setembro 7, 2024

Suplementação mineral para época das águas: devemos fazer ou não?

Com a aproximação da estação chuvosa, volta ao debate a questão da suplementação mineral dos bovinos na época das águas: deve-se ou não fazer? A suplementação mineral para época das águas apresenta divergência por parte dos criadores, onde alguns acham que nessa época, devido à boa disponibilidade de MS (matéria seca) das forragens, pastos verdes e cochos na maioria das vezes sem cobertura, são os fatores primordiais para não se utilizar suplementos nessa época. Essas condições levam há um baixo consumo dos suplementos pelos animais e com isso os criadores acreditam não haver necessidade de fornecer suplementos. Só que, infelizmente para os defensores dessa versão, é aí que mora o perigo, pois é justamente nessa época que os animais aumentam o seu metabolismo, onde muitas enzimas (METALOENZIMAS) dependem dos minerais para serem ativadas. Devemos lembrar que mesmo nessa época das águas os pastos, que são a base nutricional dos animais, não fornecem todos os nutrientes necessários, dentre eles os microminerais (Se, Zn, Cu, Mn, Co e I) e os macrominerais (P, Na, Mg e S), para atender as suas exigências. Atualmente estamos tendo uma crescente demanda do mercado mundial, por carne bovina de qualidade, proveniente de animais criados a pasto, logo as perspectivas para pecuária brasileira são imensas. Segundo dados da FAO, órgão da ONU, que acompanha a agricultura e pecuária, apontam que em 2040, 60% da carne comercializada para abastecer o mercado mundial, será brasileira. Isso exigirá dos produtores brasileiros profissionalismo e somente com uso de tecnologias práticas e economicamente viáveis, esse crescimento sustentável da pecuária brasileira será possível. Essas tecnologias são: Nutrição Correta; Controle Sanitário Eficiente; Melhoramento Genético; Diante disso, devemos adotar medidas para suplementar corretamente os animais nessa época visando atender o aumento desse metabolismo e, consequentemente, tendo melhores resultados na produtividade (carne e leite). A pecuária só se torna competitiva se usarmos tecnologias práticas e economicamente viáveis. Lembrando ainda que o uso correto das técnicas de nutrição, manejo e da sanidade, além de aumentar a produtividade em nível animal e de rebanho, contribui significativamente para redução da emissão de GEE (gases de efeito estufa), uma das principais preocupações quando falamos em sustentabilidade ambiental. Importância da suplementação mineral Devemos lembrar que os bovinos, assim como os caprinos e ovinos são ruminantes, possuem pré-estômagos (rúmen, retículo e omaso) e um estômago verdadeiro (abomaso). O processo digestivo nesses animais se inicia com a ingestão dos alimentos, seguido de: mastigação, ruminação, fermentação microbiana, digestão ácida e digestão enzimática (ver figura 1). A microbiota ruminal é composta por fungos, leveduras, bactérias e protozoários, que são responsáveis em transformar as forragens ingeridas em energia, proteínas e vitaminas que vão nutrir bovino, caprino ou ovino. Por isso é de fundamental importância manter esse ambiente ruminal o, mas sadio possível, onde segundo (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003) as condições ideais seriam: Temperatura (38 a 41°C). Umidade (85 a 90 %). Ph (oscilação de 5,5 a 7,2, ideal 6,4 a 6,8). Matéria seca de 10 a 18%. Substratos: Nitrogênio, aminoácidos, minerais, carboidratos.  Anaerobiose: muito pouco Oxigênio (< 0,6% – fermentação aeróbica) e bem mais dióxido de carbono (> 60 – 70% – fermentação anaeróbica). O suplemento mineral é o complemento da dieta dos animais (pasto). Mas o pasto não fornece todos os nutrientes necessários (energia, proteína, vitaminas e minerais) para mantença e produção, inclusive nas épocas das águas, já que sofrem variação nutricional durante todo o ano (ver figura 3 abaixo).  As condições mínimas que microbiota ruminal precisa para ter um bom desenvolvimento é de 10% de PB (proteína bruta), 70% de NDT (energia) e 2% de minerais na MS. Se o nível de PB na MS ficar abaixo dos 7%, compromete todo o processo fermentativo por parte da micribiota ruminal e isso se resume em perda de peso e / ou produtividade (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003). Por isso, hoje em dia tem se dado muita importância em uma suplementação mineral enriquecida de proteína e energia, pois essa variância nutricional que ocorre acaba levando a um desbalanço e consequentemente perda de nutrientes, já que o sistema de produção de energia e proteína da microbiota ruminal é mais rápido do que a capacidade do animal em aproveitá-las. A suplementação múltipla na época das águas tem sido usada com maior ênfase, após o sucesso do seu uso na época da seca. Nos pastos, durante a época chuvosa, há um aumento das concentrações proteicas das gramíneas e maiores degradações do nitrogênio no rúmen pela microbiota ruminal (bactérias, fungos, leveduras e protozoários). Com isso, ocorre um desequilíbrio na relação de proteína e energia, que deveria ser mais próxima de um para sete, uma parte de proteína para sete partes de energia. (Guia Prático do Uso da Uréia na Suplementação de Bovinos – ASBRAM, 2011). O consumo de energia e proteína deve ser balanceado, para aperfeiçoar a fermentação e maximizar a produção de proteína microbiana. Consumo excessivo de proteína, sem quantidade adequada de energia, resulta em perda de Nitrogênio na urina e nas fezes. (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003). De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais, entre os diversos fatores existentes que são responsáveis pela baixa produtividade do rebanho brasileiro, as carências de minerais e de proteína ocupam lugar de destaque. Acredita-se que não exista um fator isolado, com potencial tão elevado, para aumentar os índices de produtividade bovina, criados a pastos, a um custo relativamente baixo, como a suplementação mineral e proteínas adequadas. Existem vários trabalhos que demonstram a importância de se utilizar suplementos minerais contendo energia e proteína na sua composição. De acordo com alguns trabalhos de pesquisas que mostram o ganho de peso médio diários de bovinos, na fase de recria, variando de 0,543 a 1,380 kg / cabeça / dia, para consumo de suplemento de 0,2 a 0,5% do peso vivo (ver tabela 1) (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003)., Outro fator de fundamental importância para suplementação mineral para época das águas é a questão relacionada aos cochos. Os

Carência zero no combate a verminoses é o segredo do sucesso na pecuária leiteira

Cerca de 35 bilhões de litros de leite/ano são produzidos por 16,3 milhões de vacas em 99% dos municípios brasileiros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse volume coloca o país entre os quatro maiores produtores do mundo. Porém, a pecuária leiteira enfrenta uma série de desafios para avançar em termos de produtividade. A questão sanitária é um dos mais importantes pontos de atenção. Entre os vários problemas de saúde do rebanho estão os vermes, que podem causar 20% de queda na produção, com prejuízo de 7 bilhões de litros – equivalente a R$ 8,6 bilhões –, comprometendo a sustentabilidade da cadeia. E não é só isso. Estudos indicam que as verminoses também provocam perda de peso nas fêmeas, que varia de 30 a 40 quilos. Essa deficiência, muitas vezes repentina, causa fraqueza nos animais, além de edemas e doenças pulmonares. Tão grave quanto esses efeitos são os problemas reprodutivos decorrentes dessa condição corporal deficiente. Com isso, em muitos casos as verminoses impedem que as vacas entrem no período do cio no momento esperado, colocando em risco a reprodução e consequente viabilidade econômica do negócio. As verminoses em vacas de leites são particularmente preocupantes, principalmente no período pré e pós-parto.  Pesquisas tem demonstrado que a queda de imunidade temporária nesse período pode ser a causa de aumento na eliminação de ovos nas fezes por fêmeas adultas, aumentando assim a contaminação do ambiente e, consequentemente, o aumento da infestação dentro de um rebanho. Alguns trabalhos relacionam a elevação da prolactina, hormônio ligado à produção de leite, com o aumento do parasitismo e também com a diminuição da imunidade dos animais. Assim, é possível pressupor que animais de alta produção leiteira em seu pico de lactação estão mais suscetíveis aos efeitos patogênicos dos vermes. Trabalhos realizados pelo mundo demonstram respostas de incremento de produção de leite de 1,5 a 2,0 litros por vaca ao dia, em fêmeas com parto na primavera que foram tratadas com eprinomectina quando comparadas com animais não tratados. Assim, ao longo de uma lactação completa, a melhoria no rendimento alcançada em animais tratados chega em torno de 450 a 600 quilos de leite por vaca, mostrando um retorno financeiro considerável quando se adota o controle de vermes dentro do rebanho. Entretanto, o principal diferencial da eprinomectina é a carência zero no leite. Esse é o segredo para o sucesso da pecuária leiteira. Afinal, carência zero significa que o produtor pode ordenhar sua vaca imediatamente após o uso do produto, sem que haja resíduos no leite e com garantia de eficácia contra vermes. Esse recurso beneficia o bem-estar animal e a produção de alimentos de origem animal de qualidade para as pessoas, favorecendo o crescimento constante da cadeia. Por Guilherme Moura, doutor em ciência animal e gerente técnico de bovinos da Vetoquinol Saúde Animal, e Humberto Moura, médico veterinário e gerente de produtos de animais de produção da Vetoquinol com curadoria Boi a Pasto.

Como a tecnologia irá ajudar na adoção da pecuária de baixo carbono?

Thiago Parente, fundador e CEO da iRancho, destaca a demanda cada vez maior dos consumidores por “produtos verdes” A demanda cada vez maior dos consumidores por “produtos verdes” é também uma grande oportunidade para a pecuária brasileira. Os números de 2020 já mostram isso. As exportações de carne bovina bateram recorde no ano passado, com alta de 11,8% no faturamento, que chegou a US$ 8,53 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Foram 2,02 milhões de toneladas de carne embarcadas, o que representa 8,8% a mais do que em 2019. A alta nas vendas para o mercado externo teve um anabolizante que seguirá impactando a produção nacional: as pressões internacionais crescentes por boas práticas ambientais. As exigências dos frigoríficos em relação aos fornecedores também acompanham o desejo dos consumidores por uma carne mais sustentável ambientalmente. E aí temos um novo cenário já desenhado para o setor que está incentivando os produtores a criarem novos produtos que atendam consumidores agora mais exigentes e conscientes. Em uma parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), um dos maiores frigoríficos do país, a Marfrig lançou uma linha de carne carbono neutro, uma carne que no processo de produção deixa um saldo zero de emissões de carbono. A carne carbono neutro (CCN) é uma certificação do gado criada pela Embrapa em sistemas de integração do tipo silvipastoril (pecuária-floresta) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta, ILPF). Estudo realizado na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS) mostra que cerca de 200 árvores por hectare seriam suficientes para neutralizar o metano exalado por 11 bovinos adultos por hectare ao ano. Como a taxa de lotação usual no Brasil é de 1 a 1,2 animal por hectare, a quantidade de árvores é mais do que suficiente para produzir uma redução das emissões. O cálculo é feito com a conversão do metano gerado pela digestão dos animais, que também é um dos gases do efeito estufa, em toneladas de carbono equivalente. O carbono retirado da atmosfera com o crescimento das árvores é o que fica fixado no tronco das árvores. Para se saber a quantidade, basta estimar o volume de madeira e, consequentemente, a quantidade de carbono fixada pela floresta. Pelos critérios da Embrapa, o sistema ideal deve ter entre 200 e 400 árvores por hectare. Além do carbono fixado, a presença de árvores influencia ainda no bem-estar animal. A sombra natural, além de bloquear a radiação solar, cria um microclima com sensação térmica mais agradável. Com o conforto térmico, o animal apresenta maior ganho de peso e a produção fica mais eficiente, consumindo menos recursos naturais ao longo do ciclo de vida para gerar a mesma quantidade de carne. Técnicas de manejo sustentáveis reduzem emissões em até 90% Além da integração da pecuária com floresta e lavoura, há outras boas práticas a seguir na pecuária para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Outro estudo desenvolvido pela ONG Imaflora no Mato Grosso mostrou que a adoção de técnicas de manejo sustentáveis na produção de gado, com suplementação alimentar, recuperação de pastagens degradadas, aumento da lotação de cabeças por hectare e redução do ciclo de engorda, pode reduzir em quase 90% as emissões de gás carbônico. Para a realização do estudo, os pesquisadores compararam duas áreas com pecuária intensiva sustentável no nordeste do Mato Grosso aos índices médios de emissão da atividade no Estado onde, estima-se, mais da metade das pastagens tem algum grau de degradação. Os pastos degradados são justamente um dos vilões em relação às emissões de gases do efeito estufa e a recuperação dessas áreas ajuda a reter carbono no solo. Os solos brasileiros, se estiverem com uma boa forrageira (tipo de pastagem), têm grande potencial para sequestrar esse carbono. Entretanto, o pasto degradado acaba provocando um volume maior de emissão de gases do efeito estufa. A ideia de sequestro do carbono pelo solo como uma das estratégias para combater as mudanças climáticas foi lançada em 2015, durante a COP 21, a conferência do clima realizada em Paris. No painel internacional, a França apresentou a chamada Iniciativa “4 por 1000”, que propõe que os países busquem um crescimento anual do estoque de carbono nos solos de 0,4% (daí o nome “4 por 1000”), que, segundo os estudos científicos, permitiria frear o aumento da concentração de CO2 na atmosfera e, consequentemente, o aumento da temperatura global. Além de ajudar a fixar o carbono no solo, a recuperação das pastagens também aumenta a produtividade da pecuária. O estudo da Imaflora mostrou na fazenda avaliada, uma unidade da Pecsa (Pecuária Sustentável da Amazônia) em Alta Floresta, uma taxa de lotação de até cinco animais por hectare, mais de cinco vezes superior à média do Mato Grosso. Aliada ao uso de suplementação alimentar aos animais, o sistema obteve um ciclo de engorda de apenas 12 meses (ante 36 na pecuária extensiva). Vale reforçar que, quanto mais curto o ciclo de produção da carne, menores as emissões de gases do efeito estufa. A produtividade registrada no estudo foi de até uma tonelada equivalente de carcaça por hectare ao ano, uma marca 17 vezes superior à média do Estado. A suplementação alimentar oferecida aos animais também tem papel fundamental não só no ganho de peso, mas também no balanço de emissões da atividade pecuária ao reduzir a quantidade de metano gerada pela digestão dos animais. A necessidade da sustentabilidade ambiental em qualquer atividade humana é uma realidade. A chamada pecuária de precisão, que usa a tecnologia para melhorar a produtividade e a sustentabilidade ambiental, é uma forte aliada para os produtores aproveitarem essa oportunidade. Adotar novas práticas com o uso das novas tecnologias nas fazendas de corte é um caminho sem volta para que a pecuária brasileira continue a ganhar mercado mundo afora. Você, pecuarista, já começou a olhar para isso? Por: Thiago Parente – DBO com curadoria Boi a Pasto.

A revolução começa com uma pequena semente

A diversidade de solo, clima e cultivares faz do nosso país uma espécie de imenso laboratório a céu aberto. Por trás de sementes, mudas e manejo, estão jovens e gerações maduras, que viram e veem na tecnologia a pedra de toque para redimensionar o agronegócio. Mais que isso: revolucionar produção e produtividade, respeitando o meio ambiente e as pessoas é o que há de mais oportuno nos dias de hoje. E as agritechs, startups com soluções tecnológicas para o agronegócio, são a grande atração para acelerar este ambiente de revolução digital no campo. Até 2050, seremos 9 bilhões de pessoas no mundo. Teremos de aumentar em 70% a produção de alimentos, para suprir essa demanda. Dados da Fao – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. E o Brasil tem tudo para ser o grande protagonista deste desafio. País é campeão mundial de crescimento em produção e exportação de alimentos nos últimos 10 anos. Tem água, terra e clima para continuar crescendo e atender ao chamado da Fao. O que falta para o país assumir, de vez, este protagonismo e ser o celeiro do mundo? Aumento de produtividade com uso de tecnologia. Segundo dados da CNA, mais de 70% dos produtores brasileiros são pequenos e têm mais dificuldade de acesso à tecnologia. É neste cenário que ganha ainda mais relevância o propósito de se associar às startups de agritech para fazer com que estes negócios escalem de forma estruturada. E em conexão direta com o produtor rural e com a agroindústria É preciso incentivar startups que resolvam as dores do produtor rural. Precisamos de ideias inovadoras e empreendedores engajados para fazer com que o agronegócio cresça ainda mais e de forma saudável. Por iniciativa do SISTEMA FAEMG, maior federação de agricultura e pecuária do país que tem em sua base de associados mais de 400 mil produtores rurais, das mais diversas cadeias produtivas, e 380 Sindicatos espalhados pelo estado de Minas Gerais, foram mapeadas as dores que demandam soluções inovadoras. Começamos a conexão dos produtores rurais de Minas Gerais, que é o Estado que tem a maior diversidade agrícola do país. Após esta validação em terras mineiras, já estamos replicando o processo no país todo. Como é o caso da Leda, produtora de café de Lambari-MG, que nunca imaginou exportar seu café especial para o exterior e agora, por meio da plataforma digital da Agrorigem – uma das startups do cast da NovoAgro Ventures, vende mensalmente seu café para compradores na Austrália. Exemplos como o da Leda, que retratam a superação da dificuldade de acesso ao mercado por parte dos pequenos produtores rurais, sinalizam a mudança em curso. Ou seja: utilização de plataformas digitais presentes em nosso portfólio – as quais, além de encurtar o caminho entre vendedores e compradores no Brasil e no exterior, oferecem soluções inovadoras, voltadas para compra coletiva de insumos; controle ambiental; monitoramento e comercialização. Por: Léo Dias, CEO da NovoAgro Ventures, formado em engenharia elétrica pela UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais; foi subsecretário de ciência tecnologia e inovação do Governo de Minas Gerais (2015/18) e ajudou a liderar programas de fomento ao empreendedorismo e inovação como o projeto de aceleração de startups Seed, o portal Simi; a Finit (Feira internacional de negócios, inovação e tecnologia) e o Hub Minas Digital.

O olho do dono é que engorda o gado

Com a utilização de softwares de gestão, como o Ideagri, produtores podem gerir seus rebanhos de qualquer lugar, sem precisar estar na fazenda Dizem que é o olho do dono que engorda o gado. Mas se engana quem pensa que o produtor precisa estar o tempo todo na fazenda para acompanhar de perto a produção. Se com a chegada do novo coronavírus, as empresas nas cidades tiveram que se adaptar para continuarem operando de forma remota, no campo, isto já é uma realidade. Com a chegada de novas tecnologias, esse acompanhamento pode ser realizado a quilômetros de distância, permitindo que o fazendeiro tenha acesso a relatórios e outros indicadores de desempenho do rebanho na palma da mão, pelo celular, onde ele estiver. Utilizando o software de gestão Ideagri, o produtor Fernando Viana, proprietário do perfil @viananalida, do Instagram, saiu de viagem com a família por 25 dias e tem conseguido gerir a sua propriedade, a fazenda Ouro Branco, localizada em Abaeté (MG), de forma remota, graças ao software. “Os funcionários enviam constantemente fotos, vídeos de tudo que acontece na fazenda e eles sentem necessidade de me perguntar”, explica. Segundo o produtor e influenciador, antes da viagem, ele deixou prontos relatórios de secagem e pré-parto, o que facilita o processo. “A confiança é essa, a gente tira a lista do sistema e fica todo mundo instruído. Eles já sabem o que fazer”, garante. Se alguma vaca adoecer, os funcionários mandam mensagens para saber informações sobre o animal, disponíveis no sistema, como data de parto prevista, por exemplo, para verificar a viabilidade de secagem, ou se deve aplicar remédio e esperar a carência. Viana conta que eles têm todas as informações no sistema, mas não é necessária a conferência diária. “A partir do momento que eu tirei os relatórios do que vai nascer e do que tem que secar, a gente vai rodando tranquilo. À medida que surge uma necessidade, eles me ligam, eu consulto e está tudo certo.” Para o produtor, a funcionalidade mais utilizada do sistema é lançamento de parto. “Quando um animal pare, os funcionários lançam via aplicativo, ou mandam no próprio WhatsApp. Eu já lanço aqui, já atualizo os dados zootécnicos, qualquer lançamento de medicamento”, afirma. Para Heloise Duarte, COO da Ideagri, o sistema foi pensado justamente para dar ao produtor esta mobilidade, permitindo à fazenda produzir mais, desde a gestão dos animais até a administração financeira da propriedade. “Sabemos bem os desafios enfrentados pelos produtores brasileiros. Mas com uma gestão eficiente, você ganha mais e controla melhor, com indicadores simples, mas essenciais para auxiliar você na tomada de decisões.” Por Divulgação com curadoria Boi a Pasto.

Rentabilidade da pecuária pode ser maior do que de aplicações financeiras

Mesmo com o aumento no custo de produção com insumos mais caros, a pecuária continua sendo uma atividade economicamente favorável. João Gabriel Balizardo Carvalho, Médico Veterinário do Grupo Matsuda Para se ter uma ideia, o rendimento médio de uma propriedade que trabalha com cria de bezerro está maior do que rendimento de caderneta de poupança e até outras aplicações financeiras mais rentáveis; Com um bom manejo e nutrição, o ganho pode chegar em torno de 4,92% de retorno líquido mensal.Com o aumento do valor da @ do boi gordo levado pela maior demanda do mercado externo, principalmente de carne de qualidade, hoje o pecuarista está ganhando dinheiro, principalmente aquele que depende em menor proporção de grãos para engordar esse animal. O incremento dos preços de soja e milho levaram os custos de produção a valores muito altos, portanto, quanto mais dependente de grãos, como nos casos de confinamento, por exemplo, a margem de lucro pode estar negativa. O valor do boi magro aumentou (que é grande parte do custo total de produção), portanto, quem comprar mal os animais, ou seja, pagar caro em animais que não vão desempenhar bem, muitas vezes já está com seu lucro comprometido, principalmente se forem mais dependentes de ração. Atualmente, a maior rentabilidade é, sem dúvida nenhuma, da pecuária de cria, com uma margem de lucro excelente até mesmo quando comparada com outras atividades como o comércio ou a indústria por exemplo. A engorda de animais está, sim, deixando dinheiro para o produtor, mas temos que lembrar que o Brasil é o único país do mundo com condições climáticas e tamanho para trabalharmos de maneira efetiva com pastagens. Uma boa pastagem associada com um bom suplemento mineral proteico, energético ou no semi-confinamento leva a uma margem muito melhor ao produtor e se mostra tão eficiente quanto sistemas mais intensivos, além do apelo ambiental que, com certeza, será um quesito mais forte em futuro não tão distante. Os produtores de bezerros estão em um momento excelente em seu negócio. Apesar dos insumos terem disparado de preços, o Brasil tem a sua produção baseada nas pastagens, e mesmo tendo, sim, um aumento na manutenção (fertilizantes, mão-de-obra, materiais…), o aumento nos preços de venda tiveram mais influência na margem de lucro do produtor. Por exemplo: em Novembro de 2020 um bezerro nelore macho desmamado no estado do Mato Grosso era vendido ao redor de R$12,50/kg do peso vivo, hoje está sendo vendido à R$16,50, uma valorização de 32% em seu preço de venda. Quando comparamos com o período pré-pandemia, o aumento foi ainda mais significativo, ou seja, sua margem de lucro está ainda maior. Portanto, o incremento nos custos de produção de bezerros teve um peso menor do que a valorização do produto final, levando ao aumento de margem de lucro do produtor.Um investidor, mesmo não tendo conhecimento técnico sobre a criação de animais pode e deve investir na pecuária brasileira, sempre escolhendo os profissionais corretos para administrar ou direcionar os caminhos que a propriedade irá seguir, pois há diversas empresas que prestam esse tipo de serviço sendo contratado ou até mesmo empresas como a Matsuda, fazem esse direcionamento e assistência técnica para seus clientes sem custo algum. Portanto, hoje informação não é o limitante para investidores da área e está tornando a pecuária brasileira mais eficiente,quando comparada com outros grandes produtores de carne do mundo, é um modelo de negócio muito mais estável e lucrativo. Um dos pilares para a produção de bezerros em uma fazenda de cria é e sempre será a nutrição. E nutrição não é somente a escolha do suplemento mineral para os animais, mas pastagens em quantidade e qualidade ideal, tipo de água fornecida, cochos adequados para os animais. O suplemento vem como um dos fatores de que os animais dependem, e possui grande influência no resultado. A Matsuda preza sempre pela fisiologia do animal, portanto trabalhamos visando não só aumentar a fertilidade do rebanho, mas também fazer essa vaca produzir um bom colostro, leite em quantidade adequada para suas crias e a diminuição de intervalo entre partos da propriedade, que é o ciclo de uma propriedade de cria. Dentre os fatores que afetam a reprodução de uma vaca de cria, o escore corporal e a saúde desse animal são pontos importantes para darmos atenção. Quando se investe em produtos mais concentrados em Micro Minerais, Proteína, Energia e aditivos, nós melhoramos as condições fisiológicas dessa vaca, portanto isso gera um nível produtivo muito mais elevado quando comparado com a pecuária tradicional, com pouco investimento. Esse investimento se dilui de acordo com a produção de bezerros da vaca, pois, se por exemplo, uma vaca de 10 anos de idade teria tido nessa idade, a produção de 4 bezerros na pecuária tradicional, uma vaca que teve investimento desde o dia do seu nascimento no quesito nutricional teria 6 ou 7 bezerros, na mesma faixa etária. Isso diluiria os custos fixos (mão-de-obra, depreciação…) e, também, os custos variáveis (nutrição, investimento em cochos…) aumentando a margem de lucro do produtor e, assim, deixando mais dinheiro na propriedade.

Lona para silagem no confinamento: como escolher?

A produção de silagem é uma técnica bastante antiga na atividade pecuária, mas vem ganhando destaque com a adoção de modernas tecnologias, tanto na produção quanto no armazenamento. O alimento produzido é responsável por manter o ganho de peso dos animais, principalmente no período do inverno, quando a qualidade e disponibilidade das pastagens diminui consideravelmente. Neste cenário, os custos de produção merecem atenção especial por parte do pecuarista, sendo importante que o produtor se preocupe com diversos detalhes, tais como: matéria-prima escolhida para plantio, infraestrutura para colheita e preparo (preparo de solo, maquinário e mão de obra), além de escolher o tipo de armazenamento mais adequado com sua realidade financeira. Em relação ao cereal, gramínea ou leguminosa escolhidos para produção de silagem, deve-se levar em conta as estações climáticas, já que alguns produtos registram melhor produtividade no verão e outros, no inverno. Complementando o processo de planejamento da lavoura é válido destacar que o preparo e manejo da área plantada definirão a produtividade na colheita, assim como a qualidade da lona que será responsável por proteger a silagem de intempéries e até mesmo a invasão de animais. Silagens com maior preferência na pecuária Selecionamos algumas opções de plantas forrageiras recomendadas pela Embrapa Trigo, a fim de auxiliar o produtor rural a definir qual opção será mais viável para alimentar a criação. A seguir estão elencadas algumas das espécies mais cultivadas: 1 – Milho: o cereal registra maior preferência na produção de volumoso, por reunir fatores como potencial produtivo, aceitação dos animais e qualidade da silagem. Essa matéria-prima oferece três opções de preparo: planta inteira, espiga e grão úmido. Entre os aspectos positivos observados no preparo do milho estão: 2 – Cana-de-açúcar: utilizada na forma de silagem ou oferecida fresca, a cana apresenta baixo custo de produção (em relação ao milho). Sua lavoura aceita cortes por um período de até cinco anos, alcançando uma produtividade média de 100 toneladas por hectare. Possui ainda alto teor de açúcar (40% a 50% de açúcares na matéria seca). Em contrapartida, o ensilamento dessa gramínea exige mais atenção, conforme informações divulgadas por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Em razão do alto teor de fermentação alcoólica é necessária a utilização de inoculantes que reduzem a produção de leveduras. Outra correção que precisa de acompanhamento técnico é a utilização de ureia, para suprir a falta de proteínas e minerais como cálcio e fósforo. 3 – Capim: Além de ser utilizada como principal fonte de alimentação dos bovinos na versão in natura, essa forragem pode ser transformada em silagem com fornecimento satisfatório de fibras e valor nutritivo. Outro ponto positivo é a capacidade de armazenamento, já que em um metro cúbico é possível acondicionar 500 a 600 kg de capim processado. 4 – Aveia: considerado uma alternativa de baixo custo, o cereal registra alto teor de proteína, bom percentual de carboidrato e digestibilidade de 65%. A recomendação de pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) é para que os produtores escolham cultivares melhorados geneticamente, a fim de alcançarem melhores resultados nutricionais. 5 – Centeio: com alto volume de massa verde, essa cultura é vantajosa na produção de pastejo, feno ou silagem. Cultivado no período de entressafra, apresenta ciclo de até 160 dias. Uma das cultivares desenvolvidas pela Embrapa, o BRS Serrano apresenta massa seca de forragem superior a 10 toneladas por hectare. O centeio é considerado a espécie mais produtiva (culturas de inverno) em termos de volume de forragem e, como outras matérias-primas, pode ser ensilado a partir da planta inteira, pré-secado ou com grãos úmidos. A silagem apresenta maior concentração de proteína bruta (10%), mas tem valor energético menor (10% a 15%) do que o milho. Pontos de atenção com o preparo da silagem Um fator importante a ser considerado pelo produtor é que existem diversas opções de silos no mercado, porém, se o processo não for realizado corretamente, o alimento preparado poderá fermentar, mofar, putrefar e até ser a fonte para produção de toxinas que prejudicam a saúde do rebanho. Um exemplo prático pode ser verificado na silagem de milho, colhido antes da hora. A quantidade de líquido produzirá uma fermentação butírica (converte carboidratos no ácido butírico por ação de bactérias, na ausência do oxigênio). O resultado é observado na perda de proteína e energia, além do animal não apreciar a silagem. Em contrapartida, a colheita tardia do cereal produz teor de matéria seca em excesso que pode dificultar a compactação, e consequentemente, formação de mofo. Os silos mais adequados para a realidade nacional são aqueles construídos na superfície. Saiba como funcionam: 1 – Silo trincheira: o modelo é um dos mais utilizados na produção pecuária já que podem ser adaptados em terrenos acidentados, atendendo a diferentes relevos do território nacional. O formato de trincheira contribui na boa compactação da silagem, possui baixo custo e é simples de manusear (armazenagem e retirada). 2 – Silo de superfície: a ensilagem é realizada no nível do solo com utilização de lona plástica. Apesar do menor custo, em relação a outras opções, não foi planejado para comportar grande volume de silagem e é recomendado para materiais com alta umidade. Lonas para silagem, qual a melhor escolha? Conforme alertado anteriormente, problemas na vedação da forragem podem colocar em risco a conservação do produto. Isso acontece quando existe a presença de oxigênio na compactação, ocasionando aumento na temperatura e proliferação de fungos e pragas, como por exemplo, roedores. Nesse sentido, a lona de cobertura tem papel fundamental na vedação da massa ensilada e se bem manejada, impede a penetração do ar para o interior da silagem. As principais características que a lona precisa ter são: A resistência das lonas é fundamental de forma a evitar rasgos e furos, por isso a atenção deve ser redobrada com a qualidade do material que pode ser adquirido por indicação técnica. O produto precisa ter dupla face e tratamento aditivo contra raios ultravioleta, a fim de proteger a cobertura da massa ensilada. Outra informação valiosa para os produtores é utilizar a dupla face com o lado escuro na parte

Manejo nutricional na cultura do trigo

Atenção ao momento de aplicação de Nitrogênio no trigo. O manejo nutricional adequado e equilibrado, além de grande incremento em produtividade e qualidade de grãos de trigo, também pode tornar a planta mais resiliente Autores: Giovani Facco – Gerente de Experimentação Biotrigo Genética e Rafaela Muraro – Assistente de Experimentação O melhoramento genético possibilitou ao longo dos anos, a seleção de cultivares de trigo com maiores tetos produtivos, em consequência elevou também a necessidade de incremento nutricional nas plantas. A cultura do trigo vem passando por transformações intensas nos últimos 20 anos, as quais alteraram o tipo de planta para portes mais baixos, menos propensos ao acamamento, redução de ciclo, sistema radicular mais eficiente, intensidade, número e homogeneidade de perfilhos, resistência a doenças de difícil controle e principalmente na produtividade e qualidade nutricional dos grãos produzidos. Alterações nos aspectos voltados à morfologia de plantas auxiliaram a compor o potencial produtivo e os patamares alcançados atualmente revelam toda essa mudança. A qualidade do trigo brasileiro confirma esse fato e evoluiu ao ponto de os moinhos nacionais cada vez mais optarem pelo produto interno em razão da evolução principalmente em relação às características qualitativas como, cor de farinha, força de glúten, peso de hectolitro e estabilidade. Desta forma os derivados de trigo atendem o gosto do mercado consumidor e esse cenário promove uma maior liquidez de comercialização aos grãos produzidos pelo produtor. Para que essa qualidade e produtividade seja expressa de forma plena para ser absorvida pelo sistema radicular, a nutrição de plantas precisa estar cada vez mais ajustada com a necessidade requerida, em quantidades necessárias e formas disponíveis na solução do solo. Assim, o conhecimento da marcha e o acúmulo de nutrientes para as cultivares de trigo de alta performance se faz necessário para planejamento e condução da fertilização aplicada a campo, evitando não somente a falta de nutrientes como o excesso, que pode ser tão prejudicial quanto. Etapas: manejo nutricional adequado e equilibrado O Nitrogênio (N) é o nutriente necessário em maior quantidade pelas gramíneas. Na cultura do trigo, de maneira geral é necessário 33 kg de N por tonelada de grãos produzidos. No caso das cultivares de ciclo precoce, que têm menos tempo do plantio a colheita para compor a sua produtividade e absorver os nutrientes necessários, é indicado um maior aporte inicial de N. Esse volume maior pode fazer a diferença na produtividade, e o fracionamento em pós emergência garante essa disponibilidade. Para os ciclos tardios, o período de absorção e assimilação é maior, tendo assim mais tempo para absorver nutrientes e compor a sua produtividade. Nesses casos, o fracionamento do N em pós emergência (2 ou 3 vezes) evita a falta do mesmo ao longo do ciclo. Nutrientes e volumes diferentes para cultivares Mas a produção não depende exclusivamente de Nitrogênio. Cultivares que possuem maior qualidade nutricional nos grãos, também carecem de quantidades ligeiramente maiores de outros nutrientes que são interligados aos componentes de qualidade e produtividade. Isso demonstra que para a cultura existe variabilidade na demanda nutricional entre cultivares de trigo. Os macronutrientes necessários em maior quantidade para compor a produtividade são respectivamente: Nitrogênio, Potássio e Fósforo, seguidos de Cálcio, Magnésio e Enxofre. O volume necessário é calculado kg/ha, o que os difere dos micronutrientes os quais são necessários em gramas/ha, porém não são menos importantes. Nitrogênio Necessário em maior quantidade e com dinâmica de solo que possibilita perdas por intempéries climáticas, o Nitrogênio é dividido e aplicado em pelo menos três momentos distintos: semeadura, duplo anel e espigueta terminal. Essas fases antecedem momentos de alto requerimento do nutriente pela planta. Mais importante que os percentuais aplicados em cada fase, é entender o quanto é necessário realizar a aplicação, quanto o solo pode fornecer, o fracionamento conforme o ciclo do cultivar, a condição de clima e a fonte de Nitrogênio aplicado. Outros nutrientes importantes Ocupando a segunda e terceira colocação dos nutrientes mais demandados, a suplementação de Potássio (K) e Fósforo (P), tradicionalmente é realizada em linha de plantio no momento da semeadura e em casos específicos a lanço. Grande parte dos produtores realiza a correção do sistema produtivo com P e K no inverno pela distribuição em menor espaçamento entre linhas comparado aos cultivos de verão. Os nutrientes Ca, Mg e S, nem sempre recebem a atenção merecida, por vezes são repostas via fontes de calcário (Mg e Ca), gesso agrícola (Ca e S) ou então fonte pouco solúveis de S. Você sabe qual nutriente limita a produtividade da sua lavoura? Os macronutrientes atuam em funções estruturais, enzimáticas, constituintes de aminoácidos, proteínas, armazenamento de energia entre outras funções que os demandam em maior quantidade. Demandados em menor quantidade, porém constituintes de ácidos, enzimas, ou então desencadeadores de processos internos das plantas, os micronutrientes exercem papel primordial e nem sempre são contemplados na análise de solo, ou então no programa de correção e fertilização. Para as cultivares em estudo, os mais demandados são respectivamente o Ferro, Manganês, Zinco, Boro e Cobre. Os nutrientes, independentemente de sua classificação, são exportados via grão ou então retornam ao solo via palha. Marcha e acúmulo de macronutrientes A genética das cultivares está cada vez mais eficiente para o uso dos nutrientes, porém o volume exportado (produzido) de grãos é cada vez maior, e estes devem ser repostos a fim de manter os níveis adequados para cultura sequente. Para que seja possível descrever a quantidade de cada nutriente necessário nos distintos estádios de desenvolvimento da cultura do trigo, são realizados na área de pesquisa da Biotrigo Genética em Passo Fundo (RS), ensaios de marcha e acúmulo de nutrientes. O objetivo desses testes é entender o comportamento, nos distintos estádios de desenvolvimento da cultura do trigo, da absorção e assimilação e acúmulo de nutrientes para cada cultivar. É através dessas análises, que se torna possível concluir quais são os mais demandados ao longo do ciclo e quais são exportados via grão em maior quantidade. O gráfico 1 demonstra valores médios de quanto é acumulado dos macronutrientes até o momento do espigamento, quanto é

Sombreamento evita estresse calórico em dias quentes

Embora estejamos no inverno com queda nas temperaturas e geadas por todo o Brasil, é nessa época que o produtor deve se preparar para os dias quentes. Segundo uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o sombreamento aumentou em 22 e 24% a produção leiteira das fêmeas Gir e Girolando respectivamente, em piquetes sombreados quando comparada à produção em manejo tradicional. O estresse calórico é uma das causas de grande impacto econômico na eficiência de vacas leiteiras, provocando efeitos negativos na produção de leite, assim como na reprodução desses animais, podendo,  ainda, provocar distúrbios metabólicos e diminuir a eficiência do sistema de defesa do animal, proporcionando maiores chances de ocorrência de doenças.Esse estresse calórico provoca nos animais uma redução no consumo de alimentos, sendo que essa é uma tentativa do animal em diminuir o metabolismo basal, buscando manter a temperatura constante. Esta redução no consumo de alimento impacta de forma negativa na produção de leite. Vacas que estão em período de lactação, apresentam maior consumo de alimentos e, consequentemente, apresentam maior dificuldade em manter o  equilíbrio térmico, principalmente quando em situação de estresse térmico, seja ela por irradiação solar ou altas temperaturas. O sombreamento, devidamente planejado, poderá impactar de forma positiva na produtividade dos animais, diminuindo a sensação térmica provocada pelas altas temperaturas e diminuindo a irradiação excessiva do sol, tendo efeito direto na melhoria do consumo de alimento. Temos duas formas de fazer o sombreamento, podendo ser naturais e artificiais. As sombras naturais, proporcionadas por vegetações nativas ou mesmo de reflorestamentos, têm por objetivo impedir a incidência solar e reduzir a temperatura ambiental por meio da atividade evaporativa das folhas, amenizando os efeitos indesejáveis do clima tropical, caracterizado por ser quente e úmido, proporcionando assim o conforto térmico para os animais. Sobre o sombreamento artificial, conforme destacado em algumas pesquisas, há uma redução de 30% a 50% da carga total de calor, sendo que é importante considerar a sua localização, orientação conforme o clima e tamanho da sombra. Para utilização de sombreamento artificial, é indicado de 3,5m² a 4,5m² de espaço de sombra por vaca leiteira, com recomendação da orientação de norte-sul com o objetivo de a luz solar sob a sombra secar o chão, evitando o acúmulo de água e formação de lama, diminuindo as chances de contaminação das glândulas mamárias dos animais. Essa alternativa de sombreamento pode ser realizada com estruturas simples como sombrites (mínimo 80% de sombra), podendo ser fixos ou móveis, sendo que a opção de móvel é indicado em situações as quais se queira evitar a formação de malhadouros, degradação do solo e pastagens. O sombreamento artificial como alternativa para o sombreamento natural é uma alternativa interessante, no entanto, não é tão eficiente pensando em capacidade de alterar a temperatura atmosférica ou umidade relativa do ar, sendo que esses fatores são importantíssimos para que um animal em situação de estresse calórico possa realizar o processo de termorregulação de forma mais eficiente.Diante disso, fica claro que o sombreamento natural é a alternativa mais indicada para vacas leiteiras a pasto com o objetivo de se evitar o estresse calórico. Artigo: Cícero Pereira de Carvalho Júnior, Médico Veterinário do Grupo Matsuda na unidade de Imperatriz no Maranhão

Quando parece que tem pouco pasto, o que podemos fazer?

Sergio Raposo de Medeiros, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, aponta ações que podem ser tomadas agora para tentar minorar o problema de falta de pasto e, também, para alertar o que se não se deve fazer Alguns pecuaristas do Brasil Pecuário-Central já começam a ter a impressão de que os períodos de seca parecem estar se intensificando, seja por um aumento de severidade ou na duração. Há algumas simulações que mostram que isso pode ser mesmo efeito das mudanças climáticas e, já escrevemos sobre isso, com o sugestivo título “Seeeeeeeeeeeeeeeeca” cujo link segue na nota de rodapé*. Esse ano, em vários locais, as chuvas do período das águas já foram menos intensas e pararam antes da hora. A situação, então não é folgada em termos das pastagens, com uma “seca” quase inteira pela frente. E não se tem bola de cristal para saber quando as chuvas efetivamente voltarão. Nesse cenário, é aconselhável ter muita cautela, em geral sendo melhor agir para aumentar a chance de sobrar pasto do que arriscar faltar. Ao contrário do texto que passamos o link acima, portanto, esse aqui lida com ações que podem ser tomadas agora para tentar minorar o problema de falta de pasto e, também, para alertar o que devemos evitar fazer. Abaixo, listamos algumas opções para dar folga ao pasto até que as chuvas voltem: 1. Vender animais Essa é a saída mais simples e lógica e, ao mesmo tempo, a mais impopular. Ninguém gosta de se desfazer de ativos, os bois, que são os ganhos futuros na atividade. A questão é que, se a manutenção de todos os animais significar superpastejo, o prejuízo é duplo: os animais terão baixo desempenho e contribuiremos para a degradação do pasto. 2. Usar rações A suplementação de pastagens na seca é uma obrigação no Brasil Pecuário-Central. A questão é que, as opções que têm melhor relação benefício/custo dependem de alta disponibilidade de forragem, mesmo que de baixa qualidade. Assim, as pastagens diferidas na seca serão os locais onde estas estratégias podem ser usadas, mas a realidade de muitas regiões é que as chuvas encurtadas desse verão não permitiram o usual acúmulo de pastagem. É por isso que uma das soluções é usar uma lotação ainda mais baixa do que os cerca de uma unidade animal por hectare que temos como referência (e apenas referência!) nesses casos. Se o pasto tem baixo volume de massa, o uso do proteinado, cuja modo de ação é exatamente aumentar a ingestão dos animais, terá pouco a ajudar se o animal não tiver o que comer. Quantidades um pouco maiores, como nos proteicos-energéticos, também acabam ajudando pouco. Por fim, nos preços atuais dos concentrados, não precisa uma proporção muito grande para deixar a prática antieconômica, algo que cada um deve fazer seus próprios cálculos. Ocorre que, mesmo que a conta de uma suplementação proteico-energético mais intensa, com 5 ou 7 g/kg de peso vivo, se revele econômica, nessa situação a forragem ainda representa entre 75-65% da matéria seca da dieta e, nessa situação indefinida entre em ser uma dieta francamente fibrosa ou outra, bem definida como concentrada, a eficiência biológica é pior, algo que costuma ficar fora da conta financeira. Para fugir disso, uma alternativa a ser considerada é o chamado confinamento a pasto. Nele, usa-se 17 a 20 g/kg de peso vivo de concentrado e, o consumo do pasto pelo animal serve apenas para ele se recuperar do excesso de concentrado, com a fibra de baixa qualidade do pasto ajudando-o a recuperar, minimamente, a função de ruminar. Um alerta é que essa técnica, apesar de ter a grande vantagem de poder ser feita a qualquer momento e por quase todo mundo, não deve ser feita sem o aconselhamento de um técnico, pois há risco real de morte de animais por doenças metabólicas, como a acidose e o timpanismo. Mesmo que não morra nenhum animal, os resultados podem ser bem piores do que seriam com a supervisão recomendada, que vai da formulação da ração e informações fundamentais de manejo com relação, por exemplo, à adaptação dos animais à dieta, um dos ponto-chave para o sucesso desta opção. Uma vantagem do uso do confinamento à pasto, é que as taxas mais elevadas de ganho ajudam o animal a depositar gordura, sendo, portanto, particularmente recomendado para animais que podemos terminar e vender, ou seja, exatamente os que mais vão liberar espaço para os animais que ficam na fazenda, afinal seriam os mais pesados. 3. Usar volumosos Em relação à suplementação concentrada, o uso de volumosos é uma opção bem mais tranquila em termos de segurança de uso, pois, no ambiente de forragem (alimento fibroso), estamos dando mais volumosos (alimento fibroso). O operacional é um pouco mais complicado, exatamente porque, como o próprio nome diz, temos que lidar com volumes maiores para fornecê-los. Aqui, sempre é bom lembrar que o menor custo dos volumosos não necessariamente farão seu uso tão mais barato, pois devemos olhar o custo deles em matéria seca (MS). Uma silagem de milho que custe, por exemplo, R$ 200/t de matéria natural, com 67% de umidade, custa R$ 600 por tonelada de matéria seca (R$200,00/t dividido por 0,33, sendo esse último o teor de MS de 33% da silagem). Para categorias que apenas se deseje manter o peso na seca, como vacas em bom estado corporal, a suplementação com algum volumoso pode ser vantajosa, especialmente quando se considera o custo diário de suplementação, pois fornecemos apenas a quantidade necessária para manter o peso (menos volume), sem conflito entre pasto e concentrado e sem risco de algum animal comer mais concentrado do que deveria. 4. Confinar A pergunta natural depois de considerar suplementar com concentrados e, em seguida, com volumosos: Não seria vantagem usar os dois juntos?. A resposta é que é perfeitamente possível. Nesse caso, então, por que já não fazer uma dieta completa, incluindo minerais e aditivos? E, se fizer, por que já não confinar os animais? Tentar começar um confinamento é especialmente interessante no contexto de reduzir