setembro 7, 2024

Tecnologia impulsiona resultados da pecuária de corte e leite

Em ano de muitos impactos sobre o consumo de carne e leite e nos custos produtivos, pecuaristas avançam no uso de tecnologia para levantar resultados Um ano que ficará marcado pelas incertezas e por um menor crescimento econômico mundial. E em que novamente a atividade pecuária se destacou pela resiliência às adversidades, pela capacidade de superação dos produtores rurais para levar carne e leite de alta qualidade de forma competitiva, que paga as contas da porteira para dentro e que gera divisas ao país. É desse jeito que 2022 será lembrado. Apesar da retomada decorrente da flexibilização após a pandemia de Covid-19, o país foi desafiado por várias questões, como a alta na inflação que gerou impacto sobre o consumo de alimentos no país, de maneira geral, e de carne vermelha, em particular, passando pelas questões relacionadas à guerra entre Rússia e Ucrânia que dificultou o acesso da produção agropecuária a insumos, e chegando até às volatilidades e incertezas comuns decorrentes da corrida eleitoral no país. Esse cenário com destaque para a resiliência da atividade agropecuária foi apresentado pelo time de especialistas do negócio de Ruminantes da DSM em encontro com a imprensa em 7 de dezembro. Para os especialistas, um ponto que ajudou a segurar o mercado foi o fato de as exportações de carne bovina baterem recorde, somando 190 mil toneladas em outubro, segundo dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex). Os embarques da proteína para países como a China, que lidera o ranking de importadores, somado ao aumento da oferta e maior velocidade no ciclo de baixa de preços para todas as categorias animais, contribuíram para esse cenário apontando para o positivo. Na cadeia do leite, porém, a pecuária foi prejudicada pelo fenômeno La Niña, que provocou uma entressafra antecipada, com custos de produção elevados que desanimaram o produtor. Mesmo assim, a oferta tende a melhorar no final do segundo semestre, com recuperação da produção e maior importação de laticínios. “Mais uma vez, a pecuária de corte e de leite se mostrou essencial ao desenvolvimento do nosso país. Tivemos uma série de desafios ao longo desse ano, que foram tratados com muito cuidado pelos produtores, os verdadeiros protagonistas do nosso setor”, aponta Sergio Schuler, vice-presidente do negócio de Ruminantes da DSM para a América Latina. Ao reforçar o protagonismo da atividade pecuária na economia brasileira, contudo, Schuler não deixa de mencionar os avanços dos produtores para a adoção de tecnologia no campo, de modo a impulsionar os resultados buscando produtividade, eficiência e rentabilidade e, consequentemente, preservando o capital alocado na produção rural. “Muitos produtores passaram a entender melhor a importância de usar tecnologias nas fazendas, incluindo suplementação adequada para os animais se tornarem mais produtivos e saudáveis durante todo seu ciclo”, reforça o executivo. Sobre as tecnologias do portfólio da marca Tortuga® de suplementos nutricionais para bovinos, o diretor de marketing da DSM, Juliano Sabella, menciona algumas inovações relevantes e que melhoram os índices zootécnicos dos bovinos de corte e leite e a rentabilidade dos produtores. Destaque para os aditivos CRINA® e RumiStarTM, ingredientes de alta tecnologia exclusivos da DSM que, combinados aos Minerais Tortuga, trazem uma série de benefícios para aumento da produtividade. Destaque também para o Hy-D®, aditivo que, ao ser incluído na dieta dos bovinos, garante absorção mais rápida e eficiente dos macrominerais, melhorando o rendimento de carcaça, produção de leite e índices reprodutivos, elevando os índices zootécnicos e gerando benefícios de bem-estar animal e segurança alimentar. Para 2023, a DSM espera um ano de incertezas para o setor, mas com desenvolvimento e uso de tecnologias e maior concentração na produção agropecuária. Quando o assunto é o segmento leiteiro, a companhia tem perspectivas de demanda ainda fragilizada, com o La Niña afetando o primeiro trimestre e custos ao produtor ainda elevados. Já sobre os bovinos de corte, a demanda externa vai continuar aquecida, com câmbio favorável. Apesar disso, a demanda interna ainda vai seguir sendo impactada, com possível melhora nesse final de ano e ao longo do próximo. “Teremos maior oferta de animais, o que inclui maior abate de fêmeas. Isso vai refletir diretamente na produção, que vai aumentar a partir desse ano, mas se prolongando principalmente em 2023 e 2024”, explica Schuler. Aquisição da Prodap é um grande passo na jornada da DSM em 2022 Além da tecnologia incluída na dieta dos animais, outro passo importante do negócio de Ruminantes da DSM esse ano foi a aquisição da Prodap, concluída em setembro. Sobre isso, vale dizer que o desenvolvimento de tecnologias e de soluções digitais para a pecuária sempre foi uma das missões fundamentais da DSM e, nesse contexto, esse foi mais um importante passo da companhia em sua jornada de precisão e personalização. Nesse mercado, a Prodap é uma empresa brasileira que combina tecnologia, serviços de consultoria e soluções nutricionais personalizadas para impulsionar a eficiência e a sustentabilidade na criação de animais. No negócio de Ruminantes da DSM, a Prodap complementará o profundo conhecimento em nutrição animal e os recursos de consultoria, permitindo um nível ainda mais alto de experiência do cliente. Ao apoiar uma produção rural mais eficiente, essa aquisição contribui para o compromisso da DSM de permitir uma redução de dois dígitos nas emissões de bovinos nas fazendas até 2030. “Com a integração da operação da Prodap, passamos a fortalecer o desenvolvimento de soluções digitais para alcançar mais mercados globalmente e um maior número de espécies de animais. Muitos clientes do negócio de Ruminantes da DSM já vêm sendo atendidos com as tecnologias desenvolvidas e fabricadas pela companhia, com a atenção para os serviços da Prodap. Tudo isso em uma mesma unidade de negócios, que já conta com a confiança do produtor rural brasileiro em ambas as frentes, a de produtos da DSM e a de serviços da Prodap”, conclui Schuler. Censo de Confinamento DSM registra 6,95 milhões de bois confinados em 2022 Um volume de 6,95 milhões de bovinos confinados. Esse foi o montante registrado pelo Censo de Confinamento DSM 2022, estruturado pelo Serviço de Inteligência de Mercado

Selo de qualidade e rastreabilidade da carne bovina gaúcha foram debatidos em reunião

O status do Rio Grande do Sul de área livre de aftosa sem vacinação foi comunicado oficialmente durante a reunião on-line da Câmara Setorial da Pecuária de Corte. O status do Rio Grande do Sul de área livre de aftosa sem vacinação foi comunicado oficialmente durante a reunião on-line da Câmara Setorial da Pecuária de Corte. “Formalizamos a comunicação oficial para a câmara setorial do novo status e informamos que estamos trabalhando para evoluir no projeto de rastreabilidade individual de bovinos”, informa o médico veterinário e chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Seapdr, Fernando Groff. O início dos trabalhos do projeto de rastreabilidade da carne bovina no estado deve apoiar os processos de certificação sanitária nos diversos programas sanitários. “Será um projeto discutido com a cadeia produtiva, para que seja efetivo”, declarou Groff. Outro assunto da reunião foi o Selo de Reconhecimento Carne Premium Gaúcha, que tem o intuito de estimular, apoiar e valorizar a estratégia de agregação de valor aos produtos. “O reconhecimento foi construído por um grupo de trabalho contendo, além de representantes das secretarias, a participação da Aproccima, Apropampa, estâncias gaúchas, Embrapa e UFSM”, explicou o coordenador do Programa Produtos Premium, da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (SICT), Jonathan Vaz Martins Silva. “Os critérios foram construídos tendo por base os seguintes princípios: bem-estar animal, sustentabilidade ambiental, segurança do alimento, rastreabilidade e transparência, respeito à cultura gaúcha, predominância de raças taurinas de corte e eficiência do sistema produtivo por meio da tecnologia”, complementou. Fonte: Destaque Rural Curadoria: Boi a Pasto

Rendimento de carcaça: conheça os fatores que podem influenciar

Práticas de pesagem podem atrapalhar uma avaliação mais objetiva. A procura por produzir uma carcaça de qualidade, ideal para o mercado, está ligada ao consumidor, que busca textura, aparência e custo. Seguindo essa lógica, o natural seria que esse mesmo objetivo fosse o da cadeia produtiva na pecuária de corte, já que a qualidade e o rendimento se iniciam desde a escolha das raças, desenrola-se com o manejo alimentar e vai até o processamento nos frigoríficos. É nisso que acredita a Associação do Novilho Precoce MS, exemplos de associativismo que dá certo na pecuária, unindo produtores que comungam dessa busca por padrão de qualidade e com isso melhoram a rentabilidade do seu negócio.  No entanto, essa não é a realidade no mercado, como afirma o supervisor técnico da Associação, o médico veterinário Klauss Machareth de Souza. “Os frigoríficos recebem todos os tipos de animais e não há um padrão, pois, na hora do abate, encontram-se rendimentos bons e ruins. E onde está o erro no gargalo?”, questiona. Segundo ele, são inúmeros os fatores externos que interferem na hora do rendimento da carcaça, tanto da porteira para fora como da porteira para dentro. Além da genética e do manejo, o veterinário chama a atenção para um ponto interessante: o padrão no final do processo na fazenda. Ele explica que a pesagem em um dia chuvoso para um dia seco, por exemplo, somente pelo couro molhado pode dar de 15 kg a 20 kg de diferença. Além disso, se o animal beber água antes da pesagem do embarque essa diferença pode chegar até 30 kg. “Se uma boiada estiver mais longe que outra e logo em seguida pesar os animais, vai dar desgaste e dará diferença, com certeza. Temos casos de novilha de 400 kg que quando chega no frigorífico é que se descobre que estava com uma prenhez de cinco meses. Ou seja, o peso real era de 350 kg na balança”, exemplifica. Para identificar onde está ocorrendo a perda, a única saída indicada pelo profissional é criar um histórico de seu rebanho. “Por exemplo, quando um animal tem 500 kg de peso vivo e no frigorífico em 250 kg de peso morto, com um rendimento de 50%, o produtor não sabe explicar o que ocorreu. Se eu não meço nada da porteira para dentro não tem como saber onde está o problema da perda de qualidade que interfere no rendimento da carcaça. O maior desafio é esse: identificar o que ocorre na propriedade para depois mapear o problema e fechar a porteira”, orienta. Para isso, segundo Machareth, é preciso ter uma rotina de pesagem na fazenda. Mas ele alerta que a ferramenta deve estar em dia, isto é, a balança deve estar bem regulada. “Infelizmente muitos pecuaristas não têm um histórico do rebanho, com rotinas de pesagem. Alegam que estressa o animal, mas se você tem estrutura com equipamentos que prezem pelo bem-estar animal e uma equipe preparada para fazer um manejo racional, isso não ocorrerá. É o primeiro passo para criar um parâmetro e saber se e onde você pode melhorar seus resultados”, acredita o técnico da Novilho Precoce. Fonte: Beckhauser

A arte da carne bovina

Alimentar o mercado da carne bovina requer muito trabalho e muitos investimentos em genética, nutrição, sanidade e manejo dos animais, para que assim possa atingir seu objetivo: produção de animais sadios, precoces – em um menor espaço -, numa escala uniforme e de um modo extremamente sustentável, em que é respeitado o bem-estar dos animais e o ambiente. *Leandro Cazelli Alencar Na maioria das vezes, quando nos deparamos nas gôndolas dos supermercados ou dos açougues com os diversos cortes de carne bovina, não sabemos do trabalho que foi realizado para que possamos comprar um corte específico, principalmente o trabalho que é feito no campo, conhecido como pecuária. Consequentemente, essa mesma atividade se desdobra para outras que, posteriormente, irão suprir as necessidades de manutenção da vida de milhões de pessoas, formando o complexo do mercado da carne bovina. Alimentar o mercado da carne bovina requer muito trabalho e muitos investimentos em genética, nutrição, sanidade e manejo dos animais, para que assim possa atingir seu objetivo: produção de animais sadios, precoces – em um menor espaço -, numa escala uniforme e de um modo extremamente sustentável, em que é respeitado o bem-estar dos animais e o ambiente. Deste modo é possível obter desses animais carne de qualidade em todos os fatores. Quando me refiro à qualidade de carne, relaciono todos os aspectos intrínsecos à carne bovina e suas características organolépticas, como cor, odor, sabor, maciez, suculência, aparência, segurança alimentar, entre outros. Sem dúvida, todos esses aspectos podem ser alterados e, consequentemente, interferir na qualidade da carne bovina. No momento de saborearmos uma bela carne, nós avaliamos principalmente sua maciez, sabor, suculência e aspecto. Eu ressalto duas características que são prioritárias em relação a essas já mencionadas: sanidade e a segurança alimentar. Temos a obrigação de comprar carnes que são inspecionadas por órgãos federais/estaduais/municipais, já que esta ação é o que garante a qualidade do produto. Quando nos referimos à maciez, já é sabido que quanto mais novo é o animal, mais macia será sua carne. Raça, genética, nutrição e manejo podem contribuir ainda mais para essa qualidade. Já o sabor é uma característica cuja contribuição vem da cobertura de gordura e está relacionada também a nutrição, raça e condição sexual do animal. Temperatura e processo de cozimento pode influenciar também, pois quanto maior o tempo de cozimento e maior a temperatura, maior será a degradação das proteínas e a perda das substancias voláteis. É importante ressaltar que o tipo de dieta ou da alimentação que o animal foi submetido podem interferir no sabor da carne. Sendo assim, os animais criados exclusivamente a pasto possuem melhor aceitação do mercado, tanto em relação a sustentabilidade quanto na questão do sabor. A suculência, por sua vez, está envolvida com genética, ressaltada principalmente por animais de raças que possuem um alto índice de marmoreio (gordura intramuscular). Já o aspecto da carne envolve a cobertura de gordura, pois, durante o resfriamento, se a carne não tem capa de gordura, ela pode sofrer desidratação e choque térmico, alterando essa característica. Uma etapa muito importante do processo produto, que pode alterar todas as características organolépticas citadas anteriormente, é o rigor mortis, que nada mais é do que a conversão do músculo em carne. Mesmo com o abate do animal, os músculos permanecem “vivos” e, após um conjunto de reações bioquímicas e biofísicas, eles se transformam em carne propriamente dita. Este processo pode ser influenciado de acordo com o manejo pré-abate, que contribui para alteração da carne e da qualidade final da mesma. Importância Os componentes da carne bovina são proteínas, minerais, vitaminas, lipídios e água e seu consumo é essencial para a manutenção de nossas vidas, suprindo nossas necessidades diariamente. Assim, podemos refletir que a atividade da bovinocultura de corte junto com produção de carne é, de fato, uma arte e o principal protagonista desse trabalho, que tem poder para demandar alimentos cada vez com mais qualidade, somos nós, os consumidores. *Leandro Cazelli Alencar é médico veterinário e atua com pecuária de corte e leite na República do Congo, África. Fonte: Rural Centro