setembro 19, 2024

Recuos do milho em Campinas e de soja em Chicago e Paranaguá

A ausência de compradores dos negócios no aguardo de melhores oportunidades somada com o avanço da colheita faz com que o milho recue para a casa dos R$ 84/saca no mercado físico de Campinas/SP. Ontem os vencimentos mais distantes do cereal apresentaram recuos mais expressivos na B3. Enquanto o contrato maio/23 terminou a sessão regular no campo positivo a R$ 84,06/saca. Uma alta de 0,19%, apesar do avanço da colheita da safra de verão. E após o USDA reportar um forte número de exportação do milho norte-americano até a semana encerrada dia 16, para 3,096 milhões de toneladas, o vencimento maio/23 chegou a renovar a máxima das últimas sessões na Bolsa de Chicago. Porém, retornou e acabou fechando o pregão regular no vermelho a US$ 6,32/bushel, recuo diário de 0,28%. Soja pressionada Os problemas logísticos depreciando os prêmios de exportação e a queda intensa e contínua dos futuros em Chicago continuam a pressionar os preços da soja no mercado físico. Em Paranaguá/PR, a oleaginosa atinge o patamar de R$ 154,09/saca, queda diária de R$ 6/sc. E quedas próximas a 2% marcaram os futuros do grão de soja em Chicago ontem, reagindo às expressivas desvalorizações do complexo soja e também à perda de demanda para a oleaginosa norte-americana para a brasileira. E apresentaram o menor fechamento diário desde 31 de outubro. O vencimento maio/23 retrocedeu 2%, e finalizou o pregão regular de 23/03 a US$ 14,20/bushel. Fonte: Agrifatto Curadoria: Marisa Rodrigues/Portal Boi a Pasto

Mercado Halal de alimentos bate US1,4 trilhão

Por Adilson Rodrigues Estudos apresentados pela Dynar Standard no State of the Global Islamic Economy Report 2022 (Relatório sobre o Estado da Economia Islâmica Global, em tradução livre) revelam que os gastos dos muçulmanos com alimentos no mercado halal, em geral, atingiram US$ 1,4 trilhão em 2022 e poderão alcançar US$ 1,67 trilhão em 2025. Nesse ritmo acelerado de crescimento, com forte presença de um amplo leque de commodities nacionais, a carne bovina verde e amarela tem destaque na preferência. O lastro histórico iniciado nos anos 20 entre as nações árabes e o agronegócio nacional foi determinante para sedimentar o Brasil como maior produtor de proteína de origem animal Halal do mundo. Mas não é só isso. “Outro fator que merece muita atenção por parte dos profissionais que compõem os elos da cadeia produtiva da carne bovina brasileira é o crescimento da religião. Hoje, estima-se que haja 1,9 bilhão de muçulmanos no mundo, e as projeções apontam crescimento; consequentemente, oportunidades”, informa o CEO da SIILHalal (Chapecó/SC), Chaiboun Darwiche. Isso porque, prossegue o CEO da SIILHalal, fundada em 2008, a religião representa, atualmente, 25% da população global; ela cresce duas vezes mais rápido quando comparado às demais não-muçulmanas. “A nossa expectativa – como empresa especializada no mercado de Certificação Halal no Brasil – é que o mercado de alimentos do gênero acompanhe esse crescimento. Acredito que o país tende a se beneficiar com essas projeções por meio da aliança histórico-comercial e pelo profundo conhecimento deste mercado”, salienta o executivo. Exportações brasileiras para o mercado Halal De acordo com dados do departamento de Inteligência de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB, São Paulo/SP), da qual a SIILHalal é associada, as exportações de produtos do agronegócio do Brasil para o bloco de 22 países árabes no Oriente Médio e Norte da África tiveram efetiva participação, sendo responsáveis por 70,87% da receita gerada ao longo de 2022 ou US$ 12,57 bilhões: um aumento de 40,74%, comparado ao ano anterior. Fonte: Revista A Granja Curadoria: Marisa Rodrigues/ Boi a Pasto

Participação brasileira saltou de US$ 20,6 bilhões para US100 bilhões

Estudo indica que a contribuição do Brasil para o abastecimento mundial deverá aumentar ainda mais nos próximos anos   A participação do Brasil no mercado mundial de alimentos saltou de 20,6 bilhões para 100 bilhões de dólares nos últimos dez anos, com destaque para carne, soja, milho, algodão e produtos florestais. Segundo especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os dados indicam que a contribuição do Brasil para o abastecimento mundial deverá aumentar ainda mais nos próximos anos. A informação faz parte do mais recente estudo de autoria de Elísio Contini e Adalberto Aragão, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas, da Embrapa, sob o título “O Agro brasileiro alimenta 800 milhões de pessoas”. “É importante conhecer a contribuição do Agro Brasileiro na disponibilidade de alimentos para a sociedade brasileira e para o mundo. Em termos de pessoas alimentadas, em manifestações de autoridades e trabalhos técnicos, os números variavam de 1 a 1,5 bilhão de pessoas. Decidimos checar estes números, partindo da produção de grãos e oleaginosas do Brasil em relação à mundial”, explicou o pesquisador Elísio Contini. Nessa direção, o estudo adotou um método que considera a produção de grãos e oleaginosas – alimentos básicos de amplas populações no mundo e também considerados básicos para a produção de proteína animal -, para quantificar o quanto o agro brasileiro contribui para a alimentação de pessoas no Brasil e no mundo. “A hipótese é de que os grãos e as oleaginosas vêm sendo a base da alimentação humana, para o consumo direto das pessoas, alimentos processados ou como insumo para ração para a produção das principais carnes”, afirmam os autores do trabalho que adotaram para a execução do cálculo a classificação de “alimentos” utilizada pelo Banco Mundial para a elaboração do Food Price Index, que considera os seguintes cereais: arroz, trigo, milho e cevada; óleos vegetais e tortas: soja, óleo de soja, torta de soja, óleo de dendê, de coco e de amendoim; além de outros alimentos como açúcar, banana, carne de boi, de aves e laranja. Fonto: gov.br com informações da Embrapa Curadoria: Marisa Rodrigues/ Portal Boi a Pasto

Valor da Produção Agropecuária previsto para 2023 tem o melhor resultado em 34 anos

VBP deste ano está estimado em R$ 1.265,2 trilhão. As lavouras de milho e soja são as que mais devem contribuir para o crescimento O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) para este ano, com base nas informações de janeiro, está estimado em R$ 1.265,2 trilhão. Este é o melhor resultado obtido nos últimos 34 anos para esse indicador. Em relação ao ano passado, que foi de R$ 1.189,7 trilhão, representa um acréscimo previsto de 6,1% em termos reais. As lavouras têm um faturamento previsto de R$ 900,8 bilhões, e a pecuária com R$ 364,4 bilhões. O VBP das lavouras cresceu 10,5% em relação ao observado no ano passado, e a pecuária deve ter retração de 2,7%. Há expectativas favoráveis para o clima neste ano, com exceção para o estado do Rio Grande do Sul que se encontra num período de falta de chuvas. Lavouras como soja, milho e feijão já revelam perdas acentuadas de produtividade no estado. A previsão de safra recorde de grãos em 2023, anunciada pelo IBGE e pela Conab, explicam as estimativas de produção de grãos – da ordem de 302,0 milhões de toneladas segundo o IBGE, e de 310,6 milhões conforme a Conab. As lavouras de milho e soja são as que mais devem contribuir para esse crescimento, sendo que a soja representa 44,5% do VBP das lavouras, com VBP previsto de R$ 401,0 bilhões. A cana-de-açúcar projeta um crescimento recorde em 2023, o que contribui com o valor total de produção das lavouras neste ano. Também estão previstos resultados positivos para o VBP de algodão, arroz, batata-inglesa, cacau, feijão, laranja, mandioca, tomate e uva. Juntamente com milho e soja, esses produtos estão puxando o faturamento da agropecuária. A pecuária mostra-se mais favorável apenas para suínos e leite, enquanto os demais itens como carne bovina, de frango e ovos apresentam valor negativo para a previsão de crescimento do VBP deste ano. Soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão lideram o faturamento dos 17 produtos analisados no relatório, representando 83,7% do VBP das lavouras estudadas. O que é o VBP O VBP mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária no decorrer do ano, correspondente ao faturamento dentro do estabelecimento. É calculado com base na produção agrícola e pecuária e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do país dos 26 maiores produtos agropecuários nacionais. O valor real da produção é obtido, descontada da inflação, pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A periodicidade é mensal com atualização e divulgação até o dia 15 de cada mês.  Fonte: imprensa@agro.gov.br Curadoria: Boi a Pasto

Exportação recorde de milho derruba estoques para 2 mi de toneladas

Conab indica suprimento em 123,8 milhões de t e consumo e exportação em 122 milhões Com os dados do mercado externo de janeiro já definidos, o Brasil deve fechar o ano comercial com estoque de passagem de milho abaixo de 2 milhões de toneladas, um volume não registrado há muitos anos. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê oferta total (estoques iniciais, produção e importação) de 123,8 milhões de toneladas no período de fevereiro de 2022 a janeiro de 2023. Já o consumo nacional (75 milhões de toneladas) e as exportações (47 milhões) somam 122 milhões. Resta 1,8 milhão para ser incorporado ao volume da nova safra. A menos que haja revisão para cima da produção ou para baixo do consumo. Do lado da oferta desse cereal, há dúvidas sobre o potencial de produção e de exportação dos argentinos e dificuldades da Ucrânia para exportar. O Brasil é o grande fornecedor no momento, uma vez que o produtor dos Estados Unidos está reticente em vender seu produto, à espera de melhores preços, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural. Mesmo com superssafra de soja e de milho previstas no Brasil, os preços em Chicago continuam em bons patamares. As incertezas na produção e na exportação de grãos dos argentinos mantêm o mercado em alerta. O contrato de março da soja foi negociado a US$ 15,15 por bushel (27,2 kg) nesta terça-feira (7), um valor próximo da máxima histórica de US$ 15,72 para esse contrato, registrada em 19 de junho de 2022. As chuvas de janeiro na Argentina desanuviaram um pouco o cenário ruim que se apresentava para os produtores de soja do país. Mesmo com a chuva, no entanto, ainda fica difícil uma avaliação da produção.A safra de soja é longa na Argentina e só no decorrer de fevereiro será possível uma definição melhor do volume a ser produzido, afirma Daniele. O mercado ainda trabalha com números bem diversos, que vão de uma produção de 37 milhões a 45,5 milhões de toneladas. Este último dado é do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Para Daniele, a safra argentina de soja deverá ficar abaixo dos 40 milhões, o que seria um volume distante do potencial de 48 milhões a 50 milhões de toneladas. No Brasil, apesar da seca no Rio Grande do Sul e em áreas pontuais do Paraná e de Mato Grosso do Sul, a safra deverá superar 150 milhões de toneladas, o que ajuda a cobrir o déficit argentino. As incertezas no Brasil são com o desenrolar da colheita, que está atrasada. Dados da AgRural indicam que até o início de fevereiro apenas 9% da área destinada à oleaginosa tinha sido colhida, abaixo dos 16% de há um ano. No Paraná, as máquinas passaram por apenas 2% da área, bem menos do que os 15% da safra anterior. Embora os produtores norte-americanos estejam de olho nesse atraso da colheita de soja brasileira, o que pode comprometer o período ideal do milho, a analista da AgRural diz que ainda é cedo para uma avaliação dos efeitos desse atraso. Uma eventual redução na safra brasileira de milho favoreceria os produtores dos Estados Unidos, que atrasaram as vendas do cereal à espera de preços melhores. O milho, assim como a soja, também tem um patamar elevado de preços em Chicago. Nesta terça-feira, terminou o pregão em US$ 6,74 por bushel (25,4 kg), não muito distante da máxima de US$ 7,12 de 23 de outubro do ano passado para esse contrato. Contrariando… Jair Bolsonaro escreveu em uma rede social que “o valor das exportações [do agronegócio] passou de R$ 68 bilhões em 2018 para R$ 82 bilhões em 2021”, em vista de o país ter conseguido novos mercados e de elevar o número de produtos comercializados. …o próprio O Ministério da Agricultura informa, no entanto, que as exportações do agronegócio de 2018 superaram, pela primeira vez, o patamar de US$ 100 bilhões, somando US$ 101,2 bilhões. …governo Já as de 2021 subiram para US$ 120,5 bilhões. O Ministério já tem disponível, inclusive, as receitas de exportações de 2022, que atingiram US$ 159,1 bilhões. Máquinas agrícolas As vendas somaram 67,4 mil unidades no ano passado, 19,4% a mais do que em 2021, segundo a Anfavea. Nesse mesmo período, as exportações subiram para 10,6 mil unidades, 7,6% a mais do que no período anterior. Máquinas agrícolas 2 Neste ano, no entanto, o desempenho deverá ser mais fraco. A associação do setor prevê uma queda das vendas para 65 mil unidades, 3,5% a menos do que em 2022, e recuo de 13% nas exportações, para 9.520 unidades. Inflação Os preços dos produtos agropecuários caíram 0,56% em janeiro no atacado, segundo o IGP-DI. Entre as altas estiveram feijão, mandioca e arroz. Na lista de quedas estão soja, aves, carne bovina e adubo. Fonte: Folha de São Paulo Curadoria: Boi a Pasto

O alimento é o ponto de encontro entre o rural e o urbano

Além de conhecer como poucos as dores e os amores da evolução do agronegócio brasileiro, Roberto Rodrigues costuma ter a medida certa para debater esses extremos e o que está entre eles. Além de conhecer como poucos as dores e os amores da evolução do agronegócio brasileiro, Roberto Rodrigues costuma ter a medida certa para debater esses extremos e o que está entre eles. Exatamente por isso se tornou um porta-voz do setor em várias frentes, inclusive no Ministério da Agricultura (2003-2006). Além de uma família de agricultores, os Rodrigues são também esalquianos já estão na quarta geração de engenheiros agrônomos formados pela Esalq/USP, de Piracicaba (SP). Hoje à frente da coordenação do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP), lidera uma série de discussões sobre o agro e pretende ajustar o foco dessas conversas. “Mais do que defender a agropecuária, quero defender um projeto para alimentos no mundo”, disse ele. O senhor costuma dizer que a comida ajuda a promover a paz. Como fica a questão da segurança alimentar diante da guerra na Ucrânia?ROBERTO RODRIGUES –É preciso voltar um pouco para abordar essa questão. Mesmo antes da Covid, houve um cenário preocupante quanto à segurança alimentar em que toda semana morria gente no Mar Mediterrâneo. As pessoas estavam fugindo da África, da Ásia, da Europa Oriental, do Oriente Médio e indo para a Europa Ocidental. Para fazer o quê? Comer. E ter paz. Durante a pandemia, além da tragédia pelo caos da perda de vidas que ela ocasionou, muitos países que não tinham autossuficiência no abastecimento precisaram buscar comida fora para garantir segurança alimentar a suas populações. Só que dadas as circunstâncias climáticas em várias regiões do planeta nos anos de 2019 e 2020, os estoques estavam reduzidos. Então, diante da irrevogável lei de oferta e procura, houve uma brutal inflação de alimentos. Em dólar, produtos como soja, milho e proteína animal dobraram de preço de um ano para o outro nas bolsas de Chicago, Nova York e no resto do mundo. [Durante a pandemia] Faltou contêiner, faltou navio, a logística pipocou e impediu que as coisas avançassem. Como esse quadro impactou o agro? Produtores do mundo inteiro resolveram plantar mais, em áreas maiores, para aproveitar a onda de bons preços. Isso aumentou o consumo de fertilizantes, defensivos, sementes, maquinário e a necessidade de mais crédito. Só que as fábricas de fertilizantes não estavam prontas para aumentar 20% sua produção, Não é assim que funciona, da noite para o dia. Por outro lado, a pandemia também tinha rompido as cadeias produtivas, levando à escassez de insumos e de matéria-prima para produzir. Alguns países produtores de insumos, caso atípico da China, cortaram as exportações preocupados com o suprimento interno dos seus produtores. Então a oferta de insumos também diminuiu e a demanda aumentou, de novo a lei da oferta e procura se fez presente e os preços explodiram.Os ataques da Rússia sobre a Ucrânia potencializaram o problema. A Ucrânia é um dos maiores fornecedores de trigo e milho para a Europa, ocupando a posição de quarto maior exportador mundial de milho, ficando atrás dos Estados Unidos, Brasil e Argentina. A própria Rússia é grande fornecedora de trigo também para a Europa. Portanto, a extensão dessa guerra afeta dramaticamente a oferta de grãos para os países europeus e isso gera mais inflação nos alimentos em dois pontos fundamentais: trigo para consumo humano e milho para ração animal, portanto há o risco de perda de proteína animal. A situação é ainda pior no caso dos fertilizantes?Nessa questão, surgiu um horizonte de nuvens escuras no aumento dos preços e da escassez do produto. A Rússia também é um grande exportador de fertilizantes, é o segundo maior produtor de potássio para o mundo, exporta bastante nitrogênio e também produz ureia. Com os embargos que sofreu, há o risco de faltar matéria-prima na Europa, além de complicações logísticas de acesso a seus portos. E o Brasil se prejudica com esse processo todo, pois importa 95% do que consome internamente, sendo que 20% vêm da Bielorrússia. Ou seja, antes da guerra e até independentemente da pandemia, já estávamos com redução de oferta. Como o Brasil está passando por essa fase?O País tem uma agricultura moderna e sustentável, é muito empreendedor e usou a melhor tecnologia possível nos últimos 20 ou 30 anos. Isso resultou nessa explosão de crescimento da produção e da exportação de produtos agropecuários. Também temos um agricultor competente, eficiente, competitivo, rigoroso. Como resultado, temos uma terra boa, bem cultivada, bem preparada. Portanto, ainda que a safra disponha de menos fertilizantes, até por conta dos altos preços, não teremos um desastre na produção. Estou há mais de cinco décadas trabalhando na agricultura, então já passei por isso em anos anteriores, quando precisei reduzir adubação. Quais são as consequências dessa prática?Estamos falando de um cenário de escassez efetiva de fertilizante a um preço muito alto, o que levaria à redução da adubação. Essa diminuição gera duas consequências: menor faturamento para os produtores, mas também menor custo. Vamos ter uma redução de produção, portanto de renda, mas não me parece que seja uma coisa dramática para o produtor rural. O drama está no fato de que ao plantarmos com menos tecnologia, podemos reduzir a produção. O drama da inflação de alimentos no mundo não tem a ver conosco, mas podemos aumentá-lo ao participarmos de um processo que é difícil de solucionar. No ano que vem, seja lá quem estiver no governo, terá de fazer uma ginástica em ações sociais para alimentar a população. Esse é o reflexo para o Brasil. O aumento da produção própria não seria uma saída?O Plano Nacional de Fertilizantes surgiu com esse objetivo de reduzir a dependência externa dos insumos. A comissão do governo que lançou esse plano fez um bom trabalho. Como chegamos a essa dependência tão grande da importação de fertilizantes?Até os anos 1970, o Brasil tinha uma agricultura costeira, porque ali estava a terra boa e o também o

7 conquistas do setor queijeiro em Minas

Sistema Faemg Senar desenvolve ações para fortalecer a cadeia produtiva no estado, que é responsável por 40% da produção nacional Quando pensamos em produtos genuinamente mineiros, o queijo é uma das principais referências da identidade cultural do estado. A iguaria, que é sinônimo de tradição, gera emprego, renda, estimula o turismo e é admirada no Brasil e exterior, tem um dia para chamar de seu: 20 de janeiro. No Dia Mundial do Queijo, o Sistema Faemg Senar destaca importantes conquistas do segmento em Minas Gerais, responsável por 40% da produção nacional. Atualmente, são produzidas no estado cerca de 34 mil toneladas de queijo artesanal por ano e 14 mil toneladas de queijos não artesanais da agroindústria familiar. Patrimônio da Humanidade O modo artesanal de produção mineira já é patrimônio imaterial brasileiro, mas, agora, os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal (QMA) podem se tornar Patrimônio da Humanidade. Representando os produtores rurais que trabalham como verdadeiros guardiões desse costume secular, o Sistema Faemg Senar marcou presença na 17ª Sessão do Comitê Intergovernamental para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, em novembro de 2022, no Marrocos. O objetivo foi sensibilizar e apresentar os modos de fabricação às demais delegações, além de divulgar o bem cultural, promovendo o reconhecimento da diversidade, dos saberes, sabores e das práticas gastronômicas. “O Queijo Minas Artesanal carrega uma técnica histórica, que remonta ao tempo dos colonizadores. É feito em pequenas propriedades rurais, com receitas familiares passadas de geração em geração. O sabor varia de acordo com a região onde é produzido, sendo influenciado pela altitude, características do solo, clima, tipo de vegetação, entre outros”, explica o presidente da Comissão Técnica do Queijo Minas Artesanal do Sistema Faemg Senar, Frank Mourão Barroso. Cursos, programas e assistência técnica O Sistema Faemg Senar atua fortemente para o desenvolvimento do setor. Por meio da Comissão Técnica do Queijo Artesanal de Minas, a instituição faz a defesa técnica, política e dá visibilidade ao trabalho da cadeia produtiva. Há também as capacitações: foram realizados, somente em 2022, mais de 380 cursos presenciais, oficinas e seminários sobre técnicas de fabricação de queijos, que capacitaram cerca de 4 mil pessoas. Com o trabalho da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroindústria, foram realizadas mais de 7 mil visitas de campo e cerca de 600 propriedades receberam orientações gratuitas sobre produção e gestão com técnicos especializados, desde 2019, em parceria com os Sindicatos Rurais. “O ATeG tem nos ajudado muito, fizemos vários cursos para aprimorar a qualidade da nossa produção, em um processo muito importante para a nossa evolução”, disse a produtora Rafaela Faria, quarta geração de produtores de queijo Canastra da sua família. Ela e os irmãos já estavam no mercado de trabalho em outras áreas quando decidiram retornar para a fazenda próxima a São Roque de Minas, e investir na produção dos queijos “Irmãos Faria”, ao lado de seus pais. Melhoria das técnicas e boas práticas de fabricação Cada vez mais, o Sistema Faemg Senar investe em ações para melhorar as técnicas de produção e controle de qualidade, que incluem cursos de boas práticas de fabricação, programa especial em boas práticas agropecuárias e até mesmo suporte aos produtores em habilitação sanitária e registros de seus estabelecimentos juntos ao órgão de inspeção. Produtores assistidos pelo ATeG recebem, mensalmente, um técnico na propriedade que os auxilia na implantação e descrição dos programas de qualidade, nas técnicas de produção e no gerenciamento da propriedade, focando sempre na qualidade dos queijos produzidos. “A não utilização de métodos adequados de produção pode interferir diretamente na qualidade do queijo. Por exemplo, as olhaduras, que são aqueles furinhos. Muitas pessoas acabam se confundindo na hora de adquirir o produto, mas, na verdade, esses furinhos podem indicar uma falha no controle higiênico sanitário do processo, provocada por bactérias que, ao fermentarem o leite, produzem gases. Os furinhos podem aparecer no queijo quando o leite é obtido em condições inapropriadas de higiene e não passam por tratamento térmico para inativação desses microrganismos, podendo causar doenças de origem alimentar com prejuízos à saúde do consumidor”, destaca a analista de ATeG Paula Lobato. Selo Arte Por meio da Portaria nº 531, de 16 de dezembro de 2022, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estabeleceu requisitos para a concessão dos selos de identificação artesanal Arte e Queijo Artesanal, que passam a ser concedidos pelos órgãos de agricultura e pecuária das esferas federal, estadual, municipal e distrital. A medida representa um grande avanço para cadeia produtiva. “Produtos fabricados a partir de leite cru devem atender à legislação, seguindo requisitos que assegurem a inocuidade na produção artesanal para o fornecimento de alimento seguro ao consumidor. A concessão do Selo Arte e a devida regularização sanitária das queijarias garante ao produtor comercializar seu queijo em todo o território nacional, agregando valor e aumentando o seu faturamento”, enfatiza Paula. Reconhecimento do queijo ‘Casca Florida’ De forma inédita no Brasil, o Queijo Minas Artesanal na variedade de Casca Florida (QMACF) foi reconhecido pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A resolução foi publicada em dezembro de 2022 em atendimento a uma demanda antiga da cadeia produtiva. É considerada “casca florida” a cobertura com presença ou dominância visualmente constatada de fungos filamentosos, popularmente nomeados de mofos ou bolores. O reconhecimento atesta ao mercado que o queijo é especial e suas características não oferecem risco à saúde. Minas Gerais é o primeiro estado brasileiro a reconhecer o QMACF. Outros estados já formalizaram a produção de queijos industrializados com casca florida a partir do leite pasteurizado. Regiões Produtoras Minas Gerais conta com dez regiões produtoras de Queijo Minas Artesanal: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serro, Serras da Ibitipoca e Triângulo Mineiro. Todas elas produzem esse mesmo tipo de queijo, mas têm o seu “saber fazer” característico. Cada origem dá ao queijo uma identidade própria, de acordo com as características humanas, culturais e naturais do local de fabricação. Recentemente, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) reconheceu outras

Ministério da Agricultura e Pecuária tem mais dois secretários nomeados

O secretário de Defesa Agropecuária é Carlos Goulart, e de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação, Renata Bueno Miranda As nomeações de mais dois secretários do Ministério da Agricultura e Pecuária foram publicadas nesta quinta-feira (19/1), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). O secretário de Defesa Agropecuária é Carlos Goulart, e de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação, Renata Bueno Miranda, conforme comunicado do Ministério da Agricultura e Pecuária. Carlos Goulart é agrônomo formado pela Universidade Federal São Carlos (SP). Também é mestre em Agricultura Tropical e Subtropical, com ênfase em Fitossanidade, pelo Instituto Agronômico de Campinas (SP). Atua desde 2007 no Ministério da Agricultura e Pecuária e anteriormente exerceu o cargo de diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da pasta. Renata Bueno Miranda é engenheira de alimentos, formada pela Universidade Federal de Viçosa (MG). Tem mestrado em Ciências dos Alimentos pela Universidade Federal de Lavras (MG). É funcionária de carreira da Embrapa desde 2008 e integra o quadro do Ministério da Agricultura desde 2019, onde exerceu os cargos de chefe de gabinete e secretária adjunta da SDI. As nomeações do secretário-executivo, Irajá Rezende de Lacerda, e do secretário de Comércio e Relações Internacionais, Roberto Serroni Perosa, já haviam sido publicadas. Fonte: Globo Rural Curadoria: Boi a Pasto

Bioeconomia no Brasil pode gerar faturamento de US$ 284 bi anuais

O levantamento mostrou ainda que as emissões de carbono podem ser reduzidas em cerca de 550 milhões de toneladas nos próximos 27 anos. Um levantamento inédito prevê que a implementação da bioeconomia no Brasil pode gerar um faturamento industrial anual de US$ 284 bilhões até 2050. É esse montante que o País poderá alcançar ao realizar a chamada total implementação da bioeconomia, que abrange três frentes: as atuais políticas para mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no País, a consolidação da biomassa como principal matriz energética em setores importantes da economia e a intensificação de tecnologias biorrenováveis.  Intitulado “Potencial do impacto da bioeconomia para a descarbonização do Brasil”, o estudo é fruto da parceria entre a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), Embrapa Agroenergia, Laboratório Nacional de Biorrenováveis do Centro de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBR/CNPEM), Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Senai/CETIQT) e Laboratório Cenergia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Cenergia/UFRJ). O documento avalia distintas trajetórias para o Brasil até o ano de 2050, a partir das quais propõe três cenários potenciais da bioeconomia no contexto de transição energética no Brasil, sendo o último considerado ponto fundamental do documento, com a adoção mais intensificada da bioeconomia. O primeiro cenário, intitulado “Políticas Correntes”, analisa a manutenção das atuais políticas brasileiras e o respeito à Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, sigla em inglês), proposta no âmbito do Acordo de Paris sobre o Clima.  O segundo cenário, “Abaixo de 2 ºC”, considera que a biomassa passa a ser a principal fonte de energia para a implementação de tecnologias de baixo carbono nos principais setores da economia brasileira, também em cumprimento ao Acordo de Paris, com o objetivo específico de limitar o aumento da temperatura terrestre “bem abaixo dos 2 ºC” até o final do século.  O terceiro e último cenário proposto, chamado de “Potencial da Bioeconomia”, é no qual a bioeconomia e a transição energética se complementam e inserem tecnologias promissoras biorrenováveis a partir do cenário “Abaixo de 2 ºC”. “O estudo quantifica a bioeconomia em cenários de transição energética e avalia como as tecnologias geradas pela chamada economia circular e de baixo carbono podem complementar a transição energética dentro das cadeias produtivas”, afirma Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia. “Buscamos desenvolver processos produtivos mais eficientes e menos intensivos em insumos e energia, fortemente apoiados na biotecnologia”, complementa. Além de Alonso, o estudo também conta com a contribuição do pesquisador da Embrapa Agroenergia e ex-presidente da Embrapa Maurício Lopes. Para Lopes, o Brasil tem plenas condições de modelar uma agricultura dedicada à biomassa capaz de viabilizar um setor bioindustrial inovador e competitivo.  “A bioeconomia entra com vantagem na complexa equação da sustentabilidade, por ser capaz de combinar de forma sinérgica recursos naturais, como a biomassa, e tecnologias avançadas, em modelo de produção de base biológica, limpa e renovável, promovendo sinergias entre as indústrias de energia, alimentos, química, materiais, dentre outras”, pontua. Soluções e tecnologias  Entre as principais contribuições do estudo está o levantamento de soluções que impactam o aumento da produtividade da agricultura, possibilitam a liberação de áreas que podem ser reaproveitadas por culturas energéticas e reduzem as emissões de GEE durante o processo produtivo.  O trabalho se concentrou em bioinovações de indústrias existentes e em fase de desenvolvimento, a partir das quais é possível estimar valores de investimento e de receita, com foco em setores com maior potencial de mitigação de GEE.   No quesito “soluções para intensificação sustentável da agricultura”, foram avaliadas tecnologias relacionadas a proteínas alternativas, soluções para confinamento de gado, fixação de carbono no solo, novas variedades de vegetais de alto rendimento por hectare, fixação biológica de nitrogênio (FBN), controle biológico, todas inseridas no contexto de otimização do uso do solo e produção de biomassa com baixa emissão de carbono ou até emissão negativa. Já no quesito “soluções para a conversão de biomassa em produtos de base energética” foram consideradas tecnologias que utilizam a biomassa para a produção de energia de baixa intensidade de carbono ou até emissões de GEE negativas e que apresentam maior escala de mercado, como bioenergia com captura e armazenamento de carbono (BECCS), captura e utilização de carbono (CCU), biogás e etanol de segunda geração (E2G). Por último, foram analisadas soluções para a conversão de biomassa em bioprodutos de alto valor agregado, importantes para substituir produtos de origem fóssil e viabilizar economicamente o desenvolvimento de biorrefinarias. Neste quesito, foram consideradas as tecnologias relacionadas à produção de bioquímicos, enzimas, biofertilizantes, biomateriais, bionafta e biocombustíveis avançados.  “As tecnologias retratam bem a necessidade de adaptação do processamento às diferentes fontes de biomassa, o que reforça o caráter modular das biorrefinarias e a possibilidade de distintas formas organizacionais dentro de um mesmo pátio produtivo”, indica o relatório. Fonte: Embrapa Curadoria: Boi a Pasto