setembro 7, 2024

Pecuária: 3 segredos para aumentar produção e rentabilidade das pastagens

Especialistas explicam o que todo pecuarista precisa fazer para garantir os níveis de nutrição adequados para o rebanho de corte e de leite Em um momento em que os produtores precisam mostrar níveis competitivos de pecuária frente ao cenário nacional e internacional, investir no cuidado inicial e na recuperação das áreas de pastagem a longo prazo se torna um aspecto essencial para um crescimento sustentável.Contudo, ainda que seja de extrema relevância, esse tipo de cuidado, não é muito comum no Brasil, o que reflete negativamente no desempenho animal, como explica Janaína Azevedo Martucello, professora da Universidade Federal de São João del-Rei e especialista em forragicultura e pastagens. “Precisamos tratar nossos pastos como lavoura. A partir do momento que o pecuarista entender que o bem mais precioso que ele tem na fazenda é o capim, vamos ter uma mudança de mentalidade em nossa pecuária e, consequentemente, uma mudança de rentabilidade”, afirma.De acordo com Vinícius Gomes, especialista da Mosaic Fertilizantes, ao atentar para os cuidados essenciais das pastagens, os pecuaristas podem ter ganhos até 50% maiores na produção de carne por hectare. Para isso, porém, é preciso seguir alguns passos iniciais: o preparo do solo, a adubação correta e a definição de um calendário de implantação que vai projetar a produtividade e rentabilidade ao longo do tempo. Na lista a seguir, você confere mais sobre as recomendações dos dois especialistas. 1 – Bom preparo do solo O primeiro segredo para garantir uma pastagem produtiva é criar um preparo com condicionadores de solo, a exemplo do calcário e do gesso, que atuam para regular os níveis de pH e para equilibrar o alumínio do solo. Aplicados de maneira e na dose adequada, eles melhoraram o nível de aproveitamento de fertilizantes, por exemplo, aumentando a produção de forragem. Segundo Vinícius Gomes, esse procedimento é necessário para neutralizar e precipitar o alumínio tóxico presente nos solos brasileiros, facilitando o enraizamento das forrageiras. “A aplicação de calcário e gesso forma o alicerce para o estabelecimento de uma área de pastagem e para que os fertilizantes químicos que serão aplicados em seguida atuem em uma faixa de pH ótimo”, pontua. Posteriormente, o produtor precisa regular os níveis de nitrogênio, fósforo, potássio, magnésio, enxofre, entre outros elementos importantes para o desenvolvimento e produtividade das pastagens. A quantidade de nutrientes, porém, depende de fatores como o teor de argila do solo, a exigência de cada gramínea e o número de animais que serão alojados na área. “Para que tudo isso seja mensurado, sempre faça uma amostragem do solo. O Brasil tem biomas, tipos de sistemas de produção e sistemas pecuários diferentes e, para cada particularidade, precisamos fazer uma recomendação de acordo com a análise de solo. Ela é um raio-X da estrutura de solo da fazenda”, diz Gomes. 2 – Aplicação de fertilizantes químicos de qualidade Seja na implantação de uma nova área, manutenção ou na recuperação de uma pastagem degradada, a aplicação correta de fertilizantes de alta qualidade pode contribuir para dobrar ou até triplicar a taxa de lotação, o que vai depender da dose aplicada.Segundo Vinícius Gomes, em rebanhos de corte, isso pode significar um ganho até cinco vezes maior na produção de carcaça, por exemplo. “O fertilizante é uma intervenção direta para aumentar os índices tanto reprodutivo como de produção. Vemos o resultado tanto no gado de corte quanto no de leite”, diz. No Brasil, fertilizantes de alta tecnologia, como a linha MPasto, da Mosaic Fertilizantes, atuam nas particularidades do solo nacional e oferecem ao produtor tecnologia  necessária para estabelecer a pastagem desde o princípio ou até mesmo reverter uma área de degradação – cenário que atinge cerca de 53% dos pastos atualmente. “A adubação para manutenção é essencial, porque, quando o produtor não faz a reposição dos nutrientes, há o início do processo de degradação, que vai se instalando nas pastagens e no solo. Tudo isso depende do nível de tecnologia que o pecuarista deseja implantar na propriedade, bem como a produção em arroba, de leite e taxa de lotação que ele estima”, aponta a professora Janaína Martucello. 3 – Definição de um planejamento forrageiro Antes de colocar qualquer procedimento de cuidados e fertilização das pastagens em prática, os especialistas recomendam traçar um planejamento estruturado, para garantir o sucesso da produção de carne durante o ano todo. Segundo Vinícius Gomes, esse planejamento deve considerar fatores como: taxa de de lotação, que determina a quantidade de animais por área; tipos de plantas forrageiras que deseja usar; condições climáticas de cada região; extensão da área, dentre outros. Uma vez estabelecidos esses aspectos iniciais, o produtor poderá escolher os melhores produtos para aplicar e quando deverá iniciar cada etapa. Para isso, a linha MPasto, da Mosaic Fertilizantes, conta com três produtos distintos, mas complementares: MPasto Super, MPasto Max e MPasto Nitro, desenvolvidos especialmente para pastagens, com a finalidade de aumentar a produção de forragem e produtividade animal por hectare. No caso do MPasto Super, por exemplo, o pecuarista fará uso de um produto fosfatado com cálcio solúvel e com enxofre que contribui para o condicionamento do solo em subsuperfície e o que melhora o desenvolvimento das raízes tanto em profundidade e volume. Já o MPasto Nitro é um fertilizante nitrogenado de alta concentração à base de ureia estabilizada com inibidor de uréase que diminui as perdas de amônia por volatilização, dessa forma aumenta a eficiência das adubações de cobertura. O MPasto Max, por sua vez, é um fertilizante fosfatado, que apresenta nitrogênio, fósforo e enxofre, em duas formas, sendo uma, o enxofre elementar e a outra em sulfato. Nutrientes esses, importantes para o melhor desenvolvimento e crescimento das pastagens. “A companhia entendeu o vasto mercado que temos para fazer uma pecuária mais forte no Brasil e que traga competitividade no exterior. Sem abrir mais áreas, mas sendo efetivo e intensificando a produção e rentabilidade em um mesmo espaço”, completa Gomes. Fonte: Globo Rural Curadoria: Boi a Pasto

Pecuária sustentável x pecuária extrativista

Em entrevista, uma das questões levantadas foi à forma que a pecuária é colocada como a maior vilã nas questões ambientais, e de como as mudanças climáticas associadas ao Agro vem apresentando um quadro assustador de “fim do mudo”. No início desse ano, a Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA) publicou em seu jornal acadêmico, um estudo que afirma que, se a criação de animais para alimentação fosse eliminada, teríamos como resultado, um impacto climático positivo substancial, que mudaria o curso do quadro de aquecimento global que temos hoje. Segundo Michael Eisen, um dos pesquisadores do estudo; o trabalho realizado por eles mostra que, acabar com a pecuária, tem o potencial único de reduzir significativamente, os níveis atmosféricos de todos os três principais gases de efeito estufa; e por hesitamos em responder à crise climática, isso se faz necessário para evitar uma catástrofe. Diante desse cenário, conversamos em entrevista com Mauroni Cangussú – Médico Veterinário e produtor rural. Referência em pecuária regenerativa. E Prof. Dr. Rogério Martins Maurício – Especialista em Biotecnologia Ambiental e Pecuária sustentável para saber mais sobre o Eco-Suicídio, e o que podemos fazer para evitar que isso aconteça. Em entrevista, uma das questões levantadas foi à forma que a pecuária é colocada como a maior vilã nas questões ambientais, e de como as mudanças climáticas associadas ao Agro vem apresentando um quadro assustador de “fim do mudo”. Segudo o Mauroni, esse quadro existe devido à exaustão do uso dos recursos naturais. Com o numero populacional mundial que temos atualmente, a barreira da sustentabilidade foi rompida, a sociedade está degradando mais do que a capacidade regenerativa da natureza. “Ao longo do tempo, se você degrada mais do que regenera, você leva a eliminação da humanidade.” Mauroni Cangussú Porém muito está sendo feito no Agro, e já existem diversas técnicas e tecnologias a disposição, sendo aplicadas em diversas propriedades que visam não só diminuir a agressão ao meio-ambiente, mas também ajudar na recuperação. E é o que chamamos de pecuária sustentável ou regenerativa. A produção de alimentos alterou nosso planeta mais do que qualquer outra atividade humana. Ela é responsável por 24% das emissões de efeito estufa e 70% do uso total de água doce; é talvez a maior causa da perda da biodiversidade no mundo, além disso, a produção de alimentos também é a causa de 80% da perda global de habitat, uma tendência que está acelerando a cada dia. Em vista disso a COP26 (Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas) realizada no ano passado 2021, com um grupo de 40 países, incluindo o Brasil, negociaram ações para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Sabendo desse compromisso que não só o Brasil se propôs, mas vários países. O professor Rogério falou um pouco da importância dos Sistemas Silvipastoris nesse cenário. Primeiro ele deixou claro que as emissões de gases ligado a agropecuária foi apenas um dos temas abordados na COP26, por ser um evento muito complexo tem uma diversidade de temas muito grande. “A produção pecuária bovina, tem um papel social muito importante. […] É uma atividade que volta a nossa cultura em 1500 e vem se desenvolvendo.” Prof. Dr. Rogério Martins Maurício O estudo de Sistemas Silvipastoris que é adotado na fazenda Monalisa, foi levado para a COP26 como um exemplo, mas é preciso ressaltar que a produção de metano que advém do processo de extração de petróleo é muito maior que a produção de metano dos bovinos, mas infelizmente, o mundo no geral volta o olhar para a vaca, e deixa de lado outros processos que são por vezes mais danosos. Como por exemplo, a matriz energética baseada no carvão mineral, que é extremamente poluente. “Teríamos que ter níveis de preocupações, até chegar ao nível de preocupação da pecuária”. Prof. Dr. Rogério Martins Maurício Chegando ao nível da pecuária, o primeiro passo é sair do sistema extrativista para um sistema sustentável. E é ai que entra os Sistemas Silvipastoris.Podemos defini-lo como: Uma opção tecnológica de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) que consiste na combinação intencional de árvores, arbustos,  pastagens e gado numa mesma área e ao mesmo tempo. Uma das vantagens é a preservação da biodiversidade local, em segundo lugar está a falta de necessidade de fertilizantes químicos, que é uma das crises vividas nos dias atuais. Nos Sistemas Silvipastoris a bomba de fertilização são as raízes. Terceiro, é um sistema 0% agrotóxicos. Ter uma visão sistémica da propriedade. E por último, favorece o bem-estar animal. “Uma vaca, um animal, debaixo de uma árvore, ele vai ter 3 ou 4’ de melhor conforto, com isso o estresse é menor, a qualidade da carne é melhor, o ganho de peso é melhor, e as exigências internacionais para o conforto animal, são supridas.” Prof. Dr. Rogério Martins Maurício Quanto à transição de um sistema para o outro, o Mauroni diz que: “Para que você comece uma pecuária regenerativa, primeiro tem que mudar a cabeça. Entender que aquele processo (extrativista) está errado.” O primeiro passo é parar de colocar fogo, que apesar de ser um desastre para a pecuária brasileira, ainda é muito usado. Outro ponto é parar de usar químicos. Em terceiro lugar, está o respeito pelo ecossistema, com ordenamento do uso do solo. É um processo lento, e o produtor tem que aceitar que de início sua rentabilidade vai cair um pouco, pois deverá manejar tudo de forma que você tenha no futuro uma rentabilidade maior nesse novo modelo, e produzir alimentos mais sadios. Confira abaixo essa entrevista na integra: Redação: Boi a Pasto

Suplementação na seca: quem não planejou, agora, precisa remediar

O inverno, que não apareceu este ano, exceto na região Sul, castigou mais ainda, com altíssimas temperaturas a maioria das regiões do Brasil, prejudicando (secando, na verdade) ainda mais, as pastagens. (*) Por Marisa Rodrigues O inverno, que não apareceu este ano, exceto na região Sul, castigou mais ainda, com altíssimas temperaturas a maioria das regiões do Brasil, prejudicando (secando, na verdade) ainda mais, as pastagens. O que deve ter causado muitos prejuízos para os pecuaristas. Em especial, para aqueles que não planejaram com antecedência a passagem por esse duríssimo período de estiagem. Todos os anos essa tarefa tem que ser feita como uma lição de casa. Tem que entrar na rotina diária das propriedades. O pecuarista não pode dormir em berço esplêndido durante os primeiros quatro meses do ano, enquanto as chuvas em geral são abundantes por todo o País, sem prestar atenção na estação da seca, trazida pelo inverno, que, em função das já aceleradas mudanças climáticas, é cada vez mais rigorosa. O fenômeno vem sendo amplamente estudado e divulgado pelas mais sérias instituições de pesquisas científicas mundiais, mas parece que a ficha demora para cair justamente entre aqueles que mais precisam dela. Gente que convive com a lida diária em suas fazendas pecuárias, atividade estreitamente ligada ao meio ambiente, parece preferir fazer ouvidos moucos aos gritos da mãe natureza. O resultado é que as soluções- sim, elas existem e não são poucas – para mitigar o problema, a curto, médio e longo prazos, acabam sempre sendo procrastinadas, empurradas sempre mais um pouquinho para frente, e óbvio, o problema não só persiste como vai se avolumando, não só no Brasil, mas no planeta todo. É só prestarmos atenção nas ondas de calor do verão europeu que passaram dos 40 °C, em diversos países onde o frio se faz sentir, mesmo na estação mais quente do ano, como o Reino Unido, Portugal, Alemanha, França, entre outros. Não é mais uma questão de mito ou verdade. A situação é bastante séria e a cada ano, só tende a piorar, elevando cada vez mais os custos de produção, pois o temido efeito do boi sanfona, que quase virou lenda nas propriedades de alta performance, na época da seca, neste ano além de pequenos e médios produtores, atingiu muitos grandes também, pois os efeitos da estação foram e ainda estão muito intensos, nas diferentes regiões brasileiras, independentemente do calor exagerado em pleno inverno, do Sudeste para cima, como no Sul, onde as temperaturas muito baixas, até com registros de neve, onde esse evento climático não é muito comum, castigaram e acabaram com as pastagens. Nessa altura do campeonato, para quem não fez o planejamento nutricional para a prevenção da seca, com antecedência de uns quatro meses, pelo menos, agora, no auge dela, a única coisa a se fazer é suplementar o rebanho com produtos formulados especificamente para supri-los com vitaminas e sais minerais, além de outros nutrientes que ajudam na manutenção do score corporal da vaca. Na verdade, a suplementação mineral é fundamental para complementar a nutrição dos bovinos, e deve acontecer o ano todo, apenas sendo adaptada para cada fase do gado combinada com a ingestão das pastagens verdes e cheias de proteína. Pastagens essas que, dentro do planejamento podem ser transformadas em feno ou silagem, e armazenadas para que não faltem no período mais crítico. (*) Marisa Rodrigues, consultora de comunicação e marketing especializado para o agronegócio, com ênfase em pecuária, é jornalista, CEO da Taxi Blue Comunicação Estratégica e publisher-fundadora do portal Boi a Pasto.