julho 27, 2024

Especialistas dão dicas de manejo contra lagarta resistente à soja BT

Praga começou a aparecer em lavouras transgênicas em São Paulo e Paraná, mas já está se espalhando por todo o país Nas últimas três safras de soja, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), em parceria com cooperativas do estado e a Embrapa Soja, notaram a presença da lagarta falsa-medideira em lavouras de soja BT (Intacta). A notícia é alarmante pelo fato de que a variedade da oleaginosa deveria ter resistência a esse tipo de praga. Desta forma, é provável que a espécie está se tornando resistente à tecnologia. A Embrapa realizou um trabalho para verificar a resistência dessa população de lagartas à toxina Cry1Ac, presente na soja Intacta de primeira geração. De forma simultânea, a Bayer conduziu um trabalho semelhante. “Mesmo com altos níveis de toxina, a lagarta continuava agindo como se não tivesse nenhuma, se alimentando e se reproduzindo normalmente”, afirma o pesquisador da Embrapa Soja, Daniel Sosa Gómez. Segundo ele, na safra 2020/21, foram reportados surtos de lagartas no sul de São Paulo e norte do Paraná, mas sem nível de dano econômico. Já em fevereiro deste ano, o número de lagartas dessa espécie continuava alto, bem como de inimigos naturais dessa praga, de modo que também não foi recomendado o controle com inseticidas. Lagarta causou surpresa Existem dois tipos de lagarta falsa-medideira, ambas parecidas e de difícil diferenciação a olho nu: Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu. No caso, a espécie que adquiriu resistência foi a segunda, para surpresa dos pesquisadores. “Vários estudos acreditavam que a outra falsa medideira (Chrysodeixis) seria um problema. Todos os estudos de resistência miraram essa lagarta. Foi uma surpresa que nas últimas três safras essa população da Rachiplusia nu foi crescendo”, afirma Gómez. Porém, segundo ele, a intensidade e a densidade da população não foram muito elevadas e, na maior parte dos casos, não houve necessidade de controle químico. Além disso, a população de lagartas coletada e encaminhada para a análise da Embrapa estava, em sua maioria, parasitada por fungos. “A gente detectou muitos inimigos naturais com bastante intensidade. Tem uma vespa que ataca o ovo da mariposa e produz três mil vespinhas por lagarta morta. Outro foi uma mosca que também parasita e mata as lagartas na fase de pupa. Além de fungos e viroses associadas”, explica o pesquisador. Por enquanto, não há motivo para pânico A técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Ana Paula Kowalski, afirma que os sojicultores que identificarem esse problema na soja Intacta não precisam entrar em pânico. Isso porque por mais que a espécie esteja adquirindo resistência, sua população ainda está abaixo da linha de dano econômico. Desta forma, é mais vantajoso deixar os inimigos naturais se encarregarem do que utilizar produtos químicos para controle, o que acabariam elevando o custo de produção e eliminando os agentes naturais. “O controle de qualquer praga, não somente da falsa-medideira, é fundamental para mantê-la em um nível economicamente aceitável, ou seja, evitar perdas de produtividade que impactem na sua rentabilidade. O ponto principal é buscar orientação correta sobre como identificar o nível de ação, mortalidade natural e de estratégias de manejo, como o refúgio”, destaca. Refúgio O número alto de inimigos naturais dessa praga indica que nem sempre o controle químico é a melhor escolha. “Importante que o agricultor não use inseticidas indiscriminadamente. Tem que continuar respeitando os níveis de ação desses produtos e fazer refúgio. Mesmo que essa lagarta tenha adquirido resistência, o produtor deve caprichar no refúgio para que outras espécies não criem resistência”, observa Gómez. O refúgio é formado por áreas que devem ser conduzidas com sementes de soja sem a tecnologia BT, próximo às lavouras com essa tecnologia. O objetivo é que pragas que se tornaram resistentes à toxina presente neste tipo de planta possam cruzar com insetos da área de refúgio (portanto suscetíveis a essa tecnologia), gerando uma nova linhagem de indivíduos sem resistência. Esse tipo de estratégia é fundamental para preservar a eficácia da tecnologia BT por mais tempo. “O refúgio atrasa a resistência”, atesta Gómez. A recomendação técnica é que estas áreas de refúgio correspondam a 20% do total das lavouras de soja, algodão e cana-de-açúcar. No caso do milho, o índice recomendado é de 10%. Essa área pode ser instalada em volta da lavoura, em faixas intercaladas com o cultivo BT, ou em um talhão a uma distância máxima de 800 metros da lavoura. Manejo inadequado A resistência adquirida pela Rachiplusia nos últimos tempos pode estar ligada ao manejo inadequado dessas áreas. “Isso começou em São Paulo, depois detectou-se na região norte do Paraná e agora em praticamente todas as regiões produtoras de soja. Isso pode ser decorrência da falta de áreas de refúgio. Quando você pressiona muito uma tecnologia, aparecem problemas de resistência”, observa o coordenador do programa de sanidade de cultivos agrícolas e florestais da Adapar, Marcílio Martins Araújo. Segundo ele, os ciclos de pragas, que são secundárias, são uma constante e por erros de manejo voltam a se tornar preocupantes. “Então se dermos atenção à rotação de culturas, ao manejo integrado, à rotação de princípios ativos, tudo isso leva para uma estabilidade melhor [das lavouras>”, afirma. Um exemplo é a cigarrinha do milho, que antes era uma praga secundária e hoje é um grande problema nas lavouras estaduais. Nesse sentido, a Adapar desenvolve um trabalho de monitoramento que, por meio da Portaria 063/21, torna obrigatória a notificação de ocorrências fitossanitárias em cultivos agrícolas. Isso vale desde pragas sem ocorrência no estado até aquelas que demonstram resistência a agroquímicos, caso da falsa medideira. Esse controle depende exclusivamente do informe dos produtores rurais. Fonte: Canal Rural Curadoria: Boi a Pasto

Produção agropecuária: conheça a potência do agronegócio

Você sabe qual é a participação da produção agropecuária no PIB brasileiro? Conhece os produtos mais importantes produzidos pela atividade agrícola e pecuária do Brasil? Neste artigo, você vai entender o que é produção agropecuária e terá contato com dados econômicos relevantes para a compreensão do setor. Veremos o papel da tecnologia e do crédito para o desenvolvimento da agropecuária nacional, além de informações sobre o segmento de insumos agrícolas. O que é produção agropecuária? Trata-se da soma da produção agrícola e pecuária de uma região em determinado período. A agropecuária abrange a produção de bens através do cultivo da terra (agricultura) e da atividade de criação de animais (pecuária). Os bens produzidos podem ser destinados para comercialização, consumo próprio ou utilizados como matéria-prima na indústria, a exemplo da produção de energia e celulose. Os fatores de produção são divididos em terra, trabalho e capital. O fator terra abrange as áreas agricultáveis e os recursos naturais, como água e florestas. O fator trabalho compreende as horas trabalhadas, além das técnicas e dos conhecimentos mobilizados pelos trabalhadores no processo produtivo. O fator capital engloba a tecnologia e os recursos financeiros empregados na produção. A agropecuária é um dos setores mais competitivos da economia brasileira, sendo responsável pelo abastecimento interno e por números expressivos nas exportações.  O aumento da produtividade é considerado um fator primordial para o desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro. A produção agropecuária brasileira em números Segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2022, a participação do agronegócio no PIB brasileiro será de 26,24%. Ainda de acordo com a CNA, o PIB do agronegócio experimentou uma queda de 0,8% no primeiro trimestre de 2022. A instituição ressalta que essa queda é verificada em relação aos recordes obtidos em 2020 e 2021. A razão para esse recuo é atribuída à alta dos custos com insumos nos setores agropecuário e agroindustrial. Produção agrícola Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), podemos apontar os 10 principais produtos agrícolas brasileiros. São eles: soja (351,99 bi); milho (163,84 bi); cana-de-açúcar (118,90 bi); café (66,78 bi); algodão (42,07 bi); laranja (19,17 bi); tomate (17,82 bi); arroz (16,65 bi); feijão (15,68 bi) e banana (15,60 bi). Esses valores expressam o Valor Bruto da Produção (VBP) em bilhões e foram calculados em abril de 2022 com base nos quatro trimestres anteriores. Apresentamos a seguir as estimativas de faturamento e produção anual dos cinco principais produtos agrícolas brasileiros. As informações foram extraídas da publicação “PIB do agronegócio”, de junho de 2022, elaborada por meio de parceria entre Cepea e CNA. Soja: espera-se uma queda no faturamento de 3,67% resultante de uma produção 10,37% menor. Os preços reais tiveram alta de 7,47%. Milho: é esperada uma expansão de 41,83% do faturamento em razão da alta de preços reais em 7,80%. A produção anual deve ter um crescimento de 31,56%. Cana-de-açúcar: espera-se um crescimento do faturamento de 49,23% com alta dos preços reais em 46,51%. Há ligeiro aumento na produção esperada (1,86%). Café: é esperado um aumento do faturamento em 115,67%, impulsionado por uma alta dos preços reais de 92,61%. Espera-se uma produção anual 11,97% maior. Algodão: o crescimento do faturamento anual deve ser de 64,68%, sendo reflexo da alta dos preços reais de 37,84%. Espera-se que a produção anual seja 19,47% superior. Os dados referentes aos preços reais baseiam-se na comparação entre janeiro e março de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado. Produção pecuária De acordo com dados do Mapa, há cinco produtos que se destacam na produção pecuária nacional. São eles: bovinos (152,21 bi); frango ( 102,00 bi); leite (53,65 bi); suínos ( 28,74 bi) e ovos (19,09 bi), conforme Valor Bruto da Produção (VBP) em bilhões. Esses dados foram calculados em abril de 2022, levando-se em consideração os quatro trimestres anteriores. Segmento de insumos: dados sobre produção agropecuária anual e PIB. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do segmento de insumos cresceu 9,61% no primeiro trimestre de 2022, considerando-se dados reunidos até março deste ano. Observe-se que o PIB do ramo de insumos agrícolas cresceu 13,77%, enquanto o ramo de insumos pecuários experimentou um recuo de 2,53%. A CNA aponta uma restrição da oferta mundial de defensivos, bem como de matéria-prima para sua fabricação, devido à existência de gargalos logísticos. Esse contexto gerou uma alta nos preços de defensivos agrícolas. Apesar disso, espera-se um crescimento da área tratada em 2022, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). A razão para isso é o aumento da área cultivada no Brasil, além da proliferação de pragas, doenças e plantas daninhas tidas como de difícil controle. A indústria de fertilizantes e corretivos do solo sofreu uma alta de preços devido ao aumento do gás natural e a obstáculos nas transações de produtos com a Rússia. Considera-se que a indústria de máquinas agrícolas tem sustentado um bom desempenho, apesar de gargalos envolvendo a aquisição de peças e componentes. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o saldo positivo do setor explica-se pelo crescimento da renda no campo e pelo desenvolvimento da agricultura. Espera-se uma queda no faturamento anual da indústria de rações, assim como uma desvalorização dos preços reais em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Confira a seguir uma sistematização dos dados reunidos até março de 2022 para o segmento de insumos, conforme CNA/Cepea: Fertilizantes e corretivos do solo: espera-se um crescimento de 84,78% do faturamento anual. Os preços sofreram um aumento de 107,64%. Quanto à produção anual, estima-se uma redução de 11,01%. Defensivos: o faturamento anual deve crescer em 50,77% como resultado do avanço dos preços reais em 20,81%. A produção anual deve aumentar 24,80%. Máquinas agrícolas: projeta-se um crescimento de 39,45% do faturamento anual e uma alta dos preços reais de 21,05%. A produção anual deve crescer 15,20%. Indústria de rações: espera-se uma queda no faturamento anual de 11,17% e a desvalorização dos preços reais em 14,83%. A produção anual deve crescer

Quantos estômagos tem uma vaca?

Confira algumas curiosidades sobre o órgão disgestivo dos bovinos e como é o processo de absorção dos alimentos pelos animais As vacas, assim como os demais animais bovinos, possuem apenas um estômago. No entanto, o órgão possui quatro separações, classificadas como retículo, omaso, abomaso e o mais conhecido, o Rúmen. A divisão do estômago dos bovinos A parte denominada como abomaso é classificada como o verdadeiro estômago do bovino. Nele é onde estão as enzimas que são utilizadas no processo de digestão química dos animais. Os outros três (Rúmen, Omaso e Retículo) são chamados de pré-estômago, neles são concluídos o processo de digestão mecânica. Esse conjunto chega a ocupar ¾ da cavidade abdominal, o lado esquerdo do bovino é totalmente preenchido pelo estômago e, significativamente, o lado direito. Como funciona a digestão do gado Primeiro, os alimentos passam pelo rúmen, onde é realizado a quebra da celulose da fonte de energia. Em seguida, passam pelo retículo, que forma bolos de alimentos. Os alimentos retornam para a boca do animal para ser ruminado. Animais ruminantes são aqueles que mastigam o alimento diversas vezes. Depois da ruminação, o alimento retorna para o estômago, especificamente para o omaso, onde ocorre a absorção de água restante na comida. Por último, o alimento vai para o abomaso, nele é concluído a digestão pelas enzimas presente no órgão. Fonte: Giro do Boi Curadoria: Boi a Pasto

Uso de mapeamento de processos auxilia na gestão do campo

Bom Dia Senar-MT destaca a importância do mapeamento de processos no campo e na elaboração de novas tecnologias Considerada uma importante ferramenta de gestão, o mapeamento de processos aos poucos vem conquistado espaço nas propriedades rurais mato-grossenses. Procedimento auxiliam ainda no reconhecimento de pontos em que novas tecnologias podem ser aplicadas no campo. Bom Dia Senar-MT  destaca a importância do mapeamento de processos no campo e na elaboração de novas tecnologias que venham proporcionar aumento de eficiência no campo. O mapeamento de processos é uma metodologia internacional, com linguagem padrão, explica Eloiza Zuconelli, líder da Rede Fazenda Alfa do AgriHub. “Quem olhar para esse mapeamento de processo vai saber em que momento uma decisão está sendo tomada, em que momento um processo ou outro é feito paralelamente. A metodologia foi proposta para padronizar essa linguagem e facilitar a comunicação”. O procedimento é muito utilizado na gestão para auxiliar na identificação de pontos críticos, bem como nas oportunidades de adesão tecnológica. De acordo com Zuconelli, o mapeamento é justamente um “mapa do tesouro” para se saber qual caminho seguir. “É utilizada na indústria, que tem processos muito definidos. Em ambientes mais controlados. No caso do agronegócio ainda é pouquíssima usada, mas sabemos que têm potencial de utilização enorme. Ainda mais, por vemos que o produtor está preocupado com gestão“, diz. Mapeamento mostra necessidade de capacitaçãoZuconelli comenta que uma outra função do mapeamento de processos é quanto à necessidade de capacitação. “Está claro que precisamos entender mais de gente e capacitar melhor essa mão de obra que está disponível no mercado. Temos essa visão geral do processo todo de produção e se consegue mostrar como a função deles influência na lavoura”. Fonte: Canal Rural Curadoria: Boi a Pasto