outubro 18, 2024

Energia solar no campo: alimento mais barato na mesa

A geração própria de energia solar no agronegócio está bastante consolidada nas economias mais avançadas no mundo e tem se tornado um modelo cada vez mais recorrente e necessário para elevar ainda mais a competitividade e sustentabilidade do manejo agrícola e pecuário no Brasil. Além de eliminar intermediários entre a geração e consumo de energia elétrica, um dos principais insumos da atividade produtiva rural, a energia solar no campo resulta também em economia, proteção do meio ambiente e mais segurança energética para os produtores, já que os sistemas solares fotovoltaicos possuem baixos custos de operação e manutenção e representam nova fonte de riqueza ao campo. Assim, por ser uma fonte de energia limpa, renovável, competitiva e praticamente inesgotável, o agronegócio passa a contar com uma solução segura e sustentável para seu suprimento elétrico, que traz redução de gastos com eletricidade de até 90%. Desde 2012, já são mais de R$ 26 bilhões em investimentos acumulados, que geraram mais de 155 mil empregos acumulados, espalhados por todas as regiões do Brasil. No caso do agronegócio, a geração própria de energia solar atende mais de 43 mil usuários e possui cerca de 679 megawatts instalados no campo. No mesmo período, o Brasil recebeu dos produtores rurais mais de R$ 3,2 bilhões de investimentos em energia solar, responsáveis pela geração de mais de 20 mil empregos nesta área, além de proporcionarem uma arrecadação aos cofres públicos de R$ 758 milhões no período. Atualmente, o segmento rural responde por 13,1% de toda a potência instalada em sistemas de geração própria de energia solar. Outro ponto relevante na energia solar no campo é proporcionar eletricidade para áreas onde a rede elétrica ainda não chegou ou que funciona de forma precária e instável, que dependem muito de geradores à diesel, mais caros, poluentes e barulhentos Vale destacar que o agronegócio brasileiro possui algumas das melhores linhas de financiamento para sistemas fotovoltaicos, com destaque para as linhas de crédito “PRONAF Mais Alimentos” e “PRONAF Eco”, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), importante apoio ao setor desenvolvido desde 2015, em parceria com a ABSOLAR, para democratizar o acesso à tecnologia por pequenos produtores rurais familiares, tornando-a mais eficiente, sustentável e competitiva. O setor do agronegócio apoia o Projeto de Lei nº 5.829/2019, que criará o marco legal para a geração própria de energia no Brasil, como declaram publicamente a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), dentre diversas outras entidades que representam produtores rurais. Importante relembrar que o desconto de 30% na tarifa de energia a que os consumidores rurais fazem jus terminará em 2022. Portanto, a geração própria é a melhor alternativa aos produtores rurais, para evitar prejuízos, aumento dos preços dos alimentos e abrir novas oportunidades no campo. A criação de um arcabouço legislativo para a geração própria de energia a partir de fontes renováveis é prioridade no cenário atual de duplo desafio, de promover o desenvolvimento socioeconômico diante da pandemia de covid- -19 e, também, o avanço do desenvolvimento sustentável do Brasil. Por: Antonio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) com curadoria Boi a Pasto.

Agropecuária brasileira ajuda a salvar o planeta, reconhece a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

A ILPF(integração lavoura-pecuária-floresta), a agricultura de precisão e a tecnologia baseada em ciência já levaram o Brasil ao ser um dos maiores exportadores globais de commodities. Agora, o agronegócio brasileiro começa a ser reconhecido como uma peça importante no tabuleiro global dos impactos das mudanças climáticas e pode contribuir para salvar o planeta. O desenvolvimento da atividade agrícola brasileira acaba de ser citado em um importante relatório do secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (United Nations Framework Convention on Climate Change – UNFCCC), relacionado aos trabalhos realizados no âmbito da reunião de Koronivia para a agricultura.  O UNFCCC é o tratado internacional resultante da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. O Koronivia  uma instância importante nas negociações sobre agricultura, dentro da UNFCCC, que busca valorar a importância da agricultura e da segurança alimentar na agenda de mudanças climáticas. “Trata-se de uma citação importante para o Brasil, porque representa o reconhecimento do valor da pesquisa agropecuária em benefício do desenvolvimento nacional, que dá visibilidade à ciência agrícola brasileira como referência mundial”, diz Gustavo Mozzer, pesquisador da Embrapa (Empresa de Pesquisa Agropecuária Brasileira), que integra a equipe do Polg (Núcleo de Políticas Globais) da gerência de relações estratégicas internacionais  da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas, responsável pela coordenação do trabalho, com o apoio do Portfólio de Mudança do Clima. A ILPF, por exemplo, é citada como a responsável por contribuir com a segurança alimentar e o desenvolvimento socioeconômico. A agricultura de precisão e a tecnologia baseada em ciência são reconhecidas por elevarem a produtividade e reduzirem em 50% o preço dos alimentos. O conjunto da obra contribui para a segurança alimentar, o desenvolvimento sustentável e a renda dos agricultores. O secretariado da UNFCCC destaca no texto que a produtividade brasileira aumentou 386% e a área agrícola apenas 83%. Isso significa a preservação de 120 milhões de hectares de floresta. “A chave para isso foi o investimento do Brasil em políticas públicas relevantes e tecnologia de base científica”, diz o texto, ressaltando a promoção da agricultura, baseada na intensificação sustentável, a inovação tecnológica, a adaptação às mudanças climáticas e a conservação dos recursos naturais. Ainda de acordo com o relatório, “o Brasil pretende continuar esses esforços e usar oportunidades de cooperação intercâmbio de conhecimento e apoio multilateral como estratégias-chave para alcançar o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar”. De acordo com Mozzer, no ano passado foram encaminhadas duas submissões ao processo de negociação na UNFCCC. Uma delas sobre temas relacionados à pecuária e aspectos socioeconômicos dos sistemas de produção agrícola e a segunda com foco no diálogo sobre terra e oceanos, e do reforço de ações voltadas à mitigação e adaptação às mudanças do clima que ocorreu durante a COP (Conferência das Partes) virtual no final de 2020. O resultado do trabalho, coordenado pela Polg, assegura que os componentes científicos estratégicos para agricultura nacional e para a Embrapa sejam incorporadas como elementos das negociações relacionadas à agricultura no contexto da negociação internacional sobre mudança do clima. “Em alinhamento aos interesses nacionais, isso tem dado visibilidade e o devido reconhecimento aos fundamentos científicos que caracterizam a tecnologia agrícola tropical desenvolvida pela Embrapa e outras instituições parceiras”, afirma Mozzer. “Em consequência, caminhamos para um reconhecimento do potencial de sustentabilidade do produto agrícola nacional.” Fonte: Forbes com Embrapa e curadoria Boi a Pasto.

Bem-estar animal: sombra é essencial em regiões de clima quente

O conforto térmico é um dos requisitos que garantem, além do bem-estar, a sustentabilidade e o sucesso da atividade pecuária em regiões de clima quente. Com a crescente preocupação do mercado consumidor – principalmente o europeu – em relação ao bem-estar animal, os produtores rurais devem ficar cada vez mais atentos ao modo como os animais são tratados dentro das propriedades. A produção animal no Brasil concentra-se basicamente na região intertropical, onde existe a maior incidência de radiação solar, o que pode causar efeitos prejudiciais, tanto na produção e na sanidade, quanto na reprodução. “Quando falamos em produção animal a pasto nos trópicos, considerando-se as mudanças climáticas e a perspectiva de aumentar ainda mais a temperatura do ambiente, é preciso tomar alguns cuidados para evitar esses efeitos prejudiciais aos animais”, destaca a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Fabiana Villa Alves. Há raças bovinas mais ou menos adaptadas ao calor. As taurinas, em geral, são pouco adaptadas a climas quentes e, por isso, as que mais sofrem os efeitos prejudiciais de altas temperaturas no ambiente. “Por outro lado, o nelore, pertencente às raças zebuínas, é um animal considerado adaptado a esse tipo de clima. Algumas características, como a cor da pele e do pelo, e a grande quantidade de glândulas sudoríparas muito eficientes, auxiliam-no a tolerar bem o calor”, diz a pesquisadora. Entretanto, ela explica que mesmo sendo adaptados, sofrem em períodos prolongados com altas temperaturas por se tratarem de animais homeotérmicos, que devem manter a temperatura “ótima” para realizar as funções fisiológicas normalmente. Quando essa temperatura começa a aumentar ou diminuir, eles precisam usar alguns mecanismos para retorná-la àquela considerada normal. Os animais têm diferentes faixas de temperaturas consideradas de conforto térmico. Para os taurinos, essa faixa é de até 27 graus. O zebuíno suporta um pouco mais, mas a temperatura máxima de conforto é de 35 graus. “No inverno, no Centro-Oeste, são facilmente registradas temperaturas, ao sol, próximas a essa. Então, dependendo da raça e da adaptabilidade, o animal fica ofegante, aumenta a temperatura retal e os batimentos cardíacos para tentar dissipar esse calor e voltar à temperatura ótima. Mas todo mecanismo que ele usa para isso demanda gasto de energia, o que pode refletir em queda de produtividade”, lembra Fabiana. Para deixar os animais na zona de conforto térmico, ela lembra que são necessárias modificações ambientais, conforme o sistema de produção. Para os confinados é possível colocar aspersores de água, cortinas e sistemas de ventilação. Para animais a pasto, a medida mais eficiente é oferecer sombra, que pode ser tanto artificial (sombrite 70%), quanto natural. Esta última, dada pela introdução de árvores, é a mais barata e eficiente, além de trazer outros benefícios agregados como aumento de biodiversidade, diversificação da renda e alimento para os animais. “A sombra natural é mais eficiente porque a árvore, além de bloquear a radiação solar, cria um microclima embaixo daquele ambiente com sensação térmica mais agradável. Assim, é oferecida uma condição de melhor conforto térmico, por se tratar de um ambiente com menor temperatura e, com isso, é possível promover o bem-estar do animal”, acrescenta a pesquisadora. Segunda ela, a espécie da árvore a ser usada depende de alguns fatores. Por exemplo, em sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) na região Centro-Oeste, o eucalipto é muito utilizado devido às condições de solo (ácido e com baixo teor de argila) e ao mercado consumidor existente para celulose, madeira e carvão. Na Embrapa Gado de Corte, vêm sendo realizados estudos para caracterizar quantitativa e qualitativamente tipos de sombra de diferentes espécies de árvores, e quantificar o benefício proveniente dela para os animais. A expectativa é que os resultados sejam divulgados dentro de três anos.  Fonte: Embrapa Gado de Corte. Foto: João Costa (Embrapa)

A arte da carne bovina

Alimentar o mercado da carne bovina requer muito trabalho e muitos investimentos em genética, nutrição, sanidade e manejo dos animais, para que assim possa atingir seu objetivo: produção de animais sadios, precoces – em um menor espaço -, numa escala uniforme e de um modo extremamente sustentável, em que é respeitado o bem-estar dos animais e o ambiente. *Leandro Cazelli Alencar Na maioria das vezes, quando nos deparamos nas gôndolas dos supermercados ou dos açougues com os diversos cortes de carne bovina, não sabemos do trabalho que foi realizado para que possamos comprar um corte específico, principalmente o trabalho que é feito no campo, conhecido como pecuária. Consequentemente, essa mesma atividade se desdobra para outras que, posteriormente, irão suprir as necessidades de manutenção da vida de milhões de pessoas, formando o complexo do mercado da carne bovina. Alimentar o mercado da carne bovina requer muito trabalho e muitos investimentos em genética, nutrição, sanidade e manejo dos animais, para que assim possa atingir seu objetivo: produção de animais sadios, precoces – em um menor espaço -, numa escala uniforme e de um modo extremamente sustentável, em que é respeitado o bem-estar dos animais e o ambiente. Deste modo é possível obter desses animais carne de qualidade em todos os fatores. Quando me refiro à qualidade de carne, relaciono todos os aspectos intrínsecos à carne bovina e suas características organolépticas, como cor, odor, sabor, maciez, suculência, aparência, segurança alimentar, entre outros. Sem dúvida, todos esses aspectos podem ser alterados e, consequentemente, interferir na qualidade da carne bovina. No momento de saborearmos uma bela carne, nós avaliamos principalmente sua maciez, sabor, suculência e aspecto. Eu ressalto duas características que são prioritárias em relação a essas já mencionadas: sanidade e a segurança alimentar. Temos a obrigação de comprar carnes que são inspecionadas por órgãos federais/estaduais/municipais, já que esta ação é o que garante a qualidade do produto. Quando nos referimos à maciez, já é sabido que quanto mais novo é o animal, mais macia será sua carne. Raça, genética, nutrição e manejo podem contribuir ainda mais para essa qualidade. Já o sabor é uma característica cuja contribuição vem da cobertura de gordura e está relacionada também a nutrição, raça e condição sexual do animal. Temperatura e processo de cozimento pode influenciar também, pois quanto maior o tempo de cozimento e maior a temperatura, maior será a degradação das proteínas e a perda das substancias voláteis. É importante ressaltar que o tipo de dieta ou da alimentação que o animal foi submetido podem interferir no sabor da carne. Sendo assim, os animais criados exclusivamente a pasto possuem melhor aceitação do mercado, tanto em relação a sustentabilidade quanto na questão do sabor. A suculência, por sua vez, está envolvida com genética, ressaltada principalmente por animais de raças que possuem um alto índice de marmoreio (gordura intramuscular). Já o aspecto da carne envolve a cobertura de gordura, pois, durante o resfriamento, se a carne não tem capa de gordura, ela pode sofrer desidratação e choque térmico, alterando essa característica. Uma etapa muito importante do processo produto, que pode alterar todas as características organolépticas citadas anteriormente, é o rigor mortis, que nada mais é do que a conversão do músculo em carne. Mesmo com o abate do animal, os músculos permanecem “vivos” e, após um conjunto de reações bioquímicas e biofísicas, eles se transformam em carne propriamente dita. Este processo pode ser influenciado de acordo com o manejo pré-abate, que contribui para alteração da carne e da qualidade final da mesma. Importância Os componentes da carne bovina são proteínas, minerais, vitaminas, lipídios e água e seu consumo é essencial para a manutenção de nossas vidas, suprindo nossas necessidades diariamente. Assim, podemos refletir que a atividade da bovinocultura de corte junto com produção de carne é, de fato, uma arte e o principal protagonista desse trabalho, que tem poder para demandar alimentos cada vez com mais qualidade, somos nós, os consumidores. *Leandro Cazelli Alencar é médico veterinário e atua com pecuária de corte e leite na República do Congo, África. Fonte: Rural Centro

Tecnologias poupa-terra preservaram mais de 70 milhões de hectares em áreas plantadas com soja no Brasil

Estudo recente da Embrapa comprovou que o uso de tecnologias sustentáveis na agricultura é capaz de gerar economia de terras de cultivo da ordem de milhões de hectares. Somente no caso da soja, o uso dessas tecnologias, que incluem sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta (ILPF), plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, uso de bioinsumos incluindo controle biológico de pragas, entre várias outras, foi capaz de gerar uma economia de 71 milhões de hectares de áreas plantadas, o que corresponde à soma dos territórios de Irlanda e França. Outros exemplos aliam-se a esse, como os da avicultura de corte e da produção de suínos, nas quais o progresso tecnológico obtido entre as décadas de 1970 e 2000 levou à economia de 1,55 e 1 milhão de hectares, respectivamente. O estudo, capitaneado pela Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, contou com a participação de mais de 50 pesquisadores e analistas representando nove unidades de pesquisa da Empresa (veja quadro abaixo). Os dados, oriundos de pesquisas e estudos desenvolvidos ao longo das últimas décadas, geraram a publicação Tecnologias Poupa-Terra 2021, recém-lançada em comemoração ao 48º aniversário da Embrapa. As tecnologias poupa-terra são aquelas adotadas pelo setor produtivo, de baixo ou alto custo, que permitem incrementos sustentáveis na produção total em uma mesma área e, graças ao seu uso, evita-se a abertura de novas áreas para produção agropecuária. Práticas conservacionistas, como o plantio direto, o manejo e a conservação do solo e dos recursos hídricos, podem ser caracterizadas como práticas poupa-terra, uma vez que aumentam a produtividade de modo sustentável. “O Brasil já conta com uma série de sistemas e tecnologias sustentáveis que podem ser consideradas estratégias poupa-terra em franca adoção para os principais  sistemas produtivos agropecuários do País”, declara o engenheiro-agrônomo da Embrapa Samuel Telhado, coeditor técnico da publicação. Na visão do diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Guy de Capdeville, uma das principais vantagens das tecnologias poupa-terra é que atendem a produtores de todos os portes: pequeno, médio e grande. “Trata-se de modelos extremamente democráticos e que têm alcançado resultados impressionantes em todos os biomas brasileiros”, complementa Capdeville, que também é editor técnico da publicação. O diretor ressalta o impacto das tecnologias poupa-terra na produção de soja. Na safra de 2019/2020, foram produzidos 251 milhões de toneladas de grãos em uma área de 65,8 milhões de hectares. A contribuição da soja para esse montante foi de 120,9 milhões de toneladas em 36,9 milhões de hectares, o que representa uma produtividade de aproximadamente três quilos por hectare. A leguminosa responde por 3,6% dos empregos gerados pelo agro no Brasil. “Se nos reportarmos à década de 1970, sem a tecnologia existente hoje para produção de soja no Brasil, para manter esses índices de produtividade, seria necessário expandir a área em 195%, ou seja, praticamente o triplo do que temos hoje. Com a ciência e as tecnologias poupa-terra conseguimos preservar uma área de 71 milhões de hectares”, acrescenta Capdeville. Impactos das tecnologias poupa-terra na produção de frutas e algodão As tecnologias poupa-terra têm impacto significativo na exportação de frutas. Dados de 2018 apontam que a produção mundial de frutas é de cerca de 930 milhões de toneladas em pouco mais de 80 milhões de hectares. A contribuição brasileira é de 42,4 milhões de toneladas, ou seja, 4,6% do total em uma área 2,5 milhões de hectares. Para cada hectare cultivado com frutas, em média dois empregos são criados, totalizando cinco milhões de empregos. As principais tecnologias sustentáveis utilizadas na produção de frutas são: melhoramento genético, produção integrada, gestão da cobertura do solo, manejo de água e nutrientes, controle de pragas e doenças e gestão pós-colheita. Segundo o diretor de P&D da Embrapa, a estimativa do efeito poupa-terra na produção de frutas para exportação, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta para um aumento de produtividade de 64% entre a década de 1990 e o ano de 2018. “O que mais salta aos olhos é a área poupada em 2018, que foi superior a 900 mil hectares”, enfatiza. O cultivo de 11 fruteiras – laranja, banana, melancia, manga, limão, uva, maçã, melão, tangerina, abacaxi e mamão – corresponde a aproximadamente 38% da área cultivada no Brasil. Com o algodão, em cerca de quatro décadas, a produção mais do que triplicou enquanto a área plantada encolheu a menos da metade. Entre os anos de 1976 e 2019, a produção cresceu de 1,2 milhão para 4,3 milhões de toneladas, enquanto a área foi reduzida de quatro milhões de hectares para 1,7 milhão. “Esse resultado é fruto de várias tecnologias, entre as quais se destacam: cultivares melhoradas geneticamente, plantio direto, que abrange técnicas sustentáveis de manejo do solo, e o cultivo do algodão em sistemas ILPF, entre outras”, acrescenta Telhado. Tecnologias em forma de livro A publicação Tecnologias Poupa-Terra 2021 é resultado de um esforço conjunto entre a Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa e 56 pesquisadores e analistas de nove unidades de pesquisa da Empresa (Agroindústria Tropical, Algodão, Café, Gado de Corte, Mandioca e Fruticultura, Milho e Sorgo, Semiárido, Soja e Suínos e Aves). Editada pelo engenheiro-agrônomo Samuel Telhado e pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Guy de Capdeville, a obra é dividida em nove capítulos e tem como objetivo apresentar aos mais diversos públicos no Brasil e no exterior (será traduzida para o inglês) as estratégias e tecnologias poupa-terra adotadas no País e seus impactos para a agricultura brasileira. Segundo o diretor, “a adoção de um considerável número de tecnologias em várias frentes do processo produtivo tem permitido produzir altos volumes, com alta qualidade, de forma sustentável sob todos os aspectos, além de permitir que as florestas do País sejam protegidas tanto nas propriedades agropecuárias quanto em áreas nativas”. As tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e parceiros garantem à agricultura um efeito poupa-terra nas mais diversas cadeias do agro brasileiro. Capdeville relata que os dados apresentados na publicação foram obtidos ao longo de décadas, o que traz robustez aos resultados divulgados no documento. A expectativa, segundo o diretor, é evidenciar

5G vai permitir que máquinas agrícolas – conversem entre si –

A tecnologia foi uma das responsáveis por revolucionar as máquinas agrícolas nos últimos 40 anos e transformar o Brasil num dos principais fornecedores de alimentos do mundo, e vai alçar o país a patamares ainda mais altos com a internet móvel de quinta geração. O impacto do 5G nas máquinas agrícolas será considerável, além de agregar aos processos novos equipamentos. A tecnologia vai possibilitar, por exemplo, a transmissão em tempo real de imagens em alta definição de plantações para acompanhamento a distância de uma equipe técnica, automação de processos, acompanhamento em tempo real das condições climáticas e análises do solo e saúde do que está plantado. Em um exemplo prático, sensores conectados ao 5G podem medir a temperatura e avaliar as condições hídricas imediatamente na plantação, permitindo que os agricultores possam acionar a irrigação em uma determinada área, mesmo estando a quilômetros de distância. Ações como essa reduzem custos e ajudam a diminuir perdas na produção. Pedro Estevão, vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), explica que a digitalização na agricultura eleva a produção de dados e, com isso, eleva também a capacidade de fazer gestão de frota e gestão agronômica, o que aumenta a produtividade como um todo. “Hoje tem a Internet das Coisas e a experiência da digitalização só está começando. Depois de se aprofundar, abre a possibilidade de máquinas autônomas, máquinas inteligentes que captam dados da operação e do meio ambiente. Ela utiliza o próprio banco de dados dela ou vai na rede e verifica o banco de dados fora da máquina e toma decisão autônoma. Então, é um mundo de possibilidades”, destaca o vice-presidente da Abag. “Todas elas visam melhorar a produtividade, seja no sentido de economizar combustível, economizar insumos, defensivos, fertilizantes, ou fazer uma operação melhor e ajudar o meio ambiente. Você tem uma maior produtividade do maquinário em geral.” A fim de otimizar a operação no campo, muitas máquinas agrícolas já estão sendo fabricadas preparadas para a Internet das Coisas (IoT), com sistemas informatizados que conversam entre si. Essas máquinas captam as informações de vários processos e outros maquinários e as correlacionam para gerar dados e análises a fim de melhorar as aplicações e eficiência. Mesmo que o 5G esteja apenas começando no Brasil, a indústria do setor já produz sistemas que utilizam computadores de bordo, GPS agrícola, sistemas de controle automáticos e telemetria avançada. Cláudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas (Simers), conta que já foram feitos avanços com o 4G e a entrada da quinta geração de internet móvel vai revolucionar a maneira com que se faz agricultura. “Quanto mais tecnologia nós tivermos no campo, mais tecnologia nós vamos imprimir nas nossas máquinas. Nós estamos caminhando para que colheitadeiras trabalhem sem operadores, isso não está muito longe. Isso vai ser um ganho muito grande para a agricultura. Imagine, o cara está na fazenda dele, no escritório, e poderá manejar as máquinas para que elas trabalhem sem operador”, vislumbra Bier. Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel) explica que o 5G tem o potencial de mudar o setor produtivo como um todo, tanto na cidade como no campo. “Você vai ter uma indústria que vai trabalhar com 5G, esse já vai poder operar um equipamento à distância, seja um drone, um semeador, seja uma máquina agrícola, se ele já tiver acesso ao 5G. Aquelas indústrias que se prevalecem de meios mecânicos, automatizados para fazerem seu processo produtivo se aproveitam do 5G na medida em que estão presentes”, destaca o presidente da Abrintel. Tecnologia no campoA evolução da indústria de máquinas agrícolas desempenhou papel fundamental no avanço do agronegócio brasileiro, transformando o Brasil de importador a um dos maiores fornecedores de alimentos em apenas 50 anos. Os primeiros tratores e colheitadeiras foram introduzidos em nossos campos entre 1959 e 1966 e a mecanização fez com que o setor se tornasse um dos mais importantes para a economia brasileira. A tecnologia continua ditando o mercado. Segundo Cláudio Bier, a renovação do parque de máquinas agrícolas, na década de 1980, ocorria a cada 16 anos. Hoje, ele ocorre mais cedo, já que os agricultores precisam acompanhar a evolução dos modelos e otimizar os processos. “Hoje a vida média de uma máquina é de dez anos, ou seja, o agricultor está trocando para buscar novas tecnologias”, explica. A organização e o intenso processo de modernização das cadeias produtivas do agronegócio, incluindo as novas tecnologias e máquinas agrícolas, fizeram com que o setor ganhasse ainda mais relevância em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do agronegócio brasileiro cresceu 8,36% em 2021. Diante do bom desempenho, o setor alcançou, no ano passado, participação de 27,6% no PIB, a maior desde 2004, quando foi de 27,53%. Em valores monetários, o PIB brasileiro totalizou R$ 8,6 trilhões em 2021, sendo que o agronegócio representou mais de R$ 2,3 trilhões. A tendência é de um aumento ainda mais significativo nos próximos anos, principalmente nas exportações. De acordo com dados da Embrapa, a participação do Brasil no mercado mundial de alimentos saltou, na última década, de US$ 20,6 bilhões para US$ 100 bilhões. A produção de grãos, por exemplo, em 20 anos (2000 a 2020), cresceu 210%, enquanto a mundial aumentou 60%. Fonte: Site Barra Curadoria: Boi a Pasto

Tecnologia nas sementes melhoram eficiência do plantio das pastagens

Produtor de Jaciara, em Mato Grosso, aposta na qualidade dos pastos para aumentar lotação da fazenda. Os números sempre fizeram parte da rotina do produtor Ricardo Loto. Formado em economia, ele que é um dos donos da Fazenda Nossa Senhora da Aparecida, que fica localizada em Jaciara no sul mato-grossense, trocou a agitação do mercado financeiro pela vida mais tranquila no campo para ajudar o pai a tocar um novo projeto na propriedade da família. A ideia era tornar a fazenda de cerca de 4.200 hectares mais eficiente e rentável e a experiência de Loto com os números foi fundamental nesse processo. Ele que atualmente é o gestor e responsável pela administração geral, assumiu a missão de ver onde poderiam ser mais produtivos. A propriedade que cria ovinos e equinos, tem como carro chefe a recria e a engorda de bois (machos). “Já fizemos cria também, mas por uma questão de mercado resolvemos focar na recria e engorda”, destaca o produtor. Atualmente a estratégia da Nossa Senhora da Aparecida é bem definida. No ano, o giro é de cerca de 5.400 animais, que são recriados a pasto e terminados em semiconfinamento e confinamento. Para esse projeto dar certo, o administrador percebeu que o cuidado com as pastagens seria fundamental na engorda da boiada, pois era preciso alimentação de qualidade. Cientes dessa necessidade e após muitas pesquisas no mercado, há pouco mais de um ano fizeram os primeiros testes com os produtos da Soesp – Sementes Oeste Paulista, e deu certo. Com bons resultados, de lá para cá não pararam mais de usar. Entre as variedades adotadas estão desde Panicum Mombaça, e BRS Zuri até Brachiarias como Marandu e BRS Ipyporã. “A qualidade da semente e a tecnologia nela embarcada nos surpreendeu muito positivamente”, ressalta Loto. As sementes Soesp são dotadas da tecnologia exclusiva Advanced, que tem como objetivo produzir pasto de altíssima qualidade, acompanhando as necessidades dos sistemas agropecuários. As sementes que recebem o tratamento Advanced são blindadas e ganham diversos benefícios para melhorar a produtividade no campo, entre elas: alta pureza, maior plantabilidade e uniformidade, não rompem o tratamento no plantio, resistência ao estresse hídrico e já vêm tratadas com um inseticida e dois fungicidas. Este tratamento segue protegendo a semente de cupins, formigas, fungos, até sua germinação, dispensando a manipulação de agroquímicos na propriedade. “O que me fez escolher a Soesp foi a tecnologia da semente, a questão da blindagem e revestimento. A proteção da semente mesmo que fique um tempo sem chuva e volte a chover ela brota com a mesma qualidade, esse foi o ponto que mais me atraiu e despertou atenção, toda a tecnologia que vem nela”, afirma o produtor. Facilidade no plantio     Atualmente na Nossa Senhora da Aparecida o plantio é realizado da forma convencional com adubadora a lanço (tipo Vicon). Antes de utilizarem os produtos da Soesp, quando a fazenda trabalhava com sementes não tão puras, era necessário realizar mais de uma operação, ou seja, um trator com a Vicon semeando e um outro trator para “cobrir a semente” com a grade niveladora. Quando a fazenda passou a utilizar a tecnologia da Soesp, os proprietários perceberam que poderiam utilizar apenas um implemento simples, que hoje várias empresas têm no mercado. Um equipamento que vai na frente do trator (uma plantadeira elétrica) proporcionou fazer as duas operações com apenas um trator. “Pela mecânica da máquina com uma semente suja e nem tão pura não é possível fazer isso. Operacionalmente nos facilitou muito, plantamos hoje com mais eficiência e com uma economia bem maior”, cita o economista. De olho no futuro Agora a fazenda se prepara para através de suas tecnologias ser ainda mais eficiente. Segundo Loto, no projeto de futuro traçado, a ideia é aumentar o número de animais recriados e terminados na fazenda. “Hoje abatemos um volume baixo de animais terminados em confinamento, algo em torno de 25%. Queremos melhorar a estrutura física do confinamento para chegar até 50%, aumentar o número de animais confinados e abatidos na propriedade”, destaca. O primeiro passo dessa estratégia foi dado, com as reformas de pastagem já realizadas na propriedade esse ano, os produtores pretendem chegar a um rebanho de 6 mil animais e em até dois anos atingir 7 mil cabeças. “Estamos avaliando cada ano, sempre com os pés firmes no chão principalmente por conta da reposição que está muito complicada. Estamos bem otimistas, temos boas tecnologias, o mercado está bem aquecido, e queremos crescer de forma saudável”, diz o produtor. Além da fazenda de Jaciara, recentemente em outra propriedade da família, Loto e seu pai estão implantando um projeto de Integração Lavoura Pecuária (ILP). A ideia é no mesmo espaço ter uma produção mais sustentável, eficiente e rentável. “Este projeto ainda está em fase de implantação, mas temos grandes expectativas de retorno a médio e longo prazo”, finaliza o gestor. Soesp – A Sementes Oeste Paulista atua há 34 anos no mercado de sementes de pastagem. Voltada à produção, beneficiamento, comercialização e desenvolvimento de novas tecnologias tanto para pecuária como para agricultura de baixo carbono. A empresa desenvolveu a tecnologia Soesp Advanced, uma semente diferenciada que traz diversos benefícios no plantio e estabelecimento do pasto, além de se adequar perfeitamente ao sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Acesse www.sementesoesp.com.br.

Pesquisas apontam formas de evitar síndrome da morte da braquiária no MT

Pesquisas realizadas pela Embrapa apontam alternativas para os pecuaristas que sofrem com a síndrome da morte da braquiária, um dos principais responsáveis pela degradação de pastagens em Mato Grosso. Estima-se que dos 25,8 milhões de hectares com plantas forrageiras do estado, mais de 2 milhões de hectares apresentem algum tipo de mortalidade, sendo este problema responsável por boa parte dos danos. A síndrome, também chamada de morte súbita, é conhecida desde a década de 1990, quando começou a ocorrer no estado do Acre. Ela acomete, sobretudo, as pastagens com a Brachiaria brizantha cv. Marandu (braquiarão ou brizantão). O problema é comum na região Norte do país e em algumas áreas do Centro-Oeste mais próximas da Amazônia, como o norte de Mato Grosso. Estes locais possuem um regime intenso de chuvas, passando dos 2.000mm anuais, e solos mal drenados ou de baixa permeabilidade. Desta forma, ocorre o alagamento ou encharcamento do solo, reduzindo a oxigenação das raízes do brizantão. Como esta planta tem baixa adaptação a estas condições, fica mais suscetível ao ataque de fungos causadores de doenças presentes no solo. A ação destes microrganismos faz com que as folhas fiquem amareladas e murchem, o que resulta na mortalidade em touceiras e em grandes reboleiras. De acordo com o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Bruno Pedreira, são dois os motivos para que o problema tenha se intensificado nos últimos anos. O primeiro é a mudança no uso da terra na região e o segundo é a mudança da relação entre os patógenos (fungos e a planta). “Tínhamos floresta densa, com alta diversidade. Isso foi retirado e hoje temos áreas contínuas de monocultivo de pastagens. As raízes exploravam cinco a dez metros de profundidade, enquanto hoje exploram de 20 a 30 centímetros. Isso fez com que a dinâmica de água no perfil do solo se alterasse ao longo dos anos. Além disso, houve redução na biodiversidade, o que fez com que a relação fungo/hospedeiro ficasse mais próxima e quando eles encontram uma planta suscetível, junto a um ambiente favorável, resulta no problema”, explica. Alternativas De acordo com Bruno Pedreira, a única alternativa para evitar a morte da braquiária é a substituição do capim Marandu nas áreas onde o problema ocorre. Para dar maior subsídio ao produtor no momento da escolha de qual forrageira utilizar nessa substituição, foi desenvolvida nos últimos três anos uma pesquisa que buscou validar o conhecimento existente sobre a síndrome e testar o comportamento de diferentes materiais em três Unidades de Referência Tecnológica nos municípios de Terra Nova do Norte, Nova Guarita e Alta Floresta (MT). Em termos de desempenho em acúmulo de forragem, os capins do gênero Panicum, como Mombaça e Tanzânia, com aproximadamente 30 e 22 toneladas/ha respectivamente, obtiveram o melhor resultado na avaliação feita na Fazenda Maringá, em Alta Floresta. Entretanto, o pesquisador ressalta a necessidade de adequar o sistema de produção quando estes materiais são utilizados. “Quanto maior a produção, mais estacional é a planta. Ou seja, significa que ela produzirá pouco durante a seca e será necessário ter outras fontes de alimento na fazenda”, explica o pesquisador. Os capins Xaraés, Piatã, Massai, Llanero e Mulato II ficaram num segundo patamar, variando a produção de forragem entre 18 e 16,8 toneladas/ha. O Marandu teve a menor produtividade, com 12,2 toneladas/ha, ficando atrás da Ruzizienses e do Estrela. Os testes mostraram ainda que além do Marandu, o Piatã e o Mulato II apresentaram o problema da síndrome da morte da braquiária, o que mostra que eles também não seriam indicados para a substituição do braquiarão nos locais com a mortalidade. O pesquisador Bruno Pedreira ressalta ainda que ao fazer a substituição, o pecuarista deve diversificar as plantas forrageiras. O uso de várias espécies traz maior segurança, reduzindo a chance de insucesso. “Não se recomenda que um capim seja plantado em mais de 40% da área de uma propriedade, portanto, é aconselhável a utilização de pelo menos três plantas forrageiras numa propriedade. No caso dos capins, esses sempre devem ser plantados em pastos diferentes, isto é, não se deve misturar mais de um tipo de capim no mesmo piquete”, alerta Pedreira. Zoneamento Outra ferramenta que irá ajudar o pecuarista mato-grossense a evitar perdas é o zoneamento edáfico das áreas de risco da ocorrência da síndrome da morte da braquiária. Este trabalho acaba de ser lançado pela Embrapa e irá orientar sobre as áreas com maior chance de haver o problema. Para elaboração deste zoneamento foi feita uma interpretação de características de solos relacionadas à baixa permeabilidade e excesso de água, com base em mapas pedológicos da Amazônia Legal, o levantamento do uso de solo e da cobertura vegetal em Mato Grosso, o regime pluvial de cada região e ainda foram realizadas duas expedições a campo para identificar pontos de ocorrência de morte do capim Marandu. O resultado é um mapa que aponta o risco de ocorrência da síndrome em cada região de Mato Grosso, orientando as decisões do produtor. “Identificar as áreas com risco de ocorrência é a primeira informação que o pecuarista precisa para definir qual forrageira usar em sua propriedade. A partir daí entram as informações sobre qual cultivar é mais indicada para a substituição e quais técnicas usar para fazer a reforma da pastagem”, afirma o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente e responsável pela elaboração do zoneamento, Celso Manzatto. Os dados do zoneamento mostram que 29,5% das áreas usadas em atividades agropecuárias em Mato Grosso têm risco forte ou muito forte de apresentarem a síndrome da morte da braquiária. Isto equivale a 26,5 milhões de hectares que estão em sua maioria situados na Amazônia mato-grossense. “Em regiões como o noroeste do estado o problema é grave. Isso deverá mudar a forma de uso da terra. São quase 20 anos usando o mesmo capim e, partir de agora, os produtores terão de lançar mão de outras forrageiras. Para viabilizar financeiramente, terão de usar outras estratégias na reforma, como o uso de culturas anuais. Nestas regiões com risco muito forte a forma de uso terá de

Produtores devem fazer manejo correto para evitar a tripanossomose

Doença normalmente é transmitida por moscas, uso indevido de seringas e agulhas tem contaminado animais. Produtores rurais de todo o Brasil devem evitar o manejo inadequado de seringas e agulhas para que o rebanho não seja contaminado com a tripanossomose, doença causada por um protozoário e que apresenta sintomas como perda de peso, fraqueza e podendo até levar o animal à morte. Em Minas Gerais, a doença tem afetado vacas leiteiras. A principal evidência até o momento é devido ao uso inadequado das seringas e agulhas para a aplicação de ocitocina, hormônio que estimula a produção de leite. Produtores têm utilizado a mesma seringa e a mesma agulha – que são descartáveis – em vários animais, o que tem contribuído para a disseminação do protozoário. Por isso, de acordo com a responsável pelo Serviço de Informação Zoosanitária do Departamento de Saúde Animal, Daniela Pacheco Lacerda, é importante que os produtores se conscientizem e utilizem corretamente as seringas e as agulhas para evitar a contaminação dos animais, não somente pela tripanosomose, como também por outras doenças. “A tripanosomose normalmente é transmitida mecanicamente por vetores hematófagos, que picam o animal e passam a doença. Nos casos recentes de Minas, as investigações epidemiológicas indicam que a doença tem sido disseminada pelo manejo incorreto de seringas e agulhas”, disse. A tripanosomose é uma doença endêmica no Brasil, apresentando um aumento de casos esperado nas épocas chuvosas, quando os vetores – moscas hematófagas – se proliferam. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) não considera a doença uma emergência sanitária. A ocorrência em Minas Gerais também não preocupa o mercado externo. “Os dados oficiais não indicam um surto generalizado. Trata-se de uma situação específica, localizada em uma região e em uma determinada categoria de produção, cujo fator determinante tem sido o uso de práticas sanitárias inadequadas. A melhor forma de controle e prevenção nesta situação é a conscientização dos produtores para a correção dessas práticas, utilizando-se seringas e agulhas estéreis para cada animal, de forma a impedir a transmissão dessa e outras doenças”, explicou Daniela. Fonte: MAPA

Novilhas de corte: condição corporal visando empenho reprodutivo

O empenho em ganho de peso em fêmeas de corte é importante para todo o ciclo reprodutivo das futuras matrizes. Gustavo Melo e Vitoriano Neto* Da desmama até a fase de reprodução, o ganho de peso é fundamental para novilhas expressarem todo potencial reprodutivo e estarem aptas. Para animais da raça Nelore, isso significa pesar 300 kg aos 24 meses de idade. Em um diagrama da evolução dos pesos e respectivos ganhos pode-se determinar qual o ganho de peso em cada categoria para que este objetivo seja alcançado: No diagrama, observa-se que a fase de recria consiste em, aproximadamente, 510 dias, ou seja, 17 meses (720 dias na concepção – 210 dias na desmama). Neste exemplo, a fêmea desmamou com 180 kg e chegou à idade reprodutiva (24 meses) com 300 kg. Foi necessário um ganho de 235 gramas por dia para que a meta fosse alcançada. Atingir este desempenho parece simples, porém é necessário destacar que este animal provavelmente passará, na fase de recria, por dois períodos de seca e um de chuvas. Na maioria das regiões centrais do Brasil, o primeiro período de seca coincide com o momento pós-desmama. Portanto, ações estratégicas de suplementação devem ser traçadas para a primeira e a segunda seca, de acordo com a condição em que animais estão entrando em cada um destes períodos. A suplementação pode ser baseada em misturas múltiplas de baixo a médio consumo (0,1% a 0,2% do peso vivo, respectivamente) de acordo com a condição dos animais e das pastagens. As partir do momento que as novilhas se tornam aptas à estação de monta, deve-se preocupar em mantê-las com um desempenho de ganho de peso para que concluam a estação de reprodução e atinjam a parição com um escore de condição corporal acima de 3 em uma escala de 1 a 5. Para isso, algumas estratégicas de manejo e de suplementação também podem ser utilizadas como, por exemplo, a manutenção desta categoria apartada e privilegiada quanto à qualidade e quantidade dos pastos ofertados. Em relação à suplementação, é importante avaliar os suplementos (misturas múltiplas ou proteinados) que façam com que estes animais atinjam as metas de desempenho citadas anteriormente. Garantir uma condição corporal adequada para as novilhas prenhes (escore 3) é essencial para que estes animais, ao parirem, possam ser trabalhadas rapidamente e de forma eficaz visando a estação de monta subsequente. *Gustavo Melo e Vitoriano Neto são médicos veterinários da Equipe Rehagro Fonte: Rehagro / Rural Centro