julho 27, 2024

Qualidade do leite depende da saúde animal e higiene no processo da ordenha

Nutricionista animal dá dicas que ajuda a evitar a produção de leite ácido na hora da ordenha. Para quem acha que para ser produtor de leite basta acordar cedo e ir ao campo, está enganado. No Brasil, existe uma busca constante por uma produção eficiente e de qualidade – ausência de acidez do leite, por exemplo – que vem colocando o país entre os principais produtores do mundo. E para se chegar a essa colocação, neste ranking tão disputado, uma série de procedimentos e práticas vem se tornando cada vez mais frequentes nos campos. De acordo com o nutricionista da Quimtia Brasil, Stephen Janzen, empresa fabricante de insumos para a nutrição animal, a obtenção de leite de qualidade está relacionada tanto à saúde do úbere das vacas (avaliada pelo índice de CCS – Contagem de Células Somáticas), à higiene dos equipamentos de ordenha e no tempo de resfriamento do leite (que deve ser mantido na temperatura de 4ºC). Esses são monitorados pelo índice de CBT – Contagem Bacteriana Total. “De fato, quanto mais dermos a devida importância na manutenção da saúde do sistema mamário, higiene dos equipamentos e eficiência na manutenção da temperatura do leite, menor será ocorrência de leite ácido”, afirma Stephen. O leite ácido é considerado, um dos principais vilões de produtores neste segmento. A legislação que regula o trabalho considera como leite ácido aquele que apresenta acidez acima de 18º Dornic (escala de graus utilizada para medir acidez do leite), o que pode ser proveniente da acidificação do produto por microrganismos presentes e em multiplicação no próprio produto e que fazem o desdobramento da lactose. Confira abaixo alguns dos fatores que podem influenciar na qualidade do leite: 1.       Controle (e registro) da incidência de mastite clínica e subclínica, com a utilização dos métodos de diagnóstico: caneca de fundo escuro, CMT (California Mastit Test) e CCS (Contagem de Células Somáticas). 2.       Desprezar os primeiros jatos de leite em uma caneca de fundo escuro, a fim de remover os microrganismos naturalmente presentes na extremidade do teto, provenientes de resíduos da ordenha anterior e para, ao mesmo tempo, avaliar-se a ocorrência de mastite; 3.       Colocar as teteiras somente em tetos higienizados e secos. Quando houver necessidade, deve-se utilizar água com pouca pressão e a secagem deve ser realizada com toalhas de papel descartáveis. 4.       Controlar a ordenha e retirar o conjunto tão logo cesse o fluxo de leite. A retirada das teteiras deve ser feita com bastante cuidado e sempre se desligando o fluxo de vácuo deste conjunto; 5.       Lançar mão do uso de pré e pós-dipping, utilizando-se produtos de eficácia e qualidade reconhecidas. 6.  Atenção especial para higiene do funcionário e dos equipamentos de ordenha. 7. Após a ordenha, no menor tempo possível deve-se ter o leite resfriado a 4ºC para que, desta forma, evite-se a multiplicação de microrganismos que possam provocar a acidificação do leite. Fonte: Quimtia / Comunicare

Carência zero no combate a verminoses é o segredo do sucesso na pecuária leiteira

Cerca de 35 bilhões de litros de leite/ano são produzidos por 16,3 milhões de vacas em 99% dos municípios brasileiros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse volume coloca o país entre os quatro maiores produtores do mundo. Porém, a pecuária leiteira enfrenta uma série de desafios para avançar em termos de produtividade. A questão sanitária é um dos mais importantes pontos de atenção. Entre os vários problemas de saúde do rebanho estão os vermes, que podem causar 20% de queda na produção, com prejuízo de 7 bilhões de litros – equivalente a R$ 8,6 bilhões –, comprometendo a sustentabilidade da cadeia. E não é só isso. Estudos indicam que as verminoses também provocam perda de peso nas fêmeas, que varia de 30 a 40 quilos. Essa deficiência, muitas vezes repentina, causa fraqueza nos animais, além de edemas e doenças pulmonares. Tão grave quanto esses efeitos são os problemas reprodutivos decorrentes dessa condição corporal deficiente. Com isso, em muitos casos as verminoses impedem que as vacas entrem no período do cio no momento esperado, colocando em risco a reprodução e consequente viabilidade econômica do negócio. As verminoses em vacas de leites são particularmente preocupantes, principalmente no período pré e pós-parto.  Pesquisas tem demonstrado que a queda de imunidade temporária nesse período pode ser a causa de aumento na eliminação de ovos nas fezes por fêmeas adultas, aumentando assim a contaminação do ambiente e, consequentemente, o aumento da infestação dentro de um rebanho. Alguns trabalhos relacionam a elevação da prolactina, hormônio ligado à produção de leite, com o aumento do parasitismo e também com a diminuição da imunidade dos animais. Assim, é possível pressupor que animais de alta produção leiteira em seu pico de lactação estão mais suscetíveis aos efeitos patogênicos dos vermes. Trabalhos realizados pelo mundo demonstram respostas de incremento de produção de leite de 1,5 a 2,0 litros por vaca ao dia, em fêmeas com parto na primavera que foram tratadas com eprinomectina quando comparadas com animais não tratados. Assim, ao longo de uma lactação completa, a melhoria no rendimento alcançada em animais tratados chega em torno de 450 a 600 quilos de leite por vaca, mostrando um retorno financeiro considerável quando se adota o controle de vermes dentro do rebanho. Entretanto, o principal diferencial da eprinomectina é a carência zero no leite. Esse é o segredo para o sucesso da pecuária leiteira. Afinal, carência zero significa que o produtor pode ordenhar sua vaca imediatamente após o uso do produto, sem que haja resíduos no leite e com garantia de eficácia contra vermes. Esse recurso beneficia o bem-estar animal e a produção de alimentos de origem animal de qualidade para as pessoas, favorecendo o crescimento constante da cadeia. Por Guilherme Moura, doutor em ciência animal e gerente técnico de bovinos da Vetoquinol Saúde Animal, e Humberto Moura, médico veterinário e gerente de produtos de animais de produção da Vetoquinol com curadoria Boi a Pasto.

Zoneamento de risco climático na pecuária leiteira: o que é? Para que serve?

No Brasil, os zoneamentos de risco climático são elaborados para diversas culturas agrícolas e têm sido extensivamente investigados. O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), desenvolvido pela Embrapa e parceiros, é aplicado oficialmente desde 1996, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. No entanto, há carência deste tipo de estudo para a pecuária, seja de corte ou de leite, que levem em consideração o desempenho de diferentes raças bovinas, bem como as condições das pastagens que podem ser afetadas pelas variações climáticas locais, regionais ou nacional. O ZARC voltado para a pecuária leiteira pode ser visto como um instrumento de política pública e gestão de riscos climáticos visando minimizar os efeitos relacionados aos fenômenos climáticos adversos e otimizar a produção e a produtividade da bovinocultura leiteira, considerando a relação entre a genética animal, as condições ambientais para conforto animal e a disponibilidade de forragens. Nos ambientes tropicais, a elevada temperatura associada à alta umidade relativa do ar, com maior intensidade no verão podem causar desconforto térmico aos animais e, consequentemente, perdas de produção. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) disponibiliza para o setor produtivo, estimativas atualizadas do Índice de Temperatura e Umidade – ITU que, entre outras aplicações, são úteis para identificar as condições de conforto térmico dos animais e orientar práticas para amenizar seus possíveis impactos negativos sobre o desempenho do rebanho. A Figura 1 ilustra um exemplo do ITU aplicado ao município de Unaí, um importante produtor de leite de Minas Gerais. Figura 1– Índice de temperatura e umidade (ITU) relacionado ao conforto térmico bovino para o município de Unaí, MG. Fonte: INMET (2021). Observa-se que neste município, durante alguns dias do mês de outubro de 2020 houve perigo, quando o índice esteve acima da linha de cor vermelha que indica forte desconforto térmico. Além disso, nota-se vários dias com indicativos de alerta e de atenção, quando o ITU esteve acima das linhas de cores laranja e amarela, respectivamente. Vale destacar que as condições ambientais têm impacto direto na eficiência dos processos de controle térmico pelo animal, resultando na intensificação de estresse calórico e, por conseguinte, interferindo na sua eficiência produtiva e reprodutiva. Os animais de origem europeia acabam sendo mais sensíveis, mas não são os únicos. No geral, todas as raças sentem o impacto negativo desse estresse. Estudo em sistema ILPF publicado no portal Milkpoint mostrou que mesmo vacas Gir leiteiro tiveram aumento de 22% na produção de leite quando houve o acesso à sombra de eucalipto. Em outra análise, houve a avaliação do estresse em vacas secas e indicou uma redução na produção de leite da próxima lactação em cerca de 4 kg por dia. Dessa forma, é importante observar e monitorar os animais em seu ambiente de produção, seja em sistemas a pasto ou confinado, e ao concluir a existência de estresse calórico, buscar meios para reduzi-lo. As pastagens naturais ou cultivadas constituem base da alimentação do rebanho na maioria das fazendas de produção de leite no Brasil. Assim, qualquer alteração na sua qualidade ou disponibilidade pode interferir na produtividade e na rentabilidade da atividade. Fundamental, portanto, considerar a pastagem como um dos principais recursos para o sucesso desta atividade. A sazonalidade da produção das pastagens é muito afetada pelas condições climáticas, determinando aspectos como a quantidade e a qualidade da massa forrageira e sua interferência na produção de leite em diferentes escalas geográficas (local, regional e nacional). Pastagens em estágio avançado de degradação tem sido um grande problema para a pecuária brasileira. Apesar do consenso entre os especialistas sobre a existência de degradação, há divergências em relação a dimensão do problema, pois as metodologias se diferem quanto a forma de mensuração ou avaliação do fenômeno quantitativa e qualitativamente. O Censo Agropecuário de 2017 (IBGE), de fonte declaratória, apontou a existência de cerca de 12 milhões de hectares de pastagens em condições degradação no Brasil (Figura 2). Figura 2 – Área de pastagens não degradada (barra azul) e degradadas (barra laranja) nas Regiões brasileiras. Fonte: Censo Agropecuário (IBGE, 2017). Por outro lado, mapeamentos do vigor ou produtividade das pastagens, por meio de técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, como o efetuado pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG), vinculado à Universidade Federal de Goiás, indicam que 99 milhões de hectares de pastagens podem estar degradadas no Brasil (Figura 3). O mapeamento foi baseado em dados de satélite e avalia alterações no vigor das pastagens por meio da análise temporal de índices de vegetação. As áreas com tendências de perda de vigor da vegetação foram consideradas como áreas com indicativos de degradação. Tal estatística evidencia o grande potencial de incremento de produtividade na pecuária nacional via melhorias no manejo destas pastagens, o que vai também impactar positivamente a redução de custos de produção de leite e de corte. Conforme mostrado na Figura 3, essa realidade não é específica de um bioma, mas um retrato do País. Vale mencionar que a degradação de pastagens acaba afetando mais a pecuária extensiva de corte, mas tem o seu efeito no leite também. A ausência de dados mais desagregados dificulta uma quantificação do seu impacto, mas é comum a observação de pastagem com algum grau de degradação em fazendas de leite em sistemas mais extensivos e semi confinamentos. Em Minas Gerais, é fácil observar essa situação em propriedades da Zona da Mata, Campo das Vertentes e Norte de Minas. Mas ela pode ser estendida para outras localidades. Em muitos casos a degradação não está no pasto das vacas em lactação, mas nas áreas utilizadas por vacas secas e novilhas, podendo ter efeitos negativos inclusive na reprodução dos animais e idade ao primeiro parto. Figura 3 – Área de pastagens não degradadas (barra azul) e degradadas (barra laranja) em Biomas brasileiros, período 2011 a 2016. Fonte: LAPIG – Atlas das Pastagens Brasileiras.  Dessa forma, o conhecimento do território e a sua representação são condições básicas para a promoção do desenvolvimento, sendo que o fator do risco climático mostra a necessidade premente do desenvolvimento de pesquisas focadas no aumento da eficiência produtiva em condições climáticas tropicais, conforme zoneamento estabelecido. Assim, é importante a criação de programas de seguro de produtividade ou de renda, uma pauta

Covid e alimentos: o leite como importante fonte de suprimentos para o combate

Por Roberta Züge; Diretora Administrativa do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS). Em tempos de pandemia, muitas dúvidas surgem em relação à como fortalecer o sistema imunológico, aquele que ataca os microrganismos causadores de doenças, como o vírus da Covid-19. Um sistema de defesa robusto tem mais chances de combater tais agentes com muito sucesso. Muitos estudos estão sendo realizados, em diversas partes do planeta. Um grupo de cientistas australianos, do Doherty Institute, anunciou que identificou como o sistema imunológico do corpo combate a Covid-19. Nesta publicação, eles puderam descrever o aumento da defesa imunológica e das células de anticorpos, e descobriram que essas células são muito semelhantes às ativadas em pacientes com influenza, que é a gripe comum. Neste estudo, que foi conduzido testando a resposta imunológica em quatro momentos diferentes da infecção por Covid-19, podem-se identificar tipos diferentes de células imunológicas. É como se o pelotão de combate fosse composto de diferentes armamentos, cada fase utilizando uma arma diferente. Como o corpo precisa se armar, ele depende dos insumos para produzir o arsenal. Basicamente, o corpo humano transforma o que é ingerido em armas. Se a matéria prima não for de qualidade, ou se faltar algum insumo, estas respostas também não serão adequadas. Afinal, o pelotão pode não estar armado adequadamente, caso falte os suprimentos. A maior parte destes insumos são os alimentos que ingerimos. No entanto, o sistema imunológico não é invencível: não há nenhum alimento mágico, suplemento ou outra vitamina que pode torná-lo inatacável. É um sistema muito intricado que envolve distintas células e moléculas cujas reações precisam de regulação. Claro, o alimento certamente não é a única resposta, um estilo de vida saudável contribui para o combate às infecções, fortalecendo o sistema imunológico. Quanto aos alimentos a serem favorecidos, é preciso lembrar, acima de tudo, que é essencial evitar deficiências. Uma dieta equilibrada fornece a grande maioria de todos os nutrientes que o corpo precisa. Certos nutrientes foram identificados para promover a resposta imune ‌pelo aumento da proliferação de linfócitos (as células de combate), é o caso da arginina (aminoácido presente em certas proteínas, como a whey) e do zinco, que é um mineral com melhor absorção quando oriundo de produtos de origem animal. Neste contexto atual, para combater o coronavírus, é essencial otimizar as funções do sistema imunológico e, assim, combater melhor as infecções bacterianas e virais. Para fortalecer as defesas imunológicas e melhorar a saúde, os alimentos devem ser diversificados‌. Será especialmente direcionado a certos alimentos para fornecer os nutrientes que mais especificamente desempenham um papel no sistema imunológico. Para fortalecer o sistema imunológico, a dieta deve ser diversificada. É necessário favorecer alimentos que contenham: antioxidantes, ômega 3, aminoácidos, fibras, magnésio, probióticos de zinco e prebióticos. Quais alimentos? Todos os legumes e frutas frescas, sementes oleaginosas; carnes magras e miudezas; peixes e crustáceos; cereais e legumes; leite e derivados; e óleos ricos em ômega 3 e 6. Infelizmente, há divulgação tendenciosa indicando que leite e derivados não devem ser consumidos, o que é exatamente ao contrário. Ele fornece suprimentos para confeccionar as armas deste combate. O leite é um alimento muito rico e, acima de tudo, realmente muito barato frente aos nutrientes que pode oferecer. Neste momento de incertezas e de muitas fake news, é importante manter o organismo bem nutrido e, nada melhor, que um alimento completo, que tenha fácil absorção de seus nutrientes. Sobre o CCAS O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto. O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico. Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

Quais estratégias adotar para obter sucesso na recria de bezerras leiteiras?

*Por Letícia de Souza Santos, zootecnista, mestre em Zootecnia e analista de Produtos na Minerthal Na pecuária leiteira é comum pensarmos em primeiro lugar nas vacas em lactação. Com isso, melhoramos a dieta, o conforto térmico e todos os detalhes que conseguimos pensar para que esses animais produzam cada vez mais e melhor. Este comportamento é natural, visto que são elas as responsáveis por quase todo o faturamento de uma fazenda produtora de leite, podendo ultrapassar os 90% da receita. Entretanto, existe uma grande parcela do nosso rebanho, algo em torno de 60%, que é composto por vacas secas e animais de outras categorias mais jovens. E, apesar de contribuir muito pouco, ou quase nada, para o faturamento da propriedade, ainda sim são importantes para a saúde e equilibro da atividade. Afinal, são estes animais que irão manter o ciclo de reposição das vacas em lactação e manter a produção de leite constante. Portanto, para ser uma excelente propriedade de leite, além de ter o correto equilíbrio entre vacas em lactação e vacas secas, é preciso ser extremamente eficiente na recria dos animais, para que eles passem por essa fase tendo um custo que caiba no orçamento do processo de produção. E, ao mesmo tempo, é necessário que esse lote comece a produzir leite o mais rápido possível, somando-se aos 40% do rebanho que traz o faturamento para o negócio.  Como fazer para que a recria das novilhas seja eficiente e reduzir o tempo até a primeira lactação? Para que sejamos eficientes na recria de novilhas leiteiras é fundamental ter metas de desempenho para esses animais, desde a desmama até a primeira lactação. Entretanto, é preciso controlar os indicadores zootécnicos que vão ajudar a entender se estamos cumprindo o programado. Por isso, separamos dois indicadores importantíssimos para serem perseguidos diariamente na fazenda leiteira: Idade a Primeira Cobertura e Idade ao Primeiro Parto.  Por que é muito importante traçar metas e controle desses indicadores? A forma mais clara de entender a resposta desta pergunta é lembrar que uma vaca tem vida útil, ou seja, o número de lactações que ela consegue ter em sua vida produtiva é limitado e vai de acordo com a idade dela. Quanto mais cedo a vaca iniciar a primeira lactação, mais vezes o processo vai se repetir durante sua vida e, consequentemente, mais leite ela produzirá no decorrer dos anos. Com isso, acaba-se diluindo, não somente o seu custo fixo durante a lactação, mas também o custo que a fazenda teve com ela quando ainda não estava produzindo, exemplificado anteriormente.  Como traçar as metas para garantir bons índices? Esses dois indicadores estão altamente relacionados com ganho de peso diário (GMD) dos animais na recria e, para estarem aptas à reprodução, as novilhas precisam ter em torno de 12 a 15 meses de idade e estar pesando entre 50-55% do peso de uma vaca adulta. Ou seja, sabendo quantos quilos o animal precisa ganhar e qual é o prazo de tempo que se tem para fazer isso, é possível chegar a uma meta de kg engordado/animal/dia. Assim, atingindo o GMD que objetivamos, os animais terão a primeira cria na idade desejada e, por consequência, a primeira lactação por volta dos 24 meses de idade, para animais da raça holandesa, e 29 meses, para raças mestiças, com 90% do peso de uma vaca adulta, que seria o ideal.  Como traçar as metas de GMD para atingir excelentes resultados?  Estratégia 1 – Primeira Lactação aos 28 meses Considerando uma bezerra que desmamou aos três meses com 80 kg e precisa chegar aos 18/19 meses com 350 kg, temos: 18 meses – 3 meses = 15 meses de intervalo 350 kg – 80kg = 270 kg que precisa ganhar Traçando a meta 270kg / 15 meses = 0,600 kg/animal/dia. Para esta meta, a estratégia pode ser fornecer suplemento mineral proteico-energético 0,3% do Peso Vivo durante os 15 meses em complementação ao pasto, proporcionando idade de primeira cobertura aos 18 meses e parto aos 28 meses. Estratégia 2 – Primeira Lactação aos 24 meses Considerando uma bezerra que desmamou aos três meses com 80 kg e precisa chegar aos 14/15 meses com 350 kg, temos: 15 meses – 3 meses = 12 meses de intervalo 350 kg – 80kg = 270 kg que precisa ganhar Traçando a meta 270kg / 12 meses = 0,750 kg/animal/dia. Para esta meta, o produtor pode fornecer ração concentrada equivalente a 1% do Peso Vivo em complementação ao pasto durante os meses de seca, além do consumo de proteico energético 0,3% do Peso Vivo durante os sete meses das águas. Com isso, a idade a primeira cobertura seria reduzida para 15 meses. Ração adotada: ração a base de milho, farelo de soja e Núcleo Leite Bezerras (inclusão 5%). As estratégias acima foram traçadas levando em consideração um ganho de peso e crescimento adequados para a categoria, pois ganho de peso diário acima de 0,900 kg pode proporcionar deposição de gordura na glândula mamária, o que pode prejudicar a produção de leite futura. Para melhor avaliação do resultado obtido, com cada uma das estratégias, podemos analisar a tabela abaixo: TABELA 1 – Análise de três estratégias de suplementação adotadas durante a recria: Estes são apenas alguns exemplos de como podemos traçar estratégias e obter sucesso com os animais de recria da fazenda, fazendo da pecuária leiteira uma atividade mais lucrativa. A tomada de decisão que vai ajudar a aperfeiçoar a produção cabe a você, produtor. Mas, nada de agir precipitadamente. Sente, faça as contas e adote a medida de acordo com a sua realidade, somente depois de analisar todos os aspectos econômicos, aliado a precocidade do rebanho e ao mercado.  E lembre-se: se possível o ideal é que o planejamento seja acompanhado por um nutricionista.

Vaca só produz leite se parir

Por Guilherme Marquez de Rezende, Zootecnista e Gerente de Produto da Alta Genetics do Brasil. A parição é o início da produção de leite e consequentemente o começo da fase lucrativa das vacas. Mas, para parir é preciso primeiro emprenhar. E como está o seu rebanho nesse cenário? De acordo com os dados dos dois melhores programas de controle zootécnicos¹, os rebanhos superiores estão operando com as seguintes características: 1.      Trabalham com 57,3% das vacas aptas a reprodução (Taxa de Serviço). 2.      Das vacas que são trabalhadas na reprodução, 42% delas emprenham (Taxa de Concepção). 3.      De todas as vacas aptas para reprodução, 23,7% ficam prenhas. (Taxa de prenhez). Mas, como melhorar isso? Primeiro é preciso anotar diariamente as informações de partos, inseminação, problemas, entre outros aspectos da operação, para ter clareza sobre os dados da fazenda. Em segundo passo importantíssimo, é buscar ferramentas para aumentar a Taxa de Serviço. Com o histórico de anotações, por exemplo, podemos verificar quando as vacas emprenham pós-parto. Esse período de espera até a primeira IA (Inseminação Artificial) é importante e pode diminuir intervalos de partos. Os programas de controle zootécnicos, também nos mostra que após o parto e até a confirmação da prenhez, as melhores fazendas trabalham com 123 dias de período de serviço, ou seja, o prazo disponível para fazer as vacas emprenharem. E como ter o melhor resultado possível nesse período? Que tal começar com um pré parto e um pós-parto de qualidade? Vacas com score apropriados ao parto, dietas corretas, sanidade dentro dos padrões e um ambiente controlado. Esse período, chamado de período de transição pode ser a peça fundamental para uma futura prenhez em curto período de serviço. Se você possui períodos de transição corretos, podemos estipular quando damos uma folga para as vacas se recuperarem após o parto e começar então a reprodução. O chamado PEV (Período de Espera Voluntário), é nele que começamos os protocolos de reprodução. Um protocolo pode ser apenas observar as vacas ao cio, outro podemos utilizar dos hormônios de reprodução e controlar mais a situação. Se tudo der certo, diminuímos bem nosso período de serviço e consequentemente nosso intervalo entre partos. Mais vacas paridas significa mais leite, ou seja, mais renda. Sucesso não tem receita, mas tem dicas. E lá vão elas: 1.      Anote todo e qualquer evento em seu rebanho. Faça uso de suas anotações na tomada de decisão. 2.      Faça um ótimo pré parto e pós-parto. Período fundamental para o sucesso da reprodução.   3.      Decida um PEV condizente com a realidade de seu rebanho. Não copie os outros se você não tem os mesmos manejos de outras fazendas. Sua fazenda é sua fazenda. 4.      Utilize das ferramentas de observação de cio, de indução e sincronização de cio. Controle definitivamente a reprodução, nunca a deixe ao acaso. 5.      Decida com planejamento a sua escolha genética, ela é permanente. Você irá ter de resultado o que você escolheu para aquela vaca, saiba então escolher o melhor para a sua fazenda. Coisas simples que fazem a diferença. Bora produzir leite! Ideagri e AltaGestão¹. Números publicados na edição 2019 do Concept Plus Leite.

Uma revolução para o leite e pecuária de corte

Um novo modelo para o bem estar animal começa a ser estudado no Brasil.  José Luiz Tejon Megido* A Embrapa diz tratar-se de uma alternativa comparada aos modelos utilizados para as vacas de leite, chamados em inglês de compost barn. O que em português seria estábulo de composto. Esse sistema deixa os animais livres, eles saem para passear (ao modelo dos pets) enquanto os estábulos levantados com materiais modernos são tratados com serragem trocando esse composto antigo por uma nova base. A vantagem é que essa mistura é rica também para a adubação de áreas, muito útil para hortaliças, o que é chamado de cama orgânica. Essa ideia, uma inovação, permite a integração da produção de leite com a pecuária de corte, e vai permitir também, o desenvolvimento do empreendedorismo em áreas consideradas pequenas para o gado de corte, com 100 e 200 hectares. Com essa tecnologia do compost barn haverá uma melhoria gigantesca no leite e uma proximidade das melhores carnes de elevada qualidade dos locais de consumo. Ou seja, teremos uma pecuária local, assim como se preconiza uma local farming, agricultura local mundo afora. Na cidade de Itapetininga, no Estado de São Paulo, por exemplo, já existe uma iniciativa chamando a atenção de cooperativas e de produtores, trata-se da biosphere Agribusiness, que é semelhante ao compost barn. Compost barn, uma  revolução para o leite e a pecuária de corte de elevada qualidade em áreas pequenas. O empreendedorismo rural está avançando! Sobre o CCAS O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto. O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico. Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas. A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: http://agriculturasustentavel.org.br /. Acompanhe também o CCAS no Facebook: http://www.facebook.com/agriculturasustentavel *José Luiz Tejon Megido, Conselheiro Fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rádio Jovem Pan. Fonte: CCAS / Alfapress