julho 26, 2024

Sobre áreas de pasto degradado, lavouras de grãos avançam no norte de Mato Grosso

Áreas de pastagens degradadas estimulam o investimento no sistema de integração lavoura-pecuária proporcionando qualidade de solo e rentabilidade A grande disponibilidade de áreas de pastagens degradadas tem estimulado o investimento no sistema de integração lavoura-pecuária em Marcelândia, norte de Mato Grosso. O município, que atualmente conta com um rebanho bovino de aproximadamente 200 mil animais, vive a expectativa de também tornar-se referência na produção de grãos no estado. Marcelândia conta hoje com uma área de 140 mil hectares destinada às lavouras. A expectativa, pontua o Sindicato Rural do município, conforme trazido no episódio 72 do Patrulheiro Agro desta semana, é que a oleaginosa ganhe espaço significativo nos próximos cinco anos e chegue a aproximadamente 300 mil hectares, aproveitando áreas de pastagens degradadas. Delegado da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e produtor rural em Marcelândia, Diego Francisco Bertuol, comenta que o crescimento da produção de soja em cima de área de pastagem, bem como milho e algodão, no município é um conjunto de fatores. “Mas, o principal é o regime de chuvas que nós temos aqui. Isso favorece fazer duas safras, tanto a de soja e a de milho. Aqui mesmos vizinhos já estão começando a fazer experimentos com o algodão. E, claro a rentabilidade, porque hoje o boi deu uma diminuída e o pessoal tem procurado vir para a lavoura”, comenta Bertuol. Nesta safra 2022/23, Bertuol comenta ter destinado cerca de 700 hectares para a soja em sua propriedade. “O pessoal já vem com a parte de conhecimento, a parte técnica, vem investindo em perfil de solo, em calcário, em gesso. Aí você coloca soja em cima e dá esse sojão que está dando aí”. Maior produtividade por hectare Uma das pioneiras em Marcelândia a ingressar no sistema de lavoura-pecuária é a agricultora Silvania Miranda Garcia Martins. A propriedade da família produz hoje 1,5 mil hectares de soja e contam com um armazém. “Aquelas áreas degradadas que não produzia, que era uma cabeça de vaca por hectare, hoje estão produzindo em média 70 sacas por hectare. Eu sempre falo que temos uma Sorriso dentro de Marcelândia. Então, nós temos tudo para daqui a pouco estar ganhando a fama de Sorriso e ser a capital da produção de soja no estado de Mato Grosso”, diz a agricultora. Conforme o presidente do Sindicato Rural de Marcelândia, Marcelo Ricardo Cordeiro, muitos produtores estão realizando a integração entre lavoura e pecuária no município.“E, muitos deles estão indo para a lavoura. A pecuária depende da lavoura porque o trato do gado depende da lavoura. O pecuarista cada vez mais, e isso já é feito, está investindo em genética. Então, aquele gado que dependia de uma área muito maior, hoje faz em uma área menor e com mais qualidade”, salienta Cordeiro. Logística é outro fator para crescimento das lavouras De acordo com o segundo vice-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Agenor Vieira de Andrade Neto, a logística é outro ponto que tem atraído os produtores quanto a implantação de lavouras. “O produtor rural de Marcelândia em virtude da logística, que ficou bem interessante com o escoamento dos grãos pelos Portos do Pará, passou a ter a opção e a viabilidade de agregar as duas atividades, que na nossa maneira de entender se complementam. Elas somam e oferecem a oportunidade de o produtor estar fazendo tanto grão quanto carne ou genética na sua propriedade”. Fonte: Canal Rural Curadoria: Boi a Pasto

Período de chuvas é oportunidade para melhorar condições de pastagens

O período das chuvas é uma época favorável para a atividade pecuária.  O período das chuvas é uma época favorável para a atividade pecuária. Em Mato Grosso, as chuvas têm atingido todo o estado e a boa condição climática proporciona aos criadores a oportunidade de melhorar a qualidade das pastagens para a alimentação dos bovinos. Com isso, os animais passam a ter um melhor aproveitamento dos nutrientes e maior ganho de peso. Além disso, a alimentação a pasto tem menor custo e continua sendo a maneira mais barata e a mais utilizada para alimentar o rebanho. Por isso, o médico veterinário e gerente de relações institucionais da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Nilton Mesquita, explica que a recuperação da pastagem é a principal alternativa para reduzir o custo de produção, tão necessário no momento atual. Dados do boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) desta semana apontam que o custo de produção da pecuária de corte em Mato Grosso em 2022 seguiu com a tendência de alta observada desde 2018. Os valores médios do Custo de Produção Total (COT) da cria, recria e engorda, e da pecuária de ciclo completo em 2022, foram de R$ 179,70, R$ 279,22 e R$ 151,83 por arroba respectivamente, na estimativa do Imea do 4º trimestre. Diante deste cenário, o período de chuvas deve ser aproveitado pelo pecuarista, segundo Nilton Mesquita, para investir em intervenções no pasto e obter uma boa produtividade nas fazendas. Ações como adubação e uso de herbicidas para limpeza de áreas de pastagens são alguns exemplos do que pode ser realizado. “Esse período de chuvas é a chance perfeita para os pecuaristas se envolverem em práticas de manutenção dos pastos, visando a aumentar sua produtividade. Para essas atividades que buscam melhorar a qualidade do pasto é fundamental o planejamento, uma vez que o custo tem um fator preponderante. A realização desses trabalhos agora, durante a época de chuvas, ajudará a preparar o terreno para as próximas estações, aumentando a probabilidade de obter bons resultados no futuro. Portanto, essa é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada pelos pecuaristas”, afirmou o gerente da Acrimat. Fonte: Gazeta Digital Curadoria: Boia a Pasto

Produtores rurais ensinam como garantir um pasto de qualidade em MT

O manejo incorreto pode causar degradação e perda, além de poder prejudicar o pecuarista com menor rentabilidade. Um pasto bem cuidado é rico em nutrientes e interfere positivamente na produção animal. Já um manejo incorreto pode causar perda e degradação, além de menor rentabilidade ao pecuarista. Em Pedra Preta, a 243 km de Cuiabá, o produtor rural, José Nogueira de Oliveira, tem uma propriedade em que ele cria gado de leite e de corte. Ele explica que garantir ao gado um pasto de qualidade, faz toda a diferença. Desde que ele investiu na produção de um pasto de qualidade, com piquetes rotacionados, ele diminuiu os custos com ração. “Eu estou mexendo com uma parte de leite e outra de corte, mas eu estou dando prioridade mais para o leite. Resolvi fazer uma rotacionada para abaixar o custo de produção da propriedade e a quantidade de ração comprada”, disse. A propriedade de José é acompanhada por uma equipe da Empresa Mato Grossense de Pesquisa Assistencia e Extensao Rural (Empaer), que tem dado apoio técnico no pasto de qualidade. O engenheiro agrônomo, Roklerson Ignácio de Souza, conta que esse acompanhamento vem desde a época da seca, e que eles tiveram a preocupação de plantar o capim certo para ter uma boa reprodução na área, além de controlar a quantidade de animais corretos por piquete para ter bons resultados. “Essa propriedade a gente começou por etapas, começamos primeiro trabalhando com a alimentação da seca, que foi meio hectare de capiaçu com um hectare de milho. E a gente tinha uma preocupação de ter uma área, no período das águas, de uma pastagem de qualidade que maximizasse a produção aqui na propriedade”, disse. Além da economia na ração, José ainda conseguiu aumentar a produção de leite em 51% de um mês para o outro, depois que começou a equilibrar os animais no pasto rotacionado. Hoje a propriedade está com 29 piquetes divididos em dois hectares. O pecuarista, Marcelo Villas Boas, implementou o sistema de integração de lavoura-pecuária na sua fazenda. Ele, em conjunto com o apoio técnico, decidiu investir cerca de R$ 15 mil para criar um consórcio entre milho e braquiária em quatro hectares. A veterinária, Raquel Mattos Cazonato, explica que, na fazenda do Marcelo, essa área estava degradada, e que a integração contribuiu para recuperação total da área, trazendo benefícios como diminuir o custo na formação do pasto e melhorar a produtividade. “Entre as vantagens do sistema, estão a diminuição do revolvimento de solo, então a gente melhora o estoque de carbono, a gente aproveita a adubação residual da lavoura para a pastagem, diminui custo na formação do pasto e a gente aproveita os efeitos sinérgicos entre as plantas e melhora a produtividade por área”, explicou. Fonte: G1 Curadoria: Boi a Pasto

Estudo nacional mostra panorama da resistência de plantas daninhas a herbicidas

Parceria entre Bayer e Embrapa realiza amplo levantamento de plantas daninhas que invadem pastagens e lavouras de algodão, milho, soja e trigo. Pesquisadores da Bayer e da Embrapa estão avaliando sistemas produtivos como estratégias de resiliência para o manejo de plantas daninhas resistentes aos herbicidas. As atividades estão sendo desenvolvidas em diferentes regiões brasileiras, em lavouras de milho, trigo, soja, algodão e em pastagens, desde 2017. Os dados coletados foram reunidos em uma plataforma que traz dados espaciais sobre a ocorrência de plantas daninhas (leia abaixo). Um dos objetivos do trabalho é divulgar e fortalecer o conceito da resistência e dos seus diferentes tipos, para que o produtor entenda como é importante fazer um manejo mais adequado desse problema.  Além de gerar informações sobre a presença de plantas daninhas em lavouras de diferentes estados do Brasil, o projeto buscou caracterizar os sistemas de produção que contribuem para o manejo de plantas daninhas. A ideia é mostrar para o produtor que, se o investimento em insumos for feito da forma correta, valerá a pena e não causará prejuízos na rentabilidade da lavoura. O trabalho foi estruturado em ações específicas. A primeira foi o levantamento das espécies existentes e a caracterização da resposta de herbicidas nas populações das plantas daninhas, para detectar a resistência ou não. Em seguida, foram montados experimentos para o desenvolvimento de estratégias de manejo e de prevenção da resistência. Levantamento da presença da resistência a herbicidas O primeiro passo foi coletar e selecionar as sementes de plantas daninhas que sobreviveram à aplicação de herbicidas. “As sementes foram levadas para reprodução nas Unidades da Embrapa e, em seguida, colocadas para germinar e emergir. Com as plantas dessas sementes germinadas, foram realizadas triagens (screening) com diferentes herbicidas para identificação da resistência ou da suscetibilidade”, relata o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Décio Karam, líder do projeto. Para aferir a resistência, os pesquisadores seguiram uma metodologia internacional. “Porque pode haver um nível alto ou baixo de resistência ao herbicida. Para o nível mais alto, a dose para causar o efeito é maior. Após determinada dose de resposta, definimos o fator de resistência”, explica o pesquisador.  “Com esses dados do screening e da coleta, nós desenvolvemos os mapas de presença da resistência ou da suscetibilidade das espécies por região no Brasil. Então, o sistema de manejo pôde ser diferenciado em cada município, em função da presença ou não da resistência”, conta Karam. Os pesquisadores estão também monitorando as novas espécies que têm sido questionadas sobre resistência, que são o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica – foto à direita) e o caruru (Amaranthus hybridus), além das que já eram estudadas. Foram testados 15 herbicidas em 2.050 amostras, em 6.232 screening. Avaliação das áreas As áreas foram avaliadas de acordo com os investimentos no uso de herbicidas: baixo, médio e alto investimento. “A variação dos custos dos inputs (insumos) é estabelecida pelo número de mecanismos de ação de herbicidas que se coloca no sistema de produção. Ou seja, com poucos mecanismos de ação de herbicidas, um grupo maior de herbicidas e um alto grupo”, informa o pesquisador Décio Karam. Os mecanismos de ação e aplicação dos herbicidas são ajustados em função da região e do sistema de produção utilizado. “Os inputs para os diferentes sistemas produtivos são: soja-trigo, soja-milho, soja-algodão e soja-azevém”. “Nosso padrão de baixo investimento é só com a utilização de dois mecanismos de ação de herbicidas, basicamente com glifosato e atrazina. Observamos que nas áreas de baixo investimento sempre ocorreu maior infestação, com exceção do experimento na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG), pois aqui na nossa área não há a presença da resistência. Contudo, após quatro anos, já podem ser verificadas plantas muito esparsas no campo por causa da sobra da aplicação dos herbicidas”, afirma.  O experimento da pesquisa está instalado desde a safra de 2018, com o trigo, e em 2019, com a soja. Foram avaliadas a presença das plantas daninhas resistentes e a eficácia dos tratamentos com os diferentes níveis de ação. “Nos sistemas avaliados, nós vimos o quanto se gastou de herbicida, e quanto o produtor teve de retorno financeiro. Ao longo de quatro anos, mesmo fazendo um alto investimento, houve maior lucratividade e melhor qualidade do produto. Assim, mesmo investindo muito no sistema de produção e com maior número de mecanismos de ação utilizados, há um retorno econômico comparado ao produtor que faz uso de baixo investimento para o manejo de plantas daninhas resistentes aos herbicidas”, explica Karam. Segundo ele, a eficácia dos diferentes tipos de manejo está sendo avaliada por meio do banco de sementes de plantas daninhas no solo. Com essa informação e a análise das plantas emergidas, está sendo analisada a dinâmica populacional em função dos sistemas produtivos e do investimento no manejo com herbicidas. Além disso, há efeitos indiretos, como diminuição do banco de sementes de plantas daninhas no solo e redução da porcentagem de participação da planta daninha resistente na população de plantas daninhas da área, de acordo com o pesquisador. “Com isso, aumenta a sustentabilidade do sistema produtivo. Depois de quatro anos, constatamos que precisamos de um trabalho de longa duração na área, pois a resistência não é um efeito imediato no sistema e sim a consequência de vários anos de manejo”, diz Karam. Esses trabalhos estão sendo realizados em parceria entre oito Centros de Pesquisa da Embrapa e a Bayer, em duas áreas no Mato Grosso, duas áreas em Minas Gerais, três áreas no Rio Grande do Sul e duas áreas no Paraná. Participam a Embrapa Algodão, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Clima Temperado, Embrapa Meio Ambiente, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Soja, Embrapa Territorial e Embrapa Trigo. “O objetivo agora é estender a pesquisa por um período maior de tempo para demonstrar, realmente, a diferença dos manejos de plantas daninhas empregados. Queremos mostrar, onde não havia a ocorrência visível da resistência, quanto tempo o produtor irá demorar para perceber o problema na área”, comenta Karam. Plataforma de dados geoespaciais  Todo esse trabalho de campo realizado gerou um banco de dados inéditos sobre a resistência ou suscetibilidade de plantas daninhas a herbicidas. Essas informações estão disponíveis publicamente em uma plataforma on-line desenvolvida pela Embrapa, que permite visualizá-las

Bioinsumo brasileiro para pastagens vence prêmio mundial

A premiação recebeu aproximadamente 100 inscrições de indústrias do agronegócio mundial O pacote tecnológico Pastomax, lançado em 2021 pela Embrapa Soja e BIOTROP, venceu a 15° edição do prêmio Crop Science Awards 2022, na categoria Melhor Novo Bioestimulante, em solenidade online realizada em 10 de novembro. A competição é uma iniciativa da S&P Global, empresa que atua no mercado de dados e análises financeiras, com o apoio da revista Chemical Week. A premiação, que reconhece a inovação de iniciativas científicas e tecnológicas da indústria global de proteção de cultivos e mercados de produção, recebeu aproximadamente 100 inscrições de indústrias do agronegócio mundial em 11 categorias de premiação. “Estamos entusiasmados com o reconhecimento mundial desse bioinsumo que pode aumentar, em média, em 22% a produção das pastagens brasileiras, além de incrementar a absorção de nutrientes. É mais alimento para o gado e alimento de melhor qualidade”, destaca a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja. “Essa formulação inovadora é fruto de uma parceria público-privada, que envolveu muitos anos de pesquisa e dedicação da indústria para trazer ao mercado um produto biológico de excelência que tem potencial para transformar a realidade das pastagens degradas”, ressalta o também pesquisador da Embrapa Soja, Marco Antonio Nogueira. Para Rogério Rangel, engenheiro agrônomo e diretor de marketing Brasil e América Latina da BIOTROP, a vitória é motivo de muita comemoração e sinal da consagração de uma importante jornada tecnológica e de inovação da empresa, já que o PASTOMAX foi desenvolvido em parceria com a Embrapa Soja. “Esta é a segunda vez que participamos e novamente saímos da premiação com o reconhecimento de nossas soluções, sinal de que estamos no caminho certo. Essa conquista marca também a importante parceria que possuímos com a Embrapa em prol da agricultura regenerativa”, destaca. Há pouco mais de um ano no mercado, o produto apresentou crescimento de 132%, saltando de 6.600 hectares, em 2021, para 15.300 hectares, em 2022. “A projeção da Biotrop é de que o crescimento avance muito mais, devido aos excelentes resultados observados por pecuaristas em todo o Brasil com o uso da tecnologia, e aumente em torno de 250% em 2023”, afirma Rangel. Solução inovadora – O PASTOMAX é um inoculante multifuncional que associa dois microrganismos com propriedades multifuncionais, Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens.  De acordo com Mariangela Hungria e Marco Antonio Nogueira, foram 11 anos de pesquisas para chegar a esses resultados. Na última etapa, foram conduzidos ensaios por quatro safras, em duas condições de solo e clima distintos, com inoculação via sementes e, também, em aplicação foliar em pastagens já estabelecidas.  No caso da bactéria Azospirillum, os principais processos microbianos envolvidos são a síntese de fitormônios, promovendo o crescimento das raízes em até três vezes; e a fixação biológica do nitrogênio. A inoculação com essas bactérias via sementes ou via foliar em pastagens estabelecidas resultou, além do incremento na biomassa, em aumento médio de 13% no teor de N e de 10% no de K na parte aérea. Por sua vez, a Pseudomonas contribui com um conjunto de processos bioquímicos que incluem a solubilização de fosfatos, a síntese de fitormônios e de uma enzima reguladora da produção de etileno. A inoculação via sementes ou foliar com Pseudomonas resultou em incremento na biomassa, de 11% no teor de potássio (K) e de 30% no de fósforo (P) na parte aérea. Vale destacar que o desenvolvimento da tecnologia procurou viabilizar o sinergismo entre os microrganismos e permite a aplicação tanto na fase de estabelecimento de pastagens, quanto em pastagens já estabelecidas. Portanto, é uma conquista para atender também a uma demanda dos produtores que precisam melhorar as pastagens já estabelecidas”, comemora a pesquisadora Mariangela Hungria. Recuperação de pastagens – No Brasil, cerca 180 milhões de hectares são ocupados por pastagens, sendo 120 milhões com pastagens cultivadas, dos quais 86 milhões com braquiárias. De acordo com levantamento da Embrapa, aproximadamente 70% das pastagens brasileiras encontram-se em algum estágio de degradação, produzindo abaixo de seu potencial. “Não é, portanto, o momento de diminuir o uso de fertilizantes nas pastagens, mas sim de usar o potencial dos microrganismos para incrementar a eficiência de uso desses fertilizantes”, destaca Nogueira. Como uma grande contribuição dessas bactérias ocorre pela promoção do crescimento das raízes, as plantas absorvem mais água e nutrientes, aproveitando melhor os fertilizantes. “Hoje o Brasil importa, aproximadamente, 85% do N-P-K que consome, de modo que o aumento na eficiência de uso dos fertilizantes pode promover grande impacto para o setor”, ressalta Nogueira. Fonte: Agrolink Curadoria: Boi a Pasto

Embrapa usa fungo em pastagem para controlar carrapato

De acordo com a entidade, técnica reduz necessidade de uso de acaricidas químicos sobre os animais, reduzindo impactos indesejados Uma abordagem inédita obteve sucesso no controle do carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus), importante parasita de bovinos de corte e de leite. Em vez de somente aplicar produtos sobre os animais, cientistas testaram formulações granulares secas com o fungo Metarhizium robertsii que também podem ser aplicadas sobre as pastagens. A abordagem inovadora foi feita por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) , da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e da empresa norte-americana Jaronski Mycological Consulting. Os experimentos foram bem-sucedidos no controle do aracnídeo, uma vez que 95% da população de carrapatos em um sistema de produção encontra-se no pasto e não nos animais. As fêmeas botam seus ovos no solo, dos quais eclodem as larvas que evoluem à idade adulta, quando finalmente saltam a fim parasitar os animais. É a primeira vez que essa estratégia é utilizada. Conforme destaca Éverton Kort Kamp Fernandes, pesquisador da UFG, o controle biológico por fungos enteropatogênicos é muito explorado na agricultura para o controle de artrópodes-praga e a estratégia do estudo foi aproveitar a ampla literatura e aplicar a técnica no controle do carrapato. Ele lembra que o agente de biocontrole não é uma toxina ou proteína capaz de causar a morte imediata do carrapato, mas um fungo, utilizado vivo para causar uma infecção letal no inseto. “Isso cria um desafio para a aplicação, uma vez que o manejo de controle deve ser planejado de duas formas distintas e complementares: a aplicação do fungo diretamente no animal infestado ou na pastagem, ou em ambos, para o efetivo controle de todo o ciclo de vida do carrapato”, explica. As aplicações reduziram significativamente o número de larvas de carrapatos sobre a pastagem durante estação mais úmida, atingindo pelo menos 64,8% de eficácia relativa, porcentagem expressiva e promissora levando em consideração o emprego de um inimigo natural. “A utilização dessas formulações, combinada a outras estratégias de controle, ajudará o produtor a obter animais menos infestados e a diminuir a pressão de resistência do carrapato aos acaricidas químicos, viabilizando a produção de leite e carne de qualidade com animais mais saudáveis e livres de infestações descontroladas”, comenta Alan Marciano, da UFRRJ. De acordo com os experimentos, a aplicação direcionada à pastagem atinge mais efetivamente a população de carrapatos do que as realizadas em bovinos infestados, além de prevenir ou minimizar os níveis iniciais de infestação no gado. O estudo também detectou persistência do fungo no solo e a colonização fúngica das raízes das gramíneas cultivadas nas pastagens. Isso garante resultados prolongados com redução da necessidade de novas aplicações. Os pesquisadores preveem que o fungo possa ser incorporado na manutenção e formação de pastagens, algo que dependerá de futuros estudos. Desenvolvimento de forrageira As formulações granulares de agentes microbianos estão ganhando atenção especial como tecnologia de baixo custo para uso como biopesticidas ou bioinoculantes na agricultura. Visando atingir as pragas de artrópodes que vivem no solo, pequenos grânulos levam propágulos de fungos a locais ocupados pelas pragas-alvo. Por se tratar de uma nova formulação, nunca testada em condições naturais, foi necessário que os cientistas investigassem a persistência do fungo no solo e a colonização das raízes da forrageira Urochloa decumbens. Sabe-se que esse fungo, além de controlar pragas, pode também ser um forte aliado no desenvolvimento da planta, e essa variedade é bastante utilizada para alimentar o “gado a pasto” no Brasil. O experimento ao ar livre revelou que, apesar do controle do carrapato e do envolvimento com a planta forrageira, houve um declínio significativo na persistência do fungo no solo ao longo do tempo. Esse fenômeno é esperado e influenciado por fatores intrínsecos ao microrganismo, edáficos, bióticos, culturais e climáticos. “Variáveis climáticas desafiadoras ao microrganismo foram registradas durante o experimento, e observamos que as duas estações em que ocorreram as aplicações divergiram em termos de persistência e eficácia do fungo contra o carrapato. Essa informação é valiosa para futuros protocolos de aplicação”, relata Alan Marciano. O cientista explica que altas temperaturas combinadas com alta incidência de chuva marcaram o período após a primeira aplicação, na qual foi registrada a melhor eficácia de controle do carrapato. Isso evidenciou que o período chuvoso foi benéfico ao fungo, pois propiciou uma umidade do solo adequada ao seu desenvolvimento, mesmo sob alta radiação solar. Contudo, durante a segunda aplicação, com temperaturas mais amenas e com menores precipitações, a eficácia relativa do controle de carrapatos foi menor, apesar de a persistência fúngica ter sido menos afetada durante os sete dias iniciais após a aplicação. Os pesquisadores explicam que a falta de chuva e o solo mais seco impediram a germinação de propágulos, esporulação e, consequentemente, afetaram o desempenho do fungo em se disseminar e causar a morte dos estágios não parasitários do carrapato (fêmeas em período de postura, ovos e larvas recém-eclodidas). A equipe de pesquisa já trabalha em melhorias da formulação para mitigar os efeitos deletérios identificados no estudo. Os pesquisadores acreditam que o trabalho é capaz de gerar um futuro produto no mercado, útil tanto para a pecuária quanto para a agricultura. O analista da Embrapa Gabriel Mascarin enfatiza a necessidade de novos estudos visando a persistência prolongada do fungo após a aplicação, em uma gama de condições além da situação brasileira, para otimizar as concentrações de grânulos aplicadas ao solo com o objetivo de incrementar as atuais taxas de eficácia no controle de carrapatos. Por: Canal Rural com curadoria Boi a Pasto.