Por Diomario Faustino Dias Barros

Introdução
Ao longo de décadas de vivência e observações como produtor rural (atividade familiar a cinco gerações), técnico (zootecnista há 40 anos), juiz de morfologia e consultor agropecuário (com atuação em várias regiões produtoras do Brasil e América Latina), em vários sistemas de produção de bovinos, pude identificar ao longo desse tempo quais os principais motivos que impactam negativamente e levam a baixa eficiência dos bovinos em propriedades rurais, dos motivos que identifiquei nesse período, nesse momento irei abordar, a notória negligência e a seleção inadequada de nossos reprodutores em características biomecânicas funcionais, que acarretam uma menor produção de bezerros anuais, encurtamento da vida produtiva, menor produção de bezerros na vida útil, aumentando o custo por bezerro produzido.
A avalição biomecânica funcional, consiste em avaliar e valorizar as características que tornem o animal o mais apto para exercer com eficiência sua função, no ambiente que é destinado a trabalhar. Neste caso vamos avaliar animais das raças, principalmente de uso pastoril, raças essas que foram criadas e selecionadas para produção de carne em ambiente de pastagens, muitas vezes são locais inóspitos e com baixa tecnologia, valorizaremos os animais que apresentem características anato-funcionais adequada para exercerem seu trabalho o melhor possível neste sistema de produção, de modo que seja eficiente, produzindo mais filhos por ano, e com uma maior vida útil, resultará deste modo uma maior quantidade de filhos na sua vida reprodutiva, diluindo o investimento na compra dos mais reprodutores, consequentemente terá um custo menor por bezerro produzido, garantindo mais lucro a seus usuários, e assegurando mercado futuro na venda de reprodutores a seus criadores, qualquer que seja o sistema de produção, não se pode deixar de lado essa técnica, pois tais características certamente terão impacto positivo no resultado final da atividade, de qualquer tipo de projeto pecuário.
Valorizamos os animais que apresentem características anato-funcionais adequadas, pois serão capazes de exercer seu trabalho com maior eficiência possível dentro de qualquer que seja o sistema proposto. Sendo mais eficientes, pelo motivo de sentir-se plenamente à vontade, totalmente adaptado devido a diminuição do nível de stress, produzido pelo conforto que essas características proporcionam, “animais adaptados são animais produtivos”.
O pecuarista potencializando a frequência destas características dentro de seu rebanho, certamente aumentará eficiência, e por consequência produtividade como também seu lucro, obviamente diminuindo o investimento na compra de maior número de reprodutores, consequentemente terá um custo menor por bezerro produzido, garantindo mais lucro, esses selecionadores verão seus clientes satisfeitos, assegurando assim mercado futuro na venda de reprodutores a seus e novos criadores.
Certamente a aplicação dessa técnica terá maior evidência, mais relevância em animais e rebanhos “Puros”, ou seja, no que se tratar de animais utilizados para a obtenção de produto final, consequentemente também em animais para melhoramento genético. Sejam touros ou matrizes (doadoras) que futuramente serão as mães de touros, sejam eles animais das raças bovinas de corte ou leite. Mas não podemos deixar de considerar obviamente o uso desta técnica também para a escolha de reprodutores para rebanhos “comerciais”, os quais certamente serão mais eficientes e produtivos quanto melhor tiverem boas características Biomecânicas Funcionais.
Normalmente damos maior peso em percentis nas características biomecânicas, pois elas são reais com maior facilidade de observação, assim temos maiores precisões das informações, enquanto as de fertilidade, neste caso são indicativos, projeções, com maior grau de subjetividade necessitando de maior conhecimento e vivência prática, isso proporciona um menor grau de precisão, principalmente nas fêmeas. Por exemplo, as notas avalições são normalmente com percentis equivalentes, biodinâmica 60%, reprodutivo funcional 40%, sendo assim a nota biomecânica será multiplicada por 0,6 (X 0,6), nota reprodutiva será multiplicada por 0,4 (X 0,4).
Obs: A avaliação não é engessada, os percentis podem sofrer adequações de acordo com a necessidade da raça ou rebanho.
MACHOS:
Biomecânica: (X 0,6)
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Aprumos e ligamentos:
A sustentação do animal, é uma divisão de responsabilidades entre a musculatura, tendões (ligamentos) e angulações (linhas de prumo), características fundamentais para sua sustentação tanto em estática quanto em dinâmica.
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Cascos:
Elemento de base de sustentação, sujeitos a todo tipo de traumatismo, atritos impactos, etc., o casco tem uma importância ímpar no tempo de vida e funcionalidade, pois que ajudar a garantir a integridade física do animal, para isso ele tem que ter estrutura, formas e angulações adequadas.
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Dinâmica:
Somatória de corretas angulações e amplitude de movimento, traz uma maior facilidade no caminhar com menor gastos de energia e baixo stress, características estas que garantem uma eficiência na sua locomoção, fundamental para animais que tem a necessidade caminhar em extensões, garantindo facilidade de obtenção de alimentos e também maior eficiência na reprodução.
Reprodutivo funcional, (X 0,4)
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Umbigo:
Levando em consideração que nossa pecuária é formada na grande maioria de gramíneas tropicais de grande porte (C4), que tem como características rápido crescimento e lignificação, ficando ásperas, abrasivas muitas vezes cortantes, além de muitos tipos de arbustos com espinhos etc., essas condições exige que tenhamos animais corrigidos, pois nesse ambiente, indivíduos de umbigo grande e mau protegido aumenta muito a possibilidade de contato, assim terá maior probabilidade de lesões nessa região fundamental para a reprodução.
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Prolapso de prepúcio:
Esta característica é muito negativa, de suma importância na seleção, pois touros com mucosas expostas em nossas pastagens, descritas anteriormente, costumam apresentar uma percentagem muito alta de lesões como, cortes, bicheiras levando normalmente “umbigueira”, acrobustite, de difícil tratamento e com recorrência frequente, característica limitante para uma boa eficiência reprodutiva nos touros.
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Testículos:
Um dos principais órgãos reprodutivos dos touros, de suma importância seu formato e principalmente sua capacidade de movimento e termorregulação fundamental para espermatogênese, e como consequência a maior vida útil do reprodutor, última coisa a observarmos é o volume testicular, “Somente dos que funcionam bem, os maiores são melhores “
FEMÊAS:
Biomecânica, (X 0,6)
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Aprumos e ligamentos:
A sustentação do animal, é uma divisão de responsabilidades entre a musculatura, tendões (ligamentos) e angulações (linhas de prumo), características fundamentais para sua sustentação tanto em estática quanto em dinâmica.
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Cascos:
Elemento de base de sustentação, sujeitos a todo tipo de traumatismo, atritos impactos, etc., o casco tem que ajudar a garantir a integridade física do animal, para isso ele tem que ter formas angulações adequadas.
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Dinâmica:
Somatória de angulações e amplitude de movimento para maior facilidade no caminhar com menor gastos de energia e baixo stress, características estas que garantem uma eficiência na sua locomoção, fundamental para animais que tem a necessidade caminhar em extensões, garantindo facilidade de obtenção de alimentos e maior eficiência na reprodução.
Reprodutivo funcional, (X 0,4)
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Umbigo:
Sendo as Fêmeas que produzirão os futuros reprodutores são corresponsáveis pela transmissão desta característica, levando em consideração que nossa pecuária é formada na grande maioria de gramíneas tropicais de grande porte (C4), um animal de umbigo grande e mau protegido aumenta muito a possibilidade de contato, assim terá maior probabilidade de lesões nessa região fundamental para a reprodução.
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Úbere:
Este é um órgão de fundamental de grande importância produtiva principalmente para raças pastoris, além do tempo para a primeira mamada, a facilidade de abocanhar o teto, para precisamos de úberes de bom volume (sem exageros) mas principalmente tetos de bom tamanho, boa simetria, boa distribuição, o que todos procuram é uma vaca fértil que crie bem seus filhos e com bom peso de desmame.
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Vulva:
A vaca é uma máquina de parir, assim temos que dar muita atenção ao seu sistema reprodutivo, uma vulva correta, proporcional é uma característica “ sine qua non” a uma boa matriz produtiva, além do seu uso para parir podemos identificar indícios de problemas de fertilidade, precocidade etc.
A avaliação é feita por score com pontuação de 1 a 10 para cada característica, somatória simples, sempre com score positivo, respeitando seus percentis de cada característica de acordo com seu grau de importância.
Aqui abordei com uma linguagem relativamente simples para que fique claro a aplicação dessa técnica e a importância utilizá-la com seriedade em qualquer processo de seleção de bovinos, pois dela pode depender o sucesso ou fracasso da utilização em larga escala, de qualquer raça, priorizando as boas características biomecânica funcionais podemos transformar esses indicadores, elevando a rentabilidade da nossa atividade pecuária.
É incontestável que a utilização de ferramentas de seleção eficientes traz retorno financeiro, assim sendo fica obvio que “reprodutor eficiente, bezerro de baixo custo”.
Diomario Faustino Dias Barros (*) produtor rural (atividade familiar a cinco gerações), técnico (zootecnista há 40 anos), juiz de morfologia e consultor agropecuário (com atuação em várias regiões produtoras do Brasil e América Latina)
Curadoria: Marisa Rodrigues para o portal Boi a Pasto