julho 27, 2024

Futuro ministro diz que terá missão de ‘reconstruir’ Embrapa

Carlos Fávaro quer retorno de Silvio Crestana para presidência da estatal de pesquisa agropecuária O futuro ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, quer “reconstruir” a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com uma mudança radical de direção nos rumos da gestão da estatal e o orçamento turbinado para voltar a investir dinheiro público no trabalho dos pesquisadores. “A Embrapa acabou, destruíram a empresa. Assumo o ministério com a missão de reconstruí-la”, afirmou Fávaro em entrevista exclusiva ao Valor após o anúncio do seu nome pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar a Pasta a partir da próxima semana. A mudança deve começar no comando da estatal. Fávaro e Lula querem que Silvio ParceiraFávaro afirmou que a aproximação da Embrapa com o setor privado – estimulada no atual governo – é válida, mas que a estratégia adotada foi errada. “A iniciativa privada é movida à perspectiva de resultado e lucro, e muitas vezes o poder público tem o desafio de enfrentar aquilo que aparentemente não dá lucro, mas que é importante e resolve problemas”, explicou. Um exemplo é o ramo de insumos biológicos. “A indústria de químicos não tem interesse de financiar a pesquisa se ela não vai ganhar dinheiro, mas a Embrapa precisa fazer para o bem dos brasileiros e da produção sustentável”, indicou. O futuro ministro disse que o Ministério da Agricultura é uma “exceção na Esplanada em termos de gestão”, mas que a Pasta enfrentou um desmonte orçamentário e sofreu as consequências de ações transversais das áreas econômica e ambiental do governo nos últimos anos. “O Ministério da Agricultura foi desprestigiado. A ex-ministra Tereza Cristina precisou ‘se virar nos 30’ para manter os mercados internacionais abertos com a passada da boiada acontecendo com desmatamento e queimadas”, opinou. Ele negou que a Pasta perderá importância com a estrutura mais enxuta após as saídas de algumas áreas do seu organograma. A agricultura familiar e a aquicultura e pesca virarão novos ministérios; o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) passará ao Meio Ambiente e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) irá para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. “Vamos trabalhar transversalmente”, completou. ConabA ideia é dar uma nova roupagem à Conab, que poderá dar origem a uma agência de informações agropecuárias para atuar de forma independente no novo governo. “A Conab pode ser maior e não precisa estar conectada ao Ministério da Agricultura ou ao MDA”, disse. A ideia é que a autarquia seja provedora de dados para a iniciativa privada e para a formulação de políticas públicas. Uma dos desejos é equiparar a nova unidade ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), com relatórios de estoques, vendas antecipadas e exportações para orientar o planejamento no campo. “Não é intervenção, é ter informação. Queremos relatório da nossa Conab para informar o Brasil, o mundo, o mercado e dar segurança e estabilidade”, disse. O futuro ministro não quis antecipar nomes que vão compor o ministério, mas afirmou que deverá aproveitar algumas peças que estão na atual gestão. “Não temos data para definir, vamos devagar. Não podemos ter interrupção de políticas públicas”, comentou. Fonte: Valor Agronegócio Curadoria: Boi a Pasto