setembro 18, 2024

Bem-estar animal: sombra é essencial em regiões de clima quente

O conforto térmico é um dos requisitos que garantem, além do bem-estar, a sustentabilidade e o sucesso da atividade pecuária em regiões de clima quente. Com a crescente preocupação do mercado consumidor – principalmente o europeu – em relação ao bem-estar animal, os produtores rurais devem ficar cada vez mais atentos ao modo como os animais são tratados dentro das propriedades. A produção animal no Brasil concentra-se basicamente na região intertropical, onde existe a maior incidência de radiação solar, o que pode causar efeitos prejudiciais, tanto na produção e na sanidade, quanto na reprodução. “Quando falamos em produção animal a pasto nos trópicos, considerando-se as mudanças climáticas e a perspectiva de aumentar ainda mais a temperatura do ambiente, é preciso tomar alguns cuidados para evitar esses efeitos prejudiciais aos animais”, destaca a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Fabiana Villa Alves. Há raças bovinas mais ou menos adaptadas ao calor. As taurinas, em geral, são pouco adaptadas a climas quentes e, por isso, as que mais sofrem os efeitos prejudiciais de altas temperaturas no ambiente. “Por outro lado, o nelore, pertencente às raças zebuínas, é um animal considerado adaptado a esse tipo de clima. Algumas características, como a cor da pele e do pelo, e a grande quantidade de glândulas sudoríparas muito eficientes, auxiliam-no a tolerar bem o calor”, diz a pesquisadora. Entretanto, ela explica que mesmo sendo adaptados, sofrem em períodos prolongados com altas temperaturas por se tratarem de animais homeotérmicos, que devem manter a temperatura “ótima” para realizar as funções fisiológicas normalmente. Quando essa temperatura começa a aumentar ou diminuir, eles precisam usar alguns mecanismos para retorná-la àquela considerada normal. Os animais têm diferentes faixas de temperaturas consideradas de conforto térmico. Para os taurinos, essa faixa é de até 27 graus. O zebuíno suporta um pouco mais, mas a temperatura máxima de conforto é de 35 graus. “No inverno, no Centro-Oeste, são facilmente registradas temperaturas, ao sol, próximas a essa. Então, dependendo da raça e da adaptabilidade, o animal fica ofegante, aumenta a temperatura retal e os batimentos cardíacos para tentar dissipar esse calor e voltar à temperatura ótima. Mas todo mecanismo que ele usa para isso demanda gasto de energia, o que pode refletir em queda de produtividade”, lembra Fabiana. Para deixar os animais na zona de conforto térmico, ela lembra que são necessárias modificações ambientais, conforme o sistema de produção. Para os confinados é possível colocar aspersores de água, cortinas e sistemas de ventilação. Para animais a pasto, a medida mais eficiente é oferecer sombra, que pode ser tanto artificial (sombrite 70%), quanto natural. Esta última, dada pela introdução de árvores, é a mais barata e eficiente, além de trazer outros benefícios agregados como aumento de biodiversidade, diversificação da renda e alimento para os animais. “A sombra natural é mais eficiente porque a árvore, além de bloquear a radiação solar, cria um microclima embaixo daquele ambiente com sensação térmica mais agradável. Assim, é oferecida uma condição de melhor conforto térmico, por se tratar de um ambiente com menor temperatura e, com isso, é possível promover o bem-estar do animal”, acrescenta a pesquisadora. Segunda ela, a espécie da árvore a ser usada depende de alguns fatores. Por exemplo, em sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) na região Centro-Oeste, o eucalipto é muito utilizado devido às condições de solo (ácido e com baixo teor de argila) e ao mercado consumidor existente para celulose, madeira e carvão. Na Embrapa Gado de Corte, vêm sendo realizados estudos para caracterizar quantitativa e qualitativamente tipos de sombra de diferentes espécies de árvores, e quantificar o benefício proveniente dela para os animais. A expectativa é que os resultados sejam divulgados dentro de três anos.  Fonte: Embrapa Gado de Corte. Foto: João Costa (Embrapa)

Estresse calórico em bovinos gera queda de produtividade

Nos últimos dias, a onda de calor extremo, tem preocupado os produtores brasileiros. Diversos veículos de informação noticiaram a perca de lavouras e galinhas em várias regiões do Brasil, e com os rebanhos de bovinos não é diferente. O estresse calórico é definido por Silva (2000) como, a força exercida pelos componentes do ambiente térmico sobre um organismo, causando nela uma reação fisiológica proporcional à intensidade da força aplicada e a capacidade do organismo em compensar os desvios causados pela força.O termo estresse pode ser aplicado a qualquer mudança ambiental suficientemente severa para introduzir respostas que afetam a fisiologia, comportamento e produção dos animais. O estresse térmico em vacas leiteiras, por exemplo, ocorre quando a taxa de ganho de calor do animal excede a de perda, fazendo com que o mesmo saia de sua zona de conforto. Desta forma, são necessários ajustes no comportamento e/ou fisiologia do animal.Esse estresse calórico, especialmente nas regiões tropicais, consiste em uma importante fonte de perda econômica na pecuária, tendo efeito adverso sobre a produção de leite, produção de carne, fisiologia da produção, reprodução, mortalidade de bezerros e saúde do úbere.Como identificar animal com estresse térmico• Diminuição na produção de leite de 10 a 20%• Frequência respiratória acima de 80 movimentos por minuto em 70% dos animais do lote• Temperatura retal maior que 39,2ºC em 70% dos animais do lote ou acima de 39ºC por mais de 16 horas seguidas• Redução de pelo menos 10 a 15% na ingestão de alimentos• Aumento do consumo de água Como reduzir o estresse calórico em bovinos?Garantir uma dieta de acordo com as necessidades nutricionais do animal, e adaptá-la quando possível para reduzir a produção de calor metabólico, por exemplo, são formas de promover o bem-estar.Outra forma mais simples é prover aos animais um abrigo, ou seja, garantir espaços com sombra para que eles possam se proteger e evitar o contato direto com a radiação solar.O sombreamento de área pode ser tanto natural, composto por vegetação, quanto artificial, com a construção de sombrite de no mínimo 80% de retenção da radiação (coberturas normalmente feitas com redes plásticas ou telas de polietileno). Essa tática reduz a incidência dos raios solares sobre os animais, mas é insuficiente para regularizar a temperatura corporal, caso se mantenham as condições climáticas e atmosféricas adversas. Assim, outra opção é investir em aspersores de água e ventilação automática sempre que possível, pois são capazes de reduzir bastante os efeitos do calor sobre os animais.Tome nota | Animais em estresse térmico apresentam respiração ofegante, boca aberta e língua para fora na tentativa de trocar calor com o ambiente.Levar em consideração os efeitos das altas temperaturas, na hora de elaborar as melhores estratégias de manejo, é um dos detalhes que caracterizam o bom produtor.Uma opção, na redução do estresse térmico em bovinos, seria adotar o sistema Silvipastoril, que além de sustentável, por integrar pastagem com arborização, também, pode servir como forma alternativa de renda para o produtor, com a produção de madeira ou fornecimento de frutas. Por: Boi a Pasto

Sombreamento evita estresse calórico em dias quentes

Embora estejamos no inverno com queda nas temperaturas e geadas por todo o Brasil, é nessa época que o produtor deve se preparar para os dias quentes. Segundo uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o sombreamento aumentou em 22 e 24% a produção leiteira das fêmeas Gir e Girolando respectivamente, em piquetes sombreados quando comparada à produção em manejo tradicional. O estresse calórico é uma das causas de grande impacto econômico na eficiência de vacas leiteiras, provocando efeitos negativos na produção de leite, assim como na reprodução desses animais, podendo,  ainda, provocar distúrbios metabólicos e diminuir a eficiência do sistema de defesa do animal, proporcionando maiores chances de ocorrência de doenças.Esse estresse calórico provoca nos animais uma redução no consumo de alimentos, sendo que essa é uma tentativa do animal em diminuir o metabolismo basal, buscando manter a temperatura constante. Esta redução no consumo de alimento impacta de forma negativa na produção de leite. Vacas que estão em período de lactação, apresentam maior consumo de alimentos e, consequentemente, apresentam maior dificuldade em manter o  equilíbrio térmico, principalmente quando em situação de estresse térmico, seja ela por irradiação solar ou altas temperaturas. O sombreamento, devidamente planejado, poderá impactar de forma positiva na produtividade dos animais, diminuindo a sensação térmica provocada pelas altas temperaturas e diminuindo a irradiação excessiva do sol, tendo efeito direto na melhoria do consumo de alimento. Temos duas formas de fazer o sombreamento, podendo ser naturais e artificiais. As sombras naturais, proporcionadas por vegetações nativas ou mesmo de reflorestamentos, têm por objetivo impedir a incidência solar e reduzir a temperatura ambiental por meio da atividade evaporativa das folhas, amenizando os efeitos indesejáveis do clima tropical, caracterizado por ser quente e úmido, proporcionando assim o conforto térmico para os animais. Sobre o sombreamento artificial, conforme destacado em algumas pesquisas, há uma redução de 30% a 50% da carga total de calor, sendo que é importante considerar a sua localização, orientação conforme o clima e tamanho da sombra. Para utilização de sombreamento artificial, é indicado de 3,5m² a 4,5m² de espaço de sombra por vaca leiteira, com recomendação da orientação de norte-sul com o objetivo de a luz solar sob a sombra secar o chão, evitando o acúmulo de água e formação de lama, diminuindo as chances de contaminação das glândulas mamárias dos animais. Essa alternativa de sombreamento pode ser realizada com estruturas simples como sombrites (mínimo 80% de sombra), podendo ser fixos ou móveis, sendo que a opção de móvel é indicado em situações as quais se queira evitar a formação de malhadouros, degradação do solo e pastagens. O sombreamento artificial como alternativa para o sombreamento natural é uma alternativa interessante, no entanto, não é tão eficiente pensando em capacidade de alterar a temperatura atmosférica ou umidade relativa do ar, sendo que esses fatores são importantíssimos para que um animal em situação de estresse calórico possa realizar o processo de termorregulação de forma mais eficiente.Diante disso, fica claro que o sombreamento natural é a alternativa mais indicada para vacas leiteiras a pasto com o objetivo de se evitar o estresse calórico. Artigo: Cícero Pereira de Carvalho Júnior, Médico Veterinário do Grupo Matsuda na unidade de Imperatriz no Maranhão

Grupo usa chip que mimetiza o endométrio bovino para estudar fatores que podem comprometer a gestação

Com o objetivo de investigar fatores que podem comprometer o sucesso gestacional em bovinos, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) usaram uma espécie de chip para mimetizar o ambiente do endométrio – tecido que reveste a parte interna do útero. O trabalho foi conduzido pelo biólogo Tiago Henrique Camara De Bem, pós-doutorando na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP), e por mais quatro cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido. Os resultados foram divulgados na revista Endocrinology. A equipe focou em investigar alteração das concentrações de insulina e glicose nas células maternas (epiteliais e estromais) e as possíveis consequências para o desenvolvimento gestacional inicial. As células epiteliais são as mais externas do endométrio e, portanto, estão em contato direto com o embrião. Já as estromais estão na parte interna do endométrio, são células de suporte que têm entre suas funções guiar o crescimento, a diferenciação e o desenvolvimento das células epiteliais. O grupo descobriu que altas concentrações de glicose alteraram 21 genes codificadores de proteínas em células epiteliais e 191 em células estromais, com mudanças quantitativas também no secretoma das proteínas (conjunto de proteínas secretadas no meio de cultivo que, nesse caso, mimetiza o fluido do endométrio). “Conforme alteramos a quantidade de glicose e de insulina no meio de cultivo, estressando as células, podemos ativar ou desativar os genes.” A alteração das concentrações de insulina modificou a secreção quantitativa de 196 proteínas, embora tenha resultado em mudanças limitadas no tocante à transcrição gênica. “Trata-se de uma possível composição proteica do fluido uterino, ou seja, do que essas células estariam secretando de proteína para o embrião. Vimos que esse conjunto de moléculas está relacionado com vias de sinalização bastante importantes para o sucesso inicial da gestação em bovinos, relacionadas ao metabolismo, à matriz celular e outros determinantes. Todas essas descobertas evidenciam um mecanismo pelo qual as alterações na glicose e na insulina maternas podem alterar a função uterina.” De Bem teve o apoio da FAPESP por meio de Bolsa de Pós-Doutorado, projeto desenvolvido no Laboratório de Morfofisiologia Molecular e Desenvolvimento sob a supervisão do professor Flávio Vieira Meirelles. Também contou com Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE). Estresse De acordo com o biólogo, o Brasil é referência na produção de embriões de bovinos no mundo, mas as taxas de perdas de gestações ainda são altas. “Aqui, grande parte dos embriões é produzida por fecundação in vitro. Os oócitos [gameta feminino> são coletados, maturados, fecundados, cultivados e transferidos para receptoras sincronizadas. Mas em 40% dos casos a gestação se perde na terceira ou quarta semana”, afirma, lembrando que os bovinos têm período gestacional de aproximadamente nove meses, como os humanos. Ele explica que o sucesso reprodutivo está atrelado a várias condições. “A gestação é uma relação de interação entre a mãe e o embrião que está se desenvolvendo no útero materno. Há ali um crosstalk entre as células do embrião e as da mãe, influenciado por múltiplos aspectos. Quando não há uma comunicação correta – ou o embrião não consegue sinalizar sua presença, ou a mãe não reconhece o embrião em desenvolvimento –, pode ocorrer perda gestacional.” O estresse provocado por diversos fatores (ambientais, nutricionais, de processo produtivo, entre outros) pode gerar instabilidade na comunicação entre a mãe e o embrião e, consequentemente, na gestação. Ele revela que o problema maior, no caso dos bovinos, acontece com as vacas leiteiras de alta produção. Nessa categoria, o período pós-parto inicial é frequentemente associado ao estresse metabólico resultante do balanço energético negativo que acomete as fêmeas nesta fase. “A glicose, por exemplo, é um substrato básico para o metabolismo celular e a célula precisa dela para desempenhar suas funções. As vacas em lactação estão sob desafio metabólico, produzindo leite. O consumo de energia delas é grande, pois precisam manter as funções básicas do organismo, além de todas as funções da produção de leite. E o status do metabolismo da mãe interfere muito na reprodução. Daí nossa preocupação em entender esses fatores causadores de estresse metabólico para o ambiente que receberá o embrião.” Endométrio no chip De Bem ressalta que a pesquisa foi uma parceria com a equipe da professora Niamh Forde, da Faculdade de Medicina da Universidade de Leeds, que também assina o artigo. “Ela investiga o reconhecimento materno da gestação em bovinos. Eu estou interessado em investigar os sinais que o embrião manda para a mãe. Achamos que seria uma boa colaboração e tivemos essa ideia de desenvolver um ‘endométrio no chip’ que permitisse um cultivo multicelular, ou seja, de mais de um tipo de célula do endométrio.” O chip é como se fosse uma lâmina histológica, mas dividido em câmaras, que são compartimentos em que os cientistas fizeram a semeadura de dois tipos celulares. A divisão é constituída de uma membrana porosa que permite a troca de informações entre os dois tipos celulares cultivados nas diferentes câmaras, mas não permite que um tipo passe para baixo e o outro para cima. Trata-se de um chip comercial adaptado para simular um endométrio. “Na câmara superior foram colocadas as células epiteliais. Na inferior, as células estromais. São dois tipos de célula fartamente encontradas no endométrio. O meio da câmara superior ficará enriquecido com fatores que as células epiteliais estão produzindo e secretando, representando o secretoma do endométrio”, explica o pesquisador. O chip permitiu que fosse feita uma infusão constante do meio de cultivo. “Cultivamos as células por três dias, injetando meio de cultivo durante as 72 horas [um microlitro por minuto>, contendo três diferentes concentrações de glicose ou duas diferentes concentrações de insulina. Ou seja, fomos mandando nutrientes bem devagarinho, em um fluxo que mimetiza a melhor fisiologia do meio. Isso nos garantiu que as células fossem expostas às mesmas concentrações de insulina e glicose durante todo o período do experimento”, conta. Futuro O método, que nunca havia sido usado para mimetizar um endométrio de bovino, é inovador, levando-se em conta o cultivo celular tradicional, ainda muito simples, pois não simula todas as condições do organismo. “O endométrio é tridimensional, com vários

Controle das verminoses em bovinos exige um calendário sanitário, estratégico, eficiente e racional

*Por João Paulo Lollato, médico-veterinário e coordenador de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó e, Reuel Luiz Gonçalves, médico-veterinário e gerente Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó. As verminoses são um dos fatores que mais afetam a produtividade dos bovinos em várias regiões do País. Segundo GRISI, Laerte et al (2014), um dos parasitos que prejudicam o bem-estar do gado, a produtividade e o impacto econômico são os nematódeos gastrointestinais e pulmonares. Estima-se que as perdas anuais são da ordem de U$ 7,11 bilhões e sabe-se que cerca de 10 milhões de bovinos e búfalos morrem, anualmente no mundo, em consequência direta ou indireta da presença de helmintos. Devido às nossas condições climáticas, a maioria dos bovinos encontra-se parasitado durante todo o ano por helmintos gastrointestinais e/ou pulmonares. A erradicação destes parasitos é impossível, sobretudo devido à sua capacidade de multiplicação e adaptação ao meio ambiente. Eles são sócios indesejáveis e permanentes do produtor e, pelo fato de não provocarem grande mortalidade ou doença aguda, vão, paulatinamente, minando a economia do pecuarista. As verminoses representam um grupo de doenças infecciosas causadas por várias espécies de vermes ou helmintos, que afetam clinicamente, sobretudo, animais jovens. Podem ser: verminose pulmonar ou broncopneumonia verminótica e verminose gastrointestinal. A verminose pulmonar é comum em algumas regiões, principalmente, em gado jovem (bezerros de ano e sobre ano), e caracteriza-se por tosse, corrimento nasal, respiração ofegante e taquicardia, sendo, muitas vezes, confundida com as pneumonias bacterianas. Já a verminose gastrointestinal é muito frequente em todos os sistemas de criação de bovinos. Normalmente, todos os animais criados a pasto estão ou já estiveram parasitados por uma ou mais espécies de helmintos gastrointestinais, sendo os mais jovens mais sensíveis e os mais velhos mais resistentes. Pelo Brasil, bovinos criados em pastagens naturais estão expostos à infecção por larvas de nematódeos gastrointestinais e pulmonar, principalmente  dos  gêneros  Bunostomum, Cooperia, Dictyocaulus, Haemonchus, Oesophagostomum, Strongyloides e Trichostrongylus. A incidência e distribuição destes parasitos apresentam variações regionais e sazonais, dependendo de vários fatores como: regime de chuvas, ecossistema, manejo das pastagens e animais, tipo e idade dos bovinos.  Ação sobre os animais Animais adultos geralmente apresentam infecção subclínica, mantendo baixa infecção, mas contaminam continuamente as pastagens, principlamente as vacas. Em algumas situações como a alta lotação, pastagens naturais ou degradadas e ocorrência de doenças concomitantes que afetam o sistema imunológico tipo Diarreia Viral Bovina (BVDV), os bovinos adultos podem adquirir altas cargas parasitárias e apresentar alguma sintomatologia clínica. Os animais jovens são altamente susceptíveis às infecções verminóticas durante o primeiro ano de pastejo. No segundo e terceiro anos, são capazes de desenvolver uma pequena imunidade, pois à medida que vão ficando mais velhos entram em contato constante com as larvas infectantes nas pastagens e adquirem certa imunidade. Os vermes ou nematódeos gastrointestinais são os agentes etiológicos diretamente relacionados com a diminuição da produtividade na pecuária bovina, acarretando menor produção do leite a pasto, diminuição no ganho de peso e retardo no crescimento de animais jovens. Além disso, é porta de entrada para outras doenças importantes por meio da queda da resistência imunológica, menor resposta às vacinas e, sobretudo, morte de animais jovens por anemia, diarreia, caquexia, entre outras causas. Danos causados pelas verminoses nos bovinos  Ação espoliativa: principalmente o Haemonchus e Bunostomum alimentam-se de sangue, injetando substância anticoagulante no local de fixação e sucção, que pode causar pequenas hemorragias gastrointestinais por 5 a 6 minutos após se alimentarem.  Ação inflamatória: as lesões diretas na mucosa gastrointestinal, excreções e secreções das glândulas esofagianas dos helmintos e o líquido liberado pelas larvas causam reações inflamatórias das mucosas gástrica e intestinal com forte edema e presença de grande número de linfócitos, eosinófilos, mastócitos e neutrófilos. Com frequência ocorre perda de albumina plasmática por meio da mucosa edemaciada, o que pode alterar a pressão oncótica vascular e o animal apresentar edema submandibular. Também é possível ter alteração da absorção de nutrientes pelas mucosas inflamadas, contribuindo para caquexia dos animais parasitados.  Ação mecânica: nas verminoses pulmonares são observadas obstruções de órgãos como brônquios e bronquíolos, por exemplo, pelo parasitismo por Dictyocaulus viviparus.  Larvas e vermes adultos de helmintos gastrointestinais destroem a mucosa gastrointestinal e levam à formação de úlceras e instalação de infecções secundárias. Também ocorre a substituição do tecido funcional (de absorção) por fibroso (tipo uma cicatris), impedindo a absorção de nutrientes e a produção de enzimas, alterando o metabolismo das proteínas, energia, mineral e o balanço hídrico. Consequentemente, interferindo na condição corporal, ou seja, no peso e na qualidade da carcaça. Este tipo de verminose também causa quadros diarreicos.  Sintomas clinicos das verminoses em bovinos Os parasitas gastrointestinais de bovinos levam a quadros sintomatológicos, principalmente em bezerros, que se confunde com um grande número de doenças e pode ser clínico ou subclínico. O efeito nos animais é fortemente influenciado pelo estado nutricional dos hospedeiros. Os sinais ou sintomas incluem diminuição na velocidade de ganho de peso, causando uma severa redução na ingestão de alimentos, caquexia e podendo levar à morte. Entre os sintomas mais comuns, podemos destacar: anorexia (falta de apetite), desidratação, diarreia, diminuição da produtividade, infecções bacterianas secundárias, pelos arrepiados, pneumonia parasitaria, retardo do crescimento, entre outros. Animais desverminados  Diagnóstico precoce Para realizar o diagnóstico devem-se cruzar as informações clínicas dos animais com os exames laboratoriais, se possivel. O exame parasitológico de fezes pode estimar a carga parasitária por meio da contagem dos ovos dos parasitos presentes numa quantidade conhecida de fezes, ovos por grama de fezes (OPG). Este exame é realizado, principalmente, para auxiliar no controle parasitário e é importante também para ajudar no diagnóstico da resistência anti-helmíntica quando se tem um alto desafio local, podendo ser feito individual ou em “pool” por categorias, lotes ou pastagens. O hemograma também possui grande valor diagnóstico, principalmente em quadros agudos de verminose, uma vez que nas helmintoses pode ocorrer anemia severa, leucocitose e eosinofilia. Controle e tratamento das verminoses O controle estratégico combinado de verminoses é importante para o produtor. Uma das combinações possíveis está na proposta da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, desenvolvida

Evolução dos probióticos na saúde dos bezerros

Veja a evolução dos probióticos na saúde dos bezerros A diarreia em bezerros é um dos principais sinais clínicos indicativo da presença de doenças neonatais de diferentes origens. A alta morbidade e mortalidade em bezerros representa perdas significativas para a cadeia produtiva, de corte e leite. É muito importante reduzir a prevalência de infecções gastrointestinais em bezerros jovens, porque quando os animais estão doentes nesta fase seu crescimento posterior é retardado, afetando a produtividade. Nos sistemas de criação intensiva, como em confinamentos, há maior incidência de diarreias, que tem seu risco diminuído em sistemas mais extensivos. Portanto, a inclusão de estratégias preventivas para reduzir a incidência de diarreia é necessária, além do fornecimento de terapia de suporte adequado quando ela já está instalada. A terapia de fluidos é uma das principais medidas que auxilia na reposição de fluidos, equilíbrio ácido-base e correção nutricional. A terapia com antibióticos é recomendada quando há a presença de bacteremia e o animal corre risco de vida. Aliado a essas terapias, os probióticos orais e leveduras, quando administrados em doses certas, exercem efeito benéfico à saúde, reduzem a incidência de diarreia e melhoram o ganho de peso médio diário e a eficiência alimentar. Além disso, contribuem para a redução do uso excessivo de antimicrobianos nessa fase de cria. A suplementação de bactérias probióticas, normalmente as ácido-láticas, pode aumentar a resistência a bactérias patogênicas como Escherichia coli e Salmonella spp., especialmente durante o desenvolvimento do sistema imunológico, quando há a “janela imunológica” e o animal apresenta maior suscetibilidade. Algumas pesquisas com probióticos, como o Enterococcus faecium para bezerros leiteiros, observaram aumento das vilosidades intestinais, que aumenta a área de absorção de nutrientes e favorece o desenvolvimento do bezerro. Além dessa, outras bactérias já se mostraram benéficas nesta fase como Pediococcus acidilactici, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei e Bifidobacterium bifidum. Essas bactérias podem ser adicionadas no leite integral, leite pasteurizado, ou no substituto do leite, com ou sem inclusão de ração inicial para bezerros como dieta sólida. Porém os efeitos da utilização de probióticos em bezerros jovens podem variar de acordo com o período de suplementação, idade do bezerro, manejo e instalações. Uma meta-análise realizada na Argentina avaliou o efeito da suplementação de probióticos no desempenho do crescimento de bezerros. O estudo confirmou o beneficio dos probióticos no ganho de peso e na eficiência corporal. O efeito foi mais bem observado com bezerros suplementados nos primeiros 60 dias de vida. O Biobac é um probiótico comercializado pela Ourofino Saúde Animal que possui três tipos de bactérias benéficas: Lactobacilus acidophilus, Bifidobacterium animalis e Enterococcus faecium. O Biobac é capaz de proteger o trato intestinal contra microrganismos patogênicos causadores de diarreias e garantir o desempenho produtivo dos bezerros.

Vacinas recomendadas para o período de cria de bovinos e protocolos de sanidade reprodutiva

*Por Reuel Luiz Goncalves – Médico-veterinário e Gerente Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó Utilizar vacinas na pecuária se tornou rotina, por ser uma medida preventiva contra doenças infecciosas, por reduzir perdas e a necessidade do uso de antibióticos para os tratamentos nos animais de produção, o que diminui os custos e também os resíduos de fármacos em produtos de origem animal. A vacinação visa prevenção, controle e até mesmo a erradicação de doenças, melhoria da saúde pública e aumento dos índices produtivos e reprodutivos dos rebanhos. Depois do manejo nutricional o manejo sanitário de um rebanho é de extrema importância e, a vacinação é a primeira ferramenta a ser lembrada. Vacinar é o mesmo que imunizar? Não! O ato da vacinação é uma prática simples, mas que requer alguns cuidados especiais e conhecimentos para imunizar bem os animais e evitar prejuízos aos produtores, danos ao rebanho e para que o processo de imunização tenha maior chance de ser bem sucedido. Devemos sempre observar vários fatores para que a eficiência da imunização desencadeada pela aplicação da vacina não seja prejudicada. Esses fatores podem estar relacionados ao transporte, conservação (cadeia de frio), manuseio das vacinas e execução da vacinação propriamente dita. Os principais objetivos da vacinação são: Proteger o rebanho e evitar surtos de doenças infecciosas; Proteger o indivíduo (animal) de doenças infecciosas associadas à mortalidade e evitar sequelas de longo prazo que possam interferir no desempenho ou, até mesmo, interromper o período de vida produtiva/reprodutiva de um animal ou de todo um rebanho; Controlar e, até mesmo, erradicar doenças infecciosas como Aftosa, Brucelose, Raiva, etc. Planejamento Uma anamnese detalhada da fazenda deve ser feita antes de se montar um Calendário Sanitário Vacinal. Induzir proteção de rebanho pelo uso da vacinação deve levar em conta o tipo de sistema da propriedade, se é cria, recria, engorda, ou ciclo completo, a manifestação ou não de doenças, relatos de casos de doenças endêmicas na região e relatórios informativos sobre o diagnóstico e a prevalência de doenças contagiosas publicados por órgãos oficiais de vigilância sanitária regionais. Em seguida, deve ser montado um calendário de vacinação, onde estarão definidas as vacinas a serem utilizadas, categorias que receberam e a melhor época para a aplicação de cada uma delas. Este calendário deverá ser definido em conjunto com o médico-veterinário responsável pelo rebanho, o gerente da propriedade e o proprietário, para que todos estejam cientes das necessidades vacinais do rebanho. As vacinas obrigatórias dos bovinos devem ser incluídas inicialmente no calendário anual de vacinação. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) define um calendário oficial para a vacina de febre aftosa, em que os meses mais adequados para vacinação são definidos segundo o Estado, geralmente nos meses de maio e em novembro. Em algumas regiões endêmicas se faz também com a vacinação contra Febre Aftosa a vacina de Raiva, sendo essa uma orientação estadual. Outra vacina oficial importante é contra brucelose, não existe uma data definida com calendário oficial de vacinação, entretanto o que fica definido são o sexo e a idade do animal em que a vacina deve ser administrada (vacinar apenas fêmeas entre três e oito meses de idade). Definidas as datas das vacinas obrigatórias, o produtor em conjunto com o veterinário e o gerente da fazenda deve incluir as vacinas produtivas para proteger os animais contra determinadas doenças, utilizando uma ou mais das dezenas de vacinas disponíveis no mercado. Para definir o calendário vacinal, pensado na reprodução, devemos identificar quando é a Estação de Monta (EM) da propriedade, na maior parte do país inicia-se no primeiro dia de novembro, terminando ao final de janeiro (90 dias) ou de fevereiro (120 dias). Estabelecido a EM, fica fácil de determinar a Estação de Nascimento (EN), sendo possível organizar a vacinação das fêmeas em atividade reprodutiva nas mais diversas categorias da propriedade (Nulíparas, Primíparas, Secundíparas, Pluríparas e Vacas solteiras). Umas das vacinas mais antigas utilizadas em fêmeas de cria é a contra o paratifo (Salmonelose) e para colibacilose (E. coli), vacinas estas feitas no 8º mês de gestação das mesmas. Hoje, estas vacinas foram substituídas pelas contra Diarreias Neonatais, onde além da proteção contra E. coli e Samonella spp pela cepa J5, elas possuem em sua composição além da cepa J5 os Vírus G6 e G10 de Rotavírus, sendo uma das vacinas mais conhecidas com essa formulação a Rotatec J5. Outra vacina muito importante e que muitas vezes é negligenciada nas matrizes são as vacinas Clostridiais (Policlostrigen), contra carbúnculo sintomático, gangrena gasosa e enterotoxemias e também contra o botulismo. Por quê? Lembremos sempre que os animais de cria estão sujeitos a desafios diferentes que os de engorda e também precisam produzir um colostro de qualidade para seus produtos, principalmente para protegê-los nos primeiros 60 a 90 dias de vida. Depois das vacinas massais (Clostridiose, Botulismo e Raiva), devemos dar atenção às vacinas especiais reprodutivas, que são contra Rinotraqueite Infecciosa Bovina (IBR 1 e 5), Diarreia Viral Bovina (BVD 1 e 2), Campylobacteirose (C. fetus subsp. venerealis e C. fetus subsp fetus) e Leptospirose. As vacinas Reprodutivas (IBR, BVD, Campylo e Lepto) devem ser feitas preferencialmente antes da EM, no mês de setembro ou outubro anualmente e, reforço semestral para vacina de Leptospirose. Em propriedades com alto desafio para quadros respiratórios o uso de vacina respiratória conjugada (Vírus e Bactérias) deve ser implementado de preferência antes dos meses mais frios do ano (sendo maio uma boa data). Atenção! Vacinas produzidas com organismos vivos (vacinas vivas atenuada) merecem atenção especial, principalmente a contra brucelose, que pode causar doença em humanos (zoonose) ou apresentar reações não conformes. Portanto, o manuseio desses produtos deve ser criterioso e realizado com cautela por um profissional qualificado (médico-veterinário ou vacinador treinado, atuando sob responsabilidade do profissional de veterinária). Todos devem saber que a resposta imunológica dos animais (proteção) após a aplicação de uma vacina não é imediata e seus efeitos podem aparecer somente após, pelo menos, 15 dias. Sendo assim, animais vacinados recentemente ainda podem apresentar a doença, pois já poderiam estar infectados

Conversando com as vacas

Não é de hoje que eu falo que formular a dieta das vacas é a parte mais fácil do trabalho de um nutricionista, o difícil é fazer com que as vacas comam exatamente aquilo que foi previsto pelo nutricionista e também que tenham o mesmo ambiente que foi considerado pelo nutricionista na hora de formular a dieta. O desempenho das vacas depende diretamente do consumo adequado nutrientes, e por sua vez isso depende de inúmeros fatores, a formulação da dieta é um deles. Para identificar os fatores que podem interferir com o consumo, é preciso “escutar o que as vacas nos dizem”, e muitas vezes técnicos e produtores acabam errando por não darem ouvidos às vozes do rebanho. Obviamente as vacas não falam, mas nos dão inúmeros sinais de que as coisas podem não estar indo muito bem. Eu sempre procurei dar atenção a isso, mas só aprendi, de fato, a entender “o idioma das vacas” depois de fazer o treinamento em CowSignals. Trata-se de uma metodologia muito simples, mas extremamente poderosa para que possamos identificar e interpretar os sinais que as vacas nos dão e tomar as decisões mais assertivas para corrigir falhas e, dar às vacas a melhor condição possível para que desempenhem eficientemente o seu papel. O conceito CowSignals baseia-se no princípio de que para serem saudáveis as vacas necessitam ter os “6 benefícios” da natureza – comida, água, luz, ar, espaço e descanso. O “Diamante CowSignals”, ilustra de forma bastante clara o conceito que norteia a metodologia. Para que possam ter elevado desempenho produtivo e reprodutivo elas precisam ter saúde! Vacas saudáveis são vacas rentáveis, esse é o lema. Todo fator que imponha desafios à saúde das vacas irá prejudicar seu bem-estar, e consequentemente seu desempenho. A aplicação da metodologia CowSignals é uma ferramenta muito poderosa para ajudar uma fazenda produtora de leite a ser mais eficiente. Me lembro de uma vez em que fui chamado por um produtor de leite que se queixava porque suas vacas não estavam produzindo bem, e ele gostaria que eu fizesse uma avaliação das formulações que estava utilizando. Fui até a fazenda e passei cerca de 3 horas visitando as instalações, avaliando itens de conforto, manejo, etc., e voltei a me reunir com ele. Apresentei uma lista com 15 itens – todos relacionados a questões de conforto e manejo – que deveriam ser imediatamente corrigidos para que as vacas pudessem ter melhores desempenhos. Uma das únicas coisas em que não vi defeito foi justamente na formulação das dietas. A avaliação da alimentação dos rebanhos leiteiros, sempre foca os índices produtivos e reprodutivos das vacas, e também os resultados das análises laboratoriais dos alimentos, mas para fazer uma avaliação realmente completa, o técnico e o produtor, precisam passear no meio das vacas para observar os sinais que nos dão. Essa interação mais próxima com os animais é fundamental para que o produtor possa observar seu comportamento, o manejo do cocho, a disponibilidade de água, o conforto das vacas, seu escore de condição corporal, e muitos outros itens, como ruminação, aparência geral, problemas de casco, etc. Tudo isso é levado em conta no conceito CowSignals. Como exemplo do que estou mostrando, segue uma lista de perguntas que procuro responder quando visito uma fazenda e aplico a metodologia CowSignals: • De cada 10 vacas, quantas estão ruminando? • Há sinais de que as vacas estão selecionando a ração? O que está sendo selecionado? • As vacas estão consumindo dejetos, terra ou areia? Estão consumindo minerais de forma exagerada? • Os animais parecem saudáveis, com pelo brilhante? • O escore médio de condição corporal é adequado para cada lote? Há muita variação no escore de condição corporal dentro dos lotes? • Há muitas vacas com problemas de casco? • Há bebedouros suficientes para as vacas? Eles estão estrategicamente dispostos, inclusive nos corredores? • Os bebedouros estão limpos? A vazão da água é suficiente para atender todo o lote? • Elas têm comida sempre disponível? Há boa oferta de forragem nos piquetes? O pasto é de boa qualidade? • No caso de vacas confinadas, a ração completa no cocho está bem misturada? O tamanho médio de partículas está adequado? A ração está quente? Há sinais de mofo? • Há espaço suficiente nos cochos de alimentação? • As vacas têm alimento fresco (ração completa ou concentrado) à disposição depois das ordenhas? • O piso é confortável e seguro? • Há pedras ou buracos nos corredores? Qual a profundidade da lama que se forma quando chove? • Qual a distância entre a sala de ordenha e o local de alimentação? • Há áreas de sombra disponíveis no pasto? No caso de galpões, a ventilação é boa? • Há espaço suficiente para que elas possam deitar confortavelmente? • Quantas horas por dia as vacas passam no pasto ou nos galpões? Essas perguntas procuram cobrir pontos importantes relativos ao manejo e condições de conforto a que estão submetidas as vacas. Por exemplo, como regra geral, caso não estejam comendo, bebendo, dormindo, ou sob stress térmico, 4 a 5 vacas de cada 10 devem estar ruminando. As vacas podem ruminar por até 10 horas por dia. Então, se isso não estiver acontecendo, procure a causa. Seleção de alimentos? Falta de FDN fisicamente efetivo? Isso deve ser investigado e corrigido. Se as vacas fazem muita seleção de alimentos nos cochos, haverá grande variação nas fezes (de secas à diarreia) dentro do lote, que supostamente está consumindo a mesma ração. E nesse caso ficamos sem ter ideia de qual ração cada vaca está efetivamente consumindo. Dessa forma, aumentam os casos de acidose ruminal e outros distúrbios digestivos. Para resolver o problema, é preciso minimizar as possibilidades de seleção de alimentos, fazendo formulações e misturas corretas. Outro ponto a ser observado é que o aumento no consumo de minerais, ou a ingestão de dejetos, terra ou areia são sinais claros de desordens digestivas, ou de que as vacas estão sob stress calórico. É fundamental avaliar muito bem as condições de conforto na

Controle parasitário no gado de leite

por Marcos Malacco, gerente técnico para pecuária da Ceva Saúde Animal Introdução Conceitualmente, parasitos são organismos dependentes de outros seres vivos, chamados hospedeiros, para se manterem e reproduzirem, trazendo prejuízos para os hospedeiros nessa relação. Este conceito é bastante abrangente e envolve protozoários, rickettsias, vermes, moscas, carrapatos, etc, e nesse artigo trataremos do controle das principais verminoses dos bovinos leiteiros. Os prejuízos determinados pelas parasitoses se manifestam nas mais diversas formas, dentre elas: mal estar geral, perdas de produção, transmissão de doenças, pior qualidade dos alimentos produzidos, gastos com antiparasitários e mão de obra necessários ao controle e mortalidades, dentre outros. De acordo com o último trabalho publicado na literatura científica brasileira (GRISI & LEITE, 2013), no Brasil os prejuízos determinados pelas principais parasitoses que afetam os bovinos chegam próximos a 14 bilhões de dólares. Os principais parasitos envolvidos foram os vermes redondos gastrointestinais, responsáveis por mais da metade desses prejuízos (aproximadamente 7,1 bilhões de dólares), seguidos pelo carrapato (em torno de 3,2 bilhões de dólares), a mosca dos chifres, o berne, as bicheiras e a mosca dos chifres. Verminoses De maneira geral, segundo estudos da EMBRAPA, a maioria dos quadros de verminoses nos bovinos aqui no Brasil (90% a 98%) manifesta-se de forma subclínica, ou seja, sem demonstração clara dos sinais de verminose. Entretanto, apesar da baixa carga de vermes no sistema gastrointestinal, os prejuízos ocorrem em virtude de redução no apetite que passa despercebido. Segundo FORBES, et al., 2.000, bovinos com manifestação subclínica das principais verminoses gastrointestinais, mostraram redução em 17% na ingestão de forragens, redução em 20% no tempo de pastoreio e de 19% no ganho médio de peso vivo, quando comparados a animais livres das verminoses. Com as categorias de bovinos e os efeitos negativos das verminoses, as categorias mais jovens, a partir do 60 a 90 dias de idade, indo até por volta dos 24 meses, são aquelas que mais sentem os efeitos. Os animais adultos, por terem sido expostos por longos períodos às infecções verminóticas, sofrem menos, entretanto, na vaca adulta, como ocorre em fêmeas de todas as espécies animais, passam constantemente por um período crítico que é o período periparto. Isso se deve à queda da imunidade geral, característica deste período e nessa fase os efeitos negativos das verminoses gastrointestinais agravam ainda mais o Balanço Energético Negativo (BEN) que ocorre nas primeiras semanas após o parto nas vacas leiteiras. Portanto, este é um período que devemos estar atentos, principalmente nas primeiras semanas após o parto. Nas bezerras leiteiras, o controle das verminoses pode ser iniciado a partir dos 2 a 3 meses de idade, e tratamentos a cada 90 dias devem ser repetidos até que elas completem os 12 meses de idade, quando empregados produtos concentrados e que proporcionam alta eficácia e maior período de controle. Nas novilhas a partir dos 12 meses de idade, emprega-se o controle estratégico das verminoses, com um tratamento realizado no início do inverno (maio/junho), outro próximo ao final do inverno (agosto/setembro) e outro logo após o início da primavera (outubro/novembro). Também é recomendado um tratamento na metade do verão (fevereiro/março), pois estes animais estão em amplo desenvolvimento corporal e sofrem alto impacto negativo das principais verminoses. Programas de tratamento recomendados ·         Terneiras 60 a 90 dias (desmame) 90 dias até 12 meses de idade ·         Novilhas: Fevereiro ou Março; Maio ou Junho; Agosto ou Setembro; e Outubro ou Novembro ·         Vacas Secagem; Entrada na linha de ordenha (4 a 5 dias após o parto). Nos animais jovens até os 24 meses de idade, o emprego de produtos endectocidas concentrados nas épocas mencionadas proporcionam um ótimo controle das verminoses e ainda contribuem para o controle do carrapato, do berne e das moscas dos chifres. Com relação ao carrapato, os tratamentos realizados em, outubro/novembro, fevereiro/março e maio/junho, coincidirão com a ocorrência da 1ª; 2ª e 3ª gerações do parasito, de uma maneira geral, e os endectocidas concentrados que tenham efeito carrapaticida comprovado (eficácia ≥95%) contribuirão mais que aqueles que são apenas auxiliares no controle (eficácia <95%). Para o tratamento indicado em agosto/setembro, como os campos ainda apresentam menor qualidade e muito provavelmente baixos níveis das vitaminas A e E, é recomendável a suplementação com tais vitaminas. Para as vacas, é muito importante a realização de um tratamento na secagem com objetivo de proporcionar maior bem estar e melhores condições para finalização da prenhez e recuperação da glândula mamária para a próxima lactação. Além desse tratamento, devemos também tratar as vacas naquele período crítico em termos de imunidade geral, o periparto, e a realização de um tratamento no dia do parto ou na entrada da linha de ordenha é fundamental. Para este tratamento é importante ressaltar que o produto a ser usado não deva determinar descarte do leite, ter alta eficácia, amplo espectro e amplo período de controle. Ainda nas vacas leiteira em produção, especialmente naquelas com acesso a piquetes, é recomendado um tratamento após o pico ou em torno da metade da lactação. Na elaboração de um bom programa de controle parasitário a consulta a um médico veterinário capacita é fundamental. Portanto, sempre o consulte.

Diarréia em bezerras

O período de aleitamento e desmame das bezerras é reconhecidamente crítico, pois os animais passam de uma alimentação 100% líquida (leite) para outra 100% sólida (ração e volumoso), num período de tempo relativamente curto (2 a 3 meses). Esta transição deve ser feita gradativamente, na medida em que o consumo diário de leite não é alterado durante o período de aleitamento e, o consumo de alimento concentrado é estimulado. Em função deste desafio, a mortalidade de bezerras nesta fase de vida (nascimento à desmama) é bastante expressiva, chegando a 8,4% num levantamento feito em 1811 fazendas nos Estados Unidos, pela National Animal Health Monitoring System (NAHMS), em 1996. As principais causas (75%) desta mortalidade foram diarréia (curso) e problemas respiratórios, sendo que somente a diarréia foi responsável por 60% das mortes nesta fase.  A diarréia ocorre quando o delicado equilíbrio entre o animal, o meio ambiente e os agentes etiológicos é rompido. As principais causas são os agentes infecciosos, como bactérias, vírus, protozoários e nutrição não apropriada. A habilidade dos animais em controlar estes problemas, está relacionada com a extensão do estresse a que foram submetidos, sendo que as principais causas estressantes são: ·  nascimento em ambiente sem higiene compatível; ·  consumo inadequado de colostro nas primeiras 24 horas de vida; ·  administração de colostro de má qualidade; ·  fornecimento de sucedâneo de leite de má qualidade ou em quantidade acima do normal; ·  Presença de leite/sucedâneo no rúmen; ·  estabulação em ambientes sem higiene, com lotação exagerada e sem ventilação correta. O sintoma clássico da diarréia é perda de águas via fezes, comum tanto quando a origem é nutricional ou microbiana. Juntamente com a perda de água, há excessiva perda de eletrólitos (sódio, cloro e potássio) e agentes fornecedores de energia, de forma que o animal pode desidratar muito rapidamente, entrando assim em um quadro de acidose metabólica, atingindo o estado de inanição e consequentemente vindo ao óbito. A tabela abaixo mostra as diferenças normalmente encontradas no balanço eletrolítico de bezerros considerados sãos em comparação aos bezerros com diarreia: O segredo para o sucesso do tratamento é a detecção breve do problema e, o fornecimento imediato de uma solução de reidratação oral contendo nutrientes e eletrólitos. A reidratação oral é o método de menor custo para corrigir os desbalanços hídrico e eletrolítico, originados em bezerras com diarreia.  Se fornecido brevemente, logo no início do curso da doença, a taxa de sucesso deste procedimento pode ser superior a 95%. Somente deve ser considerado o uso de medicamentos quando a reidratação oral não parar a diarreia. Em função do que foi descrito acima, temos a disposição dos criadores o Nurture LYT, um suplemento de eletrólitos especialmente desenvolvido para que os animais não sofram com a desidratação decorrentes das diarreias comuns ao período inicial da vida das bezerras. Este suplemento deve ser diluído em água e fornecido 3 vezes ao dia, enquanto o animal apresentar diarreia. Nurture LYT  é um suplemento nutricional energético indicado para a recuperação de animais debilitados, bezerras com desidratação, animais que foram transportados a longas distâncias, animais em convalescença e coadjuvantes no tratamento de doenças. Proporcionando reidratação, corrigindo a acidose e se tornando fonte de energia prontamente disponível, redefinindo o equilíbrio osmótico e eletrolítico rapidamente. Sobre a Nutron A Nutron, marca de nutrição animal da Cargill no Brasil, é especialista e líder em soluções inovadoras de produção animal, por meio de desenvolvimento de núcleos, premixes e especialidades para os segmentos de aves, suínos, peixes, pets, bovinos de leite e de corte, além de suplementos para criação de gado a pasto. Há mais de 20 anos, a marca sempre atuou próxima ao produtor para atender sua demanda com conveniência, qualidade e segurança, contribuindo com a prosperidade nos negócios de cada cliente. A companhia também promove ações socioambientais nas comunidades onde está inserida, pois considera ser seu dever atuar de maneira responsável para o desenvolvimento e crescimento sustentável de toda a cadeia produtiva do agronegócio. www.nutron.com.br.  Sobre a Cargill Os 160 mil funcionários em 70 países trabalham para atingir o propósito de nutrir o mundo de maneira segura, responsável e sustentável. Todos os dias, conectamos agricultores com mercados, clientes com ingredientes e pessoas e animais com os alimentos que precisam para prosperar. Unimos 154 anos de experiência com novas tecnologias e insights para sermos um parceiro confiável aos clientes dos setores de alimentos, agricultura, financeiro e industrial em mais de 125 países. Lado a lado, estamos construindo um futuro mais forte e sustentável para a agricultura. No Brasil desde 1965, somos uma das maiores indústrias de alimentos do País. Com sede em São Paulo (SP), estamos presentes em 17 Estados brasileiros por meio de unidades industriais e escritórios em 147 municípios e 11 mil funcionários. Para mais informações, visite www.cargill.com e a central de notícias.