julho 27, 2024

Rio Grande do Sul terá Selo Verde para proteína animal

O Rio Grande do Sul caminha para instituir um selo verde para as cadeias de produção de proteína animal. A confirmação para a certificação aconteceu ao final da primeira edição do Seminário RS Carbon Free. O compromisso com o equilíbrio ambiental deverá se iniciar pelo levantamento dos indicadores e das metas.

Nova marca-conceito, Carbono Nativo, promove valorização de sistemas silvipastoris

Além de ser um pilar econômico, essa atividade desempenha um papel importante na mitigação das mudanças climáticas, oferecendo serviços ecossistêmicos significativos. O compromisso do Brasil em reduzir as emissões de gases de efeito estufa resultou na implementação do “Plano ABC” em 2010, uma política pública voltada para uma agricultura de baixa emissão de carbono.

Desafios e Projeções do Mercado de Carbono

Com regulamentação ainda em curso no Brasil, a comercialização dos créditos de carbono é uma fonte promissora de renda para agricultores e pecuaristas ainda praticamente inexplorada pelo agronegócio no Rio Grande do Sul. Atualmente, a venda de créditos de carbono ocorre, principalmente, no chamado mercado voluntário (alternativo), uma vez que não há regulamentação formalizada nacionalmente.

Inédita no Pantanal, certificação de créditos de carbono garante conservação de 135 mil hectares que abrigam o maior felino das Américas

O primeiro projeto certificado para a emissão de créditos de carbono na região do Pantanal foi anunciado nesta terça-feira (30) em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Formando um corredor de biodiversidade para a onça-pintada e outras dezenas de espécies animais em uma área de 135 mil hectares – equivalente a cerca de 200 mil campos de futebol –, o lançamento é a primeiro iniciativa REDD+ com emissão de créditos de carbono no bioma.

Como se justifica a prospecção de petróleo em plena bacia amazônica quando as energias limpas e renováveis já são uma realidade?

O presidente Lula não deve estar conseguindo dormir direito, apesar de sua cama ultraconfortável que custou aos cofres públicos a bagatela de R$ 42 mil reais. Isso porquê, neste mês de maio, não páram de pipocar notícias antagônicas ao seu plano de Governo. A penúltima, da semana passada, veio da Petrobrás que submeteu ao Ibama um pedido de autorização para perfuração de poços de petróleo em plena bacia amazônica, a 500 kms da Foz do Rio Amazonas, e a 175 kms do Amapá. Bem, a estatal tem o direito de tentar prospectar novos poços onde bem entender, mas deveria respeitar a decisão do Ibama, que negou essa autorização. E o que ela fêz? Se fêz de tonta, e disse que vai entrar com recursos para ter o seu pedido analisado novamente pelo Ibama. Ou seja, respeito zero pela palavra do mais importante instituto brasileiro sobre o nosso meio-ambiente. Deu, literalmente, de ombros.

FGV inicia estudos sobre pecuária de baixo carbono

Já faz alguns anos que a pecuária é uma das principais fontes de renda do Brasil, fazendo do nosso país referência mundial neste aspecto. Com tecnologias e investimentos, a pecuária brasileira vem aumentando sua produção sem, necessariamente, ter que comprometer o desenvolvimento sustentável.

Mercado de carbono e suas oportunidades para o agronegócio brasileiro

O Brasil é mundialmente reconhecido como um dos países com elevado protagonismo no mercado de carbono. Boa parte desse protagonismo pode vir do agronegócio brasileiro.

Este setor tem potencial para ser um dos maiores fornecedores de serviços ambientais para o mundo e, através do mercado de carbono, poderá emitir créditos por emissões evitadas.

Pecuária com média lotação no pasto gera crédito de carbono.

Na Embrapa Pecuária Sudeste, um sistema de média lotação de 3,3 UA/ha recuperou pastagem degradada e neutralizou emissões de gases de efeito estufa, gerando créditos de carbono equivalentes a seis árvores de eucalipto. Foram avaliados quatro sistemas para medir a sustentabilidade ambiental da atividade. O estudo, feito em quatro níveis de intensificação de sistemas pastoris de produção pecuária, indica que a intensificação média apresentou a pegada de carbono mais baixa, com possíveis créditos de carbono. Os trabalhos foram desenvolvidos no bioma Mata Atlântica, um dos mais impactados pelas ações do homem sobre o ambiente, por se localizar em área com crescente crescimento urbano. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Patrícia Perondi Anchão Oliveira, a recuperação de pastagens e a intensificação da produção de bovinos nessas áreas melhoram o sequestro de carbono e mitigam as emissões de gases de efeito estufa, além de ter um efeito poupa-terra. “Também levam à redução na pegada de carbono por unidade de produto e no número de árvores necessárias para o abatimento das emissões de gases de efeito estufa. Os sistemas de produção intensificados com média lotação animal apresentaram os melhores resultados, especialmente se computados os insumos”, conta Oliveira. No caso citado pela pesquisadora, o crédito de carbono equivale ao crescimento de 6,27 árvores de eucalipto por garrote a cada ano.  O sistema com quadro mais preocupante é o de pastagens degradadas, cujo balanço resultou em saldo negativo. Em situações assim, chegam a ser necessárias 63,9 árvores para o abatimento das emissões de cada garrote mantido nessas áreas. Os resultados foram publicados na revista britânica Animal, da Universidade de Cambridge, Inglaterra. O trabalho é assinado por oito pesquisadores, cinco deles da Embrapa Pecuária Sudeste. A cientista relata que a pesquisa teve por objetivo elucidar o problema da emissão de gases de efeito estufa pela pecuária, frequentemente considerada a grande vilã do aquecimento global e das consequentes mudanças climáticas. “A pecuária brasileira ainda é questionada em relação a sua participação na dinâmica de emissão de gases de efeito estufa (GEE)”, relata. Ela conta que os experimentos foram desenhados para cobrir as lacunas no conhecimento sobre a real contribuição dos sistemas de produção da pecuária brasileira para as emissões de GEE e para o aquecimento global. Segundo a pesquisadora, foram desenvolvidos experimentos que permitem obter dados por métodos padronizados e reconhecidos pela comunidade científica internacional e que deram origem aos já famosos balanços de carbono. “Não foram levantadas somente as emissões de gases de efeito estufa, mas também as remoções desses gases. Isso criou condições para avaliar os sistemas de produção com capacidade de mitigar a emissão, especialmente do metano entérico, por meio do sequestro de carbono”, explica a pesquisadora. “No caso da pecuária, foi possível compreender melhor os benefícios da parte do sequestro de carbono realizada pelo crescimento das plantas, seja pelo acúmulo no solo das pastagens ou no fuste [caule] das árvores, que estavam esquecidas nessa problemática ambiental”, completa. Apesar de os sistemas avaliados não possuírem árvores, as taxas anuais de remoções de GEE de árvores de eucalipto de um sistema silvipastoril com brachiaria, que faz parte de outro experimento, foram utilizadas para calcular o número hipotético de árvores necessárias para abater a emissão anual de cada sistema de produção.  No caso dos sistemas que estavam com créditos de carbono, devido ao sequestro do elemento no solo das pastagens, a mesma taxa foi usada para calcular o quanto esse crédito equivaleria em número de árvores hipoteticamente crescendo nos sistemas de produção. O balanço de carbono é uma ferramenta que permite apontar tanto o potencial de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa, quanto de prospectar sistemas de produção passíveis de receber créditos de carbono. Também é capaz de identificar os sistemas de produção que podem causar prejuízos ao meio ambiente do ponto de vista das mudanças climáticas, uma vez que identifica também aqueles que mais emitem do que sequestram carbono. Oliveira conta que na pecuária tem sido comum registrar as emissões, mas o balanço entre o que a atividade emite e o que ela sequestra de carbono nem sempre é considerado. “Com a ferramenta do balanço, esse aporte de carbono é contabilizado e pode mostrar o diferencial da pecuária realizada a pasto, que além de manter o animal em seu habitat sem contenções, ainda traz o benefício do sequestro de carbono realizado pelo crescimento das pastagens”, afirma. Conhecimento para uma pecuária de baixo carbono Entre os impactos gerados pela descoberta está a possibilidade de adoção de sistemas de produção mais sustentáveis e de se obter produtos pecuários com baixa pegada de carbono. Essa “contabilidade do carbono” pode favorecer a exportação da carne brasileira, por exemplo, já que o mercado externo valoriza cada vez mais a produção sustentável. O objetivo principal da pesquisa foi contribuir para a competitividade e sustentabilidade da pecuária brasileira por meio do planejamento, desenvolvimento e organização de dados que estimaram a participação dos sistemas de produção agropecuários na dinâmica de gases de efeito estufa em quatro níveis de intensificação (desde as pastagens degradadas até as pastagens altamente intensificadas e irrigadas), visando subsidiar políticas públicas e alternativas de mitigação. O projeto também gerou informações que poderão ser usadas para o aprimoramento de normas e mecanismos de garantia da qualidade, da segurança e da rastreabilidade dos produtos pecuários. Esses resultados podem ser usados por formuladores de políticas públicas, empresas governamentais, empresas privadas e comunidade científica.} Por que as pastagens degradadas são um sério problema? Se por um lado a pesquisa apontou que existem sistemas que podem gerar produtos pecuários com emissões neutralizadas ou com créditos de carbono, por outro também identificou as desvantagens de se manter as pastagens degradadas e a necessidade de recuperá-las. “Elas apresentaram um balanço de carbono bem desfavorável, pois além das emissões dos animais também ocorreram emissões do solo, provenientes da decomposição e perda da matéria orgânica das áreas em processo de degradação”, detalha a pesquisadora. Além do alto impacto ambiental, as pastagens degradadas apresentam baixa produtividade, o que aumenta a pegada de carbono por unidade de produto. Outro problema é o desperdício de terra, devido

Mudança climática eleva preço da carne e poluição da pecuária.

Aqueles que estão desembolsando R$ 40 por quilo de carne de segunda ou até mesmo deixando de consumi-la em 2021, podem pensar que a situação não pode piorar. No entanto, de acordo com os cientistas, há más notícias por vir: a situação pode se agravar ainda mais, apesar do ditado popular brasileiro que afirma que “no fundo do poço tem um alçapão”. O motivo é o rápido e já perceptível avanço das mudanças climáticas. Durante dez anos, pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto simularam os efeitos do aumento de temperatura e menor oferta de água sobre a qualidade do pasto, que serve de alimento para mais de 90% do gado de corte brasileiro. Eles constataram que a qualidade das folhas será severamente afetada pelo aumento de pelo menos 2°C esperado nas temperaturas nos próximos anos. Com isso, vai ser mais difícil engordar o gado, ou será preciso complementar a alimentação dos animais “a cocho” — expressão usada pelos pecuaristas para a nutrição do gado em confinamento, geralmente feita com grãos como milho, soja e sorgo — o que tende a reduzir a oferta ou encarecer ainda mais a carne bovina. E talvez ainda mais grave: o pasto com menos proteína e mais lignina (um componente indigerível pelos animais) pode levar os bois a produzirem ainda mais metano no seu processo digestivo. Com isso, uma atividade que já é considerada atualmente uma “vilã” do clima pode contribuir ainda mais para as mudanças climáticas, num ciclo vicioso. Em outro processo pernicioso, o aumento de temperaturas deve fazer o gado precisar de ainda mais água para se refrescar, num ambiente onde a oferta do líquido será mais restrita. Diante desse cenário, o recado dos cientistas é unânime: é preciso atuar já para mitigar as mudanças climáticas, melhorar o uso dos recursos hídricos pela agropecuária e desenvolver novas forrageiras (como são chamadas as plantas usadas na alimentação animal) mais resistentes ao calor e à falta de água. A boa notícia, diz a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), é que o país já tem experiência no assunto, pois produz proteína animal no semiárido, que é uma espécie de “microcosmo” do que será um Brasil futuro mais quente e com menos chuva. O gado e a grama “Lá na USP Ribeirão Preto, nós temos uma estrutura montada para simular o clima futuro. Basicamente: o incremento do CO2 [gás carbônico, principal responsável pelo efeito-estufa], o aumento da temperatura e a falta de água”, conta o professor Carlos Alberto Martinez Y Huaman, do departamento de Biologia da USP em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. “Nosso objetivo principal foi fazer uma simulação de como as pastagens poderiam responder às mudanças climáticas — ao aumento da temperatura em 2°C, ao aumento do CO2 em 50% e à restrição hídrica”, explica o pesquisador. “Escolhemos para começar duas forrageiras brasileiras, uma gramínea e uma leguminosa, que foram cultivadas nesses ambientes modificados.” E o que os pesquisadores encontraram nesses dez anos de estudos? “Encontramos o seguinte: o aumento de temperatura e a falta de água são muito prejudiciais para os pastos. Não somente para a produção de biomassa, mas também para a qualidade das folhas, que é a parte da planta que o gado come”, diz Martinez, lembrando que os pastos ocupam no Brasil cerca de 160 milhões de hectares — uma área equivalente ao Irã e maior do que todo o Estado do Amazonas, a maior unidade federativa brasileira em território. Tanto a produção de carne, como a de leite, dependem do acesso do gado a pastos de boa qualidade e em boa quantidade. “Quando aumenta a temperatura e chove menos, as plantas vão produzir menos folhas e a qualidade da folha também muda: começa a cair o teor de proteína — nós encontramos uma queda entre 20% e 30%.” “Com menos proteína e mais lignina — um polímero que o gado não consegue digerir —, o aproveitamento do pasto pelo gado cai. Assim, ele ganha menos peso. Para compensar, o gado vai ter que comer mais folha, mais pasto, ou o pecuarista vai ter que dar suplemento alimentar, se não o gado não engorda”, afirma. “E se aumenta o teor de lignina, pode haver maior emissão de metano, um gás do efeito estufa que tem 20 vezes mais efeito de aquecimento que o CO2. Então pode causar mais problemas para as mudanças climáticas”, alerta o especialista. Com a mudança climática também se altera a microbiota do solo — microbiota é o nome que se dá aos microrganismos que vivem em um ambiente. “Surgem fungos patogênicos que causam doenças nas plantas, isso é ruim para elas e para a produção pecuária.” Além da emissão de metano, também podem aumentar as emissões de óxido nitroso, um gás que tem 300 vezes mais efeito de aquecimento que o CO2. “Quando se altera o ambiente e é aplicado, por exemplo, um adubo nitrogenado no pasto, pode haver uma perda grande de nitrogênio na forma de óxido nitroso. Isso tem impacto nas mudanças climáticas, contribuindo para o aquecimento global”, explica o pesquisador. Preço da carne e desigualdade social Entre as soluções para mitigar o problema, Martinez enumera: o uso de plantas mais resistentes à seca, a fixação biológica do nitrogênio (feita através de bactérias colocadas junto com as sementes que fixam o componente químico no solo) e a recuperação de pastos degradados para evitar o avanço do desmatamento. Ele também defende o incentivo ao método de produção chamado ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta), que inclusive ajuda no controle de temperatura na criação dos animais, que podem recorrer à sombra das árvores para se proteger, diminuindo consequentemente a necessidade de consumo de água pelo gado num futuro que será mais quente. “É preciso que a informação chegue aos produtores, aos tomadores de decisão, para que vejam que o problema já está acontecendo. As mudanças climáticas e os eventos extremos estão ocorrendo dia a dia”, alerta. “Se não tomarmos medidas para enfrentar essa situação, o preço da carne e do leite vai