julho 27, 2024

O olho do dono é que engorda o gado

Com a utilização de softwares de gestão, como o Ideagri, produtores podem gerir seus rebanhos de qualquer lugar, sem precisar estar na fazenda Dizem que é o olho do dono que engorda o gado. Mas se engana quem pensa que o produtor precisa estar o tempo todo na fazenda para acompanhar de perto a produção. Se com a chegada do novo coronavírus, as empresas nas cidades tiveram que se adaptar para continuarem operando de forma remota, no campo, isto já é uma realidade. Com a chegada de novas tecnologias, esse acompanhamento pode ser realizado a quilômetros de distância, permitindo que o fazendeiro tenha acesso a relatórios e outros indicadores de desempenho do rebanho na palma da mão, pelo celular, onde ele estiver. Utilizando o software de gestão Ideagri, o produtor Fernando Viana, proprietário do perfil @viananalida, do Instagram, saiu de viagem com a família por 25 dias e tem conseguido gerir a sua propriedade, a fazenda Ouro Branco, localizada em Abaeté (MG), de forma remota, graças ao software. “Os funcionários enviam constantemente fotos, vídeos de tudo que acontece na fazenda e eles sentem necessidade de me perguntar”, explica. Segundo o produtor e influenciador, antes da viagem, ele deixou prontos relatórios de secagem e pré-parto, o que facilita o processo. “A confiança é essa, a gente tira a lista do sistema e fica todo mundo instruído. Eles já sabem o que fazer”, garante. Se alguma vaca adoecer, os funcionários mandam mensagens para saber informações sobre o animal, disponíveis no sistema, como data de parto prevista, por exemplo, para verificar a viabilidade de secagem, ou se deve aplicar remédio e esperar a carência. Viana conta que eles têm todas as informações no sistema, mas não é necessária a conferência diária. “A partir do momento que eu tirei os relatórios do que vai nascer e do que tem que secar, a gente vai rodando tranquilo. À medida que surge uma necessidade, eles me ligam, eu consulto e está tudo certo.” Para o produtor, a funcionalidade mais utilizada do sistema é lançamento de parto. “Quando um animal pare, os funcionários lançam via aplicativo, ou mandam no próprio WhatsApp. Eu já lanço aqui, já atualizo os dados zootécnicos, qualquer lançamento de medicamento”, afirma. Para Heloise Duarte, COO da Ideagri, o sistema foi pensado justamente para dar ao produtor esta mobilidade, permitindo à fazenda produzir mais, desde a gestão dos animais até a administração financeira da propriedade. “Sabemos bem os desafios enfrentados pelos produtores brasileiros. Mas com uma gestão eficiente, você ganha mais e controla melhor, com indicadores simples, mas essenciais para auxiliar você na tomada de decisões.” Por Divulgação com curadoria Boi a Pasto.

A revolução começa com uma pequena semente

A diversidade de solo, clima e cultivares faz do nosso país uma espécie de imenso laboratório a céu aberto. Por trás de sementes, mudas e manejo, estão jovens e gerações maduras, que viram e veem na tecnologia a pedra de toque para redimensionar o agronegócio. Mais que isso: revolucionar produção e produtividade, respeitando o meio ambiente e as pessoas é o que há de mais oportuno nos dias de hoje. E as agritechs, startups com soluções tecnológicas para o agronegócio, são a grande atração para acelerar este ambiente de revolução digital no campo. Até 2050, seremos 9 bilhões de pessoas no mundo. Teremos de aumentar em 70% a produção de alimentos, para suprir essa demanda. Dados da Fao – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. E o Brasil tem tudo para ser o grande protagonista deste desafio. País é campeão mundial de crescimento em produção e exportação de alimentos nos últimos 10 anos. Tem água, terra e clima para continuar crescendo e atender ao chamado da Fao. O que falta para o país assumir, de vez, este protagonismo e ser o celeiro do mundo? Aumento de produtividade com uso de tecnologia. Segundo dados da CNA, mais de 70% dos produtores brasileiros são pequenos e têm mais dificuldade de acesso à tecnologia. É neste cenário que ganha ainda mais relevância o propósito de se associar às startups de agritech para fazer com que estes negócios escalem de forma estruturada. E em conexão direta com o produtor rural e com a agroindústria É preciso incentivar startups que resolvam as dores do produtor rural. Precisamos de ideias inovadoras e empreendedores engajados para fazer com que o agronegócio cresça ainda mais e de forma saudável. Por iniciativa do SISTEMA FAEMG, maior federação de agricultura e pecuária do país que tem em sua base de associados mais de 400 mil produtores rurais, das mais diversas cadeias produtivas, e 380 Sindicatos espalhados pelo estado de Minas Gerais, foram mapeadas as dores que demandam soluções inovadoras. Começamos a conexão dos produtores rurais de Minas Gerais, que é o Estado que tem a maior diversidade agrícola do país. Após esta validação em terras mineiras, já estamos replicando o processo no país todo. Como é o caso da Leda, produtora de café de Lambari-MG, que nunca imaginou exportar seu café especial para o exterior e agora, por meio da plataforma digital da Agrorigem – uma das startups do cast da NovoAgro Ventures, vende mensalmente seu café para compradores na Austrália. Exemplos como o da Leda, que retratam a superação da dificuldade de acesso ao mercado por parte dos pequenos produtores rurais, sinalizam a mudança em curso. Ou seja: utilização de plataformas digitais presentes em nosso portfólio – as quais, além de encurtar o caminho entre vendedores e compradores no Brasil e no exterior, oferecem soluções inovadoras, voltadas para compra coletiva de insumos; controle ambiental; monitoramento e comercialização. Por: Léo Dias, CEO da NovoAgro Ventures, formado em engenharia elétrica pela UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais; foi subsecretário de ciência tecnologia e inovação do Governo de Minas Gerais (2015/18) e ajudou a liderar programas de fomento ao empreendedorismo e inovação como o projeto de aceleração de startups Seed, o portal Simi; a Finit (Feira internacional de negócios, inovação e tecnologia) e o Hub Minas Digital.

Como a tecnologia irá ajudar na adoção da pecuária de baixo carbono?

Thiago Parente, fundador e CEO da iRancho, destaca a demanda cada vez maior dos consumidores por “produtos verdes” A demanda cada vez maior dos consumidores por “produtos verdes” é também uma grande oportunidade para a pecuária brasileira. Os números de 2020 já mostram isso. As exportações de carne bovina bateram recorde no ano passado, com alta de 11,8% no faturamento, que chegou a US$ 8,53 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Foram 2,02 milhões de toneladas de carne embarcadas, o que representa 8,8% a mais do que em 2019. A alta nas vendas para o mercado externo teve um anabolizante que seguirá impactando a produção nacional: as pressões internacionais crescentes por boas práticas ambientais. As exigências dos frigoríficos em relação aos fornecedores também acompanham o desejo dos consumidores por uma carne mais sustentável ambientalmente. E aí temos um novo cenário já desenhado para o setor que está incentivando os produtores a criarem novos produtos que atendam consumidores agora mais exigentes e conscientes. Em uma parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), um dos maiores frigoríficos do país, a Marfrig lançou uma linha de carne carbono neutro, uma carne que no processo de produção deixa um saldo zero de emissões de carbono. A carne carbono neutro (CCN) é uma certificação do gado criada pela Embrapa em sistemas de integração do tipo silvipastoril (pecuária-floresta) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta, ILPF). Estudo realizado na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS) mostra que cerca de 200 árvores por hectare seriam suficientes para neutralizar o metano exalado por 11 bovinos adultos por hectare ao ano. Como a taxa de lotação usual no Brasil é de 1 a 1,2 animal por hectare, a quantidade de árvores é mais do que suficiente para produzir uma redução das emissões. O cálculo é feito com a conversão do metano gerado pela digestão dos animais, que também é um dos gases do efeito estufa, em toneladas de carbono equivalente. O carbono retirado da atmosfera com o crescimento das árvores é o que fica fixado no tronco das árvores. Para se saber a quantidade, basta estimar o volume de madeira e, consequentemente, a quantidade de carbono fixada pela floresta. Pelos critérios da Embrapa, o sistema ideal deve ter entre 200 e 400 árvores por hectare. Além do carbono fixado, a presença de árvores influencia ainda no bem-estar animal. A sombra natural, além de bloquear a radiação solar, cria um microclima com sensação térmica mais agradável. Com o conforto térmico, o animal apresenta maior ganho de peso e a produção fica mais eficiente, consumindo menos recursos naturais ao longo do ciclo de vida para gerar a mesma quantidade de carne. Técnicas de manejo sustentáveis reduzem emissões em até 90% Além da integração da pecuária com floresta e lavoura, há outras boas práticas a seguir na pecuária para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Outro estudo desenvolvido pela ONG Imaflora no Mato Grosso mostrou que a adoção de técnicas de manejo sustentáveis na produção de gado, com suplementação alimentar, recuperação de pastagens degradadas, aumento da lotação de cabeças por hectare e redução do ciclo de engorda, pode reduzir em quase 90% as emissões de gás carbônico. Para a realização do estudo, os pesquisadores compararam duas áreas com pecuária intensiva sustentável no nordeste do Mato Grosso aos índices médios de emissão da atividade no Estado onde, estima-se, mais da metade das pastagens tem algum grau de degradação. Os pastos degradados são justamente um dos vilões em relação às emissões de gases do efeito estufa e a recuperação dessas áreas ajuda a reter carbono no solo. Os solos brasileiros, se estiverem com uma boa forrageira (tipo de pastagem), têm grande potencial para sequestrar esse carbono. Entretanto, o pasto degradado acaba provocando um volume maior de emissão de gases do efeito estufa. A ideia de sequestro do carbono pelo solo como uma das estratégias para combater as mudanças climáticas foi lançada em 2015, durante a COP 21, a conferência do clima realizada em Paris. No painel internacional, a França apresentou a chamada Iniciativa “4 por 1000”, que propõe que os países busquem um crescimento anual do estoque de carbono nos solos de 0,4% (daí o nome “4 por 1000”), que, segundo os estudos científicos, permitiria frear o aumento da concentração de CO2 na atmosfera e, consequentemente, o aumento da temperatura global. Além de ajudar a fixar o carbono no solo, a recuperação das pastagens também aumenta a produtividade da pecuária. O estudo da Imaflora mostrou na fazenda avaliada, uma unidade da Pecsa (Pecuária Sustentável da Amazônia) em Alta Floresta, uma taxa de lotação de até cinco animais por hectare, mais de cinco vezes superior à média do Mato Grosso. Aliada ao uso de suplementação alimentar aos animais, o sistema obteve um ciclo de engorda de apenas 12 meses (ante 36 na pecuária extensiva). Vale reforçar que, quanto mais curto o ciclo de produção da carne, menores as emissões de gases do efeito estufa. A produtividade registrada no estudo foi de até uma tonelada equivalente de carcaça por hectare ao ano, uma marca 17 vezes superior à média do Estado. A suplementação alimentar oferecida aos animais também tem papel fundamental não só no ganho de peso, mas também no balanço de emissões da atividade pecuária ao reduzir a quantidade de metano gerada pela digestão dos animais. A necessidade da sustentabilidade ambiental em qualquer atividade humana é uma realidade. A chamada pecuária de precisão, que usa a tecnologia para melhorar a produtividade e a sustentabilidade ambiental, é uma forte aliada para os produtores aproveitarem essa oportunidade. Adotar novas práticas com o uso das novas tecnologias nas fazendas de corte é um caminho sem volta para que a pecuária brasileira continue a ganhar mercado mundo afora. Você, pecuarista, já começou a olhar para isso? Por: Thiago Parente – DBO com curadoria Boi a Pasto.

Carência zero no combate a verminoses é o segredo do sucesso na pecuária leiteira

Cerca de 35 bilhões de litros de leite/ano são produzidos por 16,3 milhões de vacas em 99% dos municípios brasileiros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse volume coloca o país entre os quatro maiores produtores do mundo. Porém, a pecuária leiteira enfrenta uma série de desafios para avançar em termos de produtividade. A questão sanitária é um dos mais importantes pontos de atenção. Entre os vários problemas de saúde do rebanho estão os vermes, que podem causar 20% de queda na produção, com prejuízo de 7 bilhões de litros – equivalente a R$ 8,6 bilhões –, comprometendo a sustentabilidade da cadeia. E não é só isso. Estudos indicam que as verminoses também provocam perda de peso nas fêmeas, que varia de 30 a 40 quilos. Essa deficiência, muitas vezes repentina, causa fraqueza nos animais, além de edemas e doenças pulmonares. Tão grave quanto esses efeitos são os problemas reprodutivos decorrentes dessa condição corporal deficiente. Com isso, em muitos casos as verminoses impedem que as vacas entrem no período do cio no momento esperado, colocando em risco a reprodução e consequente viabilidade econômica do negócio. As verminoses em vacas de leites são particularmente preocupantes, principalmente no período pré e pós-parto.  Pesquisas tem demonstrado que a queda de imunidade temporária nesse período pode ser a causa de aumento na eliminação de ovos nas fezes por fêmeas adultas, aumentando assim a contaminação do ambiente e, consequentemente, o aumento da infestação dentro de um rebanho. Alguns trabalhos relacionam a elevação da prolactina, hormônio ligado à produção de leite, com o aumento do parasitismo e também com a diminuição da imunidade dos animais. Assim, é possível pressupor que animais de alta produção leiteira em seu pico de lactação estão mais suscetíveis aos efeitos patogênicos dos vermes. Trabalhos realizados pelo mundo demonstram respostas de incremento de produção de leite de 1,5 a 2,0 litros por vaca ao dia, em fêmeas com parto na primavera que foram tratadas com eprinomectina quando comparadas com animais não tratados. Assim, ao longo de uma lactação completa, a melhoria no rendimento alcançada em animais tratados chega em torno de 450 a 600 quilos de leite por vaca, mostrando um retorno financeiro considerável quando se adota o controle de vermes dentro do rebanho. Entretanto, o principal diferencial da eprinomectina é a carência zero no leite. Esse é o segredo para o sucesso da pecuária leiteira. Afinal, carência zero significa que o produtor pode ordenhar sua vaca imediatamente após o uso do produto, sem que haja resíduos no leite e com garantia de eficácia contra vermes. Esse recurso beneficia o bem-estar animal e a produção de alimentos de origem animal de qualidade para as pessoas, favorecendo o crescimento constante da cadeia. Por Guilherme Moura, doutor em ciência animal e gerente técnico de bovinos da Vetoquinol Saúde Animal, e Humberto Moura, médico veterinário e gerente de produtos de animais de produção da Vetoquinol com curadoria Boi a Pasto.

Suplementação mineral para época das águas: devemos fazer ou não?

Com a aproximação da estação chuvosa, volta ao debate a questão da suplementação mineral dos bovinos na época das águas: deve-se ou não fazer? A suplementação mineral para época das águas apresenta divergência por parte dos criadores, onde alguns acham que nessa época, devido à boa disponibilidade de MS (matéria seca) das forragens, pastos verdes e cochos na maioria das vezes sem cobertura, são os fatores primordiais para não se utilizar suplementos nessa época. Essas condições levam há um baixo consumo dos suplementos pelos animais e com isso os criadores acreditam não haver necessidade de fornecer suplementos. Só que, infelizmente para os defensores dessa versão, é aí que mora o perigo, pois é justamente nessa época que os animais aumentam o seu metabolismo, onde muitas enzimas (METALOENZIMAS) dependem dos minerais para serem ativadas. Devemos lembrar que mesmo nessa época das águas os pastos, que são a base nutricional dos animais, não fornecem todos os nutrientes necessários, dentre eles os microminerais (Se, Zn, Cu, Mn, Co e I) e os macrominerais (P, Na, Mg e S), para atender as suas exigências. Atualmente estamos tendo uma crescente demanda do mercado mundial, por carne bovina de qualidade, proveniente de animais criados a pasto, logo as perspectivas para pecuária brasileira são imensas. Segundo dados da FAO, órgão da ONU, que acompanha a agricultura e pecuária, apontam que em 2040, 60% da carne comercializada para abastecer o mercado mundial, será brasileira. Isso exigirá dos produtores brasileiros profissionalismo e somente com uso de tecnologias práticas e economicamente viáveis, esse crescimento sustentável da pecuária brasileira será possível. Essas tecnologias são: Nutrição Correta; Controle Sanitário Eficiente; Melhoramento Genético; Diante disso, devemos adotar medidas para suplementar corretamente os animais nessa época visando atender o aumento desse metabolismo e, consequentemente, tendo melhores resultados na produtividade (carne e leite). A pecuária só se torna competitiva se usarmos tecnologias práticas e economicamente viáveis. Lembrando ainda que o uso correto das técnicas de nutrição, manejo e da sanidade, além de aumentar a produtividade em nível animal e de rebanho, contribui significativamente para redução da emissão de GEE (gases de efeito estufa), uma das principais preocupações quando falamos em sustentabilidade ambiental. Importância da suplementação mineral Devemos lembrar que os bovinos, assim como os caprinos e ovinos são ruminantes, possuem pré-estômagos (rúmen, retículo e omaso) e um estômago verdadeiro (abomaso). O processo digestivo nesses animais se inicia com a ingestão dos alimentos, seguido de: mastigação, ruminação, fermentação microbiana, digestão ácida e digestão enzimática (ver figura 1). A microbiota ruminal é composta por fungos, leveduras, bactérias e protozoários, que são responsáveis em transformar as forragens ingeridas em energia, proteínas e vitaminas que vão nutrir bovino, caprino ou ovino. Por isso é de fundamental importância manter esse ambiente ruminal o, mas sadio possível, onde segundo (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003) as condições ideais seriam: Temperatura (38 a 41°C). Umidade (85 a 90 %). Ph (oscilação de 5,5 a 7,2, ideal 6,4 a 6,8). Matéria seca de 10 a 18%. Substratos: Nitrogênio, aminoácidos, minerais, carboidratos.  Anaerobiose: muito pouco Oxigênio (< 0,6% – fermentação aeróbica) e bem mais dióxido de carbono (> 60 – 70% – fermentação anaeróbica). O suplemento mineral é o complemento da dieta dos animais (pasto). Mas o pasto não fornece todos os nutrientes necessários (energia, proteína, vitaminas e minerais) para mantença e produção, inclusive nas épocas das águas, já que sofrem variação nutricional durante todo o ano (ver figura 3 abaixo).  As condições mínimas que microbiota ruminal precisa para ter um bom desenvolvimento é de 10% de PB (proteína bruta), 70% de NDT (energia) e 2% de minerais na MS. Se o nível de PB na MS ficar abaixo dos 7%, compromete todo o processo fermentativo por parte da micribiota ruminal e isso se resume em perda de peso e / ou produtividade (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003). Por isso, hoje em dia tem se dado muita importância em uma suplementação mineral enriquecida de proteína e energia, pois essa variância nutricional que ocorre acaba levando a um desbalanço e consequentemente perda de nutrientes, já que o sistema de produção de energia e proteína da microbiota ruminal é mais rápido do que a capacidade do animal em aproveitá-las. A suplementação múltipla na época das águas tem sido usada com maior ênfase, após o sucesso do seu uso na época da seca. Nos pastos, durante a época chuvosa, há um aumento das concentrações proteicas das gramíneas e maiores degradações do nitrogênio no rúmen pela microbiota ruminal (bactérias, fungos, leveduras e protozoários). Com isso, ocorre um desequilíbrio na relação de proteína e energia, que deveria ser mais próxima de um para sete, uma parte de proteína para sete partes de energia. (Guia Prático do Uso da Uréia na Suplementação de Bovinos – ASBRAM, 2011). O consumo de energia e proteína deve ser balanceado, para aperfeiçoar a fermentação e maximizar a produção de proteína microbiana. Consumo excessivo de proteína, sem quantidade adequada de energia, resulta em perda de Nitrogênio na urina e nas fezes. (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003). De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais, entre os diversos fatores existentes que são responsáveis pela baixa produtividade do rebanho brasileiro, as carências de minerais e de proteína ocupam lugar de destaque. Acredita-se que não exista um fator isolado, com potencial tão elevado, para aumentar os índices de produtividade bovina, criados a pastos, a um custo relativamente baixo, como a suplementação mineral e proteínas adequadas. Existem vários trabalhos que demonstram a importância de se utilizar suplementos minerais contendo energia e proteína na sua composição. De acordo com alguns trabalhos de pesquisas que mostram o ganho de peso médio diários de bovinos, na fase de recria, variando de 0,543 a 1,380 kg / cabeça / dia, para consumo de suplemento de 0,2 a 0,5% do peso vivo (ver tabela 1) (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003)., Outro fator de fundamental importância para suplementação mineral para época das águas é a questão relacionada aos cochos. Os

Agronegócio X Meio-Ambiente

Podemos acabar com a fome sem acabar com o planeta? Por Marisa Rodrigues – Jornalista A Degradação da natureza visando o aumento na produção de alimentos de um lado, com o planeta chegando a mais de 7,5 bilhões de pessoas, e de outro, o aumento da fome, principalmente na África Subsaariana, Ásia, Oceania, África, entre outros, traz uma questão a se considerar. Como produzir mais alimentos sem prejudicar ainda mais o meio ambiente? Esse cenário coloca os países em uma situação conflitante. De um lado têm que produzir mais, para vencer a fome, que se alastra pelo planeta e de outro, não pode mais desmatar para aumentar as áreas de plantio, pois o planeta está numa rota, cada vez mais acelerada de autosuicídio. Nos últimos anos, o planeta produz até o mês de agosto tudo o que deveríamos produzir em um ano. Isto é, todos os anos temos ficado em déficit com a Terra, que não consegue mais repor essa diferença para começar o ano seguinte, zerada, no azul. Nossa Terra é azul, mas há muito tempo os homens têm causado, em nome do capitalismo selvagem, uma  devastação sem precedentes, o que ocasionou as mudanças climáticas, que por sua vez, são uma resposta do planeta para tentar se proteger e sobreviver a este massacre. Ainda que isso custe a vida da humanidade como a conhecemos. Está claro que os números de produção de alimentos são enormes, porém maior ainda é o número de pessoas passando fome no mundo. Em apenas um ano, esse número na América Latina aumentou em 13,8 milhões, de 45,9 milhões para 59,7 milhões, segundo o Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutricional 2021, da ONU. Isso equivale a 9,1% da população da América Latina e do Caribe – é a maior prevalência da fome dos últimos 15 anos. Diante desse quadro, algo pode ser feito para mudar o rumo? A boa notícia é que o sistema alimentar global está amadurecendo para mudanças e quem era visto como a maior ameaça à natureza pode se tornar sua melhor aliada. Até o momento, a agricultura e o meio ambiente têm sido vistos como antagonistas.  O pensamento até agora tem sido que alguns danos ambientais são uma contrapartida infeliz, mas necessária para aumentar a produção de alimentos e nutrir a humanidade e nada pode se fazer contra isso. Mas as coisas não precisam ser assim, hoje já sabemos como alimentar uma população crescente sem destruir o planeta. Mas precisamos pensar além disso, queremos não só produzir mais, mas reduzir os danos. Precisamos investir em um sistema alimentar que restaure a natureza em vez de esgotá-la. Todo desafio é uma oportunidade de crescimento A produção de alimentos alterou nosso planeta mais do que qualquer outra atividade humana. Ela é responsável por 24% das emissões de efeito estufa e 70% do uso total de água doce; é talvez a maior causa da perda da biodiversidade no mundo, além disso a produção de alimentos também é a causa de 80% da perda global de habitat, uma tendência que está acelerando a cada dia. Com certeza os números não são animadores, porém uma ameaça crescente, pode se tornar uma oportunidade ainda maior. Por essas razões que a preservação do meio ambiente é um dos pilares do agronegócio nos dias atuais. Além de ser mais rentável ao produtor, os países compradores exigem essa medida mais ecológica. Segundo  o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi: “Agricultura e a conservação do meio ambiente andam juntos. A boa produção de alimentos depende desses serviços que a natureza nos oferece, como um bom regime de chuvas, controle biológico, fertilidade do solo e controle de pragas. Tudo isso é que faz a produção agrícola acontecer. O bom agro não é predador, ele é parceiro da natureza”. Só no Brasil são mais de 180 milhões de hectares de  pastos e setenta por cento disso estão com algum tipo de degradação. E é pensando nisso que a sociedade agrícola hoje dispõe de várias técnicas e tecnologias para que seu negócio ande de braços dados com a preservação do meio. Dentre esses podemos destacar: Novas metodologias: Forma de atingir conhecimento ou resultado. Nesta categoria estão métodos de análise, procedimentos de laboratório, formas de diagnóstico, métodos de pesquisa, entre outros. Como por exemplo o mapeamento digital de solos e Equações para predição de emissão de metano entérico de ruminantes criados em condições tropicais Novos serviços: de natureza de pesquisa ou de transferência de tecnologia, oferecidos pela Embrapa à sociedade, como treinamentos, capacitações, análises e monitoramentos. Podemos citar o Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos (Plataforma CIM) e Planilhas para estimativa da necessidade hídrica e manejo da irrigação de videiras. Novos produtos: São as soluções tecnológicas de natureza física e digital, como softwares, aplicativos, cultivares (sementes e mudas), animais, máquinas, equipamentos, bebidas, fertilizantes, vacinas e outros. Alguns exemplos são o SisILPF_Cedro – Software para manejo do componente florestal de ILPF – Cedro-australiano e o SisILPF_Elliottii – Software para manejo do componente florestal de ILPF – Pinus elliottii Novos processos: São os procedimentos para geração de produtos, como processos para obtenção de embalagens, alimentos, bebidas, rações, produtos químicos, biológicos, industriais e mais. Como os Imunoestimulantes em rações para peixes e o Beneficiamento da casca de coco verde para a produção de fibra e pó. Novas Práticas agropecuária: São técnicas de produção agropecuária e de manejo de recursos naturais, como adubação, plantio, controle de doenças e pragas, conservação de solo e água, entre outros. Alguns exemplos são o uso do amendoim forrageiro (Arachis pintoi cv. Belomonte) em pastagens consorciadas com gramíneas no Acre e a manutenção e recuperação de pastagens, e as técnicas de manejo de pastos para a obtenção de maiores produtividades sem que haja aumento de território de plantio. Novos sistemas: São conjuntos de práticas de manejo para produção vegetal ou animal. Inclui sistemas de criação, sistemas de produção em rotação, sucessão ou consorciação, sistemas integrados e outros. Como por exemplo Sistemas modulares para produção de plantas irrigadas com água salobra e Sistema de produção

Nutrição de rebanho: Como escolher a ração apropriada?

Escolher a melhor ração está entre os pontos cruciais que fará toda a diferença garantindo a qualidade do produto final Muito do que vai definir a qualidade da carne que será comercializada, tem início na alimentação do gado. Uma alimentação rica em nutrientes, e com produtos de alta qualidade reflete no resultado final da carne e do leite como produto. A alimentação do rebanho ocupa um grande espaço na produção como um todo; e escolher a melhor ração está entre os pontos cruciais que fará toda a diferença garantindo a qualidade do produto final que é a carne ou o leite. As melhores práticas de alimentação de bovinos começam com um bom planejamento, assim como qualquer outro negócio. É preciso estabelecer as metas e quais características se deseja encontrar no produto final, (teor de gordura no leite, maciez da carne, por exemplo). Feito isso, é preciso fazer uma seleção criteriosa dos alimentos, avaliando os atributos e a qualidade da matéria-prima, e garantindo também sua correta armazenagem. Sabe-se que o uso de suplementação concentrada é essencial à medida que o manejo do pasto é menos intensivo, tendo em vista que o valor nutricional da forragem diminui. Na estação seca, período em que há menor crescimento do pasto, a suplementação volumosa também é necessária. E por fim, quando o rebanho é de vacas leiteiras, de alta produção, faz-se também necessário à suplementação, mesmo quando o pasto é vasto e de boa qualidade. O que a composição da ração animal deve atender? Produtores e técnicos que trabalham ligados ao setor de saúde, se preocupam com a composição da ração animal, mas no fim não existe uma fórmula específica que atenda a todos os casos. Embora não haja uma composição única que garanta desempenho para a produção animal, podemos dizer que existe sim um padrão. Uma linha que faz sentido quando o assunto é desempenho. O que procurar nas rações para gado Nutrientes! Esse é o primeiro ponto a ser considerado ao escolher a ração para seu gado. Pois a fase da engorda dos bovinos precisa de todos os nutrientes necessários para se chegar ao ponto ideal. As rações para gado, que mais trazem benefícios são aquelas com valor nutricional elevado. Os melhores ingredientes para compor as rações são: • Farelo de soja;• Milho integral moído;• Sal comum;• Uréia pecuária; Com uma ração de alta qualidade e rica com tudo aquilo que o que seu rebanho mais necessita, o produtor garante a saúde dos animais e a qualidade do corte final ou do leite não será afetada de forma negativa. Como você pode perceber ao final dessa pequena análise, nutrição do gado deve ser um dos grandes focos na cadeia produtiva. Após a execução das estratégias do seu negocio, é fundamental fazer o balanço da produção para, então, alterar as táticas ou prosseguir com elas. Assim, se garante uma produção de alimentos seguros e com as qualidades que atendam aos interesses do mercado. É claro que além de ração de qualidade o seu rebanho também precisará de pasto e água adequados, mas isso é assunto para outro dia. Este conteúdo foi elaborado a partir de uma curadoria sobre nutrição de bovinos. Redação – Boi a Pasto

Estresse calórico em bovinos gera queda de produtividade

Nos últimos dias, a onda de calor extremo, tem preocupado os produtores brasileiros. Diversos veículos de informação noticiaram a perca de lavouras e galinhas em várias regiões do Brasil, e com os rebanhos de bovinos não é diferente. O estresse calórico é definido por Silva (2000) como, a força exercida pelos componentes do ambiente térmico sobre um organismo, causando nela uma reação fisiológica proporcional à intensidade da força aplicada e a capacidade do organismo em compensar os desvios causados pela força.O termo estresse pode ser aplicado a qualquer mudança ambiental suficientemente severa para introduzir respostas que afetam a fisiologia, comportamento e produção dos animais. O estresse térmico em vacas leiteiras, por exemplo, ocorre quando a taxa de ganho de calor do animal excede a de perda, fazendo com que o mesmo saia de sua zona de conforto. Desta forma, são necessários ajustes no comportamento e/ou fisiologia do animal.Esse estresse calórico, especialmente nas regiões tropicais, consiste em uma importante fonte de perda econômica na pecuária, tendo efeito adverso sobre a produção de leite, produção de carne, fisiologia da produção, reprodução, mortalidade de bezerros e saúde do úbere.Como identificar animal com estresse térmico• Diminuição na produção de leite de 10 a 20%• Frequência respiratória acima de 80 movimentos por minuto em 70% dos animais do lote• Temperatura retal maior que 39,2ºC em 70% dos animais do lote ou acima de 39ºC por mais de 16 horas seguidas• Redução de pelo menos 10 a 15% na ingestão de alimentos• Aumento do consumo de água Como reduzir o estresse calórico em bovinos?Garantir uma dieta de acordo com as necessidades nutricionais do animal, e adaptá-la quando possível para reduzir a produção de calor metabólico, por exemplo, são formas de promover o bem-estar.Outra forma mais simples é prover aos animais um abrigo, ou seja, garantir espaços com sombra para que eles possam se proteger e evitar o contato direto com a radiação solar.O sombreamento de área pode ser tanto natural, composto por vegetação, quanto artificial, com a construção de sombrite de no mínimo 80% de retenção da radiação (coberturas normalmente feitas com redes plásticas ou telas de polietileno). Essa tática reduz a incidência dos raios solares sobre os animais, mas é insuficiente para regularizar a temperatura corporal, caso se mantenham as condições climáticas e atmosféricas adversas. Assim, outra opção é investir em aspersores de água e ventilação automática sempre que possível, pois são capazes de reduzir bastante os efeitos do calor sobre os animais.Tome nota | Animais em estresse térmico apresentam respiração ofegante, boca aberta e língua para fora na tentativa de trocar calor com o ambiente.Levar em consideração os efeitos das altas temperaturas, na hora de elaborar as melhores estratégias de manejo, é um dos detalhes que caracterizam o bom produtor.Uma opção, na redução do estresse térmico em bovinos, seria adotar o sistema Silvipastoril, que além de sustentável, por integrar pastagem com arborização, também, pode servir como forma alternativa de renda para o produtor, com a produção de madeira ou fornecimento de frutas. Por: Boi a Pasto

Solução para fertilizante sustentável e disponível no Brasil

A tensão se avolumava desde novembro de 2021. Há quem diga que desde 2014 um possível conflito entre Rússia e Ucrânia era posto como algo que se aproximaria a uma terceira guerra mundial. No dia 24 de fevereiro, contudo, enquanto muitos acreditavam que o diálogo entre as potências seria o suficiente para evitar o embate, a invasão aconteceu. “A suspensão das entregas do fertilizante cloreto de potássio, originário da Rússia, comprometerá nossa produção e produtividade agrícola”, disse a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) após suspensão ordenada pelo Kremlin. Atualmente, o Brasil importa mais de 90% do potássio que consome, e cerca de 30% vêm da Rússia. Além da plantação de commodities destinadas à exportação, os alimentos para consumo interno também serão afetados. A subida de preços, que já vinha ocorrendo ao longo da pandemia, deve se intensificar. Tudo ficará, mais uma vez, mais caro. Porém, a solução para o agronegócio driblar a queda na importação de fertilizantes pode estar dentro do próprio Brasil. Nesta reportagem, Ecoa conta sobre uma solução mais barata, mais sustentável e nacional. O pó que vem das rochas “São materiais já disponíveis, são eficientes, não trazem problemas ambientais como contaminação do solo e da água e ainda podem sequestrar CO2 e armazená-lo”. É assim que Suzi Huff Theodoro, geóloga e professora da Universidade de Brasília, define o pó de rocha. Como o próprio nome já diz, o pó de rocha é um composto de rochas moídas que, quando acrescentadas ao solo, funciona como fertilizante, ou seja, oferece nutrição às plantações. O comércio desses remineralizadores, como também são conhecidos, foi viabilizado pela lei nº 12.890, de 10 de dezembro de 2013. “Como a rocha é um bem natural, ela precisa passar por um processo de extração, e não é qualquer rocha que pode ser utilizada. Ela precisa ser rica em uma série de nutrientes”, explica a geóloga. “Assim, os remineralizadores atendem do agronegócio à agricultura familiar porque os preços são mais acessíveis e porque é mais fácil de extrair”, completa. A pesquisadora diz que pequenas e médias empresas de mineração que já exploram rochas que servem como remineralizadores de solo podem atuar no ramo, basta obter registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Isso impediria, por exemplo, o risco ambiental de novas extrações de rocha. “A ideia de juntar o setor mineral ao setor agrícola é uma excelente saída. Enquanto que, para o setor mineral, esses materiais representam um problema ambiental em seu armazenamento, eles podem servir de insumos para a agricultura. O problema de um vira solução do outro.” Suzi Huff Theodoro, geóloga e professora da Universidade de Brasília. Benefícios do pó de rocha1. PreçoOs custos de aquisição são muito menores e seu efeito pode se estender por até quatro ou cinco anos consecutivos; 2. FertilidadeOs níveis de fertilidade nos solos são crescentes após a aplicação 3. RendimentoA produtividade mostra-se equivalente ou superior às obtidas pela fertilização convencional (em alguns casos, o rendimento pode ser até 30% superior); 4. CrescimentoAs raízes das plantas são mais desenvolvidas do que nas plantas que recebem a adubação química; 5. ÁguaO teor de umidade é maior nas áreas onde se aplicam os remineralizadores, mostrando que os mesmos possuem grande capacidade de retenção de água; 6. ExuberânciaAs plantas apresentam maior quantidade de massa verde e são mais exuberantes; 7. ProduçãoHá aceleração do ciclo produtivo da planta em alguns casos; 8. Meio ambienteNão ocorre contaminação ou eutrofização (poluição devido ao excesso de algas que deixa a água turva e provoca morte de animais) dos recursos hídricos; 9. OrgânicoAtende aos padrões de garantias exigidos de insumos utilizados pela agricultura orgânica. Para que serve esse tal potássio?O dado de que o Brasil é o quarto maior importador de NPK do mundo pode não significar muita coisa para boa parte dos brasileiros. Afinal, como isso afeta a vida de quem vê o pãozinho na padaria cada vez mais caro? Pois as duas coisas – a alta nos preços de produtos agrícolas e importação de NPK — tem tudo a ver. A sigla que mais parece o nome de um braço da S.H.I.E.L.D., agência governamental fictícia do universo Marvel, faz referência ao trio de macronutrientes nitrogênio-fósforo-potássio. Esses compostos são bastante usados na agricultura para a nutrição do solo num processo chamado fertilização química. E é para essa mistura que o Brasil precisa de potássio. A produção desse macronutriente no país se restringe a uma só mina localizada em Sergipe. Com a vida útil já chegando ao fim, a mina abastece apenas 4% da demanda nacional. Os outros 96% são importados. “Para esse modelo de agricultura que temos no Brasil envolvendo a produção de commodities para exportação, o potássio é muito importante, já que esses produtos demandam uma ‘recarga’ do solo”, explica a geóloga Suzi Huff Theodoro. O país é campeão em produção e exportação de soja, por exemplo, uma commodity, ou seja, um produto básico não industrializado. “Nos acostumamos a escutar que os solos tropicais, que representam grande parte do nosso país, são solos pobres. Mas que pobreza é essa? Se você considerar o plantio da soja, o solo é pobre, mas, por outro lado, a gente sustenta a floresta mais exuberante do planeta, o que mostra que o nosso solo também é rico”, comenta Theodoro. Estamos todos conectadosSe tudo posto até agora já não fosse complexo o suficiente, as sanções econômicas impostas à Rússia após a invasão da Ucrânia também atingiram o Brasil, mesmo o país estando fisicamente distante do conflito. “A decisão das maiores empresas mundiais de logística marítima de suspenderem suas operações de transporte de mercadorias, de e para a Rússia, deverá ampliar as dificuldades que o comércio exterior brasileiro terá até que a guerra contra a Ucrânia seja superada”, explica a nota da Associação Brasileira do Agronegócio. O grupo alerta: “isso trará sérias consequências à produção e custo dos alimentos, tanto para atender a demanda do mercado interno quanto às nossas notáveis exportações de commodities agrícolas”. Tudo isso fora o comando de suspensão de exportação de potássio. Uma das justificativas

Como seria se existisse um Oscar da sustentabilidade?

Assim como no cinema, é preciso muito trabalho e muita gente qualificada para produzir momentos de encantamento, reflexão e transformação E se existisse um Oscar da sustentabilidade? Acho que muita gente já se fez essa pergunta, pois existem incontáveis premiações, rankings e mecanismos de avaliação, no Brasil e no mundo, sobre adoção de boas práticas ESG. Alguém dirá que talvez existam até demais e que o excesso pode confundir e dificultar o entendimento sobre o que realmente importa. Seria difícil discordar de tal afirmação. “Mas e se existisse um Oscar da sustentabilidade? Porque você não escreve sobre isso?”, pergunta meu lado sem medo do ridículo e desejoso por fazer um exercício de imaginação pretensamente divertido e possivelmente doloroso. Desta vez, cedo à tentação. Porém, ao invés de cometer a insensatez de apontar vencedores(as), ficarei restrito às possíveis categorias e critérios de avaliação. Categorias técnicas (gestão e estratégia)Engajamento de stakeholders: premia a organização que se destaca por mapeamento e classificação de públicos estratégicos, processos estruturados de engajamento e relacionamento, iniciativas de criação de valor compartilhado e mecanismos para considerar as contribuições de stakeholders na tomada de decisão. Representatividade no conselho de administração será considerado um diferencial capaz de definir a vencedora. Estratégia de Sustentabilidade: valoriza a existência de uma estratégia integrada de geração de valor, que considere os diversos capitais consumidos e produzidos pela organização (financeiro, humano, ambiental, social, entre outros), bem como suas externalidades. Mapeamento de riscos socioambientais, conexão do negócio com os ODS são outros critérios avaliados. Além disso, desenvolver soluções regenerativas de alto impacto será decisivo para o júri. Gestão ESG: além de estruturas específicas, como comitês ou áreas dedicadas, serão valorizadas a adoção de ferramentas como matriz de materialidade (com participação dos stakeholders), avaliação de impactos na operação e na cadeia de valor, indicadores e mecanismos de gestão de temas materiais. Aqui, a existência de metas ESG atreladas à remuneração (em porcentagem relevante) é a diferença entre finalistas e vencedoras. Relevância interna: nesta categoria, tudo depende do envolvimento da liderança com o tema. O envolvimento é pontual, eventual ou permanente? Tático, gerencial ou estratégico? O tempo dedicado e a disponibilidade para tratar do tema serão indicadores importantes. Governança: a pontuação aqui vai de acordo com a adesão a boas práticas bem conhecidas, como as recomendadas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que disponibiliza o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Transparência: como na direção de arte e fotografia, esta categoria é sobre mostrar o que realmente importa. As organizações finalistas serão aquelas que utilizam frameworks reconhecidos para disponibilizar de forma simples, acessível e prática dados sobre seu desempenho em temas materiais. Sem enrolação, sem informações escondidas no canto escuro da tela e sem dar foco naquilo que é de menor importância. Comunicação de verdade. Categorias de atuação (desempenho)Aqui, falar de critérios ficaria mais complicado, pois os temas são muito diversos (uma boa régua são os indicadores da GRI (Global Reporting Initiative), reconhecidos por mercado e stakeholders em geral. Com essa  referência, algumas categorias possíveis seriam: Categorias econômicas: Desempenho Econômico; Compras e Gestão da Cadeia de Valor; Conformidade, Combate à Corrupção e Concorrência Desleal; Práticas tributárias. Categorias ambientais: Mudanças Climáticas e Emissões; Gestão Hídrica e Uso da Água; Gestão Energética; Recursos Naturais; Biodiversidade; Resíduos e Economia Circular. Categorias sociais: Emprego e Renda; Relações Trabalhistas (com subcategorias como Trabalho Infantil, Trabalho Escravo e Liberdade de Associação); Saúde e Segurança (de trabalhadores e de consumidores); Diversidade, Equidade e Inclusão; Combate à Discriminação; Direitos de Povos Originários; Direitos Humanos; Comunidades Locais; Marketing Responsável; Privacidade. Como se vê, a brincadeira ficou extensa. Isso porque não listei os ODS em cada frente temática. Fica como mais um lembrete de que a agenda da sustentabilidade não se limita ao tema quente do momento. E de que, assim como no cinema, é preciso muito trabalho e muita gente qualificada para produzir momentos de encantamento, reflexão e transformação. Fonte: Revista Exame