julho 27, 2024

Pesquisa desenvolve filé de pirarucu em conserva

Avanço beneficia tanto piscicultores quanto pescadores, que utilizam planos de manejo para manter a espécie segura. Pesquisadores da Embrapa desenvolveram o filé de pirarucu (Arapaima gigas) em conserva, tecnologia agroindustrial que agrega valor ao pescado e desponta como potencial ativo de bioeconomia e desenvolvimento na Amazônia. O pirarucu está entre os maiores peixes de água doce do Brasil e do mundo e tem despertado a atenção de consumidores, manejadores e produtores em todo País, em especial, na Amazônia, de onde é originário. Entre as características atraentes ao mercado destacam-se o rápido ganho de peso desse peixe e o aproveitamento de carne, superior ao encontrado no gado. A tecnologia está disponível a empresas interessadas em dar continuidade à pesquisa e levá-la ao mercado consumidor. Ela foi desenvolvida por meio de parceria entre a Embrapa Amazônia Oriental (PA) e Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e resultou em um comunicado técnico detalhando todo processo e que pode ser acessado gratuitamente no portal da instituição.  A pesquisadora Alessandra Ferraiolo, uma das autoras do trabalho, defende que é necessário diversificar os produtos de peixes enlatados existentes no mercado, e com isso, possibilitar agregação de valor, assim como aumentar a vida útil do pescado fresco. O pirarucu é um peixe carnívoro que pode atingir, em condições de natureza, até três metros de comprimento e ultrapassar os 200 quilos. No caso da criação comercial, em cativeiro, os números também são animadores, pois o animal chega a 12 quilos em apenas um ano, tamanho apreciado pelo mercado. Em termos de rendimento econômico, pesquisas da Embrapa indicam que o pirarucu suplanta ao dobro o tambaqui (CoIossoma macropomum) e em até 40 vezes aos bubalinos, bovinos e ovinos. Considerando-se os elevados rendimentos de carne, o que indica a espécie com elevado potencial para a piscicultura industrial. Segundo Ferraiolo, o trabalho têm o intuito de agregar valor e incentivar o consumo da espécie, além de diversificar os produtos de peixes enlatados. “O objetivo do trabalho foi desenvolver conservas de pirarucu da pesca e da piscicultura e avaliar os produtos quanto às suas características físico-químicas, sensoriais e qualidade microbiológica”, detalha. Ela explica que as vantagens da espécie para esse tipo de processo agroindustrial estão no rendimento muscular e qualidade da carne. “A carne do pirarucu possui coloração clara, textura firme, sabor suave, o que agrada aos consumidores. A ausência de espinhas intramusculares e baixo teor de gordura são outros pontos importantes”, conta a cientista. Do rio à lata O trabalho dos cientistas envolveu, além do desenvolvimento de conservas, a avaliação da qualidade do produto final a fim de incentivar o consumo da espécie e fomentar a sua cadeia produtiva. Os produtos enlatados foram avaliados quanto às suas características físico-químicas e sensoriais e à qualidade microbiológica. A pesquisadora conta que foi obtido um produto de boa qualidade nutricional, sensorial e sanitária. É também considerado um produto de conveniência, por ser de fácil preparo, semipronto ou pronto para o consumo. “O filé de pirarucu em lata dispensa a cadeia do frio para o seu armazenamento, distribuição e comercialização”, enfatiza a cientista. Ela lembra que, como qualquer pescado, o filé da espécie é altamente suscetível à deterioração, desafio que a apresentação em lata ajuda a contornar. “O beneficiamento aumenta a vida útil, a diversidade de produtos e a aceitação do pescado pelo mercado consumidor, além de permitir um melhor controle de qualidade e aproveitamento dos subprodutos, sem perder os benefícios nutricionais”, defende a cientista ao ressaltar que o elevado teor de nutrientes presente no pirarucu o torna recomendável ao consumo. Pelo processo agroindustrial desenvolvido, os filés foram higienizados em solução clorada, imersos em salmoura (3% sal refinado), drenados, cortados e acondicionados em latas. Em seguida, adicionou-se o líquido de cobertura, à base salmoura a 2% e as latas foram submetidas aos processos de exaustão, recravação, tratamento térmico e resfriamento. Degustações, em testes sensoriais, também foram realizados e indicaram que a conserva elaborada com o pirarucu da piscicultura foi preferida em comparação à elaborada com o peixe oriundo da pesca. Os peixes de criação se sobressaíram nos atributos textura, sabor e impressão global. O resultado geral foi a intenção positiva de compra do produto. “A conserva de pirarucu, proveniente da pesca ou da piscicultura mostrou boa aceitação sensorial”, afirma Ferraiolo. Mercado Os dados oficiais sobre a produção pirarucu tem oscilado nos últimos anos. Depois de uma alta registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2015, quando a produção nacional atingiu algo em torno de oito mil toneladas, houve uma queda significativa em 2020, quando, de acordo com o instituto, a produção não conseguiu alcançar duas mil toneladas. Esses números, no entanto, não condizem com a realidade da produção do pirarucu, segundo Francisco Medeiros, presidente-executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). Medeiros relata que os dados do IBGE provavelmente registraram apenas a criação comercial e não a produção oriunda dos planos de manejo. “A produção do pirarucu se divide entre a criação comercial em cativeiro e os planos de manejo comunitários, estes, nos diversos estados da Amazônia”, enfatiza o presidente da PeixeBR. Sobre a discrepância de dados, Medeiros acredita que pode estar relacionada à dificuldade de mensurar a pesca de manejo nas comunidades tradicionais. De acordo com os registro da PeixeBR, somente o estado do Amazonas produziu cerca de três mil toneladas em 2020, ou seja, mil toneladas a mais que o registrado pelo IBGE. A PeixeBR reconhece, no entanto, que houve um queda vertiginosa na produção em cativeiro, mas, ao mesmo tempo, um aumento significativo na produção de manejo e organização comunitária. O executivo avalia que o mercado para esse peixe tem muitos gargalos, com destaque para o resfriamento e conservação, mas também potencialidades e que o papel da pesquisa, a união de esforços e implementação de políticas públicas, podem reestruturar e impulsionar a cadeia da espécie nativa, tanto no manejo quanto no cativeiro. Se por um lado houve queda na produção em piscicultura, o mercado de alimentos enlatados segue aquecido e projeta crescimento, segundo pesquisa divulgada pela empresa de consultoria Mordor Intelligence.  O estudo Mercado de alimentos enlatados –

Pesquisa subsidia licenciamento ambiental agropecuário no Acre

Mecanismos adotados agora permitem determinar o grau de impacto ambiental das atividades rurais, de acordo com o tipo de negócio e com a forma como são conduzidas. Estudo realizado pela Embrapa gerou subsídios para a reformulação das regras para licenciamento ambiental de empreendimentos agropecuários e agrossilvipastoris, com finalidade comercial, em áreas alteradas do Acre. Publicada no fim de 2022, a nova Resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente e Floresta (Cemaf) define como critérios para emissão da licença o impacto ambiental da atividade e indicativos do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do estado sobre o potencial de uso da terra. As mudanças conferem maior agilidade ao processo e contribuem para uma produção mais sustentável. Elaborada por um grupo de trabalho, composto por produtores rurais e profissionais de instituições de pesquisa, órgãos de apoio e fomento à produção, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil, a proposta da nova norma se baseou em pesquisa sobre o potencial de poluição e degradação ambiental de atividades produtivas predominantes no Acre. O estudo avaliou aspectos como os limites territoriais para áreas de reserva legal e de preservação permanente, sítios arqueológicos e territórios protegidos e considerou o potencial de adoção de tecnologias sustentáveis no processo de produção. Os resultados permitiram reunir as atividades produtivas, passíveis de licenciamento, em 19 tipologias classificadas de acordo com o grau de impacto ambiental. “Na norma anterior, o principal parâmetro para emissão da licença ambiental era o tamanho da propriedade rural. Essa análise quantitativa, com ênfase no porte do empreendimento, desconsiderava o risco de danos ao meio ambiente que determinadas atividades rurais oferecem, independente da extensão da área que ocupam. A revisão e alteração dos critérios possibilitou criar mecanismos que permitem determinar o grau de impacto ambiental do negócio rural, de acordo com o tipo e com a forma como são conduzidos”, explica o pesquisador da Embrapa Acre, Judson Valentim, coordenador do estudo e relator do grupo de trabalho. O pesquisador pondera, ainda que, quando alinhados a preceitos conservacionistas e às boas práticas de produção agropecuária, tanto pequenos negócios como grandes empreendimentos rurais podem ser sustentáveis e lucrativos. “A adoção de indicativos técnicos do Mapa de Subsídio à Gestão Territorial e Ambiental do ZEE do Estado como critério direcionador do processo de licenciamento ambiental, e de tecnologias recomendadas pela pesquisa, pode contribuir para uma produção mais sustentável no Acre”, acrescenta. Segundo a secretária de Meio Ambiente e Políticas Indígenas do estado, Paola Daniel, a ausência de critérios técnicos como reguladores do licenciamento ambiental dificultava o trabalho do órgão licenciador e fragilizava o processo, com prejuízos para o produtor rural que ficava sujeito a questionamentos por parte das instituições de controle. O novo dispositivo ajusta aspectos normativos e adequa procedimentos administrativos, aspectos que tornam mais ágil a emissão da licença ambiental, em atendimento a demanda do setor produtivo. “Contar com regras específicas para o licenciamento de atividades agropecuárias comerciais, potencialmente causadoras ou mitigadoras de impacto ambiental, proporciona maior transparência e segurança para os atores envolvidos no processo, em relação ao cumprimento de requisitos legais, uso adequado da terra e conservação ambiental por empreendimentos rurais”, enfatiza a gestora. Grau de impacto ambiental De acordo com legislação federal, o desenvolvimento de atividades agropecuárias comerciais deve ser autorizado por meio de licenciamento ambiental, de competência de estados e municípios ou da esfera federal, conforme o tipo de atividade. No Acre, nas áreas de jurisprudência federal, como terras indígenas e Reservas Extrativistas, o processo é de responsabilidade do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). Já nas áreas geridas pelo Estado, é realizado pelo Instituto de Meio Ambiente (Imac), órgão que também fiscaliza o cumprimento de aspectos ambientais por empreendimentos rurais. A nova norma regulamentadora do licenciamento ambiental no Estado classifica as atividades produtivas licenciáveis em três níveis de impacto ambiental: baixo, médio ou alto. São consideradas de baixo impacto a reforma de pastagem degradada, com integração de lavouras anuais por plantio direto e de dessecação da vegetação; o cultivo de lavouras perenes em área degradada ou em substituição a área de pastagens, por plantio direto e com dessecação da vegetação; e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) em áreas degradadas, de agricultura ou de pastagem, em sistema de plantio direto, com dessecação ou trituração da vegetação. As atividades de médio impacto ambiental incluem a reforma de pastagem degradada com mecanização convencional do solo (aração e gradagem); a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) em sistema de plantio mecanizado; o cultivo de lavouras anuais e perenes em área degradada ou em substituição a área de pastagem, com plantio convencional e mecanização do solo; o semiconfinamento de bovinos para fins de produção de matrizes e reprodutores; e a implantação de lavouras anuais ou perenes e de sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) com uso de irrigação, entre outras iniciativas de produção que envolvam a mecanização do solo. Na classificação de empreendimentos de alto impacto ambiental estão a implantação de sistema de produção de lavouras anuais, a integração Lavoura-Pecuária (ILP) e as lavouras perenes, todas com irrigação com pivô central, e o confinamento de bovinos para fins de terminação. “Atividades com baixo e médio potencial de degradação terão procedimentos simplificados, sem a necessidade de documentação técnica para o licenciamento. Já para licenciar atividades de alto impacto ambiental, entre outras exigências, é necessário apresentar projeto técnico detalhado e Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) por profissional registrado junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. Caso o empreendimento rural envolva níveis distintos de impacto ambiental, o produtor deverá requerer uma licença para cada atividade”, orienta Valentim. Embasamento técnico-científico O Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) possibilita conhecer os riscos potenciais de impacto social e ambiental do negócio rural e a aptidão de áreas alteradas, a partir de informações sobre o solo como topografia, capacidade de drenagem e fertilidade, entre outros aspectos que determinam o potencial e vulnerabilidades da área para a produção agropecuária e florestal.  Construído a partir de estudos científicos desenvolvidos pela Embrapa e outras instituições e com base na legislação ambiental e nas mudanças decorrentes de processos de regularização fundiária e do uso da terra, essa ferramenta de gestão

Embrapa terá mais 18 usinas solares em 2023

Até o final do ano, de acordo com a Gerência-Geral de Infraestrutura e Sustentabilidade (GIS), espera-se que o parque solar gere 27.975.288 kWh/ano, proporcionando uma economia de R$ 8,1 milhões anuais. A partir de 2023, mais vinte Unidades serão atendidas com a adição de 18 usinas solares. Essa matriz geradora vai representar economia e sustentabilidade econômica e ambiental para a Empresa. A iniciativa é resultado da viabilização de recursos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para o Programa de Autossuficiência Energética, adotado há três anos. Com a implantação de 18 novas usinas, a Embrapa contará com um total de 29 unidades solares. Até o final do ano, de acordo com a Gerência-Geral de Infraestrutura e Sustentabilidade (GIS), espera-se que o parque solar gere 27.975.288 kWh/ano, proporcionando uma economia de R$ 8,1 milhões anuais. Segundo o supervisor de Infraestrutura da Embrapa, Fábio Shirahige, a escolha das localidades contempladas atendeu critérios técnicos, como disponibilidade de área, adequação da infraestrutura para receber a usina, condições solares favoráveis na região, custo unitário do kWh pago e custo-benefício do investimento. “As 18 usinas atenderão vinte Unidades, porque algumas delas terão a finalidade de gerar energia ou créditos para mais de uma UD, como é o caso da usina a ser instalada na área da Embrapa Sede, em Brasília, que proverá economia para a Embrapa Agroenergia e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia”, explicou. Ele informa que, em três anos, o Programa de Autossuficiência Energética da Embrapa já apresenta números acima da meta planejada.  A primeira delas, implantada em 2021, foi na Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO). As novas usinas serão instaladas nas seguintes Unidades: Embrapa Agroenergia/Recursos Genéticos e Biotecnologia/Sede (Brasília, DF), Embrapa Agroindústria de Alimentos (Guaratiba, RJ), Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE), Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Embrapa Algodão (Campina Grande, PB), Embrapa Amapá (Macapá, AP), Embrapa Amazônia Ocidental (Itacoatiara, AM), Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral, CE), Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Embrapa Gado de Leite – Campos Experimentais de Santa Mônica (Valença, RJ) e José Henrique Bruschi (Coronel Pacheco, MG), Embrapa Hortaliças (Fazenda Tamanduá, Brasília, DF), Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG), Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), Embrapa Roraima (Boa Vista, RR), Embrapa Soja (Londrina, PR), Embrapa Suínos e Aves (Concórdia, SC) e Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS). “Trata-se de uma iniciativa que, além de representar um importante avanço no pilar ambiental das políticas orientadas pelos padrões ESG (ambiental, social e governança), significa uma ação ligada ao nono objetivo estratégico do VII Plano Diretor (PDE), que trata especificamente da redução de gastos da Empresa”, ressalta a supervisora de Sustentabilidade e Qualidade, Marisa Prado. Conforme prevê o gerente de Infraestrutura e Sustentabilidade, Marcos Xavier, até o final deste ano, a Embrapa terá aproximadamente um terço da energia consumida gerada por fonte solar, atingindo o patamar de autossuficiência até 2030. “As primeiras usinas previstas para este ano – com o início das obras em fevereiro – deverão estar em operação em maio”, afirma. De acordo com o projeto das usinas compartilhadas, além da Embrapa Agroenergia e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, a usina a ser instalada no Campo Experimental de Santa Mônica da Embrapa Gado de Leite, em Valença (RJ), terá função amplificada. Como o Rio de Janeiro possui a energia mais cara do País, a instalação de uma usina no estado apresenta alta viabilidade. “A usina do C.E.S.M proverá energia para as atividades do próprio campo e gerará créditos para compensar a conta da Embrapa Solos, que não possui área para a implantação de uma usina própria”, explica o engenheiro eletricista Lucio Nei Bento, membro da equipe do Programa de Autossuficiência Energética. Primeira usina lacustre Dentre os projetos, um dos destaques será o conjunto de usinas da Embrapa Amapá, dividido em duas partes: lacustre e terrestre. Será a primeira usina fotovoltaica lacustre da Embrapa e terá as mesmas características das usinas convencionais, porém será instalada em estrutura flutuante em um dos três tanques de cultivo do Campo Experimental da Fazendinha (Macapá, AP), que comporta pesquisas de reprodução de peixes e camarão-da-amazônia. “Além de gerar energia para as atividades do próprio campo, a usina da Fazendinha servirá de vitrine tecnológica aos produtores locais que desejam consorciar criação de espécies aquícolas e geração de energia, com a consequente redução de custos operacionais”, informa Izaque Pinheiro, chefe-adjunto de Administração da Embrapa Amapá. Estima-se uma redução de custos de mais de R$ 132 mil anuais para a Embrapa Amapá, além de resultados significativos em projetos que serão viabilizados com a implantação da usina lacustre. “Por meio de projetos de pesquisa futuros, haverá a possibilidade de avaliar os impactos da tecnologia na criação e trazer algumas respostas aos produtores sobre a criação consorciada com a geração de energia”, ressalta Antonio Claudio Almeida de Carvalho, chefe-geral da Embrapa Amapá. Fonte: Embrapa Curadoria: Boi a Pasto

Bioeconomia no Brasil pode gerar faturamento de US$ 284 bi anuais

O levantamento mostrou ainda que as emissões de carbono podem ser reduzidas em cerca de 550 milhões de toneladas nos próximos 27 anos. Um levantamento inédito prevê que a implementação da bioeconomia no Brasil pode gerar um faturamento industrial anual de US$ 284 bilhões até 2050. É esse montante que o País poderá alcançar ao realizar a chamada total implementação da bioeconomia, que abrange três frentes: as atuais políticas para mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no País, a consolidação da biomassa como principal matriz energética em setores importantes da economia e a intensificação de tecnologias biorrenováveis.  Intitulado “Potencial do impacto da bioeconomia para a descarbonização do Brasil”, o estudo é fruto da parceria entre a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), Embrapa Agroenergia, Laboratório Nacional de Biorrenováveis do Centro de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBR/CNPEM), Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Senai/CETIQT) e Laboratório Cenergia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Cenergia/UFRJ). O documento avalia distintas trajetórias para o Brasil até o ano de 2050, a partir das quais propõe três cenários potenciais da bioeconomia no contexto de transição energética no Brasil, sendo o último considerado ponto fundamental do documento, com a adoção mais intensificada da bioeconomia. O primeiro cenário, intitulado “Políticas Correntes”, analisa a manutenção das atuais políticas brasileiras e o respeito à Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, sigla em inglês), proposta no âmbito do Acordo de Paris sobre o Clima.  O segundo cenário, “Abaixo de 2 ºC”, considera que a biomassa passa a ser a principal fonte de energia para a implementação de tecnologias de baixo carbono nos principais setores da economia brasileira, também em cumprimento ao Acordo de Paris, com o objetivo específico de limitar o aumento da temperatura terrestre “bem abaixo dos 2 ºC” até o final do século.  O terceiro e último cenário proposto, chamado de “Potencial da Bioeconomia”, é no qual a bioeconomia e a transição energética se complementam e inserem tecnologias promissoras biorrenováveis a partir do cenário “Abaixo de 2 ºC”. “O estudo quantifica a bioeconomia em cenários de transição energética e avalia como as tecnologias geradas pela chamada economia circular e de baixo carbono podem complementar a transição energética dentro das cadeias produtivas”, afirma Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia. “Buscamos desenvolver processos produtivos mais eficientes e menos intensivos em insumos e energia, fortemente apoiados na biotecnologia”, complementa. Além de Alonso, o estudo também conta com a contribuição do pesquisador da Embrapa Agroenergia e ex-presidente da Embrapa Maurício Lopes. Para Lopes, o Brasil tem plenas condições de modelar uma agricultura dedicada à biomassa capaz de viabilizar um setor bioindustrial inovador e competitivo.  “A bioeconomia entra com vantagem na complexa equação da sustentabilidade, por ser capaz de combinar de forma sinérgica recursos naturais, como a biomassa, e tecnologias avançadas, em modelo de produção de base biológica, limpa e renovável, promovendo sinergias entre as indústrias de energia, alimentos, química, materiais, dentre outras”, pontua. Soluções e tecnologias  Entre as principais contribuições do estudo está o levantamento de soluções que impactam o aumento da produtividade da agricultura, possibilitam a liberação de áreas que podem ser reaproveitadas por culturas energéticas e reduzem as emissões de GEE durante o processo produtivo.  O trabalho se concentrou em bioinovações de indústrias existentes e em fase de desenvolvimento, a partir das quais é possível estimar valores de investimento e de receita, com foco em setores com maior potencial de mitigação de GEE.   No quesito “soluções para intensificação sustentável da agricultura”, foram avaliadas tecnologias relacionadas a proteínas alternativas, soluções para confinamento de gado, fixação de carbono no solo, novas variedades de vegetais de alto rendimento por hectare, fixação biológica de nitrogênio (FBN), controle biológico, todas inseridas no contexto de otimização do uso do solo e produção de biomassa com baixa emissão de carbono ou até emissão negativa. Já no quesito “soluções para a conversão de biomassa em produtos de base energética” foram consideradas tecnologias que utilizam a biomassa para a produção de energia de baixa intensidade de carbono ou até emissões de GEE negativas e que apresentam maior escala de mercado, como bioenergia com captura e armazenamento de carbono (BECCS), captura e utilização de carbono (CCU), biogás e etanol de segunda geração (E2G). Por último, foram analisadas soluções para a conversão de biomassa em bioprodutos de alto valor agregado, importantes para substituir produtos de origem fóssil e viabilizar economicamente o desenvolvimento de biorrefinarias. Neste quesito, foram consideradas as tecnologias relacionadas à produção de bioquímicos, enzimas, biofertilizantes, biomateriais, bionafta e biocombustíveis avançados.  “As tecnologias retratam bem a necessidade de adaptação do processamento às diferentes fontes de biomassa, o que reforça o caráter modular das biorrefinarias e a possibilidade de distintas formas organizacionais dentro de um mesmo pátio produtivo”, indica o relatório. Fonte: Embrapa Curadoria: Boi a Pasto

Como tornar o agronegócio mais sustentável?

Mercado agro busca formas de se reinventar para diminuir o impacto ambiental Nunca se falou tanto em sustentabilidade como nos últimos anos. O mundo está em uma corrida contra o tempo para minimizar os impactos ambientais causados por indústrias, antes que se tornem irreversíveis. Entre um dos setores mais poluentes, o agronegócio, que é responsável por quase 1/5 de toda a emissão de gás carbônico no planeta segundo a publicação ‘Our World in Data’, enfrenta o desafio de se reinventar nesse cenário. Em comparação com resto do mundo, o Brasil lidera a redução do impacto ambiental no agronegócio — segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o país foi capaz de elevar o volume de sua produção, além de reduzir o impacto ambiental da atividade, se destacando entre países como Argentina, Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França e Índia. Apesar de serem dados animadores, ainda há um longo caminho a se trilhar rumo a sustentabilidade. Diante destes desafios, as indústrias possuem duas opções: reduzir as emissões de CO², reestruturando sua cadeia produtiva em busca de maior eficiência energética e conversão alimentar, ou, como opção, também é possível compensar suas emissões, o que pode ser feito através do plantio de árvores ou da compra de créditos de carbono. Para aqueles que buscam otimizar sua produção, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental causado por ela, é importante se atentar aos insumos, resíduos e a eficiência da estrutura. Para otimizar de forma sustentável os insumos e resíduos da produção de carnes, é recomendado o uso de uma energia limpa, como a solar, através da instalação de painéis de captação de luz. Além disso, a água usada nas criações dos animais pode ser de reuso, usando a captação da água da chuva, e deve-se optar por um bio compostor para despejo de resíduos. Quando a eficiência da estrutura, um dos pontos essenciais é o investimento em isolamento térmico. Economia de energia, ganho de produtividade, melhora na ambiência, e o bem-estar animal são as principais vantagens de instalar esse tipo de sistema. “Levando em consideração que 80% do calor de interno vem do telhado, a melhor, mais sustentável e econômica opção para manter a temperatura de um aviário agradável é investir em soluções para coberturas. Para isso, subcoberturas que utilizam do são tão recomendadas”, explica Emerson Salum, Gerente Comercial da Saint-Gobain Produtos para Construção. “É também importante garantir que as telhas utilizadas contribuam para a eficiência térmica do espaço, as telhas Topcomfort são indicadas já que sua tecnologia consegue ajudar a diminuir a incidência de calor no ambiente”. O Midfelt Agro da Isover proporciona ao sistema um bloqueio térmico e acústico, o que diminui a incidência de calor transmitido pela cobertura ao ambiente, aumentando a produtividade dos aviários. O produto é sustentável, já que é produzido a partir de vidro reciclado, seguro, por ser incombustível e não gotejar em caso de incêndio, além de ser antifúngico e antibacteriano, evitando a propagação de fungos, bactérias e roedores. Fonte: Agrolink Curadoria: Boi a Pasto

Marina Silva nomeia presidentes interinos do Ibama e ICMBio

Servidores de carreira com conhecimento técnico, Jair Schmitt assume o comando do Ibama e Marcelo Marcelino de Oliveira, o ICMBio; confirmação definitiva dos nomes aguarda aval da Casa Civil A ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas (MMA), Marina Silva, nomeou nesta quinta-feira, 12, os presidentes do Ibama e do Instituto Chico Mendes (ICMBio), que atuarão, por enquanto, de forma interina. No Ibama, o comando passa a ser feito pelo servidor e analista ambiental Jair Schmitt. Há 21 anos no Ibama, Schmitt já foi coordenador geral de fiscalização ambiental. No MMA, atuou como diretor de combate ao desmatamento e florestas entre 2017 e 2019. Jair Schmitt tem conhecimento técnico de todas as áreas do Ibama. Fez doutorado em Desenvolvimento Sustentável, Política e Gestão pela Universidade de Brasília e tem mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo. No ICMBio, quem assume o comando interinamente é Marcelo Marcelino de Oliveira. Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba, Oliveira é mestre em Gestão e Políticas Ambientais pela Universidade Federal de Pernambuco. Analista Ambiental do ICMBio, Oliveira foi chefe de unidade conservação federal, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiro e presidente substituto do ICMBio. A nomeação definitiva dos presidentes do Ibama e ICMBio ainda espera um sinal verde da Casa Civil da Presidência da República. Marina Silva já conversou sobre o tema com ministro Rui Costa e aguarda o sinal da pasta. Com as nomeações publicadas hoje, a ministra garante o andamento dos órgãos ambientais. Fonte: O Estadão Curadoria: Boi a Pasto

Pecuarista mineiro conta como conseguiu controlar plantas daninhas na pastagem com sustentabilidade

Veja como o pecuarista Cassiano Flavio Borges de Freitas realiza o controle de plantas daninhas na pastagem de suas propriedades, no Noroeste mineiro.  Nascido e criado no meio rural, o jovem pecuarista Cassiano Flávio Borges de Freitas, de 29 anos, sempre trabalhou como funcionário em fazendas, mas sonhava em administrar sozinho uma propriedade rural. Até que, em 2014, a oportunidade tão esperada finalmente chegou. Ele ainda cursava o segundo ano da faculdade de Engenharia Agronômica, na Universidade do Estado de Minas Gerais, quando assumiu a gestão da propriedade rural do tio, em Unaí, no Noroeste mineiro. Hoje, a Fazenda Santos Reis, onde mora o pecuarista, é reconhecida na região pela qualidade na cria de vaca bandeira, com um rebanho que chega a 1.200 cabeças. E não parou por aí. No ano seguinte, em 2015, Freitas ampliou os negócios e passou a comandar também a Fazenda Santa Juliana, no município de Ipiaçu, onde atualmente faz a recria e engorda, no sistema de semiconfinamento a pasto, com o auxílio de suplementações minerais. Nesta propriedade, ele cuida de mais de 510 cabeças de gado Nelore comercial e Nelore pintado. “No começo, não foi fácil encontrar mão de obra para o trabalho, mas hoje eu conto com uma boa equipe de vaqueiros. No restante, sou eu que faço tudo, administro, compro e vendo”, diz o pecuarista, que também investe na realização de leilões para negociar o gado. Auxílio eficiente no controle de plantas daninhas e manejo de pastagens Ao assumir a primeira propriedade, o pecuarista conta que se deparou com o que ele considera ser um dos maiores problemas dos produtores daquela região: a grande incidência de pragas e plantas daninhas. “Aqui na nossa região, isso é muito complicado. Eliminar as pragas é o maior desafio para quem quer produzir pasto de qualidade para o gado”, diz ele. Para solucionar o problema, Freitas buscou apoio técnico de uma consultoria de confiança, que indicou a Linha Pastagem da Corteva Agriscience, que se tornou uma grande aliada ao longo de sua trajetória no agronegócio. “Uso os produtos da Corteva Agriscience desde que comecei com os negócios. É uma parceria que me trouxe bastante resultado, me ajudando a controlar a infestação de plantas daninhas ao longo do tempo”, diz ele. São mais de 7 anos utilizando o portfólio completo da Corteva no controle de plantas daninhas anuais, bianuais, lenhosas e semilenhosas, recuperando a capacidade produtiva da pastagem. “Hoje, por meio da Plataforma-S, temos alternativas eficientes que facilitam o manejo operacional dentro da propriedade, entregando resultados eficientes”, diz o representante comercial da empresa, Davi Soares. Em busca de maior produtividade Com a infestação de pragas e ervas daninhas sob controle, chegou o momento de investir no manejo do pasto, na reforma e recuperação das pastagens degradadas, para aumentar a rentabilidade e a produtividade. Mais uma vez o pecuarista buscou o suporte de tecnologias parceiras. Com a tecnificação, implantou mudanças e conseguiu melhorar a taxa de lotação do rebanho. “Hoje, a Fazenda Santos Reis possui uma taxa de lotação de três cabeças por hectare, um índice considerado muito bom para a nossa região. Também conseguimos aumentar o quilo por hectare produzido”, enfatiza. No Brasil, a taxa de lotação é medida por meio da relação entre o número de cabeças de bovinos por hectare, ou então, considerando um peso padrão, a unidade animal (UA), equivalente a 450 kg. Um estudo da pesquisadora Arielle Elias Arantes, elaborado com dados do censo do rebanho nacional (IBGE, 2015) estipulou a taxa de lotação média no país de 0,97 UA/ha, com a estimativa de capacidade máxima de suporte de 3,6 UA/ha. No entanto, é muito comum encontrar taxas de lotação acima ou abaixo da capacidade de suporte da pastagem, o que pode resultar em problemas de subpastejo ou superpastejo. Manejo intensivo da pastagem Para melhorar a rentabilidade, o pecuarista conta que utiliza o manejo intensivo de pastagens, considerado como uma das melhores alternativas de uso eficiente da terra, visto que possibilita a produção de grande quantidade de forragem por área e com bom valor nutricional. Essa tecnologia oferece mais economia no processo de produção animal a pasto, pois todo o potencial produtivo por área é utilizado. Animais manejados em pastagens intensivas não serão tão dependentes da suplementação proteica, mesmo em períodos de seca, pois a forragem produzida possui altos teores de proteína durante o ano todo. A sustentabilidade é outra prática que o pecuarista mineiro não abre mão. Ele se orgulha em dizer que nas fazendas que administra não há desmate e todas as nascentes são preservadas. Além disso, já tem planos para fazer a Integração Lavoura-Pecuária (ILP). Para o pecuarista, o segredo do sucesso nos negócios está na disposição em acompanhar as tecnologias e estar por dentro do que acontece no mercado atual. “Por outro lado, o segredo do sucesso pessoal é a pessoa ser simples e honestae, acima de tudo, ter fé em Deus, sem pisar em ninguém nem se achar melhor que os demais. E estar sempre disposto a buscar novos conhecimentos e aprendizado todos os dias”, afirma. Fonte: O Nortão Curadoria: Boi a Pasto

Empresas precisam de uma nova cultura de sustentabilidade; leia o artigo

Já se criou até o termo inovabilidade para se referir à inovação que busca a sustentabilidade O conceito da sustentabilidade e o ESG (governança ambiental, social e corporativa, na sigla em inglês) têm dominado grande parte da pauta de encontros empresariais, seminários e congressos de negócios. O discurso garante não ser apenas mais um modismo, como tantos outros no passado, e sim um conceito que teria vindo para ficar, até porque não teríamos escolha, se quisermos salvar o planeta. Para maior compreensão e melhor avaliação da sigla, é importante entender a amplitude do conceito de sustentabilidade, que pode ser olhado em três horizontes. No primeiro, no extremo, deveríamos repensar valores da sociedade, padrões de consumo, o conceito da obsolescência planejada, e nos perguntarmos até quando o planeta suporta esse modelo, que é hoje o motor do crescimento. No segundo, num plano intermediário, as empresas passam a redefinir os seus modelos de negócios, com mudanças importantes direcionadas pela tecnologia, onde a sustentabilidade seja um vetor relevante. Um exemplo é o da Volkswagen, que divulgou recentemente que agora considera como concorrentes as empresas de tecnologia, e não mais as outras montadoras. Nesse horizonte estão as tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, a internet das coisas, a computação quântica, o blockchain e o metaverso, que vêm permitindo inovações transformadoras em processos, produtos e modelos. É um cardápio que permite variadas combinações e distintas abrangências. Num terceiro horizonte, uma realidade mais próxima e mais difundida, estão os esforços crescentes para desenvolver soluções e iniciativas que olhem o ESG. É a inovação incremental que permite essa evolução. A pauta ambiental, por exemplo, oferece inúmeras dores e oportunidades para a busca de soluções novas. Já se criou até o termo inovabilidade para se referir à inovação que busca a sustentabilidade. A inovação aberta, parcerias com startups, como as ESG Techs, podem ajudar as empresas. E aqui é necessário frisar a importância da aprovação da Lei das Startups (Lei Complementar n.º 182/2021) em 2022. As empresas precisam transformar essa pauta em cultura para que ela permeie os novos modelos de negócios. Os setores público e privado devem trabalhar juntos para evitar excessos na legislação, buscar eficiência nos licenciamentos, equilíbrio e ponderação nas fiscalizações e oferecer estímulos à inovabilidade. É a melhor maneira de transformar o que muitas vezes ainda é visto como moda, ou como um fardo a carregar, em um compromisso espontâneo e duradouro. Fonte: O Estadão Curadoria: Boi a Pasto

Energia solar: governo analisa programa para facilitar acesso da população aos painéis de geração

Proposta do grupo de transição é de formular um modelo diferente para permitir o acesso a cada tipo de consumidor O governo Luiz Inácio Lula da Silva analisa a criação de um programa para facilitar o acesso da população, sobretudo os mais pobres, à chamada geração distribuída – modalidade em que o consumidor gera a própria energia elétrica a partir de fontes renováveis. O principal foco é a energia solar, com a instalação de painéis fotovoltaicos nas residências. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a proposta foi apresentada pelo grupo de transição ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em reunião nesta semana e foi bem recebida. A sugestão foi incluída no relatório final do Grupo de Trabalho de Minas e Energia da Transição como uma das medidas prioritárias a serem tomadas pelo novo governo. No documento, o grupo explica que o programa tem como objetivo permitir que populações vulneráveis tenham acesso à energia renovável de baixo custo. O prazo previsto para a implementação é de 100 dias. A ideia, ainda em discussão, seria formular um modelo diferente para permitir o acesso a cada tipo de consumidor. O programa poderia envolver, por exemplo, linhas de crédito com juros mais baixos para famílias de classe média e outras fontes de financiamento para comunidades mais vulneráveis. Contudo, ainda não há um formato fechado. “Prioritariamente o programa deverá contemplar escolas e postos de saúde públicos, consumidores de baixa renda, daqueles atendidos pelo Minha Casa, Minha Vida; favelas e cortiços, populações tradicionais, agricultura familiar, população atingida por barragens e assentamentos de programas de reforma agrária.” Nos últimos anos, a modalidade cresceu exponencialmente no País graças aos descontos nos custos de distribuição e transmissão concedidos para quem instala os sistemas. A avaliação, contudo, é que o alto custo ainda impossibilita que grande parte da população tenha acesso a essa modalidade de geração. “A implantação do programa possibilitará a redução do custo da energia elétrica para os consumidores a serem priorizados pelo programa. O resultado dessa economia poderá ser utilizado para aplicação em atividades produtivas e de subsistência”, explicou o GT no relatório. Alerta Também está no radar do GT o projeto de lei que prorroga, por seis meses, subsídios para novos projetos de geração distribuída, classificado como um ponto de alerta no relatório entregue ao Ministério de Minas e Energia (MME). O texto chegou a ser aprovado pela Câmara no final do ano passado, mas o GT de Minas e Energia articulou para barrar a votação no Senado. O relatório aponta que a proposta tem risco de impactar em mais de R$ 25 bilhões as tarifas dos consumidores até 2045. A proposta altera o novo marco legal da micro e minigeração distribuída, sancionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no ano passado. A lei determina que os consumidores que protocolarem pedidos de acesso à rede de distribuição até esta sexta-feira, 6, terão direito a manter os subsídios, conforme a regra atual. Para os demais, que solicitarem após esse prazo, a cobrança pelo uso dos sistemas de transmissão e distribuição, hoje bancados pelos demais consumidores, será gradual. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estima que o subsídio à geração própria de energia custará R$ 5,4 bilhões em 2023. Esse valor será pago pelos demais consumidores de energia, ou seja, por aqueles que não geram a própria energia. Fonte: O Estadão Curadoria: Boi a Pasto

Alckmin fala em criar Secretaria de Economia Verde e retomar ‘reindustrialização’

Vice-presidente toma posse como Ministro da Indústria em cerimônia concorrida no Palácio do Planalto O vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), tomou posse nesta quarta-feira, 4, como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e prometeu retomar a política de “reindustrialização’ alinhada com práticas de economia verde como condição para o crescimento sustentável do País. Ele disse que vai criar uma Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria para dar apoio na retomada da agenda da competitividade. A área trabalhará em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva. “Essa é uma agenda prioritária, inclusive para assegurar competitividade do produto nacional. A politica precisa estar em sintonia com necessidade da economia mundial. A sociobiodiversidade será ponto de partida da nova política industrial, algumas frentes nessa natureza incluem complexo industrial da saúde, energias renováveis, hidrogênio verde e mobilidade”, disse. Numa das cerimônias de posse mais prestigiadas a ocorrer no Palácio do Planalto, com filas que se formaram às 9 horas para o evento que só ocorreria às 11h, Alckmin prometeu tocar a agenda de interesse dos empresários, que inclui financiamento, simplificação tributária e redução do custo Brasil. Após a posse, foi cercado por dezenas de convidados que se espremiam em busca de fotos, apertos de mão e uma chance de falar com o ministro. Até mesmo apoiadores do governo com bonés do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) entraram na disputa para se aproximar dele. Segundo Alckmin, os desafios relacionados às cadeiras de fornecimento e preservação do meio ambiente se proliferam e impactam nos fluxos internacionais de comércio. O vice-presidente ainda afirmou que o País dará exemplos positivos no processo de desenvolvimento verde. Para isso, a Secretaria de Economia Verde deve funcionar como um anteparo a sanções internacionais por causa do desmatamento, assim como terá a atribuição de atrair investimentos internacionais no que Alckmin chamou de “protecionismo” a partir da questão climática. “O Brasil pode ser e será o grande protagonista no processo de descarbonização da economia global”, disse Alckmin. “Os desafios relacionados às cadeias de fornecimentos se proliferam e impactam fluxos de comércio.O Brasil de agora dará exemplos positivos, enfrentará riscos de maneira construtiva. Estamos seguros de uma maior integração do comércio exterior brasileiro no mundo. O comércio exterior é fundamental para fortalecer indústria e serviços no País”, completou. De acordo com Alckmin, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) será a principal alavanca do ministério na retomada da industrialização e da política de desenvolvimento social no País. O ministro-presidente disse ainda que o banco deve atuar como um vetor da economia verde no País com investimentos. Ele ainda apontou a reforma tributária a ser desenhada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), como um dos pontos de interesse da sua gestão no ministério por permitir a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) e a eficiência econômica. O vice-presidente e agora ministro ainda elogiou uma das primeira medidas do novo governo na área, que, segundo ele, deve ditar o ritmo das articulações na pasta: a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNI), que criará uma mesa de discussões e negociações entre os setores público e privado. Alckmin ainda reservou uma parte do discurso para criticar a política econômica do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi tocada pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes. O antigo titular da economia acumulou funções no seu chamado “superministério” que estrutura do MDIC. O ministro-presidente disse que será necessário “reconstruir” a ações industriais. “Reconstrução porque depois de 4 anos de descaso, de má gestão e de desalinho dos reais problemas brasileiro, o presidente Lula, com acerto, determinou a recriação do MDIC como uma medida fundamental para ao Brasil retomar o caminho do desenvolvimento, como já aconteceu em seus governos bem sucedidos”, afirmou. Na disputa plateia formada no Salão Oeste do Planalto estivem nomes influentes no mercado financeiro, como o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (União Brasil-PB), e o ex-presidente José Sarney (MDB) também estiveram presentes, numa das poucas cerimônias de posse de ministros com autoridades dessa estatura política. A nomeação de Alckmin para comandar a pasta do Desenvolvimento se deu após dificuldades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em convencer outros nomes a assumir o posto. Em dezembro, o petista convidou o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, para integrar o governo, mas recebeu negativa diante da crise que o industrial enfrentava dentro da organização por tentativas do ex-presidente Paulo Skaf de tentar demovê-lo da presidência. Como alternativa, ainda em dezembro Lula convidou o presidente do Conselho de Administração do grupo Ultra, Pedro Wongtschowski, que também declinou da proposta por divergências com o posicionamento econômico anunciado pelo governo de transição até aquele momento. O executivo é um ávido defensor de políticas de concessão e privatização, numa toada liberal, que foram rechaçadas pelo plano de gestão petista. Durante a formação dos ministérios, Lula chegou a dizer que em seu novo mandato “vão acabar as privatizações” no País. Sem um homem forte e com aceitação do mercado para ocupar o posta, Lula indicou o seu vice para a pasta, num recuo da posição adotada ainda na primeira leva de anúncios de ministros. Durante o período de transição de governo foi especulada a possibilidade de Alckmin assumir a pasta da Defesa, ao que Lula respondeu com a assertiva de que seu companheiro de chapa nas eleições não acumularia funções. “Eu fiz questão de colocar o Alckmin como coordenador para que ninguém pensasse que o coordenador vai ser ministro. Ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente”, disse Lula. Como mostrou o Estadão, o MDIC será um dos ministérios mais fortes do terceiro governo Lula. A pasta sob o guarda-chuva de Alckmin coordenará as ações do BNDES e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). O vice-presidente ainda pode acumular no ministério as atribuições de planejar e elaborar metas de longo e médio prazo. O BNDES será presidido pelo ex-ministros de gestões petistas Aloízio Mercadante (PT).