novembro 21, 2024

Lucro na seca depende da suplementação adequada

Nesse período de transição entre estações do clima, o pecuarista deve ficar atento ao manejo nutricional do rebanho Sempre que caminhamos para a época seca do ano, as deficiências minerais das pastagens se acentuam, assim como a energia e proteína na mesma. No entanto, o nutriente que passará a limitar a criação dos animais dentro do período seco para os animais criados em pastagens é, de fato, a Proteína (Nitrogênio).Como os pastos estão maduros e secos, em baixo valor nutricional, o consumo de forragem é diretamente afetado, principalmente pela queda nos teores de proteína, onde por sua vez, os animais passam a consumir quantidades menores do alimento, o que chamamos de redução na ingestão de matéria seca, que terá por consequência um menor desempenho, chegando em inúmeras vezes a perda de peso neste período, caracterizando-se pelo efeito sanfona, onde parte do peso adquirido nas águas, perde-se na seca. Este fato ocorre, pois os ruminantes (bovinos, ovinos, bubalinos) precisam de, no mínimo, 7% de proteína bruta (PB) presente na matéria seca de seus alimentose, com o caminhar da seca, essa concentração estará a baixo desses valores, reduzindo assim as atividades da microbiota ruminal, pois não há o mínimo necessário de nutrientes para estimular o crescimento dos microrganismos ruminais. Com a diminuição da população microbiana e das atividades ruminais, a capacidade do rúmen em fermentar e digerir forragem fica comprometida, e o tempo de passagem do alimento pelo trato digestório aumenta, o que logo levará o animal em um quadro de subnutrição, poisomesmo tem sua capacidade de ingestão reduzida.  Em cima dos fatores que mencionamos anteriormente, para que possamos mitigar ou mesmo dar condições para que os animais continuem a ganhar peso e se desenvolver zootecnicamente, precisamos compensar as quedas desses nutrientes que limitam a criação de nossos animais. Para isso, devemos ter uma atenção especial sobre os suplementos que iremos fornecer, pois além dos Minerais Essenciais, esses produtos devem contém boa fonte de Proteína e Energia, que estimulam a multiplicação dos microrganismos ruminais. Para assim aumentar a ingestão da forragem que ora estará com baixa qualidade, e assim retomar, ou manter seus desempenhos, mesmo de forma mais tímida, quando comparado aos desempenhos no período das águas.E esta suplementação proteica deve conter fontes de Nitrogênio Não Proteico (Ureia) e, também, fontes de proteína verdadeira (grãos) associada, para aumentar a eficiência de sua utilização, assim como o consumo das forragens pobres em proteína (< 7% de PB). A principal resposta a essas suplementações proteicas tem sido pelo atendimento da exigência microbiana ruminal por proteína, além dos minerais e energia contidos nesses suplementos. A viabilidade econômica de uma atividade é assegurada pela sua capacidade de gerar lucro, e isso se ressume na capacidade de produção de cada sistema. Por esse fator, o Departamento Técnico de Nutrição Animal do grupo Matsuda desenvolveu o Programa Desempenho Máximo, que visa a produção de mais Arrobas e mais Quilos de Bezerros produzidos ao longo de todo o ano.Para isso, é preciso ajustar a nutrição de tempos em tempos, afim de ajustar a exigência nutricional dos animais, pois as forrageiras não mantém níveis constantes em suas composições nutricionais.Vale ainda ressaltar que a suplementação quando feita de forma adequada, serve para ajustar a Deficiência e o Desbalanço Nutricional presente nas Forragens, independente da época do ano ou mesmo aporte de intensificação sobre as correções agronômicas feitas sobre as mesmas. E toda vez que erramos ou negligenciamos as exigências dos animais frente ao pouco que nossas pastagens conseguem fornecer em Minerais, Proteína e Energia, estamos também retardando o desempenho dos nossos animais, aumentando com isso os custos sobre a produção desses animais por permanecerem maior tempo dentre da propriedade, ou o que é pior, sendo subprodutivos, ou seja, produzindo muito aquém do que realmente poderiam produzir. Com isso perdemos competitividade para com outras áreas, ou atividades. Dentro de um País tropical como o Brasil, onde 96% do nosso rebanho é criado quase que de forma exclusiva, em pastagens tropicais, as forragens são sem dúvida, a forma mais barata de produzirmos Carne e Leite de qualidade.Porém, desde que a nutrição aos animais sejam bem corrigidas, por Suplementos Minerais Proteicos e Energéticos, tecnicamente adequados via cochos, também chamados de parto do boi, onde consomem tudo o que os pastos não contemplam em sua composição.A nutrição mineral, é como o alicerce de uma casa, é a base para todas as demais atividades metabólicas, seja para síntese de proteína ou enérgica, Miogênese (formação dos músculos), Adipogênese (formação da gordura), Lactogênese (formação do Leite), e tantas outras importantes fases de desenvolvimento dos animais. Os três principais fatores que limitam o desempenho de bovinos em pastagens tropicais no Brasil são o baixo teôrprotéico das gramíneas e a baixa disponibilidade de energia devido à menor digestibilidade das forragens, o que podemos corrigir com o uso de suplementos protéicos e energéticos. E a Deficiência e o Desbalanços de Minerais, principalmente P, Cu, Na, Co, Se, Zn,I e S, que podem ser acertados com o uso de Suplementos Minerais com ou sem proteína e energia, de acordo com a época do ano ou mesmo grau de intensificação. Mas principais consequências dessas deficiências são, perda da resposta imunológica acarretando maior susceptibilidade às doenças infectocontagiosas e parasitária, que debilitam e elevam a mortalidade dos animais, principalmente animais jovens.

Custo de produção da pecuária de corte segue tendência de alta em MT

A mudança climática proporciona aos criadores a oportunidade de melhorar a qualidade das pastagens para a alimentação dos bovinos O custo de produção da pecuária de corte em 2022 em Mato Grosso seguiu com tendência de alta. Os valores médios do Custo de Produção Total (COT) da cria, recria e engorda, e da pecuária de ciclo completo foram de R$ 179,70, R$ 279,22 e R$ 151,83 por arroba, respectivamente, no 4º trimestre.  É o que aponta levantamento realizado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Essa observação segue desde 2018.  Diante deste cenário, conforme o setor produtivo, o atual período de chuvas se torna favorável para a atividade. A mudança climática proporciona aos criadores a oportunidade de melhorar a qualidade das pastagens para a alimentação dos bovinos. Importância na recuperação da pastagem  De acordo com o médico veterinário e gerente de relações institucionais da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Nilton Mesquita, a recuperação da pastagem é a principal alternativa para reduzir o custo de produção, tão necessário no momento atual.   Ações como adubação e uso de herbicidas para limpeza de áreas de pastagens são alguns exemplos do que pode ser realizado para que o pecuarista tenha um melhor rendimento da sua área.  Com isso, os animais passam a ter um melhor aproveitamento dos nutrientes e maior ganho de peso. Além disso, a alimentação a pasto tem menor custo e continua sendo a maneira mais barata e a mais utilizada para alimentar o rebanho. “Esse período de chuvas é a chance perfeita para os pecuaristas se envolverem em práticas de manutenção dos pastos, visando a aumentar sua produtividade. Para essas atividades que buscam melhorar a qualidade do pasto é fundamental o planejamento, uma vez que o custo tem um fator preponderante. A realização desses trabalhos agora, durante a época de chuvas, ajudará a preparar o terreno para as próximas estações, aumentando a probabilidade de obter bons resultados no futuro. Portanto, essa é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada pelos pecuaristas”, afirmou o gerente da Acrimat. Fonte: Canal Rural Curadoria: Boi a Pasto

Produtores usam “brinquedos” para acalmar os suínos nas granjas

Prática ajuda a evitar o estresse e os comportamentos a ele associados como o de ranger os dentes e a agressividade. Pesquisadores, indústrias, produtores e organizações não governamentais têm investido na introdução de “brinquedos” nas instalações em que os suínos são criados para reduzir os efeitos do confinamento intensivo. “Brinquedo é como são chamados elementos colocados nas baias com a intenção de permitir que esses animais expressem comportamentos naturais, iguais aos que eles teriam se estivessem soltos na natureza”, explica o pesquisador Osmar Dalla Costa, da Embrapa Suínos e Aves. A produção global de carne suína aumentou quatro vezes nos últimos 50 anos e deve se manter em alta até 2050 devido ao crescimento da população mundial e do consumo per capita em algumas regiões do planeta, como a Ásia. No entanto, esse aumento produtivo depende da superação de alguns desafios. Um deles é a necessidade de aperfeiçoamento das boas práticas de produção voltadas ao bem-estar animal. Propiciar as melhores condições de vida possíveis aos suínos é uma exigência cada vez mais comum entre consumidores de todo o mundo. Além disso, significa reduzir perdas econômicas. Animais estressados, em geral, diminuem sua capacidade de transformar ração em carne e oferecem uma matéria-prima de pior qualidade. Investir em elementos de enriquecimento ambiental nas instalações em que são criados os suínos é uma espécie de segunda onda do bem-estar animal na suinocultura brasileira. A primeira onda teve início em meados dos anos 2000 e focou na melhoria das condições básicas disponibilizadas aos animais do nascimento ao abate – espaço adequado, temperatura, qualidade do ar, limpeza, transporte e tratamento humanitários. Qualquer modificação que aumente o conforto do ambiente (como a diminuição no número de animais por baia ou a instalação de ventiladores) pode ser vista como uma ação de enriquecimento ambiental. Entretanto, na maior parte das vezes, o termo se refere ao acréscimo de objetos pendurados em algum ponto das instalações (como uma corrente colocada na divisória de uma baia) ou soltos no ambiente (como um pedaço de madeira livre no chão) que permitam ou estimulem os suínos a desenvolver comportamentos naturais, como fuçar, brincar e desenvolver laços de grupo. De acordo com o gerente executivo de Sustentabilidade Agropecuária na Seara Alimentos, Vamiré Luiz Sens Júnior, os “brinquedos” visam principalmente quebrar a monotonia, que podem provocar comportamentos anormais por parte dos suínos. Por exemplo, quando os animais experienciam estados de estresse e frustração, exibem com frequência atitudes sem função aparente, como mastigar com a boca vazia, ranger os dentes, morder barras de ferro ou lamber o chão. Os suínos que vivem em ambientes enfadonhos também demonstram mais propensão a interações sociais negativas. “Esse tipo de comportamento traduz-se, na prática, em episódios de agressividade dentro das baias. É daí que vêm problemas como a caudofagia, que ocorre quando um ou mais animais na baia sofrem mordeduras e consequentes lesões na cauda”, explica Dalla Costa. Regulamentação das boas práticasA introdução de “brinquedos” para os suínos também é respaldada por uma regulamentação recente. A instrução normativa número 13 (IN 13), publicada pelo Ministério da Agricultura em dezembro de 2020, estabeleceu as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial. A norma prevê no seu capítulo sexto que “os suínos devem ter acesso a um ambiente enriquecido, para estimular as atividades de investigação e manipulação e reduzir o comportamento anormal e agressivo”. O mesmo capítulo recomenda que devem ser disponibilizados materiais para manipulação, como palha, feno, cordas, correntes, madeira, maravalha, borracha e plástico. Também são citados como itens de enriquecimento ambiental na IN 13 a oferta de estímulos sonoros, visuais e olfativos que aumentem o bem-estar dos suínos. Práticas europeias adaptadas ao Brasil É comum ouvir que os suínos são animais bem mais inteligentes do que parecem. Na verdade, os suínos são a quarta espécie mais inteligente do planeta (ficam atrás apenas dos humanos, chimpanzés e golfinhos). Além disso, eles são sociáveis, sensíveis e gostam de estar sempre em movimento ou brincando quando acordados. Essas características ajudam a entender porque esses animais têm problemas para viver dentro de ambientes enfadonhos e porque respondem bem a elementos que despertam a sua natural curiosidade. “É por isso que vale a pena estudar e investir no enriquecimento ambiental adaptado às condições brasileiras, especialmente no que diz respeito a encontrar os brinquedos mais eficazes para evitar a manifestação de comportamentos indesejados por parte dos animais”, enfatiza Dalla Costa.As referências sobre a introdução de “brinquedos” para enriquecimento ambiental na suinocultura brasileira vêm, principalmente, de duas fontes. A primeira são os conceitos desenvolvidos e aplicados pela Comunidade Europeia, que acabam formando um entendimento mais ou menos homogêneo em todo o mundo sobre como devem ser as ações de enriquecimento ambiental. Essa fonte mais teórica recomenda que elementos de enriquecimento ambiental devem ser seguros (sem representar risco à saúde dos animais), investigáveis (passíveis de serem escavados com o focinho), manipuláveis (devem mudar de lugar, aspecto e estrutura), mastigáveis (podem ser mordidos) e comestíveis (de preferência, que possam ser comidos ou cheirados, com odor e sabor agradáveis).Ainda segundo os conceitos da Comunidade Europeia, o “brinquedo” deve manter um interesse que se renova, ficar o mais próximo possível do piso, ser fornecido em quantidade que permita fácil acesso a todos os animais e ser apresentado limpo (suínos perdem logo o interesse em materiais sujos com fezes, por exemplo). Os europeus sugerem também categorias relacionadas às características listadas acima. Elementos “ótimos” atendem a todos os requisitos. Ou seja, são seguros, manipuláveis, comestíveis e mantêm o interesse ao longo do tempo. Elementos “subótimos” contemplam a maioria das características desejáveis. Por fim, os elementos de “interesse marginal” distraem os suínos, só que não satisfazem muitos dos requisitos essenciais.A segunda fonte que orienta a introdução de brinquedos são estudos feitos por pesquisadores brasileiros (da Embrapa Suínos e Aves, universidades, empresas privadas, consultorias) e experimentos práticos aplicados por agroindústrias e produtores. Essa segunda fonte se complementa com a primeira e concede à suinocultura brasileira condições de adaptar, ao contexto local, o que o mundo entende por enriquecimento

Aplicativos ajudam piscicultores e agricultores familiares a encontrarem novos clientes

O primeiro, já disponível para o sistema Android, se chama Vendo Meu Peixe, e é direcionado a piscicultores. O segundo é o Rede Campo – Sabor do Campo a um Clique, que pretende aproximar consumidor e produtor rural para estimular a comercialização de produtos da agricultura familiar. O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater), em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Santa Helena, lançou nesta quinta-feira (09), no Show Rural, em Cascavel, dois aplicativos que auxiliam a comercialização de produtos rurais paranaenses. O primeiro, já disponível para o sistema Android, se chama Vendo Meu Peixe, e é direcionado a piscicultores. O segundo é o Rede Campo – Sabor do Campo a um Clique, que pretende aproximar consumidor e produtor rural para estimular a comercialização de produtos da agricultura familiar. O Vendo Meu Peixe é fruto da observação de extensionistas do IDR-Paraná. Eles perceberam que os piscicultores do Oeste do Paraná têm apresentado dificuldades para encontrar canais de venda da produção. Para resolver esse problema, o aplicativo vai apresentar um mural de ofertas. Assim, resolve também um problema dos compradores, que poderão localizar lotes por tamanho dos peixes e localização, e então negociar a compra. A ferramenta já está disponível para download na Google Play Store (dispositivos Android), e também pode ser acessada pelo Instagram do IDR-Paraná (@idrparana). Em breve será também disponibilizado para IOS. O aplicativo é dirigido a piscicultores, abatedouros de peixe e empresas de piscicultura de todo o Estado. O Sabor do Campo a um Clique, destinado a viabilizar a comercialização de alimentos da agricultura familiar, nasceu pela dificuldade identificada pelo grupo Rede Campo durante a pandemia para encontrar produtores familiares. O objetivo é ter um espaço para que agricultores possam comercializar seus produtos em todo o Estado, bem como garantir para a população o acesso a alimentos saudáveis e de qualidade. Atualmente a ferramenta se encontra em testes no município de Santa Helena, e na sequência será implementada em Londrina e Toledo, e então por todo o Estado. Depois de feitos os devidos ajustes, o aplicativo ficará disponível nas plataformas de aplicativos para agricultores familiares, agroindústrias rurais, cooperativas do Paraná e consumidores. Ambas as ferramentas estão devidamente registradas, atendendo às exigências da legislação e seu uso é gratuito. O desenvolvimento dos aplicativos foi liderado pela professora Alessandra Matte, da UTFPR, em parceria com o IDR-Paraná. A criação foi viabilizada pela Rede Campo (Rede de Pesquisa, Inovação e Extensão em Desenvolvimento Rural), um grupo de pesquisadores, extensionistas e desenvolvedores vinculados à UTFPR, ao IDR-Paraná e outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil O projeto contou, também, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da prefeitura de Santa Helena. Fonte: Agência Estadual de Notícias do Paraná Curadoria: Boi a Pasto

Sistema silvipastoril auxilia pastagens e animais neste período de estiagem

Equipe do Comitê Gestor do Plano ABC+ da Seapi visitou propriedades e constatou as vantagens do sistema “Estou salvando meu gado nesta seca”, comemora o produtor rural Laurindo Beling, de Agudo, se referindo à utilização do sistema silvipastoril, que propicia a integração lavoura-pecuária-floresta. Na propriedade de 59 hectares onde cria angus e planta soja, ele tem duas áreas de plantio de eucaliptos que totalizam 15 hectares. Segundo ele, as árvores protegem tanto do calor quanto do frio, com faixas de sombreamento. Já a produtora Sandra Gomes Brum, de Tupanciretã, destaca que nas duas áreas que têm com este sistema, totalizando cinco hectares, buscou a recuperação do solo e sombra para os animais. “Nós presenciamos nestes dias muito quentes os animais na sombra e isto é uma proteção. E no inverno também, as acácias protegem o gado dos ventos frios e da geada”, declara. Além dos animais, o pasto também fica protegido tanto do sol quanto da geada, afirma. Sandra optou pelo plantio da acácia negra, porque auxilia no aumento da matéria orgânica do solo e tem crescimento rápido. O produtor de Barra do Ribeiro, Pedro Feijó, implantou o sistema silvipastoril há dois anos em uma área de sete hectares. “Esse sistema eu acredito que não tenha mais volta com esta integração, porque o animal fica comendo na sombra, num lugar que traz benefícios pra ele”, afirma. A ideia do produtor é ampliar em mais um hectare com plantio de eucaliptos. “É uma grande oportunidade para o produtor minimizar os efeitos da estiagem, porque se cria um microclima na parte do sub-bosque, que reduz em média oito graus a temperatura, trazendo o bem-estar para os animais e alívio para a pastagem. Além disso, é um sistema com enorme potencial de sequestro de carbono devido à presença de árvores”, diz o engenheiro florestal Jackson Brilhante, coordenador do Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+ da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). O plano tem como objetivo promover a adaptação à mudança do clima e o controle das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na agropecuária brasileira, com aumento da eficiência e resiliência dos sistemas produtivos. A coordenação do Comitê Gestor Estadual do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC+), juntamente com a Emater e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), esteve visitando, no final de janeiro, produtores de três municípios da região central do estado que utilizam o sistema silvipastoril. O objetivo da visita foi avaliar e discutir com os produtores rurais o desempenho deste sistema neste período de seca. O professor do curso de Engenharia Florestal da UFSM, Jorge Farias, constata que “o que estamos observando é a perfeita harmonia de crescimento de árvores e de pastos, com ganhos para ambos. Crescimento muito acima da média das árvores, crescimento de qualidade da pastagem e agora neste ano em que estamos passando pelo terceiro ano de estiagem no Rio Grande do Sul, o produtor tem relatado que onde o pasto está menos degradado, menos sofrido, é no sistema silvipastoril”. Para Farias, vários conceitos estão sendo revistos com a adoção deste sistema. “O que nós estamos vendo, na prática, é que a floresta não prejudica a pastagem, que a floresta maximiza o uso do solo sem prejuízo da pastagem, que o sistema garante um melhor fluxo de renda, que é possível a manutenção da pecuária mesmo durante a estiagem e que as florestas representam carbono”. O trabalho é desenvolvido pela UFSM em parceria com a Embrapa e a Emater. A regional de Santa Maria da Emater atende hoje 40 propriedades com este sistema silvipastoril. O primeiro município a implantar este sistema foi Nova Esperança, em 2005. “Produtores rurais, técnicos e pesquisadores vêm observando a persistência da pastagem verde e crescendo, mesmo com muitos dias de falta de chuvas, resultando reserva de forragem em pé para os animais se alimentarem satisfatoriamente e persistirem na produção de leite e engorda, mesmo em momentos de crise como a que vivemos desde novembro de 2022”, destaca o engenheiro florestal da Emater, Gilmar Deponti. Além da Emater Santa Maria, outras 12 regionais vêm desenvolvendo trabalhos de incentivo à implantação do sistema silvipastoril. “Os produtores que visitamos estão muito satisfeitos, pois o sistema além de minimizar os impactos da estiagem na produção de leite e de carne, também contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário gaúcho”, destaca Jackson. Segundo ele, o estado deve incentivar a adoção desse sistema de produção como uma estratégia de médio e longo prazo para minimizar o impacto da estiagem na produção pecuária gaúcha. Fonte: Agricultura RS Gov Curadoria: Boi a Pasto

Agricultores plantam árvores para cultivar pimenteira-do-reino

Novo sistema usa a árvore leguminosa gliricídia para substituir estacas de madeira como suporte para o crescimento da pimenteira-do-reino.   Nativa da América Central, a árvore leguminosa gliricídia (Gliricidia sepium L.) apresenta rápido crescimento e tem se mostrado um ótimo suporte (tutor vivo) da pimenteira-do-reino em um sistema sustentável desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental (PA). O uso da gliricídia como tutor vivo da pimenteira-do-reino em substituição às estacas de madeira evita o corte de árvores da floresta, melhora a produtividade do pimental e diminui os custos ao produtor. A prática, que reduz drasticamente o impacto ambiental da atividade, ganha cada vez mais adeptos no estado do Pará, segundo maior produtor de pimenta-do-reino do País. Os especialistas registraram a redução em 28% dos custos ao produtor com o novo sistema, quando comparado ao tradicional com estacas de madeira. “Além disso, o manejo dessa planta proporciona o aumento do teor de matéria orgânica no solo e a diversificação de microrganismos, a fixação de nitrogênio do ar e consequente redução do uso de fertilizantes nitrogenados e o favorecimento de um microclima nos pimentais”, ressalta o analista da Embrapa João Paulo Both. Esse conjunto de vantagens faz com que o pimental no tutor vivo da gliricídia tenha mais longevidade e tempo de produção em relação ao sistema tradicional. Foco na sustentabilidade No sistema tradicional de cultivo da pimenteira-do-reino o tutor é obtido do tronco de árvores. “Para a implantação de um hectare de pimenta-do-reino é necessário o corte de 25 a 30 árvores para a produção de tutores para a pimenta”, conta o pesquisador da Embrapa Oriel Lemos. O impacto ambiental da atividade, a escassez e o preço elevado da madeira foram importantes motivações para a pesquisa buscar uma alternativa, segundo o cientista. As pesquisas com o tutor vivo tiveram início na década de 1990 no estado do Pará com a parceria da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica). “Todo o sistema de produção de pimenta naquele momento era em tutor morto obtido a partir de madeiras nobres extraídas da floresta amazônica. Essa era a nossa grande preocupação”, relembra Lemos. Ele conta que foram testadas várias espécies e a gliricídia se destacou pelo seu crescimento rápido e menor competição com a pimenteira-do-reino. Desde então, os cientistas vêm aprimorando o sistema de produção da pimenteira-do-reino com foco na sustentabilidade ambiental e econômica da atividade. Redução de custos ao produtor A aquisição das estacas de madeira, o chamado tutor morto, é o item que mais pesa no bolso do agricultor. “A estaca de madeira aqui na região chega a custar de 25 a 30 reais, enquanto que a estaca de gliricídia não passa de 5 reais”, conta o pipericultor (produtor de pimenta) Osvaldo Donizete, do município de Capitão Poço, na região nordeste do estado do Pará. É nesse município que está o maior número de pimentais no tutor vivo de todo o estado. O estudo de impacto econômico da tecnologia, realizado em 2022, calculou os custos de implantação e manutenção por três anos do sistema tradicional e do sustentável. Um hectare de pimenta com o tutor morto (sistema tradicional) custa ao produtor, em média, 58.251 reais. Já com a tecnologia do tutor vivo (sistema sustentável) esse mesmo hectare custa 41.715 reais. Isso representa uma redução de 16.535 reais, o que equivale a 28% de economia ao produtor em cada hectare de pimenta. “O impacto econômico se dá, de imediato, na redução de custo ao produtor, e considera todos os componentes, como mão de obra empregada, preparo de área, insumos (estacas, adubos), mudas de pimenteira-do-reino, manejo do plantio e outros”, explica o economista da Embrapa Aldecy Moraes. “Para o produtor, a questão econômica é importante, especialmente porque a pimenta-do-reino é produzida, majoritariamente, pela agricultura familiar no estado do Pará”, acrescenta o economista. Ampliação das áreas com o tutor vivo A avaliação de impacto mostrou ainda que, em 2022, houve um aumento de 83% na área plantada com tutor vivo nos pimentais do Pará, em relação a 2021. O trabalho estima que o estado tenha em torno de 300 hectares de pimenta na gliricídia e o município paraense de Capitão Poço é o que mais se destaca nessa ampliação. Exemplo disso é a ampliação do pimental do Osvaldo Donizete, conhecido na região como “Tica Caneta”. Ele começou a plantar pimenta-do-reino com o pai na década de 1970 e, atualmente, cultiva cerca de 50 mil pés de pimenta no tutor vivo de gliricídia. O primeiro contato com a tecnologia foi em 2011 por meio da Embrapa. Desde então, o agricultor apostou no sistema sustentável e, anualmente, vem substituindo as estacas de madeira pelo tutor vivo. “Hoje a maior parte da minha produção já é no tutor vivo. Só no ano passado plantei 20 mil pés de pimenta na gliricídia. Além do preço, que é o primeiro ponto positivo, tem muita diferença na planta, ela fica mais vigorosa e produz muito bem. Na estaca morta, o pimental com quatro, cinco anos já está morrendo. No tutor vivo, o pimental de oito anos está bem formado e produzindo bastante”, conta o agricultor. “Os agricultores da região acreditam nessa tecnologia e estimamos que haja em torno de 300 mil pés de pimenta na gliricídia no município de Capitão Poço”, conta o agrônomo Augusto Rodrigues dos Santos, extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater-Pará). O extensionista acredita que a escassez de madeira, o preço para a aquisição das estacas e a questão ambiental são os fatores que levam os agricultores a optarem pelo tutor vivo. “Quem usa essa tecnologia não está derrubando e sim plantando árvores”, diz.  Outra vantagem ressaltada pelo técnico é a possibilidade de multiplicação das estacas de gliricídia pelo próprio agricultor. “Ele pode fazer um campo de multiplicação de gliricídia para ampliar seu pimental e também para vender a outros produtores”, conclui. Plantas vigorosas e produtivas Os especialistas afirmam que ainda pouco se sabe sobre o comportamento da pimenteira-do-reino em tutor vivo de gliricídia. Porém, um dos mais recentes trabalhos científicos sobre o tema, realizado no estado do

Ciência adota nanotecnologia contra mal-do-caroço, uma das principais doenças de caprinos e ovinos

A doença acomete caprinos e ovinos em todas as regiões brasileiras, causando prejuízos financeiros aos produtores. A Embrapa e a Universidade Federal de Lavras (Ufla) estão utilizando técnicas de nanotecnologia para controlar a linfadenite caseosa, doença também conhecida como “mal do caroço”, que atinge caprinos e ovinos em todas as regiões do País. O novo tratamento consiste no uso racional de antibióticos aplicados diretamente na área afetada por meio de nanopartículas e nanofibras. Os principais benefícios do novo procedimento são a biossegurança e a diminuição do resíduo de antibiótico no leite e na carne oriundos desses animais. O tratamento disponível atualmente envolve um manejo trabalhoso e gera custos com mão de obra e medicamentos, tornando-se pouco viável para rebanhos numerosos, além de apresentar riscos de contaminação para o manejador e o meio ambiente.  A linfadenite caseosa ou “mal do caroço” é uma doença bacteriana infectocontagiosa que promove a formação de abscessos em linfonodos superficiais (gânglios linfáticos) ou em linfonodos e órgãos internos do animal. A enfermidade está presente em 94,2% dos rebanhos de ovinos e em 88,5% dos rebanhos de caprinos na Região Nordeste, onde se localiza a maior produção desses animais.  O tratamento convencional do abscesso maduro consiste na drenagem cirúrgica do conteúdo purulento do caroço, seguida da cauterização química da ferida com tintura de iodo a 10% por, pelo menos, dez dias (foto à esquerda). Caso o procedimento seja feito de forma incompleta, o abscesso pode voltar a aparecer na mesma região após alguns meses. O custo desse tratamento para o produtor é de aproximadamente 86 reais por animal.  As opções disponíveis, além de terem alto custo para o produtor, são trabalhosas e não possuem 100% de eficiência na eliminação do agente infeccioso no abscesso. O tratamento com iodo ainda apresenta risco de contaminação tanto para o manejador quanto para o meio ambiente, uma vez que requer a abertura do caroço e a drenagem do conteúdo, que possui alta carga bacteriana. Como a linfadenite caseosa é uma zoonose, pode ser transmitida para o ser humano.  O tratamento que está sendo desenvolvido pela Embrapa e Ufla avalia o uso racional de antibiótico priorizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a cloxacilina, maximizando a biossegurança e reduzindo o risco ambiental. O objetivo da equipe de pesquisa é chegar a um protocolo que seja pouco laborioso, tenha um custo mais acessível, alta eficiência e elevada biosseguridade.  De acordo com a pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos Patrícia Yoshida, que lidera o projeto, o resultado esperado é a cura do abscesso precoce, sem a necessidade de abertura e exposição ao material purulento, o que seria um procedimento mais seguro. “O novo tratamento consiste em administrar altas concentrações de antimicrobiano diretamente no abscesso, mesmo com baixas concentrações nos demais tecidos e sangue. Dessa forma, espera-se menor resíduo de antibiótico no leite e carne desses animais”, explica.  Nanotecnologia potencializa aplicações do antibióticoOs pesquisadores utilizam a nanotecnologia para desenvolver duas novas opções de procedimento. Para o abscesso fechado, ainda no início da doença, está sendo testado o uso de nanopartículas (foto à esquerda), que têm a capacidade de direcionar o antibiótico para o interior das células infectadas pela bactéria causadora da linfadenite caseosa, para obter uma concentração maior do medicamento no local, o que pode favorecer o combate ao patógeno. “A bactéria se ‘esconde’ no interior das células de defesa do caprino, local onde muitas vezes o antibiótico não consegue atingir concentrações suficientes para eliminá-la. Por isso, muitas vezes ela sobrevive ao tratamento. Ao utilizarmos as nanopartículas para direcionar o antibiótico para o interior das células de defesa, conseguimos aumentar sua concentração nesse local e assim tornar o medicamento mais eficiente”, explica o pesquisador Humberto Brandão, da Embrapa Gado de Leite. Como as nanopartículas direcionam o antibiótico para o local da infecção, espera-se que o tratamento seja mais efetivo que os disponíveis atualmente. A outra opção é o uso de nanofibras (foto abaixo, à direita) para o tratamento do abscesso maduro após a drenagem, em substituição à tintura de iodo a 10%, de modo a eliminar a bactéria e favorecer a cicatrização. “As nanofibras são ferramentas bastante interessantes para aplicações médico-veterinárias, pois podem ser produzidas com materiais biocompatíveis com elevada área de superfície e porosidade, que mimetizam a matriz extracelular, e permitem carregar grandes quantidades de fármacos, possibilitando sua liberação de forma lenta no sistema”, relata o pesquisador da Embrapa Instrumentação Daniel Corrêa.Na Ufla, estão sendo desenvolvidos modelos computacionais com base nos resultados obtidos com animais para determinar com precisão os protocolos (doses e intervalos) de tratamento. O pesquisador Marcos Ferrante explica que trabalhar com modelos computacionais permite simular diferentes cenários, diminuindo o número de animais usados na pesquisa, além de maximizar o uso dos recursos financeiros. “Essas pesquisas permitirão otimizar as doses para protocolos terapêuticos em diferentes cenários produtivos, possibilitando aos produtores tratar os animais com a mínima quantidade de antibiótico necessária e sem comprometer a eficácia do tratamento”, complementa Ferrante. Tecnologia depende de parceiros para chegar ao mercado Atualmente, o desenvolvimento da nova técnica está em fase de testes com caprinos para definir a melhor forma de uso do produto, incluindo dosagem e frequência de aplicações. Segundo Yoshida, a equipe espera concluir os ensaios com os animais em condições controladas nos próximos três anos e encontrar parceiros na indústria farmacêutica para viabilizar a produção em larga escala para comercialização.  “Estamos prospectando parceiros para colocar o produto no mercado. A parceria com essa formulação pode ser em codesenvolvimento desse e de outros medicamentos. O parceiro interessado entraria com a expertise e infraestrutura de linha de produção, capaz de receber a tecnologia de formulações nanotecnológicas para uso farmacêutico. Essa tecnologia mostra potencial, visto que já foi testada em outras espécies animais e infecções, como mastite e ceratoconjuntivite em bovinos”, afirma a pesquisadora. Impactos da doença no sistema de produção A presença da linfadenite caseosa no rebanho traz diversos prejuízos para o criador, como queda na produção, aumento do custo com mão de obra e medicamentos para o tratamento, desvalorização da carne e da pele do animal, além de causar a morte de caprinos e ovinos quando a doença está

Inteligência artificial identifica plantas doentes simulando processo cerebral

A tecnologia possui várias aplicações, como identificar precocemente doenças em lavouras ou encontrar os pastos mais adequados para maximizar a produção leiteira. Equipamento que permite capturar e simular sinais cerebrais começou a ser testado no Brasil, em 2022, para detecção de doenças em estágio inicial, em cultivos de soja, por meio de inteligência artificial (IA). O trabalho é feito a partir de parceria entre a Embrapa e as empresas Macnica DHW e InnerEye, esta última desenvolvedora do BrainTech, equipamento que faz a captura dos sinais neurais de especialistas por meio de um capacete com eletrodos, similar a um eletroencefalograma (EEG). O sistema, então, simula o funcionamento cerebral no momento em que especialistas visualizam imagens de plantas doentes, automatizando a rotulagem e tornando a etapa mais rápida e eficiente. Com isso, os pesquisadores esperam dar rapidez às tomadas de decisão, reduzindo perdas em empreendimentos rurais e racionalizando o uso de recursos naturais. “Essa é uma iniciativa pioneira da Embrapa que está unindo a tecnologia disruptiva BrainTech, trazida com exclusividade pela Macnica DHW para o Brasil. Associando sinais neurais EEG e AI é possível criar uma máquina que imita o cérebro humano com alta confiabilidade”, observa o gerente de Soluções IoT & AI da Macnica DHW, Fabrício Petrassem. O teste e a validação do sistema tiveram a participação do desenvolvedor Yonatan Meir, da InnerEye, que veio de Israel em agosto, especialmente para essa finalidade. “Por meio da captura de ondas cerebrais, a solução da InnerEye é capaz de identificar o julgamento e a classificação de uma imagem observada por uma pessoa, permitindo que essa imagem seja rotulada de forma automática e imediata”, explica Meir. O sistema já é utilizado em aeroportos europeus na identificação de objetos perigosos em malas. Em 2019, a Macnica DHW buscou a Embrapa para, em parceria, explorar a tecnologia no setor agropecuário, com possíveis novas aplicações. A primeira foi a detecção precoce de doenças em plantas, cujos experimentos começaram em abril de 2022. Pesquisador da Embrapa Agricultura Digital Jayme Barbedo explica o funcionamento da tecnologia que usa inteligência artificial aplicada à agricultura O experimento “As ferramentas de IA evoluíram muito e, com dados de boa qualidade, conseguem resolver quase qualquer problema”, indica o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital Jayme Barbedo, que lidera o projeto pela Empresa. O desafio, segundo aponta, é a obtenção desses ‘dados de qualidade’, que além de coletados precisam ser rotulados por especialistas. Um processo custoso e demorado em que o equipamento vai auxiliar. Os primeiros resultados do experimento foram positivos, pois o equipamento ajudou a identificar, com alta acurácia, as folhas doentes (oídio e ferrugem da soja) e saudáveis. Agora, o projeto deve ir além da detecção de plantas doentes/não doentes e avançar na identificação do tipo de doença presente no cultivo da soja, iniciando pelas comercialmente mais significativas. Também está sendo articulada a inclusão das culturas de milho e café nos experimentos com os respectivos centros de pesquisa da Embrapa. Em abril, o equipamento foi trazido ao Brasil para a sede da Macnica DHW, multinacional japonesa, localizada em Florianópolis (SC). Lá, foi montada a estrutura para o experimento de captura dos sinais cerebrais dos fitopatologistas Cláudia Godoy e Rafael Soares (foto à esquerda) da Embrapa Soja. Ambos avaliaram cerca de 1,5 mil imagens de folhas doentes e saudáveis para os testes com o capacete coletor. A etapa da prova de conceito mostrou que os modelos gerados a partir dos eletroencefalogramas dos especialistas são capazes de lidar bem com imagens, permitindo treinar a máquina na identificação de plantas doentes. “A junção das imagens rotuladas – doente/saudável – com os sinais cerebrais dos especialistas resultou na melhora do desempenho do modelo, indicando a viabilidade do uso da IA”, aponta Barbedo. Inteligência Artificial Área de pesquisa que visa projetar, desenvolver, aplicar e avaliar métodos e técnicas na criação de sistemas inteligentes capazes de adquirir e integrar, por conta própria, conhecimento acerca do domínio em que atuam, de modo a melhorar progressivamente seu desempenho em relação ao cumprimento de seus objetivos. Primeiras impressões “A experiência foi muito interessante, porque o sistema aprende a identificar imagens de folhas doentes a partir da contagem que é feita de forma silenciosa quando se visualiza as doentes e as sadias, que passam rapidamente em uma tela de computador pela identificação dos sinais cerebrais”, relata Cláudia Godoy (foto á esquerda). “Com a evolução do treinamento artificial, essas tecnologias de reconhecimento podem ser utilizadas por pessoas que não têm muito conhecimento de doenças, auxiliando no manejo”, detalha. De acordo com Soares, para esse experimento foram escolhidas duas doenças: a ferrugem asiática, doença economicamente mais importante que afeta a cultura, e o oídio, relevante na Região Sul do Brasil. “Essas doenças foram escolhidas pois, além do impacto que geram para a cultura da soja, causam dois tipos distintos de sintomas foliares na planta, e também porque havia uma disponibilidade adequada de imagens para a avaliação”, explica Soares. Para o pesquisador, o aprimoramento de ferramentas de manejo de doenças da soja é relevante porque “detectar e diagnosticar doenças é uma das maiores dificuldades encontradas no manejo da cultura, e tecnologias inovadoras que agreguem informações a essas práticas são desejáveis e necessárias”, destaca. Custos com a ferrugem asiática ultrapassam os US$ 2 bilhões por safra no Brasil Desde sua introdução no Brasil, em 2001, a ferrugem asiática da soja (foto à direita), causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é a mais severa doença da cultura, podendo levar a perdas de até 80%, se não controlada. Segundo levantamentos do Consórcio Antiferrugem, os custos com a doença ultrapassam os US$ 2 bilhões por safra no Brasil, considerando a aquisição de fungicidas e as perdas de produtividade que ela provoca. As estratégias de manejo estão centradas em práticas como o vazio sanitário, que é o período de, pelo menos, 90 dias sem plantas vivas de soja no campo, para a redução do inóculo do fungo. Ajudam também no controle a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeadura no início da época recomendada, a adoção de cultivares resistentes, respeito ao calendário de semeadura e a utilização de fungicidas. Atualmente, o fungo P. pachyrhizi apresenta mutações que conferem

SUPLEMENTAÇÃO VOLUMOSA – QUAL O MELHOR VOLUMOSO PARA O GADO?

A suplementação volumosa é uma prática que permite a manutenção ou melhoria do desempenho dos animais; veja qual é o melhor volumoso para o gado Por Dr. Angel Amaral Seixas Zootecnista – Durante o período da seca, o pecuarista precisa ser estratégico para conseguir driblar a escassez de alimentos, por isso ele deve lançar mão de todas as tecnologias disponíveis e viáveis que permitam o fornecimento de alimento em quantidade e qualidade. Nesse contexto, o uso da suplementação volumosa de bovinos durante esse período pode ser uma prática que permite a manutenção ou melhoria do desempenho dos animais. No entanto, a suplementação volumosa não é uma estratégia barata e demanda de conhecimento técnico e boas tomadas de decisão, o que leva o pecuarista ficar em dúvidas sobre qual suplementação utilizar em sua fazenda para obter o melhor custo/benefício possível. Pensando nisso, nós trouxemos nesse artigo quais são os tipos de suplementos volumosos mais utilizados na pecuária de corte e qual seria a melhor estratégia de uso. Suplementação volumosa: Mais arroba no período da seca! Para obter animais mais jovens para o abate é necessário que haja uma manutenção do ganho de peso durante o ciclo produtivo, o que torna o sistema de produção dependente do fornecimento de alimento em quantidade e qualidade durante todo o ano. Contudo, no período da seca, o pecuarista possui alguns problemas para conseguir atingir esse objetivo, pois as pastagens ficam escassas e perdem qualidade, o que resulta em queda no ganho de peso. Por isso, a forma encontrada para driblar esse problema é lançar mão de estratégias de suplementação disponíveis para conseguir alimentar os animais de forma adequada durante a estiagem, a fim de evitar o “famoso efeito sanfona” do gado, que é que a perda de peso no período da seca e ganho de peso no período das águas. Quando falamos em suplementação logo nos vêm à cabeça o uso de grãos como milho e soja, além dos minerais é claro. Contudo, a suplementação é o ato de suprir as deficiências nutricionais por meio de diversas fontes alimentares, sendo ela de origem volumosa (forragem) ou concentrada (grãos e minerais). A suplementação volumosa é uma alternativa que pode ser utilizada para enfrentamento do período seco do ano, ou até mesmo nas águas, a depender do objetivo da propriedade. Essa estratégia pode ter impacto considerável na sobrevivência do sistema de produção e na rentabilidade do produtor rural. Silagem, feno ou pré-secado, qual a diferença? Atualmente, as principais alternativas de suplementação volumosa para bovinos são as silagens (milho, sorgo, cana, milheto, girassol e os capins em geral), fenos, pré-secados, além da planta in natura (capineira). A silagem, de modo geral, nada mais é que a conservação da planta forrageira pelo processo de fermentação em meio anaeróbico no que chamamos de silo. No silo, a planta forrageira colhida (30 a 35% de MS) e picada (0,5 a 1,5 cm) será compactada é vedada por um mínimo de 30 dias, principalmente para que ocorra o processo fermentativo que garantirá a sua conservação. Diferente da silagem, o feno é obtido pelo processo de conservação por desidratação, no qual a forragem com 75 a 80% de umidade é cortada e desidratada, ficando com cerca de 10 a 20% de umidade. Já o pré-secado é um meio-termo entre silagem e feno, pois a forrageira passará por uma desidratação prévia (40 a 60% de matéria seca), podendo então ser enfardada para que ocorra a fermentação (Tabela 1). A escolha da espécie forrageira para ensilagem ou fenação, deve basear-se na boa capacidade produtiva da planta, já que o objetivo é garantir volumoso para o período de seca ou aproveitar o excedente de produção nas águas. Além disso, tem que apresentar características que permitam sua conservação. No caso da silagem, as espécies escolhidas para serem ensiladas devem apresentar bom teor de matéria seca no momento do corte, boa concentração de carboidratos solúveis e baixo poder tampão (Tabela 2). As principais culturas utilizadas no processo de ensilagem são o milho, sorgo, milheto, cana-de-açúcar, aveia, azevém, girassol e os capins tropicais (BRS Capiaçu, Cameroon, Napier, Zuri, Mombaça, Tanzânia). No geral, os capins tropicais apresentam alguns aspectos limitantes para o processo de ensilagem, basicamente pelo baixo teor de matéria seca, baixa concentração de carboidratos solúveis, além do alto poder tampão, o que desfavorece o processo fermentativo e aumenta os riscos de perdas. Contudo, o uso de inoculantes, sequestradores de umidade e o emurchecimento tem sido boas alternativas para aumentar o teor de matéria seca e carboidratos solúveis da planta, garantindo uma boa fermentação e conservação (Tabela 3). Em relação as espécies indicadas para fenação e pré-secagem, é possível utilizar qualquer espécie ou cultivar. Contudo, as mais indicadas são aquelas com alto valor nutritivo, elevado potencial produtivo, caules finos e alta proporção de folhas, além disso devem apresentar boa tolerância a cortes frequentes. Entre as mais adaptadas e utilizadas no Brasil, os gêneros Cynodon (Coastcross, Tifton, Flotakirk, entre outros) e Brachiaria (Marandu, Decumbens) tem ganhado destaque. Todavia, outras espécies como Azevém e aveia, tem sido bastante utilizada no sul do país. Um dos fatores que devemos considerar na produção de feno é a altura ou tempo de rebrota da gramínea, pois impacta consideravelmente a qualidade do produto final (Tabela 4). Todas as formas de suplementação volumosa possuem vantagens e desvantagens a serem consideradas, por isso, a sua adoção não pode ser feito de forma abrupta, considerando apenas os impactos imediatos, ela demanda de um bom planejamento para o período da seca e gestão operacional de todo o sistema de produção. Qual a melhor suplementação volumosa? A escolha da estratégia de suplementação volumosa depende, principalmente, do nível de exploração de fazenda, da disponibilidade de área, mão de obra, estrutura, maquinário e oferta de insumo, tornando a estratégia operacionalmente e economicamente viável. Por exemplo, cerca de 50% dos custos das silagens são representados por fertilizantes e os processos mecanizados (colheita e transporte), reiterando a importância do planejamento prévio, especialmente na compra de insumos e serviços. Portanto, a estratégia deve ser

Pesquisador afirma: suplementação mineral sozinha não faz milagre

Confira o que a pesquisa científica tem a dizer sobre o manejo ideal durante a entressafra. Saiba que o pasto ainda tem um papel fundamental Pesquisador da APTA afirma: apenas a suplementação mineral não é capaz de fazer milagres. O que o pecuarista deve fazer nesse momento em que os pastos caem sua qualidade, e como deve ser o planejamento na hora de dar a suplementação mineral ou proteica? Saiba que mesmo com baixas condições de qualidade, o pasto é ainda o grande promotor para a engorda de animais, segundo o zootecnia Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador do Polo Regional de Alta Mogiana da APTA, que fica no município de Colina, na região de Barretos. “A seca é importante para se construir um animal no ano inteiro. Assim como um vendedor, que tem de vender todos os meses do ano, um produtor de boi tem de fazer seu animal engordar todos os meses do ano também”, explica Siqueira. O segredo da engorda de bovinos está no pasto Num planejamento de engorda de bovinos com a adição de suplementação mineral ou proteica, o que vai, de fato, fazer a diferença na hora da engorda do animal é o volumoso, e não o suplemento. Siqueira pontua inclusive que o proteinado responde por 10% da exigência proteica do animal e apenas 5% de energia. Portanto, o bovino só vai ganhar peso se tiver pasto. E para ter pasto o pecuarista tem de fazer muito bem suas contas, sem se ater a expectativas que possam chover e, aí, dar mais alívio para sua pastagem. Ser mais realista nesta hora, fará o planejamento da fazenda subir de patamar. A recomendação é ter um plano bem claro da necessidade de forragem da fazenda, especialmente durante a seca. E quanto a chuva cessar, o recomendado é fazer o ajuste da taxa de lotação de animais, com menos animais por hectare para não faltar alimento. Interação de suplemento + pasto “A suplementação funciona melhor, especialmente na seca, quando se tem pasto. O grande efeito do aditivo não é o que tem de nutrientes em si, mas porque ele melhora o uso do pasto pelo animal”, diz Siqueira. O suplemento basicamente acelera a digestão do volumoso por conta da adição de proteína. O rúmen dos bovinos precisam desse estímulo, porque o pasto de baixa qualidade tem pouca proteína, o que leva a uma digestão mais lenta pelo rúmen. Quando há o estímulo da proteína através da suplementação, o rúmen, que estava parado, começa a girar mais rápido, digere todo o volumoso, e abre espaço para mais consumo de capim pelo bovino. A aceleração deste ritmo faz com que o animal continue ganhando peso. Fonte: Giro do Boi Curadoria: Boi a Pasto