setembro 16, 2024

Seca no RS impõe desafios na manutenção da alimentação animal

Pelo terceiro ano seguido, a estiagem prejudica as pastagens e desafia o produtor gaúcho a buscar soluções Mais uma vez o Rio Grande do Sul passa dificuldades devido à falta de chuvas. Na pecuária, a preocupação vem com a nutrição dos animais, que perdem com o baixo crescimento dos pastos. O gerente técnico do Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA), Armindo Barth Neto, reforça que nestes períodos os produtores possam ter cartas na manga para minimizar os impactos do tempo seco. “Os produtores têm que ter consciência que estes períodos vão acontecer e é preciso ter alternativas para não estar exposto nestes momentos de dificuldades”, observa. No caso das pastagens, o especialista ressalta que neste ano se passa por um La Niña que no início de novembro registrou temperaturas frias, o que prejudicou o crescimento das pastagens logo no início da estação de crescimento. “Já no final de novembro e em dezembro tivemos registros de regiões com chuvas, mas na grande parte a média é de temperaturas muito altas com poucas chuvas, o que evapora muito rápido e cria o déficit prejudicando o crescimento das pastagens”, destaca. Barth Neto frisa que a primeira dica é sempre procurar manter as pastagens dentro da altura ótima de manejo. “Na SIA trabalhamos com o pastoreio Rotatínuo e cada pastagem tem sua altura ótima de manejo. Por exemplo, o capim sudão trabalhamos entre 25 e 40 centímetros, a mesma coisa para o milheto e a braquiária. No campo nativo trabalhamos entre 8 e 12 centímetros. Nestes períodos de estiagem é importante nunca deixar para baixo esta altura”, explica. Além disso, o gerente técnico da SIA também recomenda equilibrar a carga animal em cada potreiro, ajustando de acordo com o crescimento de cada área. “Se tivermos áreas não utilizadas ou subutilizadas, colocar mais animais nessas áreas e reequilibrar a carga animal nestes potreiros”, informa. Outra dica, de acordo com Barth Neto, é sobre a alimentação. Além de manter estoques, em muitos casos é preciso entrar com alguma suplementação para os animais para que se tenha uma parte da dieta que venha da pastagem e outra parte do cocho, com a finalidade que os animais comerem menos os pastos e consigam manter eles dentro da altura ótima. Outra alternativa, segundo o especialista, é fazer o pastejo horário, onde os produtores que têm áreas de pastagens anuais como Capim Sudão ou Milheto, “façam um acesso por um tempo determinado nessa pastagem, que pode ser por um turno (pela manhã ou pela tarde) ou em períodos mais críticos, soltar os animais por duas horas para que eles façam uma boa alimentação nestas pastagens e preservem a altura”, complementa. O gerente técnico da SIA lembra que é importante manter as pastagens bem manejadas porque quando começa a chover, logo que caem as primeiras chuvas, tendo a umidade no solo, estas pastagens voltarão a crescer muito rápido. “Se tenho uma pastagem rapada e quando começa a chover, não temos folha para essa pastagem fazer fotossíntese e este pasto, mesmo com chuva, demora para crescer e provavelmente em uma nova falta de chuvas não dá tempo para este pasto se recuperar”, salienta. Finalizando, o especialista enfatiza que o produtor deve neste momento fazer um ajuste de categorias, entendendo quais são as mais exigentes e oferecer as melhores pastagens. “Por exemplo, estamos em meio a uma estação reprodutiva e então é importante priorizar categorias com cria ao pé, entre elas as primíparas, que são vacas de primeira cria, essas sim tem que acessar as melhores pastagens e de maneira alguma não podem sofrer restrição alimentar, porque senão estas vacas têm uma taxa de prenhez muito baixa por falta de comida. Em segundo lugar, priorizar as vacas adultas que tem cria ao pé, e por último, em ordem de prioridade na reprodução, são as novilhas e vacas solteiras, animais adultos que não tem cria ao pé”, complementa Barth Neto. Fonte: Ascom SIA Curadoria: Boi a Pasto

Suplementação na seca: quem não planejou, agora, precisa remediar

O inverno, que não apareceu este ano, exceto na região Sul, castigou mais ainda, com altíssimas temperaturas a maioria das regiões do Brasil, prejudicando (secando, na verdade) ainda mais, as pastagens. (*) Por Marisa Rodrigues O inverno, que não apareceu este ano, exceto na região Sul, castigou mais ainda, com altíssimas temperaturas a maioria das regiões do Brasil, prejudicando (secando, na verdade) ainda mais, as pastagens. O que deve ter causado muitos prejuízos para os pecuaristas. Em especial, para aqueles que não planejaram com antecedência a passagem por esse duríssimo período de estiagem. Todos os anos essa tarefa tem que ser feita como uma lição de casa. Tem que entrar na rotina diária das propriedades. O pecuarista não pode dormir em berço esplêndido durante os primeiros quatro meses do ano, enquanto as chuvas em geral são abundantes por todo o País, sem prestar atenção na estação da seca, trazida pelo inverno, que, em função das já aceleradas mudanças climáticas, é cada vez mais rigorosa. O fenômeno vem sendo amplamente estudado e divulgado pelas mais sérias instituições de pesquisas científicas mundiais, mas parece que a ficha demora para cair justamente entre aqueles que mais precisam dela. Gente que convive com a lida diária em suas fazendas pecuárias, atividade estreitamente ligada ao meio ambiente, parece preferir fazer ouvidos moucos aos gritos da mãe natureza. O resultado é que as soluções- sim, elas existem e não são poucas – para mitigar o problema, a curto, médio e longo prazos, acabam sempre sendo procrastinadas, empurradas sempre mais um pouquinho para frente, e óbvio, o problema não só persiste como vai se avolumando, não só no Brasil, mas no planeta todo. É só prestarmos atenção nas ondas de calor do verão europeu que passaram dos 40 °C, em diversos países onde o frio se faz sentir, mesmo na estação mais quente do ano, como o Reino Unido, Portugal, Alemanha, França, entre outros. Não é mais uma questão de mito ou verdade. A situação é bastante séria e a cada ano, só tende a piorar, elevando cada vez mais os custos de produção, pois o temido efeito do boi sanfona, que quase virou lenda nas propriedades de alta performance, na época da seca, neste ano além de pequenos e médios produtores, atingiu muitos grandes também, pois os efeitos da estação foram e ainda estão muito intensos, nas diferentes regiões brasileiras, independentemente do calor exagerado em pleno inverno, do Sudeste para cima, como no Sul, onde as temperaturas muito baixas, até com registros de neve, onde esse evento climático não é muito comum, castigaram e acabaram com as pastagens. Nessa altura do campeonato, para quem não fez o planejamento nutricional para a prevenção da seca, com antecedência de uns quatro meses, pelo menos, agora, no auge dela, a única coisa a se fazer é suplementar o rebanho com produtos formulados especificamente para supri-los com vitaminas e sais minerais, além de outros nutrientes que ajudam na manutenção do score corporal da vaca. Na verdade, a suplementação mineral é fundamental para complementar a nutrição dos bovinos, e deve acontecer o ano todo, apenas sendo adaptada para cada fase do gado combinada com a ingestão das pastagens verdes e cheias de proteína. Pastagens essas que, dentro do planejamento podem ser transformadas em feno ou silagem, e armazenadas para que não faltem no período mais crítico. (*) Marisa Rodrigues, consultora de comunicação e marketing especializado para o agronegócio, com ênfase em pecuária, é jornalista, CEO da Taxi Blue Comunicação Estratégica e publisher-fundadora do portal Boi a Pasto.

Lucro na seca depende da suplementação adequada

Nesse período de transição entre estações do clima, o pecuarista deve ficar atento ao manejo nutricional do rebanho Sempre que caminhamos para a época seca do ano, as deficiências minerais das pastagens se acentuam, assim como a energia e proteína na mesma. No entanto, o nutriente que passará a limitar a criação dos animais dentro do período seco para os animais criados em pastagens é, de fato, a Proteína (Nitrogênio).Como os pastos estão maduros e secos, em baixo valor nutricional, o consumo de forragem é diretamente afetado, principalmente pela queda nos teores de proteína, onde por sua vez, os animais passam a consumir quantidades menores do alimento, o que chamamos de redução na ingestão de matéria seca, que terá por consequência um menor desempenho, chegando em inúmeras vezes a perda de peso neste período, caracterizando-se pelo efeito sanfona, onde parte do peso adquirido nas águas, perde-se na seca. Este fato ocorre, pois os ruminantes (bovinos, ovinos, bubalinos) precisam de, no mínimo, 7% de proteína bruta (PB) presente na matéria seca de seus alimentose, com o caminhar da seca, essa concentração estará a baixo desses valores, reduzindo assim as atividades da microbiota ruminal, pois não há o mínimo necessário de nutrientes para estimular o crescimento dos microrganismos ruminais. Com a diminuição da população microbiana e das atividades ruminais, a capacidade do rúmen em fermentar e digerir forragem fica comprometida, e o tempo de passagem do alimento pelo trato digestório aumenta, o que logo levará o animal em um quadro de subnutrição, poisomesmo tem sua capacidade de ingestão reduzida.  Em cima dos fatores que mencionamos anteriormente, para que possamos mitigar ou mesmo dar condições para que os animais continuem a ganhar peso e se desenvolver zootecnicamente, precisamos compensar as quedas desses nutrientes que limitam a criação de nossos animais. Para isso, devemos ter uma atenção especial sobre os suplementos que iremos fornecer, pois além dos Minerais Essenciais, esses produtos devem contém boa fonte de Proteína e Energia, que estimulam a multiplicação dos microrganismos ruminais. Para assim aumentar a ingestão da forragem que ora estará com baixa qualidade, e assim retomar, ou manter seus desempenhos, mesmo de forma mais tímida, quando comparado aos desempenhos no período das águas.E esta suplementação proteica deve conter fontes de Nitrogênio Não Proteico (Ureia) e, também, fontes de proteína verdadeira (grãos) associada, para aumentar a eficiência de sua utilização, assim como o consumo das forragens pobres em proteína (< 7% de PB). A principal resposta a essas suplementações proteicas tem sido pelo atendimento da exigência microbiana ruminal por proteína, além dos minerais e energia contidos nesses suplementos. A viabilidade econômica de uma atividade é assegurada pela sua capacidade de gerar lucro, e isso se ressume na capacidade de produção de cada sistema. Por esse fator, o Departamento Técnico de Nutrição Animal do grupo Matsuda desenvolveu o Programa Desempenho Máximo, que visa a produção de mais Arrobas e mais Quilos de Bezerros produzidos ao longo de todo o ano.Para isso, é preciso ajustar a nutrição de tempos em tempos, afim de ajustar a exigência nutricional dos animais, pois as forrageiras não mantém níveis constantes em suas composições nutricionais.Vale ainda ressaltar que a suplementação quando feita de forma adequada, serve para ajustar a Deficiência e o Desbalanço Nutricional presente nas Forragens, independente da época do ano ou mesmo aporte de intensificação sobre as correções agronômicas feitas sobre as mesmas. E toda vez que erramos ou negligenciamos as exigências dos animais frente ao pouco que nossas pastagens conseguem fornecer em Minerais, Proteína e Energia, estamos também retardando o desempenho dos nossos animais, aumentando com isso os custos sobre a produção desses animais por permanecerem maior tempo dentre da propriedade, ou o que é pior, sendo subprodutivos, ou seja, produzindo muito aquém do que realmente poderiam produzir. Com isso perdemos competitividade para com outras áreas, ou atividades. Dentro de um País tropical como o Brasil, onde 96% do nosso rebanho é criado quase que de forma exclusiva, em pastagens tropicais, as forragens são sem dúvida, a forma mais barata de produzirmos Carne e Leite de qualidade.Porém, desde que a nutrição aos animais sejam bem corrigidas, por Suplementos Minerais Proteicos e Energéticos, tecnicamente adequados via cochos, também chamados de parto do boi, onde consomem tudo o que os pastos não contemplam em sua composição.A nutrição mineral, é como o alicerce de uma casa, é a base para todas as demais atividades metabólicas, seja para síntese de proteína ou enérgica, Miogênese (formação dos músculos), Adipogênese (formação da gordura), Lactogênese (formação do Leite), e tantas outras importantes fases de desenvolvimento dos animais. Os três principais fatores que limitam o desempenho de bovinos em pastagens tropicais no Brasil são o baixo teôrprotéico das gramíneas e a baixa disponibilidade de energia devido à menor digestibilidade das forragens, o que podemos corrigir com o uso de suplementos protéicos e energéticos. E a Deficiência e o Desbalanços de Minerais, principalmente P, Cu, Na, Co, Se, Zn,I e S, que podem ser acertados com o uso de Suplementos Minerais com ou sem proteína e energia, de acordo com a época do ano ou mesmo grau de intensificação. Mas principais consequências dessas deficiências são, perda da resposta imunológica acarretando maior susceptibilidade às doenças infectocontagiosas e parasitária, que debilitam e elevam a mortalidade dos animais, principalmente animais jovens.

Estiagem antecipa suplementação alimentar para animais

APTA alerta para necessidades de fêmeas em lactação, animais jovens de alto potencialgenético em fase de crescimento ou animais jovens em regime de engorda para o abate. Os criadores de ovinos e bovinos já estão acostumados a fazer a suplementação alimentar dos animais anualmente. O que eles não esperavam é que a dieta precisaria ser enriquecida em junho e julho, e não em agosto, como comumente acontece. A antecipação da alimentação suplementar dos animais ocorreu devido à estiagem que atinge diversas regiões brasileiras. De acordo com Gabriela Aferri, pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), houve elevação de 30% na demanda por dias de alimentação de maior custo aos animais. Todos os anos, o produtor de ovinos e bovinos precisa preparar a alimentação animal para o inverno, época em que o capim, por falta de sol e chuva, deixa de crescer.  Com a oferta em baixa, o produtor precisa inserir outros suprimentos na dieta animal, como feno, silagem ou cana-de-açúcar. “Acreditar que a suplementação alimentar não será necessária em nenhum período do ano é iludir-se e correr atrás do prejuízo depois. Quem não se prepara para a época de inverno e primavera, sempre tem prejuízos. Neste ano, pela irregularidade das chuvas, a falta de pastagem começou mais cedo”, afirma a pesquisadora da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A suplementação de pastagem é necessária para animais com maior exigência de nutrientes, como fêmeas em lactação, animais jovens de alto potencial genético em fase de crescimento ou animais jovens em regime de engorda para o abate. “Quando utilizamos forrageiras de melhor valor nutricional associada à adubação eficiente, produzimos, de forma mais barata, um alimento de valor nutricional adequado. Esta situação, porém, não se manterá o ano todo, porque os fatores ambientais e fisiológicos da planta se alteram, levando à diminuição da produção e do valor nutricional das forrageiras”, diz. No caso das ovelhas adultas, por exemplo, são necessários de quatro a cinco quilos de alimentos, por dia. A função dessa suplementação é manter os animais em boa condição corporal.  De acordo com Gabriela, a escala visual de condição corporal dos animais têm cinco graus, do número 1, muito magro, ao 5, muito gordo. “É desejável que a condição corporal fique entre 3 e 4. Se aparecer a condição 2, a luz de alerta se acende. É problema à vista”, explica a pesquisadora da APTA. Segundo Gabriela, os bovinos têm mais resistência à falta de nutrientes, o que não acontece com os ovinos. “Na época da seca, até vemos vacas, por exemplo, que ficam muito magras e conseguem esperar a época do verão para engordarem. Chamamos isso de efeito sanfona. No caso dos ovinos, isso não ocorre. Eles sentem muito a falta de nutrientes, ocorrendo doenças e até mesmo a morte do animal”, afirma. O primeiro nutriente que deve ser suplementado é a proteína, pois tem impacto direto na saúde dos animais e os volumosos produzidos em São Paulo são carentes deste elemento.  As formas concentradas de proteína, como os farelos proteicos ou ureia são as mais comumente usadas, por serem de fácil comercialização e armazenamento. No mercado, há diversos tipos de suplementos formulados para atenderem às diversas necessidades da criação. A suplementação energética via volumoso ou concentrado é menos desafiadora, pois os animais suportam uma leve perda de peso, caso estejam gordos ao final da estação favorável. “Mas ao longo do tempo, será inevitável utilizar um volumoso como fonte de energia”, explica Gabriela. Segundo a pesquisadora da APTA, os produtores se prepararam para a época da seca, mas como o período está maior este ano, pode ser que a estimativa de necessidade de alimentos seja menor do que a necessidade real a ser observada. “Só saberemos disso ao final do ano”, afirma a pesquisadora da APTA.  Gabriela explica que os produtores costumam cultivar os alimentos que serão usados no inverno. A pesquisadora, porém, dá algumas dicas para aqueles que estão com estoque em baixa. “Há duas saídas: comprar volumosos – cana e silagem – ou de feno de alguma propriedade próxima e utilizar algum coproduto regional na alimentação. Em casos extremos, de muita dificuldade, o produtor precisa vender parte do seu rebanho”, diz. No pasto, o capim só deve voltar a ter condições de ser pastejado de 40 a 50 dias após o período de chuva, que deve ter início neste mês de outubro. Fonte: APTA

A suplementação para bovinos é essencial no período seco

Entre o período de abril e setembro, os países localizados no trópico sul têm sua produção de forragens afetada pela estacionalidade, o que torna praticamente impossível conciliar a produção de forragem de alta qualidade, durante o ano todo, com a demanda de nutrientes que os animais precisam. José Leonardo*  Este fato gera a necessidade de suplementação mineral, proteica e energética dos bovinos, na época seca, momento em que o objetivo dos pecuaristas deve ser o incremento do ganho de peso dos animais.  Na tentativa de garantir a oferta de forragem aos animais neste período, muitos produtores vedam piquetes precocemente, o que resulta em aumento do intervalo entre cortes do capim. Este ato ocasiona alterações significativas na estrutura e composição do capim, que será pastejado pelo animal. A maior altura do dossel forrageiro será representada por incremento de haste, que apresenta valor nutricional bem inferior às folhas.  No momento do pastejo, se o dossel forrageiro estiver muito alto, o animal gastará mais tempo para realizar um bocado, o que pode acarretar menor ingestão ao longo do dia. Em adição, a forragem consumida apresentará menores teores de minerais, proteína bruta e energia, porém maior teor de fibra.  É comum desempenho insatisfatório no período seco, quando bovinos não são suplementados com fontes proteicas, energéticas e mineral adequadas. Ao suplementar os animais com nutrientes limitantes na forragem, nesta época, haverá incremento no consumo de forragem e maior digestibilidade do alimento ingerido. A adoção desta prática elimina o chamado “boi sanfona”, animal que perde peso no período seco do ano, fato que compromete a eficiência econômica e produtiva de qualquer propriedade.  Ao oferecer aos bovinos o suplemento mineral adequado, a deficiência nutricional será corrigida, proporcionando ganho de peso ao animal.  Para manutenção do peso vivo dos animais, no período seco, é necessário o fornecimento de um suplemento mineral ureado, o qual apresenta somente a ureia como fonte de nitrogênio. No entanto, o fornecimento de um suplemento mineral proteico, com pelo menos 30% de Proteína Bruta, que propicie o consumo de 100g de proteinado / 100 kg de peso vivo, resultará em um ganho de peso que vai variar de 150 a 250 g/animal/dia. Já o fornecimento de um suplemento mineral proteico/energético, com pelo menos 30% de Proteína Bruta, que proporcione o consumo de 200g / 100 kg de Peso Vivo, terá em um ganho de peso com variação de 300 a 500 g/animal/dia. O ponto fundamental, independente do suplemento, é a presença de oferta de forragem suficiente.  Os suplementos minerais proteicos ou proteico / energéticos devem ter em sua composição proteína verdadeira, proveniente principalmente do farelo de soja, bem como fonte de nitrogênio não proteico (ureia). A quantidade de proteína verdadeira e ureia dependerá do teor de proteína bruta do proteinado e do valor nutricional da forragem ofertada.  Um bom suplemento proteico e/ou proteico/energético apresenta teores de sódio, farelos vegetais e ureia adequados para regular o consumo de tais suplementos. Não há necessidade de abastecer os cochos diariamente. No entanto, a cada três dias é fundamental que os cochos disponham de tais suplementos e sejam monitorados. Apesar de serem disponibilizados no período seco, os cochos devem ser cobertos, pois chuvas ocasionais podem ocorrer. Além disto, devem apresentar orifícios que permitam o escoamento de água, visto que estes suplementos apresentam ureia em sua composição.  *José Leonardo é zootecnista e gerente de Produtos Ruminantes Fonte: LN

O fósforo na alimentação de bovinos

O fósforo (P) é o segundo elemento mineral mais abundante no organismo. Rafael Achilles Marcelino* A eficiência dos sistemas de produção animal depende, em grande parte, do uso de medidas racionais de manejo, sobretudo no que diz a respeito da nutrição dos animais, uma vez que a alimentação representa uma fração significativa dos custos de produção. Neste sentido, o correto balanceamento das dietas possui grande importância, sendo necessário para isso o conhecimento das exigências nutricionais dos animais, assim como da composição bromatológica e da disponibilidade de nutrientes dos alimentos. Os minerais, embora presentes em menores proporções do que outros nutrientes, tais como proteína e a gordura, desempenham funções vitais e suas deficiências acarretam alterações de ordem produtiva, reprodutiva e de saúde. Os minerais possuem basicamente três funções no organismo animal: composição estrutural de órgãos e tecidos, constituintes de tecidos e fluidos corporais e catalisadores de sistemas enzimáticos e hormonais. O fósforo (P) é o segundo elemento mineral mais abundante no organismo. Cerca de 80% está presente nos ossos e dentes, além de localizar-se também em todas as células e em quase toda transação envolvendo formação e quebra de ligações de alta energia. Fósforo também está intimamente envolvido no equilíbrio ácido-básico do sangue e de outros fluidos corporais, sendo componente fosfolipídico, fosfoprotéico e do ácido nucléico. A absorção de P ocorre principalmente no intestino delgado. Somente pequenas quantidades são absorvidas no rúmen, omaso e abomaso. A homeostase do P é predominantemente mantida por reciclagem salivar e excreção fecal, sendo proporcional a quantidade de P consumida e absorvida (NRC, 2001). Fósforo também é requerido pelos microrganismos ruminais para digestão da celulose e síntese de proteína microbiana. A falta de energia e de proteína é, frequentemente, responsável pelos baixos níveis de produção. Todavia, desequilíbrios minerais nos solos e forrageiras vêm sendo responsabilizados pelo baixo desempenho produtivo e reprodutivo de ruminantes sob pastejo em áreas tropicais. Fontes de suplementos minerais de P (fosfatos monocálcico e bicálcico) são adicionadas acima da recomendação, no intuito de se garantir “margem de segurança resultando em 25 a 35% de excesso do mineral na dieta e o aumento de 30% de sua excreção. No rúmen, a disponibilidade dos minerais e sua utilização dependem da taxa de passagem e da interação com a população microbiana. As disponibilidades do Ca e P podem ser significativamente alteradas em virtude de suas combinações químicas ou associações físicas com outros componentes da dieta. O ácido fitico afeta a absorção intestinal do Ca e P, porém no rúmen, em virtude da produção da fitase microbiana, o fitato é amplamente utilizado. A absorção de P também pode ser prejudicada pelo magnésio (Mg), AI e Fe, que formam precipitados, bem como pelo molibdênio (Mo) e cobre (Cu), que interferem diretamente na absorção de P. A vitamina D aumenta a absorção e a atividade de transporte de Ca e P. Seu requerimento em bovinos de corte é de 275UI/kg de matéria seca (MS) para cada dia (d), segundo o NRC. Porém, animais que recebem luz solar ou que se alimentam de forrageiras secas ao sol raramente necessitam desta suplementação, a não ser que sejam animais confinados e que recebam dieta conservada. A concentração plasmática da forma ativa da vitamina D (l ,25 OH2 D) é menor para o gado europeu, atribuída a uma adaptação genética e ambiental, devido à menor luminosidade. Fatores como espécie, maturidade da planta, clima, o tipo de solo e sua concentração de minerais, não devem ser utilizadas separadamente para predizer a concentração mineral da forrageira.Geralmente, as concentrações da maioria dos minerais são maiores em leguminosas com relação às gramíneas. Na tabela 1 pode-se observar as variações encontradas entre gramíneas e leguminosas, coletadas de suas partes novas e condições experimentais. Tabela 1 – Concentração de minerais em algumas gramíneas e leguminosas forrageiras Com relação à idade da planta, o efeito da idade da planta sobre a concentração de minerais em capim Panicum maximum pode ser observado na tabela 2. A concentração da maioria dos minerais nas forrageiras tende a decrescer com a idade da planta, e para alguns minerais, a influência da maturidade sob suas concentrações é maior, como no caso do nitrogénio e fósforo, os dois de grande importância no planejamento da suplementação dos animais em pastejo. Tabela 2 – Concentrações médias de minerais na forrageira Panicum maximum em diferentes idades O entendimento dos processos que envolvem a utilização dos minerais pelo ruminante, particularmente o fósforo, é importante, de modo a possibilitar o desenvolvimento de estratégias que possam adequar o suprimento de misturas minerais para o animal, garantindo uma maior vantagem produtiva e econômica, conciliada a uma menor excreção de fósforo, favorecendo uma maior eficiência de utilização desse mineral. Geralmente a suplementação com P é superestimada, ocasionando um gasto desnecessário para um melhor desempenho dos animais e menor excreção fosfatada no ambiente. Pesquisas feitas não sugerem que o excesso de P na dieta melhore o desempenho produtivo e reprodutivo. Deve-se avaliar o balanceamento da dieta como um todo e eliminar exageros, pois os custos desses excessos certamente pesam no orçamento, além de apresentar restrições ambientais. * Rafael Achilles Marcelino é da Universidade Federal de Lavras – 3rlab Fonte: 3rlab

Brasil alcança patamares de excelência em nutrição e saúde animal

Pesquisador revela a evolução produtiva da cadeia “Toda vez que você nutre melhor o animal e faz isso de uma maneira mais uniforme, com matérias-primas de alta propriedade, tem uma ação melhor em resposta frente aos agentes patogênicos, seja de maneira direta, no animal, ou indireta, na mesa do consumidor”. Assim afirma o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária de Suínos e Aves (Embrapa Suínos e Aves, Concórida/SC), Everton Krabbe, confirmando a importância entre os dois elos para a qualidade e quantidade de proteína animal tida hoje no Brasil. A discussão vem em dia certo: 31 de março. O Dia da Saúde e Nutrição, estabelecido no calendário do Ministério da Saúde, chama a atenção para o desenvolvimento humano. Na outra ponta da cadeia, a preocupação é a mesma. Como o chavão orienta: “não somos o que comemos, somos o que os animais comem”, centros de estudos, empresas privadas e associações dão continuidade ao progresso de anos que a nutrição e a sanidade exercem nos animais de produção. Programas de manejo, aperfeiçoamento genético, melhoria nos sistema de equipamentos, amplo conceito de biosseguridade, disseminação de informações, em conjunto, foram somadas às melhorias em meio aos marcos significativos na alimentação e no cuidado. “O uso de enzimas, por exemplo, foi um divisor de águas. Sua aplicação surgiu como opção para redução de custo, o que depois veio a agregar ao animal até na saúde, em questão de contaminação de carcaças”, diz Krabbe. O doutor em nutrição animal também adiciona o uso de ingredientes mais biodisponíveis, minerais orgânicos e quelatados com melhor absorção e controle de matéria-prima, frente às micotoxinas. Segundo Everton Krabbe, a produção brasileira passa para um a nova realidade na área da saúde e nutrição, com elevados padrões de qualidade Essas temáticas viraram máximas depois da intervenção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF), conforme acredita o pesquisador: “Muitos produtores acharam isso um revés, no entanto, o ministério contribuiu fortemente em controle de processos, o que permitiu hoje uma minimização de riscos significativa no produto final”. As atribuições ele delega às Boas Práticas de Fabricação, conhecidas BPF, uma vez que a definição das normas para fabricação e comercialização, registro e fiscalização dos produtos destinados à alimentação animal é realizada pela Coordenação de Produtos de Alimentação Animal (CPAA), do Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). Os estabelecimentos devem cumprir o que determina a Instrução Normativa nº 04/2007, no que se refere às BPF e condições higiênico-sanitárias das fábricas. “Determinados processos foram adotados no Brasil essencialmente porque foi uma ação dos importadores, caso contrário, estaríamos atrasados em duas décadas”, acredita Everton Krabbe Com parte da lição de casa feita, o mundo também contribuiu para alcançarmos níveis nutricionais e sanitários de excelência. Como potencial exportador, que hoje alcança com seus produtos mais de 150 países, o Brasil recebeu as missões. Uma visão externa de diversos ângulos produtivos que puderam trazer, de fora para dentro, crescimento e investimentos locais no setor. “Não tenho dúvida de que quem define o que quer comer é o cliente. Foi exatamente isso que aconteceu com o Brasil. Ao mesmo tempo que exportamos para países que necessitam de alimento, embarcamos também para mercados rigorosos, que exigem mercadoria de qualidade. Esse fato é bom para todos: para os que compram, o que eleva os níveis como um todo, independente do destino, e para o mercado interno, que passa a consumir alimentos embasados no mesmo processo de qualidade”, analisa Everton. Para cumprir o check list, a rastreabilidade foi outro nome forte que apareceu no dicionário da indústria produtora. De acordo com o MAPA, ela representa a possibilidade de o consumidor conhecer “a vida pregressa” dos produtos e identificar os possíveis perigos à saúde coletiva a que foram expostos durante a sua produção e distribuição. Esses registros permitem identificar até mesmo a origem das matérias-primas e insumos utilizados na produção. É com esse conceito que corrobora o pesquisador: “validação da qualidade”. Os requisitos básicos à rastreabilidade, como documentação e registros, estão previstos no item 7.7 do Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos. Com tópicos como esses, na história da saúde e nutrição dos animais, foi que o Brasil tornou-se sinônimo de competividade. “Se não formos os melhores, estamos próximos do primeiro colocado. Se formos líderes do ranking, o segundo colocado está colado em nós”, simplifica Krabbe. O que o futuro nos reserva. “Os próximos desafios nutricionais são relativos, pautados em cima de custo. Nesse momento é disponibilidade limitada de milho, por exemplo, que é a plataforma de produção na América. Mas há outros temas mais aprofundados. Um deles é o contínuo aproveitamento de nutrientes presentes nas dietas, e devemos conseguir isso por meio de biotecnologia, processamento de alimentos e equipamentos rápidos de análise para antever a variabilidade das matérias-primas”, comenta adicionando, sobre o último elemento, o tempo de perda. Se não identificada esse variabilidade é possível perder em aproveitamento do material ou em potencial de crescimento dos animais, caso ele não corresponda às expectativas. “Por isso a chamada nutrição de precisão. Esse é o desafio”, pondera. A sanidade, por outro lado, é bem mais incerta. Os impasses podem acontecer hoje, amanhã, semana que vem ou nem acontecer. “Nunca teremos tranquilidade. O problema pode surgir a qualquer momento”, reforça Krabbe, com isso, a necessidade de estar na vanguarda do problema. “O Brasil tem que reconhecer seu papel de protagonista no mercado internacional de carne. Não pode ver tendências e agir de forma reativa, temos que atuar antevendo os desafios”, conclui. Fonte: feed&food online / Luma Bonvino, da redação

A suplementação para bovinos é essencial no período seco

Entre o período de abril e setembro, os países localizados no trópico sul têm sua produção de forragens afetada pela estacionalidade, o que torna praticamente impossível conciliar a produção de forragem de alta qualidade, durante o ano todo, com a demanda de nutrientes que os animais precisam. José Leonardo*  Este fato gera a necessidade de suplementação mineral, proteica e energética dos bovinos, na época seca, momento em que o objetivo dos pecuaristas deve ser o incremento do ganho de peso dos animais.  Na tentativa de garantir a oferta de forragem aos animais neste período, muitos produtores vedam piquetes precocemente, o que resulta em aumento do intervalo entre cortes do capim. Este ato ocasiona alterações significativas na estrutura e composição do capim, que será pastejado pelo animal. A maior altura do dossel forrageiro será representada por incremento de haste, que apresenta valor nutricional bem inferior às folhas.  No momento do pastejo, se o dossel forrageiro estiver muito alto, o animal gastará mais tempo para realizar um bocado, o que pode acarretar menor ingestão ao longo do dia. Em adição, a forragem consumida apresentará menores teores de minerais, proteína bruta e energia, porém maior teor de fibra.  É comum desempenho insatisfatório no período seco, quando bovinos não são suplementados com fontes proteicas, energéticas e mineral adequadas. Ao suplementar os animais com nutrientes limitantes na forragem, nesta época, haverá incremento no consumo de forragem e maior digestibilidade do alimento ingerido. A adoção desta prática elimina o chamado “boi sanfona”, animal que perde peso no período seco do ano, fato que compromete a eficiência econômica e produtiva de qualquer propriedade.  Ao oferecer aos bovinos o suplemento mineral adequado, a deficiência nutricional será corrigida, proporcionando ganho de peso ao animal.  Para manutenção do peso vivo dos animais, no período seco, é necessário o fornecimento de um suplemento mineral ureado, o qual apresenta somente a ureia como fonte de nitrogênio. No entanto, o fornecimento de um suplemento mineral proteico, com pelo menos 30% de Proteína Bruta, que propicie o consumo de 100g de proteinado / 100 kg de peso vivo, resultará em um ganho de peso que vai variar de 150 a 250 g/animal/dia. Já o fornecimento de um suplemento mineral proteico/energético, com pelo menos 30% de Proteína Bruta, que proporcione o consumo de 200g / 100 kg de Peso Vivo, terá em um ganho de peso com variação de 300 a 500 g/animal/dia. O ponto fundamental, independente do suplemento, é a presença de oferta de forragem suficiente.  Os suplementos minerais proteicos ou proteico / energéticos devem ter em sua composição proteína verdadeira, proveniente principalmente do farelo de soja, bem como fonte de nitrogênio não proteico (ureia). A quantidade de proteína verdadeira e ureia dependerá do teor de proteína bruta do proteinado e do valor nutricional da forragem ofertada.  Um bom suplemento proteico e/ou proteico/energético apresenta teores de sódio, farelos vegetais e ureia adequados para regular o consumo de tais suplementos. Não há necessidade de abastecer os cochos diariamente. No entanto, a cada três dias é fundamental que os cochos disponham de tais suplementos e sejam monitorados. Apesar de serem disponibilizados no período seco, os cochos devem ser cobertos, pois chuvas ocasionais podem ocorrer. Além disto, devem apresentar orifícios que permitam o escoamento de água, visto que estes suplementos apresentam ureia em sua composição.  *José Leonardo é zootecnista e gerente de Produtos Ruminantes Fonte: LN

Composição do Leite: como utilizar a nutrição a favor de seu rebanho

Quando falamos em leite, lembramos no mais antigo e rico alimento utilizado pelo homem. Liéber Garcia* Ao nascer, utilizamos como fonte de alimento, nos primeiros meses de vida, o leite materno. No entanto, com o passar dos anos, com o crescimento da demanda de alimentos no mundo, o homem passou a utilizar outras fontes para suprir a demanda de alguns nutrientes para seu melhor desenvolvimento. Dentre os animais domésticos, os bovinos são os principais fornecedores dessa matéria-prima tão apreciada e utilizada na indústria alimentícia. Contudo, para que o alimento leite tenha seu devido valor, devemos avaliar tanto a sua composição nutricional (proteína, gordura, minerais) quanto a sua composição sanitária (contagem de células somáticas-CCS, contagem bacteriana total-CBT, presença de água ou outros compostos químicos adicionados propositalmente), pois, essa composição poderá interferir no rendimento dos produtos lácteos nas indústrias. Focaremos na composição nutricional, sendo que o manejo nutricional influi diretamente na maior ou menor composição de nutrientes no leite produzido pela vaca. A composição média do leite bovino encontra-se no quadro abaixo: É de conhecimento geral que a indústria láctea nacional vem gradativamente aumentando a qualidade do leite adquirido, pagando aos produtores não somente pelo volume, mas também pela composição do produto. Sendo assim, é de suma importância econômica para a atividade, que o produtor não seja penalizado, quando for receber pelo leite produzido, ou seja, fornecer leite com níveis de sólidos, abaixo do mínimo permitido. Mas onde a nutrição poderia ajudar? Sabemos que o leite produzido é função da dieta ofertada aos animais e sua digestão por todo o trato gastrointestinal do mesmo. Sabemos também que essa produção só será potencializada após os nutrientes ofertados ao animal serem utilizados para a mantença e que somente após a exigência de mantença do animal for suprida é que o excedente de nutrientes passará a ser utilizado para a produção de leite. Portanto, o primeiro passo para potencializar a produção e qualidade do leite é o fornecimento de alimento (matéria seca), em quantidade e qualidade compatíveis com a produção e composição esperada. O segundo passo é entender que os alimentos deverão atender as demandas da vaca propriamente dita e dos microrganismos presentes no rúmen, pois a composição do leite depende desses dois indivíduos. Em dietas baseadas em forragens, grãos, farelos, vitaminas e minerais, deve-se ter em mente que cada um desses ingredientes terá sua digestão e absorção realizada no rúmen (fermentação microbiana) e seus compostos e/ou parte desses alimentos terão a digestão no abomaso (estômago verdadeiro) para depois serem absorvidos nos intestinos. As forragens, quando fermentadas pelas bactérias no rúmen, resultarão em ácidos graxos voláteis, sendo o principal resultante, o ácido acético e, em menor quantidade, o ácido butírico. Por sua vez, grãos ricos em amido resultarão em ácido propiônico. Por outro lado, farelos proteicos e/ou uréia, serão as fontes de nitrogênio e aminoácidos para o crescimento dessas bactérias, que por sua vez, servirão de fontes de proteína ao animal hospedeiro. Para que se obtenha a gordura no leite, o organismo animal se utiliza principalmente de 50% do ácido acético resultante da fermentação das fibras e 50% dos lipídeos oriundos da dieta ou lipídeos circulantes na corrente sanguínea. Portanto, para potencializar a produção de gordura no leite devemos lançar mão de alguns cuidados nutricionais e de manejo, para que, essa fermentação da fibra, não fique prejudicada, podendo assim, ocasionar queda nos níveis de gordura no leite. Dentre os manejos, podemos citar: • Baixo teor de fibra efetiva (FDNef) na dieta total e alto teor de carboidratos não fibrosos; • Dietas muito úmidas (>50% de umidade); • Fornecer mais do que 3 kg de concentrado por trato para os animais; • Fornecimento de gordura poli-insaturada acima do recomendado; • Animais sob estresse térmico; Todos esses fatores podem deprimir o teor de gordura no leite, seja porque causam acidose e o animal não consegue o equilíbrio ruminal desejado para a máxima fermentação e crescimento microbiano, ou porque algumas reações de biohidrogenação de gorduras poli-insaturadas produzem metabólitos que inibem a síntese de gordura na glândula mamária. Dessa forma, se quisermos aumentar o teor de gordura no leite, basta respeitarmos esses fatores supracitados, balanceando fibras e carboidratos não fibrosos, dietas com umidade adequada, dividir em maior número de vezes o trato ofertado aos animais, respeitar os limites de gordura adicionada na dieta (especialmente as de origem dos grãos de soja e algodão) e principalmente, dar conforto térmico (sombra, ventilação e aspersão) aos animais. Quando falamos em teor de proteína no leite, devemos saber que é o constituinte com menor modificação pela dieta. Mudanças muito significativas, dependendo do mercado, deverão lançar mão de material genético, pois há raças que produzem maiores teores de proteína no leite do que outras. No entanto, podem ser potencializados pela nutrição. A proteína do leite dentre os alimentos consumidos pelo homem é a que apresenta um dos melhores perfis de aminoácidos. Portanto, para que se aumente o teor de proteína basta melhorarmos o aporte e relação de aminoácidos nas dietas ofertadas. As principais fontes de aminoácidos – e as que mais se comparam com o perfil aminoacítico do leite – são as bactérias ruminais. Dessa forma, tudo o que for feito para potencializar o máximo crescimento microbiano ruminal tende a melhorar os níveis de proteína no leite. Outra forma é o fornecimento de aminoácidos específicos, protegidos da degradação ruminal, que complementarão os aminoácidos fornecidos pelas bactérias. Dentre esses aminoácidos protegidos podemos citar a metionina e a lisina. Para que haja um melhor crescimento e melhor aporte de proteína microbiana ruminal, podemos controlar o pH, evitando acidose, que prejudica o crescimento dessas bactérias; processar a fonte de amido, para que o mesmo se torne mais eficiente como fonte de energia para essas bactérias; quantidade e qualidade da fibra da forragem ofertada também impacta no crescimento dessas bactérias. Quando o desafio nutricional é alto, ou seja, animais de alta produção com alimentos de média a baixa qualidade, podemos lançar mão de aditivos que promovem um maior crescimento de microrganismos benéficos no rúmen. Dessa forma, haverá

As vacas falam, estamos ouvindo?

A avaliação da alimentação dos rebanhos leiteiros sempre foca nos índices produtivos e reprodutivos das vacas, mas para fazer uma avaliação completa do manejo nutricional, o produtor tem que andar no meio dos animais Alexandre M. Pedroso*  Eu costumo dizer que a vaca é o melhor ´termômetro´ para sabermos se as rações que formulamos ou o manejo que recomendamos estão adequados. Devemos sempre ´escutar o que as vacas nos dizem´, mas, muitas vezes, técnicos e produtores não dão ouvidos às vozes do rebanho. Costumeiramente digo em palestras e treinamentos que a parte mais fácil do manejo da alimentação é a formulação da dieta. O difícil é fazer com que as vacas comam exatamente aquilo que foi previsto pelo nutricionista e que estejam no ambiente que foi considerado por ele na hora de formular a dieta. Sim, pois o desempenho das vacas não depende unicamente da comida disponibilizada. Lembro-me de uma vez em que fui chamado por um produtor de leite que se queixava da produção de suas vacas. Ele gostaria que eu fizesse uma avaliação das formulações que estavam sendo utilizadas. Fui até a fazenda e passei cerca de três horas visitando as instalações, avaliando itens de conforto, manejo, e voltei a me reunir com ele. Apresentei uma lista com quinze itens que deveriam ser imediatamente corrigidos para que as vacas pudessem ter melhor desempenho. Uma das únicas coisas em que não vi defeito foi justamente na formulação das dietas. A avaliação da alimentação dos rebanhos leiteiros sempre foca nos índices produtivos e reprodutivos das vacas, e também os resultados das análises laboratoriais dos alimentos, mas para fazer uma avaliação realmente completa do seu manejo nutricional o produtor tem que andar no meio dos animais. Essa interação mais próxima é fundamental para que o produtor possa observar seu comportamento, o manejo do cocho, a disponibilidade de água, o conforto, seu escore de condição corporal e muitos outros itens, como ruminação, aparência geral, problemas de casco. Além disso, é importante que essas visitas sejam feitas em diferentes horários, para se ter uma ideia melhor das variações ao longo do dia. Assim, é possível unir as informações do escritório com as coletadas entre o rebanho para montar um quadro da situação. Para saber se as coisas vão bem na fazenda, há uma série de aspectos que devem ser observados. De cada dez vacas, quantas estão ruminando? Há sinais de que as vacas estão selecionando a ração? O que está sendo selecionado? As vacas estão consumindo dejetos, terra ou areia? Estão consumindo minerais de forma exagerada? Essas e outras tantas perguntas que podem ser feitas procuram cobrir pontos importantes relativos ao manejo da alimentação e às condições de conforto dos quais o rebanho está submetido. Por exemplo: como regra geral, caso não estejam comendo, bebendo, dormindo, ou se estiverem sob estresse térmico, quatro a cinco vacas de cada dez devem estar ruminando. As vacas podem ruminar por até dez horas por dia e, se isso não estiver acontecendo, é necessário procurar a causa. Seleção de alimentos? Falta de FDN ou Fibra Fisicamente Efetiva? Isso deve ser investigado e corrigido. Fazer a avaliação física da dieta oferecida às vacas e dos alimentos volumosos é muito importante para saber o que, de fato, os animais estão ingerindo e se isso equivale ao que foi formulado pelo nutricionista. Avaliar as fezes das vacas é uma excelente ferramenta para identificar possíveis problemas. Se as vacas fazem muita seleção de alimentos nos cochos, haverá grande variação nas fezes (de secas à diarreia) dentro do lote, que supostamente está consumindo a mesma ração. E, nesse caso, ficamos sem ter ideia de qual ração cada vaca está efetivamente consumindo. Dessa forma, aumentam os casos de acidose ruminal e outros distúrbios digestivos. Para resolver o problema, é preciso minimizar as possibilidades de seleção de alimentos, fazendo formulações e misturas corretas. Outro ponto a ser observado é que o aumento no consumo de minerais, bem como a ingestão de dejetos, terra ou areia, é um sinal claro de desordens digestivas ou de que as vacas estão sob estresse calórico. É fundamental avaliar muito bem as condições de conforto na fazenda. Atualmente, sabemos que, dependendo da umidade relativa do ar, temperaturas acima de 20°C já são suficientes para causar algum grau de estresse para os animais. Há sombra disponível nos sistemas de pastejo? Os galpões de confinamento oferecem condições adequadas, onde as vacas podem descansar confortavelmente? Se as vacas não conseguem andar ou descansar com conforto, provavelmente produzirão menos leite, isso porque o animal não precisará destinar energia extra para ´sobreviver´ ao ambiente. Superfícies lisas, que fazem as vacas escorregarem, superfícies irregulares, que as fazem andar como se estivessem pisando em ovos, ou lama tão profunda a ponto de ´sugar´ as botas de algum desavisado possivelmente vão contribuir para que as vacas façam menos visitas ao cocho ou, no caso de vacas no pasto, para que os ciclos de pastejo sejam reduzidos. Corredores cheios de pedras e buracos aumentam muito a incidência de problemas de casco no rebanho. Se nem o produtor consegue andar direito pelos corredores destinados às vacas, isso significa que elas estão sendo obrigadas a gastar mais energia do que deveriam em atividades não produtivas. Observar as vacas enquanto se movimentam é uma boa maneira de saber se estão confortáveis ou não. A distância entre a sala de ordenha e as áreas de alimentação e descanso determina quanta energia adicional elas terão que gastar para se locomoverem, acima do que normalmente já está considerado nas exigências de manutenção. E isso será subtraído da energia líquida disponível para produzir leite. Ou seja, quanto mais tiverem que andar, pior. Percursos de mais de 500 metros são indesejáveis. Proporcionar às vacas um lugar confortável para deitarem, ruminarem e descansarem é fundamental para mantê-las saudáveis e produtivas. Em galpões do tipo Free- Stall, se as vacas não deitam nas baias, é necessário reavaliar seu desenho e dimensões, e verificar se as camas estão limpas e em quantidade adequada. Os galpões do tipo Compost