais.  Na tentativa de garantir a oferta de forragem aos animais neste período, muitos produtores vedam piquetes precocemente, o que resulta em aumento do intervalo entre cortes do capim. Este ato ocasiona alterações significativas na estrutura e composição do capim, que será pastejado pelo animal. A maior altura do dossel forrageiro será representada por incremento de haste, que apresenta valor nutricional bem inferior às folhas.  No momento do pastejo, se o dossel forrageiro estiver muito alto, o animal gastará mais tempo para realizar um bocado, o que pode acarretar menor ingestão ao longo do dia. Em adição, a forragem consumida apresentará menores teores de minerais, proteína bruta e energia, porém maior teor de fibra.  É comum desempenho insatisfatório no período seco, quando bovinos não são suplementados com fontes proteicas, energéticas e mineral adequadas. Ao suplementar os animais com nutrientes limitantes na forragem, nesta época, haverá incremento no consumo de forragem e maior digestibilidade do alimento ingerido. A adoção desta prática elimina o chamado “boi sanfona”, animal que perde peso no período seco do ano, fato que compromete a eficiência econômica e produtiva de qualquer propriedade.  Ao oferecer aos bovinos o suplemento mineral adequado, a deficiência nutricional será corrigida, proporcionando ganho de peso ao animal.  Para manutenção do peso vivo dos animais, no período seco, é necessário o fornecimento de um suplemento mineral ureado, o qual apresenta somente a ureia como fonte de nitrogênio. No entanto, o fornecimento de um suplemento mineral proteico, com pelo menos 30% de Proteína Bruta, que propicie o consumo de 100g de proteinado / 100 kg de peso vivo, resultará em um ganho de peso que vai variar de 150 a 250 g/animal/dia. Já o fornecimento de um suplemento mineral proteico/energético, com pelo menos 30% de Proteína Bruta, que proporcione o consumo de 200g / 100 kg de Peso Vivo, terá em um ganho de peso com variação de 300 a 500 g/animal/dia. O ponto fundamental, independente do suplemento, é a presença de oferta de forragem suficiente.  Os suplementos minerais proteicos ou proteico / energéticos devem ter em sua composição proteína verdadeira, proveniente principalmente do farelo de soja, bem como fonte de nitrogênio não proteico (ureia). A quantidade de proteína verdadeira e ureia dependerá do teor de proteína bruta do proteinado e do valor nutricional da forragem ofertada.  Um bom suplemento proteico e/ou proteico/energético apresenta teores de sódio, farelos vegetais e ureia adequados para regular o consumo de tais suplementos. Não há necessidade de abastecer os cochos diariamente. No entanto, a cada três dias é fundamental que os cochos disponham de tais suplementos e sejam monitorados. Apesar de serem disponibilizados no período seco, os cochos devem ser cobertos, pois chuvas ocasionais podem ocorrer. Além disto, devem apresentar orifícios que permitam o escoamento de água, visto que estes suplementos apresentam ureia em sua composição.  *José Leonardo é zootecnista e gerente de Produtos Ruminantes Fonte: LN

Bem-estar animal e agregação de valor

Várias, hoje, são as definições para o termo “bem-estar animal”, aplicáveis a todos os tipos de animais, dos silvestres aos de cativeiro, passando pelos de companhia, os de produção e de experimentação. Fabiana Villa Alves* Embasado nas preocupações sobre o modo como os animais vivem e são criados, o conceito ganhou força devido a dois fatores: de um lado, as questões morais, éticas e religiosas, ligadas ao respeito aos animais, que se sobressaíram em alguns âmbitos; do outro, questões técnico-comerciais, ligadas ao sistema produtivo e à qualidade final do produto. Para a Organização Mundial de Saúde Animal, bem-estar animal é a forma como o animal lida com o seu entorno, e aqui estão incluídos sentimentos e comportamento. Para animais de produção, assume-se que há boas condições de bem-estar quando são atendidas as “cinco liberdades”, que procuram incorporar e relacionar padrões mínimos de qualidade de vida para os animais como: i) livres de fome, sede e má nutrição; ii) livres de dor, lesão e doença; iii) livres de medo e angústia; iv) livres de desconforto; e v) livres para manifestar o padrão comportamental da espécie. No âmbito dos sistemas agroalimentares, a necessidade de remodelação dos modelos produtivos vigentes, com particular foco nos impactos gerados ao ambiente, fez com que o tema “bem-estar” emergisse, nos últimos anos, com grande força nos vários elos da cadeia. A aplicação dos princípios das “cinco liberdades” possibilitou saltos qualitativos em relação (i) aos sistemas de criação, com adequações do espaço mínimo disponível por animal, fornecimento de dietas balanceadas e disponibilidade de sombra em sistemas extensivos; (ii) ao transporte com embarque sem estresse e em veículos apropriados, determinação de tempo e distância máximos, sem interrupção, até o abatedouro; e (iii) ao abate, sem sofrimento, com atordoamento eficaz. Exemplo prático da importância do bem-estar animal para a cadeia produtiva de carnes é a possibilidade de exploração e atendimento de mercados consumidores mais exigentes, interessados na chamada “grass-fed beef” (carne produzida sobre pastagens), em que é condição sine qua non tornar tangível (qualidade final do produto) o intangível (bem-estar). Este tipo de produto com qualidades particulares é oriundo, na sua maioria, de regiões tropicais. Sua produção, portanto, deve imprescindivelmente prever práticas de manejo que visem à proteção contra a intensa radiação solar, com vistas ao bem-estar animal. Isto porque, conforme o nível de interação “intensidade de radiação solar x nível de adaptação ao calor do animal”, verifica-se maior ou menor estresse nos animais, com empobrecimento de seu bem-estar e prejuízos ao desempenho. De fato, animais submetidos ao estresse por calor diminuem o consumo de forragem e aumentam o de água, elevam a frequência respiratória, batimentos cardíacos e taxa de sudação, tornam-se irrequietos ou ficam deitados por longos períodos, entre outros sintomas. Destaque tem sido dado aos sistemas de produção multifuncionais (integração-lavoura-pecuária-floresta, ou ILPF), que além de possibilitarem a recuperação de áreas e pastagens degradadas, com baixa produtividade, proporcionam benefícios diretos e indiretos aos animais, como o fornecimento de sombra e melhoria das condições microclimáticas e ambientais. Tais aspectos incidem positivamente no bem-estar dos animais e o jargão “colocar o boi na sombra” – usado na bolsa de valores quando o investidor ganha muito dinheiro em uma operação, ao ponto de não precisar mais trabalhar – passa a ser também sinônimo de produto final diferenciado. Pesquisas conduzidas pela Embrapa demonstram que segundo o tipo de árvore (nativa e exótica) e o arranjo utilizado (linha simples, dupla ou tripla) tem-se diminuição de 2°C a 8°C na temperatura ambiente dos sistemas ILPF, em relação a pastagens sem árvores. Como resultados diretos do conforto térmico oferecido melhoram-se os índices produtivos (ganho de peso, produção de leite) e reprodutivos (menor incidência de abortos, aumento nos índices de fertilidade, maior peso ao nascer). Somadas, as melhorias aportadas pelos sistemas ILPF à ambiência e ao bem-estar animal, cooperam para o seu fortalecimento como ferramenta na otimização do diferencial da bovinocultura brasileira – rebanhos à pasto – e auxiliam na sua consolidação como sustentável no cenário mundial. É verdade, porém, que o conceito “bem-estar” apresenta escalas de valores que variam em função das diferentes óticas éticas, temporais, culturais, socioeconômicas. Mas, não se pode negar que é um caminho sem volta. Nesse contexto, o bem-estar animal, junto a temas como responsabilidade ambiental, sustentabilidade, segurança alimentar e biodiversidade, ganha destaque, e deixa de ocupar um espaço “filosófico”, embasado na ética pessoal, para se tornar aspecto prático, quantificável e aplicável, passível de ser valorado. *Fabiana Villa Alves é Pesquisadora Embrapa Gado de Corte – Sistemas de Produção Sustentáveis/Manejo Animal Fonte: Embrapa Gado de Corte

Cadeia produtiva investe no bem estar animal

Ações e produtos que reduzam o sofrimento dos animais estão em destaque no mercado. Texto de Mônica Costa As exigências por uma alimentação mais saudável também permeiam a questão da prática do Bem Estar Animal (BEA). Pesquisas comprovam que a capacitação de funcionários para evitar os maus tratos e o estresse nos animais é importante também do ponto de vista financeiro. Diversos estudos demonstram que animais submetidos a práticas de manejo com foco no bem-estar produzem mais. Atentos a este novo comportamento do mercado, indústrias, laboratórios e revendas estão investindo na realização de palestras e cursos de capacitação para assegurar o manejo adequado na lida com os animais de produção. “Como seres humanos, devemos respeitar e promover as boas práticas de bem estar do rebanho bovino em toda cadeia. Além disso, está comprovado que há melhora na qualidade da carne e do leite produzidos nestas condições, devido ao menor nível de estresse e lesões de transporte ao frigorífico”, explica Luiz Felipe Lecznieski, gerente de Marketing Veterinário da Saúde Animal da Bayer. O tema está cada dia mais presente nas ações de mídia e como reflexo, as indústrias produtoras de proteína animal buscam cada vez maior interação sobre o modelo de manejo. “Muitas empresas já criaram a sua própria política de responsabilidade, tendo comissões de ética e representantes de BEA”, afirma Lecznieski. A Bayer iniciou um trabalho de capacitação da equipe de campo, no Brasil, América Latina e região Ibérica.  “Isso é muito importante, pois estamos adquirindo conhecimento teórico e técnico que será posteriormente difundindo para nossos clientes. Muita gente aborda o BEA de maneira filosófica, nós queremos incluir também aspectos fisiológicos e produtivos, o que dará mais embasamento aos produtores”, completa o executivo. Ações positivas O programa Tratar Bem, lançado pela Bayer, compreende uma série de atividades que visam trazer mais conhecimentos no âmbito veterinário sobre atitudes que atendam e satisfaçam as necessidades dos animais durante o processo de criação no campo. “Nossa intenção é que toda a equipe mantenha um conhecimento profundo sobre bem-estar animal para que todos os envolvidos possam atuar como disseminadores dessas propostas durante o contato com clientes”, explica Sergio Schuler, diretor da Saúde Animal da companhia. Outra ferramenta desenvolvida pela companhia é o site www.tratarbem.com. br, onde os visitantes podem conhecer atitudes simples e que contribuem para uma boa relação com os animais. “Esse site é a base de todas as nossas ações, um ponto de consulta para os clientes que desejarem se aprofundar no tema, conhecer bons exemplos, visualizar as últimas notícias e acompanhar a agenda de eventos sobre bem-estar”, completa Lecznieski, o gerente de Marketing Veterinário. A propagação de informações sobre BEA também é uma ferramenta utilizada pela Beckhauser, fabricante de troncos de contenção e balanças, para ampliar a capacitação dos envolvidos. “Trabalhamos esse tema constantemente em todos os materiais de divulgação produzidos pela empresa, desde o site até os manuais de produtos”, afirma Mariana Soletti Beckheuser, Vice Presidente Executiva da Beckhauser. Um informativo chamado “Manejo”, onde são divulgados casos de sucesso na implementação de boas práticas e dicas de manejo de fácil implementação é publicado bimestralmente pela empresa. “Há três anos, criamos em Campo Grande, MS, a HStore, uma concessionária de troncos de contenção e balanças, que conta com um espaço de eventos destinado a reunir pecuaristas, técnicos, vaqueiros, estudantes e demais pessoas ligadas à cadeia produtiva da carne para debater sobre pecuária de qualidade, tendo como base de sustentação a difusão dos conceitos de bem-estar animal e manejo racional”, continua Mariana. A ação mais recente da Beckhauser foi a criação do Centro Experimental de Manejo Racional (CEM) em parceria com a Fazenda Arca de Noé em Guairaçá, PR, que tem o propósito de ser um centro de referência e formação de pessoas para a pecuária. “Temos realizado periodicamente cursos de manejo racional para vaqueiros, técnicos, estudantes, pecuaristas; também promovemos dias de campo e abrimos espaço para instituições de ensino e pesquisa para a realização de estudos”, completa a vice diretora da empresa. Impactos financeiros A importância do bem-estar animal na atividade pecuária tem dois motivos principais: o primeiro é o compromisso de quem cria. “Se esses animais nascem para dar a vida por nós, o mínimo que nós temos de responsabilidade é tratá-los da melhor forma possível” diz Mariana. E o segundo é a questão econômica. Diversas pesquisas mostram ganhos em índices produtivos com um manejo adequado, além dos exemplos de fazendas que adotaram boas práticas e têm colhido resultados significativos, como o aumento no rendimento de carcaça. Isso sem contar a relação com a segurança alimentar, pois um animal que sofre estresse e maus tratos, produz uma carne de menor qualidade, a conhecida DFD (seca, firme e escura), que tem também menor tempo de prateleira. Embora as regras do comércio internacional, atualmente, ainda não prevejam restrições quanto ao bem-estar animal, tem se evidenciado uma demanda crescente de diversos mercados consumidores (União Europeia, por exemplo) por produtos de animais criados com esse conceito. E o consumidor final está cada vez mais consciente e exigente em relação à forma como animais destinados ao consumo são tratados. “O mercado de produtos voltados à saúde animal está cada vez mais focado em oferecer soluções capazes de reduzir o impacto ambiental e que estejam alinhadas às tendências de bem-estar animal”, informa Evandro Poleze, Diretor Associado da Unidade de Negócios Suínos da Zoetis, multinacional de saúde animal que tem promovido ferramentas e serviços que, além de garantir a sanidade, tenham o bem-estar animal como uma de suas premissas. Poleze reforça a importância do treinamento da mão-de-obra para a manutenção do bem-estar na granja. “Estudos comprovam que, fêmeas estressadas apresentam respostas imunológicas (reação dos anticorpos) comprometidas e produzem colostro pobre em imunoglobulinas, alimento essencial para proteger os leitões contra doenças”, diz. Suínos estressados apresentam deficiência imunológica e enfermidades favorecidas pela baixa resistência, como doenças respiratórias, e podem até mesmo sofrer morte súbita ao correr para fugir dos maus tratos. Entre os produtos desenvolvidos pela companhia estão a vacina de imunocastração Vivax. A castração de suínos é

Sistemas integrados podem reter até 8 toneladas de carbono por hectare

Árvores em sistemas integrados com pecuária e lavoura podem reter, em média, até oito toneladas de carbono por hectare. A conclusão está em pesquisa feita pela Embrapa Pecuária Sudeste, que verificou a retenção de 65 toneladas de carbono em eucaliptos ao longo de oito anos, indicando que sistemas sustentáveis de produção agropecuária podem, ainda, garantir uma renda extra para o produtor graças aos créditos de carbono. Foram estudados dois sistemas agroflorestais: o Integração Pecuária-Floresta ou silvipastoril (SSP) e o Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Enquanto o primeiro envolve o plantio de forrageiras para pastagem do gado na mesma área em que se planta árvores para futura produção madeireira. O segundo faz o mesmo acrescentando uma lavoura. De acordo com os pesquisadores, ambos apresentaram boa capacidade de acúmulo de carbono. “Na média, a produção de biomassa (a soma de troncos, galhos, folhas e raízes), foi de 145 toneladas por hectare ao longo de oito anos,” relata o pesquisador da Embrapa José Ricardo Pezzopane. Ainda segundo ele, quando consideramos apenas o tronco, o sistema ILPF possibilitou um acúmulo de carbono de 5,9 toneladas por hectare a cada ano, no sistema SSP, esse valor foi de 5,5 toneladas anuais por hectare.  De acordo com a Embrapa, a alta capacidade que esses modelos têm de remover carbono pode ser suficiente para zerar as emissões da própria fazenda, e até mesmo gerar excedentes que poderiam ser vendidos na forma de créditos de carbono, certificado que comprova a redução das emissões de gases do efeito estufa. Mas, segundo Pezzopane, o potencial arbóreo depende em grande parte da espécie e da densidade de árvores na propriedade rural. Os responsáveis pela pesquisa explicam que, para as árvores serem consideradas sequestradoras de carbono, seu uso deve estar relacionado à madeira sólida, em que o carbono ficará armazenado na biomassa por longos períodos. Porém, a integração pode fazer com que ocorre competição entre os componentes do sistema. “Por exemplo, quando as árvores impedem a passagem da luz, interferem na produtividade da pastagem”, afirma o pesquisador. Nesses casos, a árvore muitas vezes é cortada e serve como lenha, liberando o carbono que coletou. Pezzopane explica que um modelo que integra floresta e produção animal precisa criar um equilíbrio. “A gestão de sistemas integrados necessita do monitoramento de seus componentes produtivos para minimizar a competição interespécies e ajudar os agricultores a obter a produtividade satisfatória,” declara. Fonte:  Globo Rural com curadoria Boi a Pasto.

Embrapa estará presente na FENACAM. Levará um pacote de tecnologias para a carcinicultura e piscicultura

Será lançado, entre outros, durante o evento, o curso on-line e gratuito “Compostos nitrogenados em cultivo de camarão marinho”. Voltado tanto a produtores como a técnicos da extensão rural e a profissionais ligados ao ensino, o curso é dividido em oito módulos  A Embrapa Pesca e Aquicultura (Tocantins), estará, juntamente com mais quatro centros de pesquisas da empresa, presente na Feira Nacional do Camarão (FENACAM), que ocorre entre os dias 15 e 18 deste mês em Natal, capital do Rio Grande do Norte. As outras unidades são Embrapa Pecuária Sudeste, Embrapa Instrumentação, Embrapa Tabuleiro Costeiros e Embrapa Recursos Genéticos  e Biotecnologia. Será lançado, durante o evento, o curso on-line e gratuito “Compostos nitrogenados em cultivo de camarão marinho”. Voltado tanto a produtores como a técnicos da extensão rural e a profissionais ligados ao ensino, o curso é dividido em oito módulos. Destes, sete são técnicos (que tratam de temas como quantidade de nitrogênio da amônia total produzido pela ração, ciclo do nitrogênio na carcinicultura, qualidade da água e sua importância no controle dos compostos nitrogenados e uso de fertilização mineral na água para sistemas de baixa salinidade) e o último módulo é de revisão de todo o conteúdo. A carga horária total é de 40h. Para mais informações, acesse a página do curso. Outro lançamento é do livro “Manejo de compostos nitrogenados na carcinicultura”. Com conteúdo parecido com o curso on-line, a publicação também é gratuita e pode ser acessada nesta página. – Em uma linguagem bastante didática, esta obra traz aspectos da cadeia produtiva do camarão, abordando conceitos como os principais sistemas de cultivo, as doenças que mais acometem os animais, entre outros – aponta a chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pesca e Aquicultura, Lícia Lundstedt. A Carcinicultura brasileira é o foco central da FENACAM (Foto: Embrapa) – Por ser um dos pontos mais críticos do cultivo, a qualidade de água e sua manutenção são abordadas de forma mais detalhada, destacando-se as formas de controle de compostos nitrogenados, as principais estratégias de fertilização de viveiros e os microrganismos envolvidos no consumo dos compostos tóxicos aos animais cultivados – completa. A publicação e o curso foram desenvolvidos em conjunto pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE), pela Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) e por instituições parceiras. Tecnologias  A Embrapa mostrará ainda três tecnologias voltadas à aquicultura. Uma delas, em fase de pré-lançamento, é o NIR ProximateTM, que permite análises sobre a qualidade de rações de peixe a um custo cerca de 10 vezes menor e de maneira extremamente rápida. Desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP) em parceria com a empresa Büchi Brasil, o novo método não usa reagentes químicos nem gera resíduos para o meio ambiente. A previsão é de que a partir de 2023 a tecnologia esteja disponível para o mercado. Mais informações  específica sobre o NIR ProximateTM, clique aqui. Outra tecnologia da Embrapa que estará presente no evento é a Sonda Acqua Probe, desenvolvida em conjunto pela Embrapa Instrumentação (também de São Carlos-SP) e a empresa Acquanativa Monitoramento Ambiental. É um equipamento que mede 12 parâmetros relacionados à qualidade da água, como oxigênio dissolvido, pH e temperatura. De uso bastante simples, a medição é feita em tempo real e pode acontecer remotamente (por meio de celular ou computador, por exemplo). Mais informações neste link. Ambas as empresas privadas parceiras no desenvolvimento das tecnologias estarão no estande da Embrapa durante o evento. Também será apresentada a Plataforma aquaPLUS, conjunto de ativos tecnológicos que realizam análises genéticas de matrizes e de reprodutores de diferentes espécies aquícolas. Na Fenacam, o foco será no serviço VannaPLUS, um desses ativos. Ele compreende ferramentas genômicas para análise, qualificação, certificação, manejo e melhoramento genético do Litopenaeus vannamei, principal espécie de camarão marinho cultivado no Brasil. A plataforma foi desenvolvida pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF); mais informações nesta página. Oportunidade  Daniele Klöppel, engenheira de aquicultura e analista de inovação da Embrapa Pesca e Aquicultura, estará na Fenacam. -A Embrapa estar neste evento com um estande é um grande avanço e fruto de um trabalho de articulação e aproximação institucional que foi intensificado nos últimos anos – diz ela. Referindo-se à abertura do evento a outras cadeias produtivas além do camarão marinho, Daniele entende que o evento cresceu ainda mais. – São dois simpósios internacionais, que trazem temas relevantes para a aquicultura nacional, com palestrantes de renome, nacional e internacionalmente. Ela vai fazer uma palestra em que apresentará informações institucionais e tecnologias como os testes de sexagem genética para tambaqui (mais informações aqui) e para pirarucu (mais informações aqui), o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica para Aquicultura, SITE Aquicultura (mais informações aqui) e o Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura, CIAqui (mais informações aqui). Além de Daniele, estarão na Fenacam a pesquisadora Andrea Muñoz e o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia Roberto Flores, ambos da Embrapa Pesca e Aquicultura, a pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros Alitiene Pereira e o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Alexandre Caetano. Os resultados que a empresa mostrará no evento estão relacionados ao BRS Aqua, projeto que envolve mais de 20 Unidades e cerca de 270 empregados da Embrapa, além de bolsistas. Com forte caráter estruturante, já que por meio dele a empresa está incrementando sua infraestrutura de pesquisa em aquicultura, o BRS Aqua também se destaca na formação de recursos humanos especializados na área, sobretudo por conta das bolsas disponibilizadas. São três as fontes de financiamento: o Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec / BNDES); a Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP / Mapa), cujo recurso está sendo operacionalizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e a própria Embrapa. Mais informações sobre o BRS Aqua nesta página. A Fenacam contará com palestras, discussões, exposições de trabalhos técnicos e estandes dos setores público e privado que trarão novidades sobre diferentes cadeias produtivas da aquicultura. *Fonte: Comunicação da Embrapa Pesca e Aquicultura.

Rendimento de carcaça: conheça os fatores que podem influenciar

Práticas de pesagem podem atrapalhar uma avaliação mais objetiva. A procura por produzir uma carcaça de qualidade, ideal para o mercado, está ligada ao consumidor, que busca textura, aparência e custo. Seguindo essa lógica, o natural seria que esse mesmo objetivo fosse o da cadeia produtiva na pecuária de corte, já que a qualidade e o rendimento se iniciam desde a escolha das raças, desenrola-se com o manejo alimentar e vai até o processamento nos frigoríficos. É nisso que acredita a Associação do Novilho Precoce MS, exemplos de associativismo que dá certo na pecuária, unindo produtores que comungam dessa busca por padrão de qualidade e com isso melhoram a rentabilidade do seu negócio.  No entanto, essa não é a realidade no mercado, como afirma o supervisor técnico da Associação, o médico veterinário Klauss Machareth de Souza. “Os frigoríficos recebem todos os tipos de animais e não há um padrão, pois, na hora do abate, encontram-se rendimentos bons e ruins. E onde está o erro no gargalo?”, questiona. Segundo ele, são inúmeros os fatores externos que interferem na hora do rendimento da carcaça, tanto da porteira para fora como da porteira para dentro. Além da genética e do manejo, o veterinário chama a atenção para um ponto interessante: o padrão no final do processo na fazenda. Ele explica que a pesagem em um dia chuvoso para um dia seco, por exemplo, somente pelo couro molhado pode dar de 15 kg a 20 kg de diferença. Além disso, se o animal beber água antes da pesagem do embarque essa diferença pode chegar até 30 kg. “Se uma boiada estiver mais longe que outra e logo em seguida pesar os animais, vai dar desgaste e dará diferença, com certeza. Temos casos de novilha de 400 kg que quando chega no frigorífico é que se descobre que estava com uma prenhez de cinco meses. Ou seja, o peso real era de 350 kg na balança”, exemplifica. Para identificar onde está ocorrendo a perda, a única saída indicada pelo profissional é criar um histórico de seu rebanho. “Por exemplo, quando um animal tem 500 kg de peso vivo e no frigorífico em 250 kg de peso morto, com um rendimento de 50%, o produtor não sabe explicar o que ocorreu. Se eu não meço nada da porteira para dentro não tem como saber onde está o problema da perda de qualidade que interfere no rendimento da carcaça. O maior desafio é esse: identificar o que ocorre na propriedade para depois mapear o problema e fechar a porteira”, orienta. Para isso, segundo Machareth, é preciso ter uma rotina de pesagem na fazenda. Mas ele alerta que a ferramenta deve estar em dia, isto é, a balança deve estar bem regulada. “Infelizmente muitos pecuaristas não têm um histórico do rebanho, com rotinas de pesagem. Alegam que estressa o animal, mas se você tem estrutura com equipamentos que prezem pelo bem-estar animal e uma equipe preparada para fazer um manejo racional, isso não ocorrerá. É o primeiro passo para criar um parâmetro e saber se e onde você pode melhorar seus resultados”, acredita o técnico da Novilho Precoce. Fonte: Beckhauser

Mapa dá recomendações para o transporte adequado de bovinos

Manual de boas práticas ensina produtores e transportadores a evitar estresse ao gado e prejuízos nas cargas. O transporte de bovinos é uma atividade importante na cadeia produtiva da carne. No Brasil, todo os dias, milhares de bovinos são transportados, sendo os abatedouros o principal destino. O transporte rodoviário ainda é o mais utilizado. Para que os animais não sofram com estresse e para que não ocorram problemas com a carne ou até mesmo a morte dos animais, produtores e transportadores devem seguir as recomendações disponibilizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio do Manual de Boas Práticas de Manejo – Transporte. Segundo o documento, durante o transporte, a intensidade de estresse é variável, dependendo da forma com que os animais são manejados, das condições em que são transportados, da duração da viagem, das condições das estradas e do clima, entre outros fatores. Os principais problemas durante os manejos de embarque e transporte são: agressões diretas, formação de novos grupos, instalações e transporte inadequados. Quando as condições de transporte não são boas, com estradas ruins, viagens longas, caminhões e compartimentos de carga em mau estado de conservação e direção sem cuidado, o estresse é mais intenso e os riscos de ferimentos e de mortes de animais aumentam. Por isso, todos os envolvidos com o transporte – equipes das fazendas, responsáveis pela compra do gado, transportadoras, motoristas boiadeiros e responsáveis pela recepção dos bovinos nos abatedouros – devem conhecer o comportamento e as necessidades dos bovinos, para que possam realizar as atividades com o cuidado necessário, reduzindo os riscos de estresse, de ferimentos e de morte de animais durante as viagens. O planejamento e a organização do transporte são responsabilidades das fazendas, transportadoras, motoristas e abatedouros. O manual recomenda que se defina previamente quais animais serão transportados –categorias e números, o tipo de veículo a ser utilizado, o número de veículos necessários, as rotas, datas e horários previstos para o embarque e o desembarque e quem serão os motoristas responsáveis pelo transporte. As fazendas precisam preparar os lotes de embarque com antecedência e de forma correta, além de providenciar os documentos necessários para a viagem. As transportadoras e os motoristas devem manter os veículos em boas condições e ter conhecimentos sobre a situação das estradas. Os motoristas têm de ser treinados em boas práticas de manejo no transporte e estarem atentos a todas as informações sobre a viagem. Os abatedouros devem estar preparados para realizar o desembarque dos animais com agilidade e eficiência. Documentação Há uma série de documentos que são necessários para o transporte de bovinos. Alguns deles são de responsabilidade da fazenda e devem ser conferidos pelo encarregado do embarque. Outros são de responsabilidade das transportadoras e dos motoristas boiadeiros. É obrigação do motorista boiadeiro verificar se os documentos do veículo e carteira de habilitação estão em ordem e dentro dos prazos de validade. Além dos documentos básicos, do motorista e do veículo, para o transporte de bovinos são também necessários os documentos dos animais, como as Guias de Trânsito de Animal (GTAs), as notas fiscais do produtor, com informações sobre a origem e o destino dos animais, e, em alguns casos, os documentos de identificação animal. Situações de emergência Segundo o manual, é importante definir pontos estratégicos para paradas de emergência. Por isso, o motorista deve dispor de informações sobre fazendas ou outros locais de parada que ofereçam condições para o desenvolvimento de ações efetivas a fim de solucionar os problemas. Em caso de acidentes, se todos os cuidados necessários foram tomados adequadamente, a gravidade acabará sendo minimizada. Procedimentos de rotina devem ser tomados, como discar para o 191 ou o número de emergência das rodovias privatizadas e, se necessário, solicitar socorro médico. Caso os animais fiquem soltos na estrada, é preciso providenciar a sinalização para evitar atropelamentos e buscar auxílio para conduzi-los a local seguro. A adoção das boas práticas de manejo durante o transporte de bovinos visa a proporcionar maior segurança e conforto para os motoristas e reduzir as situações de risco que prejudicam o bem-estar dos animais e causam perdas quantitativas e qualitativas da carne. Clique na imagem e baixe o Manual em pdf: Fonte: MAPA MANEJO EFICIENTE DA PASTAGEM AJUDA NA PRODUÇÃO DE CARNE DE QUALIDADE Para acessar mercado premium e que melhor remunera com a criação a pasto, é preciso planejamento, animais de boa genética e principalmente escolher cultivares com alto valor nutritivo para alimentação+ leia mais Pantanal tem 14 cidades em emergência, mais incêndios e mortes de animais no MS Região vive período de forte estiagem, o que motivou o decreto de emergência por parte do governo local+ leia mais Pasto rotacionado: sobrou capim? Saiba por que isso é um ótimo sinal Confira as novas dicas do doutor em zootecnia Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador do Polo Regional de Alta Mogiana da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA)+ leia mais

Bem-estar dos animais é fundamental para a produção

O mercado consumidor está cada vez mais exigente e preocupado com o bem-estar dos animais, principalmente o mercado europeu. Por isso, os produtores brasileiros estão mais atentos ao tratamento dos animais nas propriedades. Dentre todas as condições de bem-estar, o conforto térmico é uma delas. O Brasil tem altas temperaturas quase o ano inteiro e a produção pecuária do país se concentra na região intertropicial, onde há maior incidência de radiação solar. Essa grande exposição ao sol pode prejudicar itens da produção, da sanidade e da reprodução do rebanho. Nem todas as raças bovinas têm uma boa adaptabilidade ao nosso clima, as taurinas são as que têm mais dificuldade com o calor e por isso sofrem mais com esses efeitos. Já o nelore, que vem das raças zebuínas é considerado adaptado, pois possui características, como a cor da pele e do pelo, e a grande quantidade de glândulas sudoríparas, que auxiliam no ambiente quente. Mas há um sofrimento em períodos prolongados de calor, pois são animais homeotérmicos, ou seja, precisam manter a temperatura ideal para realizar suas funções fisiológicas dentro da normalidade. Cada tipo de animal possui uma temperatura ideal para seu conforto térmico. Para os taurinos, a faixa de temperatura é na média dos 27 graus já os zebuínos suportam até 35 graus. Quando as temperaturas ultrapassam esses valores, o animal fica ofegante, aumenta a temperatura retal e os batimentos cardíacos para tentar aliviar o calor. Para realizar todo esse processo, o animal gasta energia que pode refletir na queda da produtividade. Cabe ao produtor adequar o ambiente dos animais para que consigam viver dentro da temperatura ideal. Em sistema de confinamento é possível colocar aspersores de água, cortinas e sistemas de ventilação. Já para animais a pasto, a alternativa seria opções de sombra, que pode ser artificial, com sombrite 70%, por exemplo, ou natural. Plantação de árvores é uma alternativa barata e eficiente, sem contar os demais benefícios ambientais e econômicos. No caso do uso de árvores, várias espécies podem ser consideradas. Em sistemas de ILPF- Integração Lavoura, Pecuária e Floresta no Centro-Oeste, o eucalipto é o mais usado. O mercado e os institutos de pesquisam oferecem diversas opções que o produtor pode utilizar para trazer mais conforto e bem-estar aos animais, podendo ter melhores resultados e produzir produtos com maior qualidade. Com a competitividade cada vez maior, pequenos detalhes na produção podem fazer toda a diferença na comercialização dos produtos e no melhoramento genético das raças bovinas. Fonte: AgroEditorial / Rural Centro / Gabriela Borsari