setembro 18, 2024

Bem-estar dos animais é fundamental para a produção

O mercado consumidor está cada vez mais exigente e preocupado com o bem-estar dos animais, principalmente o mercado europeu. Por isso, os produtores brasileiros estão mais atentos ao tratamento dos animais nas propriedades. Dentre todas as condições de bem-estar, o conforto térmico é uma delas. O Brasil tem altas temperaturas quase o ano inteiro e a produção pecuária do país se concentra na região intertropicial, onde há maior incidência de radiação solar. Essa grande exposição ao sol pode prejudicar itens da produção, da sanidade e da reprodução do rebanho. Nem todas as raças bovinas têm uma boa adaptabilidade ao nosso clima, as taurinas são as que têm mais dificuldade com o calor e por isso sofrem mais com esses efeitos. Já o nelore, que vem das raças zebuínas é considerado adaptado, pois possui características, como a cor da pele e do pelo, e a grande quantidade de glândulas sudoríparas, que auxiliam no ambiente quente. Mas há um sofrimento em períodos prolongados de calor, pois são animais homeotérmicos, ou seja, precisam manter a temperatura ideal para realizar suas funções fisiológicas dentro da normalidade. Cada tipo de animal possui uma temperatura ideal para seu conforto térmico. Para os taurinos, a faixa de temperatura é na média dos 27 graus já os zebuínos suportam até 35 graus. Quando as temperaturas ultrapassam esses valores, o animal fica ofegante, aumenta a temperatura retal e os batimentos cardíacos para tentar aliviar o calor. Para realizar todo esse processo, o animal gasta energia que pode refletir na queda da produtividade. Cabe ao produtor adequar o ambiente dos animais para que consigam viver dentro da temperatura ideal. Em sistema de confinamento é possível colocar aspersores de água, cortinas e sistemas de ventilação. Já para animais a pasto, a alternativa seria opções de sombra, que pode ser artificial, com sombrite 70%, por exemplo, ou natural. Plantação de árvores é uma alternativa barata e eficiente, sem contar os demais benefícios ambientais e econômicos. No caso do uso de árvores, várias espécies podem ser consideradas. Em sistemas de ILPF- Integração Lavoura, Pecuária e Floresta no Centro-Oeste, o eucalipto é o mais usado. O mercado e os institutos de pesquisam oferecem diversas opções que o produtor pode utilizar para trazer mais conforto e bem-estar aos animais, podendo ter melhores resultados e produzir produtos com maior qualidade. Com a competitividade cada vez maior, pequenos detalhes na produção podem fazer toda a diferença na comercialização dos produtos e no melhoramento genético das raças bovinas. Fonte: AgroEditorial / Rural Centro / Gabriela Borsari

Solução para fertilizante sustentável e disponível no Brasil pode reduzir dependência do agro de importados

A tensão se avolumava desde novembro de 2021. Há quem diga que desde 2014 um possível conflito entre Rússia e Ucrânia era posto como algo que se aproximaria a uma terceira guerra mundial. No dia 24 de fevereiro, contudo, enquanto muitos acreditavam que o diálogo entre as potências seria o suficiente para evitar o embate, a invasão aconteceu. “A suspensão das entregas do fertilizante cloreto de potássio, originário da Rússia, comprometerá nossa produção e produtividade agrícola”, disse a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) após suspensão ordenada pelo Kremlin. Atualmente, o Brasil importa mais de 90% do potássio que consome, e cerca de 30% vêm da Rússia. Além da plantação de commodities destinadas à exportação, os alimentos para consumo interno também serão afetados. A subida de preços, que já vinha ocorrendo ao longo da pandemia, deve se intensificar. Tudo ficará, mais uma vez, mais caro. Porém, a solução para o agronegócio driblar a queda na importação de fertilizantes pode estar dentro do próprio Brasil. Nesta reportagem, Ecoa conta sobre uma solução mais barata, mais sustentável e nacional. O pó que vem das rochas “São materiais já disponíveis, são eficientes, não trazem problemas ambientais como contaminação do solo e da água e ainda podem sequestrar CO2 e armazená-lo”. É assim que Suzi Huff Theodoro, geóloga e professora da Universidade de Brasília, define o pó de rocha. Como o próprio nome já diz, o pó de rocha é um composto de rochas moídas que, quando acrescentadas ao solo, funciona como fertilizante, ou seja, oferece nutrição às plantações. O comércio desses remineralizadores, como também são conhecidos, foi viabilizado pela lei nº 12.890, de 10 de dezembro de 2013. “Como a rocha é um bem natural, ela precisa passar por um processo de extração, e não é qualquer rocha que pode ser utilizada. Ela precisa ser rica em uma série de nutrientes”, explica a geóloga. “Assim, os remineralizadores atendem do agronegócio à agricultura familiar porque os preços são mais acessíveis e porque é mais fácil de extrair”, completa. A pesquisadora diz que pequenas e médias empresas de mineração que já exploram rochas que servem como remineralizadores de solo podem atuar no ramo, basta obter registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Isso impediria, por exemplo, o risco ambiental de novas extrações de rocha. “A ideia de juntar o setor mineral ao setor agrícola é uma excelente saída. Enquanto que, para o setor mineral, esses materiais representam um problema ambiental em seu armazenamento, eles podem servir de insumos para a agricultura. O problema de um vira solução do outro.” Suzi Huff Theodoro, geóloga e professora da Universidade de Brasília. Benefícios do pó de rocha1. PreçoOs custos de aquisição são muito menores e seu efeito pode se estender por até quatro ou cinco anos consecutivos; 2. FertilidadeOs níveis de fertilidade nos solos são crescentes após a aplicação 3. RendimentoA produtividade mostra-se equivalente ou superior às obtidas pela fertilização convencional (em alguns casos, o rendimento pode ser até 30% superior); 4. CrescimentoAs raízes das plantas são mais desenvolvidas do que nas plantas que recebem a adubação química; 5. ÁguaO teor de umidade é maior nas áreas onde se aplicam os remineralizadores, mostrando que os mesmos possuem grande capacidade de retenção de água; 6. ExuberânciaAs plantas apresentam maior quantidade de massa verde e são mais exuberantes; 7. ProduçãoHá aceleração do ciclo produtivo da planta em alguns casos; 8. Meio ambienteNão ocorre contaminação ou eutrofização (poluição devido ao excesso de algas que deixa a água turva e provoca morte de animais) dos recursos hídricos; 9. OrgânicoAtende aos padrões de garantias exigidos de insumos utilizados pela agricultura orgânica. Para que serve esse tal potássio?O dado de que o Brasil é o quarto maior importador de NPK do mundo pode não significar muita coisa para boa parte dos brasileiros. Afinal, como isso afeta a vida de quem vê o pãozinho na padaria cada vez mais caro? Pois as duas coisas – a alta nos preços de produtos agrícolas e importação de NPK — tem tudo a ver. A sigla que mais parece o nome de um braço da S.H.I.E.L.D., agência governamental fictícia do universo Marvel, faz referência ao trio de macronutrientes nitrogênio-fósforo-potássio. Esses compostos são bastante usados na agricultura para a nutrição do solo num processo chamado fertilização química. E é para essa mistura que o Brasil precisa de potássio. A produção desse macronutriente no país se restringe a uma só mina localizada em Sergipe. Com a vida útil já chegando ao fim, a mina abastece apenas 4% da demanda nacional. Os outros 96% são importados. “Para esse modelo de agricultura que temos no Brasil envolvendo a produção de commodities para exportação, o potássio é muito importante, já que esses produtos demandam uma ‘recarga’ do solo”, explica a geóloga Suzi Huff Theodoro. O país é campeão em produção e exportação de soja, por exemplo, uma commodity, ou seja, um produto básico não industrializado. “Nos acostumamos a escutar que os solos tropicais, que representam grande parte do nosso país, são solos pobres. Mas que pobreza é essa? Se você considerar o plantio da soja, o solo é pobre, mas, por outro lado, a gente sustenta a floresta mais exuberante do planeta, o que mostra que o nosso solo também é rico”, comenta Theodoro. Estamos todos conectadosSe tudo posto até agora já não fosse complexo o suficiente, as sanções econômicas impostas à Rússia após a invasão da Ucrânia também atingiram o Brasil, mesmo o país estando fisicamente distante do conflito. “A decisão das maiores empresas mundiais de logística marítima de suspenderem suas operações de transporte de mercadorias, de e para a Rússia, deverá ampliar as dificuldades que o comércio exterior brasileiro terá até que a guerra contra a Ucrânia seja superada”, explica a nota da Associação Brasileira do Agronegócio. O grupo alerta: “isso trará sérias consequências à produção e custo dos alimentos, tanto para atender a demanda do mercado interno quanto às nossas notáveis exportações de commodities agrícolas”. Tudo isso fora o comando de suspensão de exportação de potássio. Uma das justificativas

Nutrição de rebanho: Como escolher a ração apropriada para o seu gado?

Escolher a melhor ração está entre os pontos cruciais que fará toda a diferença garantindo a qualidade do produto final Muito do que vai definir a qualidade da carne que será comercializada, tem início na alimentação do gado. Uma alimentação rica em nutrientes, e com produtos de alta qualidade reflete no resultado final da carne e do leite como produto. A alimentação do rebanho ocupa um grande espaço na produção como um todo; e escolher a melhor ração está entre os pontos cruciais que fará toda a diferença garantindo a qualidade do produto final que é a carne ou o leite. As melhores práticas de alimentação de bovinos começam com um bom planejamento, assim como qualquer outro negócio. É preciso estabelecer as metas e quais características se deseja encontrar no produto final, (teor de gordura no leite, maciez da carne, por exemplo). Feito isso, é preciso fazer uma seleção criteriosa dos alimentos, avaliando os atributos e a qualidade da matéria-prima, e garantindo também sua correta armazenagem. Sabe-se que o uso de suplementação concentrada é essencial à medida que o manejo do pasto é menos intensivo, tendo em vista que o valor nutricional da forragem diminui. Na estação seca, período em que há menor crescimento do pasto, a suplementação volumosa também é necessária. E por fim, quando o rebanho é de vacas leiteiras, de alta produção, faz-se também necessário à suplementação, mesmo quando o pasto é vasto e de boa qualidade. O que a composição da ração animal deve atender? Produtores e técnicos que trabalham ligados ao setor de saúde, se preocupam com a composição da ração animal, mas no fim não existe uma fórmula específica que atenda a todos os casos. Embora não haja uma composição única que garanta desempenho para a produção animal, podemos dizer que existe sim um padrão. Uma linha que faz sentido quando o assunto é desempenho. O que procurar nas rações para gado Nutrientes! Esse é o primeiro ponto a ser considerado ao escolher a ração para seu gado. Pois a fase da engorda dos bovinos precisa de todos os nutrientes necessários para se chegar ao ponto ideal. As rações para gado, que mais trazem benefícios são aquelas com valor nutricional elevado. Os melhores ingredientes para compor as rações são: • Farelo de soja;• Milho integral moído;• Sal comum;• Uréia pecuária; Com uma ração de alta qualidade e rica com tudo aquilo que o que seu rebanho mais necessita, o produtor garante a saúde dos animais e a qualidade do corte final ou do leite não será afetada de forma negativa. Como você pode perceber ao final dessa pequena análise, nutrição do gado deve ser um dos grandes focos na cadeia produtiva. Após a execução das estratégias do seu negocio, é fundamental fazer o balanço da produção para, então, alterar as táticas ou prosseguir com elas. Assim, se garante uma produção de alimentos seguros e com as qualidades que atendam aos interesses do mercado. É claro que além de ração de qualidade o seu rebanho também precisará de pasto e água adequados, mas isso é assunto para outro dia. Este conteúdo foi elaborado a partir de uma curadoria sobre nutrição de bovinos. Redação – Boi a Pasto

Suplementação mineral para época das águas: devemos fazer ou não?

Com a aproximação da estação chuvosa, volta ao debate a questão da suplementação mineral dos bovinos na época das águas: deve-se ou não fazer? A suplementação mineral para época das águas apresenta divergência por parte dos criadores, onde alguns acham que nessa época, devido à boa disponibilidade de MS (matéria seca) das forragens, pastos verdes e cochos na maioria das vezes sem cobertura, são os fatores primordiais para não se utilizar suplementos nessa época. Essas condições levam há um baixo consumo dos suplementos pelos animais e com isso os criadores acreditam não haver necessidade de fornecer suplementos. Só que, infelizmente para os defensores dessa versão, é aí que mora o perigo, pois é justamente nessa época que os animais aumentam o seu metabolismo, onde muitas enzimas (METALOENZIMAS) dependem dos minerais para serem ativadas. Devemos lembrar que mesmo nessa época das águas os pastos, que são a base nutricional dos animais, não fornecem todos os nutrientes necessários, dentre eles os microminerais (Se, Zn, Cu, Mn, Co e I) e os macrominerais (P, Na, Mg e S), para atender as suas exigências. Atualmente estamos tendo uma crescente demanda do mercado mundial, por carne bovina de qualidade, proveniente de animais criados a pasto, logo as perspectivas para pecuária brasileira são imensas. Segundo dados da FAO, órgão da ONU, que acompanha a agricultura e pecuária, apontam que em 2040, 60% da carne comercializada para abastecer o mercado mundial, será brasileira. Isso exigirá dos produtores brasileiros profissionalismo e somente com uso de tecnologias práticas e economicamente viáveis, esse crescimento sustentável da pecuária brasileira será possível. Essas tecnologias são: Nutrição Correta; Controle Sanitário Eficiente; Melhoramento Genético; Diante disso, devemos adotar medidas para suplementar corretamente os animais nessa época visando atender o aumento desse metabolismo e, consequentemente, tendo melhores resultados na produtividade (carne e leite). A pecuária só se torna competitiva se usarmos tecnologias práticas e economicamente viáveis. Lembrando ainda que o uso correto das técnicas de nutrição, manejo e da sanidade, além de aumentar a produtividade em nível animal e de rebanho, contribui significativamente para redução da emissão de GEE (gases de efeito estufa), uma das principais preocupações quando falamos em sustentabilidade ambiental. Importância da suplementação mineral Devemos lembrar que os bovinos, assim como os caprinos e ovinos são ruminantes, possuem pré-estômagos (rúmen, retículo e omaso) e um estômago verdadeiro (abomaso). O processo digestivo nesses animais se inicia com a ingestão dos alimentos, seguido de: mastigação, ruminação, fermentação microbiana, digestão ácida e digestão enzimática (ver figura 1). A microbiota ruminal é composta por fungos, leveduras, bactérias e protozoários, que são responsáveis em transformar as forragens ingeridas em energia, proteínas e vitaminas que vão nutrir bovino, caprino ou ovino. Por isso é de fundamental importância manter esse ambiente ruminal o, mas sadio possível, onde segundo (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003) as condições ideais seriam: Temperatura (38 a 41°C). Umidade (85 a 90 %). Ph (oscilação de 5,5 a 7,2, ideal 6,4 a 6,8). Matéria seca de 10 a 18%. Substratos: Nitrogênio, aminoácidos, minerais, carboidratos.  Anaerobiose: muito pouco Oxigênio (< 0,6% – fermentação aeróbica) e bem mais dióxido de carbono (> 60 – 70% – fermentação anaeróbica). O suplemento mineral é o complemento da dieta dos animais (pasto). Mas o pasto não fornece todos os nutrientes necessários (energia, proteína, vitaminas e minerais) para mantença e produção, inclusive nas épocas das águas, já que sofrem variação nutricional durante todo o ano (ver figura 3 abaixo).  As condições mínimas que microbiota ruminal precisa para ter um bom desenvolvimento é de 10% de PB (proteína bruta), 70% de NDT (energia) e 2% de minerais na MS. Se o nível de PB na MS ficar abaixo dos 7%, compromete todo o processo fermentativo por parte da micribiota ruminal e isso se resume em perda de peso e / ou produtividade (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003). Por isso, hoje em dia tem se dado muita importância em uma suplementação mineral enriquecida de proteína e energia, pois essa variância nutricional que ocorre acaba levando a um desbalanço e consequentemente perda de nutrientes, já que o sistema de produção de energia e proteína da microbiota ruminal é mais rápido do que a capacidade do animal em aproveitá-las. A suplementação múltipla na época das águas tem sido usada com maior ênfase, após o sucesso do seu uso na época da seca. Nos pastos, durante a época chuvosa, há um aumento das concentrações proteicas das gramíneas e maiores degradações do nitrogênio no rúmen pela microbiota ruminal (bactérias, fungos, leveduras e protozoários). Com isso, ocorre um desequilíbrio na relação de proteína e energia, que deveria ser mais próxima de um para sete, uma parte de proteína para sete partes de energia. (Guia Prático do Uso da Uréia na Suplementação de Bovinos – ASBRAM, 2011). O consumo de energia e proteína deve ser balanceado, para aperfeiçoar a fermentação e maximizar a produção de proteína microbiana. Consumo excessivo de proteína, sem quantidade adequada de energia, resulta em perda de Nitrogênio na urina e nas fezes. (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003). De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais, entre os diversos fatores existentes que são responsáveis pela baixa produtividade do rebanho brasileiro, as carências de minerais e de proteína ocupam lugar de destaque. Acredita-se que não exista um fator isolado, com potencial tão elevado, para aumentar os índices de produtividade bovina, criados a pastos, a um custo relativamente baixo, como a suplementação mineral e proteínas adequadas. Existem vários trabalhos que demonstram a importância de se utilizar suplementos minerais contendo energia e proteína na sua composição. De acordo com alguns trabalhos de pesquisas que mostram o ganho de peso médio diários de bovinos, na fase de recria, variando de 0,543 a 1,380 kg / cabeça / dia, para consumo de suplemento de 0,2 a 0,5% do peso vivo (ver tabela 1) (CARVALHO F.A, BARBOSA F.A, MACDOWELL LEE R. 2003)., Outro fator de fundamental importância para suplementação mineral para época das águas é a questão relacionada aos cochos. Os

A revolução começa com uma pequena semente

A diversidade de solo, clima e cultivares faz do nosso país uma espécie de imenso laboratório a céu aberto. Por trás de sementes, mudas e manejo, estão jovens e gerações maduras, que viram e veem na tecnologia a pedra de toque para redimensionar o agronegócio. Mais que isso: revolucionar produção e produtividade, respeitando o meio ambiente e as pessoas é o que há de mais oportuno nos dias de hoje. E as agritechs, startups com soluções tecnológicas para o agronegócio, são a grande atração para acelerar este ambiente de revolução digital no campo. Até 2050, seremos 9 bilhões de pessoas no mundo. Teremos de aumentar em 70% a produção de alimentos, para suprir essa demanda. Dados da Fao – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. E o Brasil tem tudo para ser o grande protagonista deste desafio. País é campeão mundial de crescimento em produção e exportação de alimentos nos últimos 10 anos. Tem água, terra e clima para continuar crescendo e atender ao chamado da Fao. O que falta para o país assumir, de vez, este protagonismo e ser o celeiro do mundo? Aumento de produtividade com uso de tecnologia. Segundo dados da CNA, mais de 70% dos produtores brasileiros são pequenos e têm mais dificuldade de acesso à tecnologia. É neste cenário que ganha ainda mais relevância o propósito de se associar às startups de agritech para fazer com que estes negócios escalem de forma estruturada. E em conexão direta com o produtor rural e com a agroindústria É preciso incentivar startups que resolvam as dores do produtor rural. Precisamos de ideias inovadoras e empreendedores engajados para fazer com que o agronegócio cresça ainda mais e de forma saudável. Por iniciativa do SISTEMA FAEMG, maior federação de agricultura e pecuária do país que tem em sua base de associados mais de 400 mil produtores rurais, das mais diversas cadeias produtivas, e 380 Sindicatos espalhados pelo estado de Minas Gerais, foram mapeadas as dores que demandam soluções inovadoras. Começamos a conexão dos produtores rurais de Minas Gerais, que é o Estado que tem a maior diversidade agrícola do país. Após esta validação em terras mineiras, já estamos replicando o processo no país todo. Como é o caso da Leda, produtora de café de Lambari-MG, que nunca imaginou exportar seu café especial para o exterior e agora, por meio da plataforma digital da Agrorigem – uma das startups do cast da NovoAgro Ventures, vende mensalmente seu café para compradores na Austrália. Exemplos como o da Leda, que retratam a superação da dificuldade de acesso ao mercado por parte dos pequenos produtores rurais, sinalizam a mudança em curso. Ou seja: utilização de plataformas digitais presentes em nosso portfólio – as quais, além de encurtar o caminho entre vendedores e compradores no Brasil e no exterior, oferecem soluções inovadoras, voltadas para compra coletiva de insumos; controle ambiental; monitoramento e comercialização. Por: Léo Dias, CEO da NovoAgro Ventures, formado em engenharia elétrica pela UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais; foi subsecretário de ciência tecnologia e inovação do Governo de Minas Gerais (2015/18) e ajudou a liderar programas de fomento ao empreendedorismo e inovação como o projeto de aceleração de startups Seed, o portal Simi; a Finit (Feira internacional de negócios, inovação e tecnologia) e o Hub Minas Digital.

Tática para melhorar a taxa de prenhez

“O bezerro, por sua vez, será o reflexo da nutrição fornecida para a vaca” Um bom planejamento nutricional deve levar em consideração as necessidades fisiológicas das diferentes categorias e os níveis nutricionais do alimento oferecido. Quando temos oferta de capim, mesmo seco, podemos lançar mão de ferramentas que favoreçam o aproveitamento desse capim e que forneçam os nutrientes que estão em déficit.Levando em consideração os desafios do período de seca, a primeira providência a ser tomada é sempre ajustar a lotação da fazenda, de maneira que se possa ter oferta de capimo ano todo, pois esta é a fonte de alimento mais barata disponível, então recomenda-se que no final do período de águas, normalmente em março, se consiga vedar em torno de 30% dos pastos, preferencialmente Brachiáriabrizantha, para que sejam utilizados como “feno em pé” no período seco.Vale lembrar que o nutriente mais importante para a vida é a água. Bovinos consomem de 10 a 20% do seu peso vivo em água por dia, então precisamos garantir o volume, a qualidade e o acesso a esse nutriente tão essencial. Para manter sua condição corporal e o bom funcionamento do rúmen, os bovinos devem consumir diariamente no mínimo 2% do seu peso vivo em matéria seca (MS), e esta deve conter o mínimo de 7% de proteína. No período seco, toda qualidade nutricional do capim está reduzida, porém o fator limitante é proteína, que não atinge  o mínimo necessário para o animal manter suas funções, então devemos fornecer um suplemento mineral proteico com fontes de energia, sendo que uma parte dessa proteína pode ser uma “falsa” proteína (nitrogênio não proteico) originária de ureia, e o restante de grãos que também fornecem energia, possibilitando o bom funcionamento do rúmen, a manutenção do escore corporal e até ganho de peso. Para a categoria de cria, utilizar proteinado de seca é fundamental, pois é um momento em que o feto está demandando grandes quantidades de nutrientes, e está ocupando boa parte da cavidade abdominal, deixando menos espaço para o rúmen, o que leva a uma menor ingestão de alimento. O manejo de pasto e a correta suplementação possibilitam que a vaca mantenha uma correta mineralização e uma boa condição corporal no momento do parto, faz com que o puerpério (período de recuperação pós-parto) seja menor, e que essas vacas retornem o quanto antes a ter cios férteis, melhorando a taxa de prenhez e possibilitando maior número de bezerros do cedo.O bezerro, por sua vez, será o reflexo da nutrição fornecida para a vaca, pois desde o momento da concepção, todos os nutrientes necessários para a formação e desenvolvimento desse bezerro dependem exclusivamente da nutrição fetal. Ou seja, quando fornecemos as condições necessárias para as vacas manter seu escore corporal e suas funções fisiológicas, estamos permitindo que esse bezerro que está sendo formado possa expressar todo seu potencial genético ao longo de sua vida. O contrário também é verdadeiro, pois quando falhamos nessa fase, estamos prejudicando o bezerro para sempre, e se pensarmos em bezerras que futuramente serão matrizes, estamos prejudicando gerações. A Matsuda é uma empresa que se destaca na pecuária nacional com sua cultura nutricional de pecuária a pasto eficiente e lucrativa. A empresa disponibiliza diversas linhas de produtos para os diferentes biomas e situações, períodos do ano, categoria animal e sistemas de produção. Uma dessas linhas é a linha WinterFós que é um suplemento mineral proteico aditivado com fontes energéticas e prebióticos,destinado a animais mantidos a pasto no período seco do ano. Sua composição é pensada em manter os animais mineralizados e bem nutridos, fornecendo proteína e energia que estão em déficit no capim,favorecendo o sistema imunológico, saúde intestinal, atividade ruminal, e um melhor aproveitamento do capim seco.Com isso estamos mantendo os animais saudáveis, em desenvolvimento, com uma correta nutrição fetal, produção de colostro e leite de qualidade, rápida recuperação pós-parto e até com ganhos de peso. Historicamente, os bovinos mantidos a pasto sem suplementação correta perdiam peso durante esse período de seca. Hoje, conforme vimos, é possível montar um planejamento eficiente, de baixo custo, onde os animais podem manter sua condição e ter ganhos. Com isso, podemos afirmar que mesmo mantendo o peso, estamos tendo lucro, pois do contrário, além da perda, teríamos que usufruir de uma boa parte do período de águas para recuperar essas perdas, o que leva a um prejuízo que se perpetua ano após ano.Fazer o animal ganhar peso não é difícil; o desafio está em fazer isso de maneira viável, por isso, priorizamos a reserva de capim e a suplementação para obter ganhos que, mesmo pequenos, são lucrativos. A suplementação tem por objetivo “corrigir” as deficiências do alimento, de maneira que possa atender as necessidades fisiológicas dos animais. Basicamente essas necessidades variam de acordo com a categoria, peso e objetivo desse animal. Vacas tem o objetivo de parir um bezerro por ano e produzir leite, que no caso de uma vaca de corte será destinado ao bezerro, e da vaca leiteira será ordenhado.“Como a produção de uma vaca leiteira é maior, as necessidades dela também são maiores, porém os princípios básicos de nutrição são os mesmos, e temos sempre que atender as exigências de manutenção, produção e reprodução.” A pecuária é uma atividade muito dinâmica, e norteada por ciclos, sejam eles climáticos, fisiológicos e, obviamente, comerciais. Um bom técnico conhece esses ciclos e vai orientar o produtor sobre sua atividade, com ajustes na suplementação, estratégias para os diferentes períodos, fazer uma programação de reserva forrageira, sempre pensando em atender as necessidades fisiológicas dos animais, utilizando melhor os recursos e tornando a atividade eficiente, produtiva e lucrativa. O Grupo Matsuda atua não somente com sementes e produtos para nutrição animal, como também dispõe de um departamento técnico com profissionais prontos para orientar o produtor dentro dessa cultura nutricional de respeito a fisiologia animal e maior lucratividade para o produtor, pois manter os nossos clientes lucrando com a atividade é a chave para o sucesso da empresa. Por: Pedro Alex Florczak Almeida.Graduação: Universidade Federal de Santa Maria

A irrigação no Brasil é uma necessidade e opção estratégica

A irrigação foi a causa da crise hídrica que ocorreu no Brasil em 2014-2015? Ela pode ser a causa de uma nova crise em 2021? A ciência pode ajudar a compreender a situação, motivo de debates e controvérsias. No Brasil, 49,8% da água captada de fontes hídricas é utilizada para a irrigação, segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Entretanto, a frase “a irrigação consome 70% da água” foi amplamente divulgada há alguns anos e poderá voltar às manchetes. Mas esse número se refere a uma estimativa sobre o uso de água pela agricultura em escala mundial e, de forma equivocada, tem sido lembrado e utilizado. A analogia com o olhar sobre o copo d’água “meio cheio” ou “meio vazio” pode ajudar a compreender o que representa a agricultura irrigada ou, simplesmente, a irrigação, num País onde o campo é fundamental para a atividade econômica, social e ambiental. A agricultura é uma atividade de risco e a irrigação implica em maior custo de produção, mas ao mesmo tempo pode diminuir o risco e aumentar o lucro, uma vez que sua prática é necessária em regiões onde a demanda de água pelas plantas supera o regime de chuvas. A irrigação pode ser também uma opção estratégica em outras regiões, para garantir a produção em caso de veranicos, ou mesmo para aumentar a produtividade. É fato que a agricultura é a maior usuária de água no mundo. Segundo as Contas Econômicas Ambientais da Água do Brasil (IBGE e ANA), em 2017, para cada R$ 1,00 de valor adicionado bruto gerado pelas atividades econômicas no Brasil foram utilizados 6,3 litros de água. Se somarmos agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, a relação atinge 96 litros para cada R$ 1,00. O Atlas da Irrigação (ANA) mostra que temos 8,2 milhões de hectares irrigados; a participação da irrigação no valor da produção agrícola pode chegar a 100% em muitos municípios brasileiros e, em alguns deles, o valor total da produção agrícola é de centenas de milhões de reais. A produtividade de um cultivo irrigado supera em 2 a 3 vezes o cultivo sem irrigação. Há a possibilidade de aumento da área irrigada brasileira em 55,9 milhões de hectares e aí surge a questão, quanto deixaríamos de produzir sem irrigação, ou ainda, quanto deixaremos de produzir se não aumentarmos a área irrigada? A maior parte da água utilizada (e não consumida) na agricultura volta para a atmosfera pela evaporação e pela transpiração que ocorre nas plantas. Outra parte dela fica armazenada no solo e nas fontes hídricas. É o ciclo hidrológico. Mas uma “terceira parte” da água está presente na matéria-prima vegetal que processamos ou transformamos e nos alimentos que consumimos. Portanto, ao desperdiçarmos alimentos, também desperdiçamos água. A disponibilidade de água em uma região pode variar ao longo dos anos, podendo atingir a escassez, a qual pode ser física (não há água disponível), econômica (há água disponível, mas não há infraestrutura para o seu uso) e institucional (existem água e infraestrutura, mas a água não pode ser utilizada). No entanto, a reservação de água feita com critérios pode minimizar a possibilidade de ocorrer a escassez física. A FAO prevê um aumento de 47% na demanda mundial por alimentos até 2050. Assim, a irrigação no Brasil deve contribuir para aumentar a produção de alimentos, mas deve melhorar a sua eficácia (o que fazer) e sua eficiência (como fazer). E temos tecnologia para isso. Em determinadas situações, pode-se aplicar água em quantidade menor que uma cultura agrícola necessita. É a irrigação com deficit, que ao ser utilizada com critérios técnicos pode ser uma estratégia interessante, em condições de restrição ou escassez de água. A automação pode ajudar no manejo da irrigação (quando e quanto irrigar) e a ligar e desligar um sistema de irrigação (como irrigar). O sistema de informação geográfica, a agricultura de precisão, a agricultura digital, a tecnologia da informação e a conectividade também podem auxiliar a melhorar a gestão da irrigação em áreas agrícolas de diversos tamanhos. Mas devemos aumentar e melhorar a capacitação do setor agrícola, para que isso ocorra de forma mais intensa. Devem ser incentivados e aprimorados ainda o uso de águas residuárias e efluentes para suprir em algumas situações as necessidades hídricas das plantas, diminuindo a retirada de água de suas fontes, além da substituição da energia empregada na irrigação e proveniente de usinas hidroelétricas pela energia solar e energia eólica. Porém, qualquer solução e tecnologia devem complementar o conhecimento agronômico, que é a base para o uso eficaz e eficiente da irrigação. Até o plantio de cultivares mais tolerantes à seca pode contribuir para reduzir o volume de água utilizado na produção agrícola. A crise hídrica pode levar os agricultores a mudanças nas práticas de irrigação e, quando isso ocorrer, a sociedade precisa ser informada sobre tais atitudes. Dessa forma, a divulgação de informações em relação à agricultura irrigada poderá ser pautada a partir de dados e fatos e a percepção do copo d’água ocorrerá a partir de um olhar científico. Temos tecnologia e conhecimento para isso! Por: Luís Henrique Basso, pesquisador da Embrapa Instrumentação com curadoria Boi a Pasto.

Agropecuária não é o suficiente para fazer o Brasil se desenvolver, aponta pesquisa

Investimentos em inovação e valorização da ciência e tecnologia podem tirar o Brasil da dependência de mercados internacionais. Um país pautado pela agropecuária não deve se tornar rico e desenvolvido. Essa é a principal conclusão do novo estudo da Análise Econômica Consultoria (www.analiseeconomica.com.br), considerando a falta de precedente de nações que se desenvolveram produzindo commodities. Apesar dos esforços brasileiros em pesquisa e desenvolvimento, tanto pública quanto privada, além do aumento da tecnologia no campo, as atividades ligadas às commodities não são suficientemente complexas para fazer o Brasil da posição de dependência. Segundo o estudo, é preciso direcionar esforços para novas atividades, novos segmentos, novos setores – especialmente para atividades altamente tecnológicas. Assim, teremos menos atividades que sofrem com influências externas e uma economia mais resiliente, com ocupações de maior remuneração e, por conseguinte, uma nação mais rica e desenvolvida. “Os impactos das inovações na economia são muito claros: aumentam a inserção no mercado internacional, elevam o nível de renda no país ao criar postos de trabalho ultra especializados, além de taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais altas e estáveis. Quando um país não investe adequadamente em inovações, o resultado é a maior dependência de tecnologias vindas do exterior, escoando nossa riqueza para outras nações”, explica André Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica Consultoria. Para Galhardo, um dos caminhos do país é olhar para o desenvolvimento de ciência. “Hoje, o Brasil investe cerca de 2,3% do PIB em Ciência e Tecnologia, o que é levemente abaixo do patamar de países como os que participam da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mas a maior diferença reside no montante investido em pesquisa e desenvolvimento pela iniciativa privada. Enquanto a média da OCDE é de 1,3% do PIB, na Coreia é de 2,6% e na China é de 1,2%, no Brasil esse percentual não supera os 0,6%”, conclui. Sobre a Análise Econômica Consultoria | www.analiseeconomica.com.br Com a missão de produzir estudos e análises econômicas que contribuam para uma melhor compreensão da realidade, a Análise Econômica Consultoria visa permitir tomadas de decisão mais assertivas por parte de pessoas, empresas e instituições públicas.

Agricultura irrigada em pequenas e médias propriedades

A sustentabilidade ambiental, econômica e social da agricultura irrigada está relacionada às decisões que tomamos, desde a escolha dos métodos de irrigação e cultivo até a comercialização do produto. Com os recursos naturais, humanos e financeiros cada vez mais escassos, precisamos tomar decisões cada vez mais inteligentes para garantir que existam recursos, segurança alimentar, geração de renda e dignidade social nesta e nas gerações futuras. Pioneira no segmento de irrigação localizada, a Netafim oferece soluções que abrangem desde pequenas propriedades familiares até grandes e complexos projetos, através dos departamentos de engenharia, instalação/suporte e agronômico. Nosso lema é ajudar os agricultores e pecuaristas a produzir mais com menos, empregando todo o conhecimento agronômico, experiência em campo e tecnologia de ponta desenvolvida nos mais de 50 anos de liderança global. Apresento as soluções e experiências que levaram a Netafim a ser premiada em 2013, na Organização das Nações Unidas (ONU), pela contribuição mundial para a gestão sustentável da água, promovendo uma maior produção de alimentos. O projeto que desencadeou a 1ª história de sucesso da Netafim™, no suporte à agricultura irrigada com eficiência em pequenas e médias propriedades, foi a implantação de 900 kits de irrigação familiar em lotes de 100 a 500m², no ano de 2003, no Níger, na África. O Projeto da Netafim foi contemplado através de um concurso de combate à pobreza e desenvolvimento regional criado em parceria com o Banco Mundial, ONU e FAO. Neste país africano, em que a agricultura na maioria das vezes é liderada pela mulher, o objetivo era não apenas fornecer condições de produção de alimento, mas também produzir para geração de renda, reduzir a pobreza e melhorar as condições de trabalho das mulheres através de um sistema operacional simples, confiável e eficiente. As principais culturas cultivadas nas áreas foram alface, tomate, cebola, feijão, repolho, milho e mandioca. A produção foi capaz de melhorar a alimentação das famílias e ainda, comercializar seu excedente no mercado local. O lucro obtido na venda dos alimentos, não só promoveu o pagamento rápido dos custos de produção, como possibilitou a experiência de consumo de outros produtos e bens que as famílias não tinham acesso até então. Histórias como esta se espalharam pelo mundo, como no caso do: Senegal, Burkina Faso, Quênia, Índia, Peru, Chile, Paraguai entre outros, até chegar ao Brasil. No Brasil, tivemos o prazer de fazer parte da história dos agricultores familiares de Oeiras, no Piauí. Em meio às condições semi áridas do sertão nordestino, e testemunhamos o desenvolvimento da agricultura irrigada com eficiência, elevando a produtividade para gerar renda e melhores condições de vida, com manejo simples e confiável. As principais culturas foram: milho, mandioca, batata, feijão, fava, abóbora, pimenta, banana e melancia. Os maiores benefícios para os produtores foram além das melhorias das condições de trabalho, a economia de água, fertilizantes e mão-de-obra, reduzindo o custo de produção e aumentando o seu lucro. Hoje, com o objetivo de simplificarmos todas as soluções para pequenos e médios produtores, criamos uma família de kits modulares para agricultura familiar, nos modelos 500, 1000 e 2000 m2 e 0,5 e 1 hectare, que contemplam pacotes de equipamentos necessários a um projeto de irrigação, sem a necessidade de moto bombas de pressurização do sistema. Por Glayton Botelho Rocha, Especialista Agronômico Netafim.

Mitos e Fatos na agricultura irrigada

Lineu Neiva Rodrigues – Pesquisador da Embrapa Cerrados. Sob uma ótica restrita, a irrigação é vista simplesmente como uma tecnologia para aplicação de água na planta, mas, com um olhar mais aprofundado, constata-se que ela é a base de uma economia e de um modo de vida. A irrigação viabilizou o povoamento intensivo de várias regiões do mundo. A relevância da agricultura irrigada na economia agrícola global e na oferta de alimentos nem sempre foi tão importante como ela é atualmente, entretanto, historicamente, ela sempre teve importância significativa para o desenvolvimento local e regional, com importantes contribuições sociais. A relação água-alimento é complexa. Esses dois elementos estão intrinsecamente e fortemente interconectados. A complexidade inerente a essa interação é um dos motivos dos debates e disputas, muitas vezes desnecessárias, entre os setores usuários. Mantidas as condições atuais, o aumento na produção de alimentos demandará mais água. É nesse sentido que a ciência é fundamental, as inovações modificam a situação atual, possibilitando produzir mais sem aumentar as demandas hídricas. Água e alimento são elementos essenciais para a sobrevivência do ser humano. O risco de falta de alimento e/ou de falta de água sempre foram motivos de grandes preocupações da humanidade. Se o papel principal da irrigação é produzir alimentos, qual a razão das críticas muitas vezes feitas pela opinião pública?  O papel principal da comunicação, como ferramenta, é decodificar a informação técnica para a sociedade, contribuindo para diferenciar o fato do mito. Os debates sobre a melhor forma de se utilizar os recursos hídricos sempre existirão, principalmente em regiões com baixa disponibilidade hídrica. Nesses casos, embora não prevista na política de recursos hídricos, a comunicação é um dos principais instrumentos da gestão. Informar com qualidade contribui para redução de conflitos pelo uso de água. A informação incorreta favorece a polarização entre os usuários de recursos hídricos, que ao invés de cooperarem entre si, entram em disputas. Água é sinônimo de diálogo, de compartilhamento e de integração. Não deve ser geradora de conflitos, mas sim de oportunidade para o desenvolvimento. MITOS E FATOS A irrigação utiliza 70% da água outorgada. Isso é um mito. Justificativa: Uma parte da justificativa foi apresentada no artigo “Mitos e Fatos na agricultura irrigada (Parte I)”. Essa afirmação é muito vista e causa uma série de confusões e discussões. Primeiramente vale a pena esclarecer que o valor correto da quantidade de água que é retirada para irrigação varia de ano para ano e de região para região. Em 2017, por exemplo, esse valor representou 52% do total; já em 2016, foi igual a 46,2%. Esse valor médio também é muito variável entre as regiões hidrográficas. Por exemplo, em 2006, as outorgas para irrigação representaram em média 46,7% do total. Na região hidrográfica do São Francisco, as outorgas para irrigação representaram 68,2%; já no Paraná representaram 21,9%. Isto é, quando se for analisar quanto de água a irrigação utiliza é importante se perguntar onde e em que ano. Mas, então, de onde vem essa diferença entre o total que é outorgado e o total que é efetivamente contabilizado? O total de água que foi efetivamente contabilizado para fins de irrigação, em 2017, foi de 68,4% e, em 2016, foi de 67,2%. Para entender essa diferença entre o que é outorgado e o que é efetivamente contabilizado, é importante entender o conceito de vazão de retorno. A vazão de retorno é a parte da água que retorna para o manancial hídrico, podendo, em tese, ser reutilizada. O problema é que o valor utilizado para a vazão de retorno é empírico. Quanto maior for esse valor, menor será a quantidade de água efetivamente contabilizada para um determinado uso. Como, no geral, o valor divulgado pela mídia se refere ao valor que é efetivamente contabilizado, o setor com menor vazão de retorno, no caso, a irrigação, acaba sendo mais “penalizado”. A vazão de retorno é uma estimativa. A magnitude desse valor é influenciada por vários fatores, entre eles, o sistema de irrigação que é utilizado e o manejo de irrigação adotado. Esse valor traz embutido uma subjetividade, pois não existe um critério adequadamente definido para sua estimativa, tornando difícil a sua comunicação com a sociedade. Para complicar ainda mais, o valor utilizado tem variado ao longo do tempo, o que dificulta a comparação entre os anos. Por exemplo, em 2018 o valor adotado foi igual a 28,6%; já em 2014 foi igual a 34,2%.  Considerando, por exemplo, que o volume total de água retirado pelos setores usuários de uma região seja igual 100 m3 e que a irrigação representa 54% das retiradas e a indústria 17%. Isso equivaleria a 54 m3 de água retirada pela irrigação e 17 m3 retirados pela indústria. Tendo em vista que 34,2% será a vazão de retorno da irrigação e 80,2% a da indústria, o valor que será efetivamente contabilizado para irrigação será igual a 35,5 m3 e igual a 3 m3, para a indústria. Em termos de vazão retirada, o total retirado pela indústria representa 31,5% da irrigação; já, quando se considera o que é efetivamente utilizado, ou seja, a vazão de retorno, ela passa a representar apenas 8,5%. E se fosse considerada uma vazão de retorno igual a 50% para irrigação? Nesse caso, 27 m3 retornaria para o curso d´água e o efetivamente contabilizado seria também igual a 27 m3, reduzindo significativamente a porcentagem efetivamente contabilizada pela irrigação em relação ao total. Em 2017, por exemplo, a irrigação representou 52% do que foi outorgado. Após considerada a vazão de retorno, esse valor passou a representar 68,4%, sendo esse o número que é amplamente divulgado. É fundamental que sejam definidos critérios que uniformizem e melhorem as estimativas da percentagem da vazão retirada que é efetivamente contabilizada para cada setor. É importante também observar que o valor apresentado se refere às outorgas e não ao que é efetivamente utilizado. O valor de vazão que é efetivamente retirado pela irrigação é muito variável de ano para ano, dependendo das chuvas. Isto é, esse valor médio apresentado só