INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
A cultura do milho na Integração Lavoura-Pecuária A cultura do milho (Zea mays) se destaca no contexto da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) devido às inúmeras aplicações que esse cereal têm dentro da propriedade agrícola, quer seja na alimentação animal na forma de grãos ou de forragem verde ou conservada (rolão, silagem), na alimentação humana ou na geração de receita mediante a comercialização da produção excedente. Outro ponto importante são as vantagens comparativas do milho em relação a outros cereais ou fibras no que diz respeito ao seu consórcio com capim. Uma das vantagens é a competitividade no consórcio, visto que o porte alto das plantas de milho exerce, depois de estabelecidas, grande pressão de supressão sobre as demais espécies que crescem no mesmo local. A altura de inserção da espiga permite que a colheita mecanizada seja realizada sem maiores problemas, pois a regulagem mais alta da plataforma diminui os riscos de embuchamento. Somando-se isso à disponibilidade de herbicidas graminicidas pós-emergentes, seletivos ao milho, é possível obter-se resultados excelentes com o consórcio milho + capim, como, por exemplo, no sistema Santa Fé. A cultura do milho também possibilita trabalhar com diferentes espaçamentos. Atualmente, a tendência é reduzir o espaçamento entre as fileiras do milho. Isso vai melhorar a utilização de luz, água e nutrientes e aumentar a capacidade de competição das plantas de milho. No consórcio com forrageiras, a redução de espaçamento tem, ainda, a vantagem de formar um pasto mais bem estabelecido (fechado), quando as sementes da forrageira são depositadas somente na linha de plantio do milho. A decisão pelo espaçamento do consórcio a ser estabelecido deve levar em conta a disponibilidade das máquinas, tanto para o plantio quanto para a colheita. Vantagens da Integração Lavoura-PecuáriaA integração lavoura-pecuária é a diversificação, rotação, consorciação ou sucessão das atividades agrícolas e pecuárias dentro da propriedade rural de forma planejada, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que há benefícios para ambas. Possibilita, como uma das principais vantagens, que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano ou, pelo menos, na maior parte dele, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de fibras, de lã, de carne, de leite e de agroenergia a custos mais baixos devido ao sinergismo que se cria entre a lavoura e a pastagem. Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (SILP), compostos por tecnologias sustentáveis e competitivas, foram e ainda estão sendo desenvolvidos ou ajustados às diferentes condições edafoclimáticas do país, o que tem possibilitado a sustentabilidade do empreendimento agrícola, com redução de custos, distribuição de renda e redução do êxodo rural em decorrência da maior oferta de empregos no campo. Dentre os principais benefícios para o produtor podemos destacar: (i) diversificação de atividades/produção garantindo maior estabilidade de renda, uma vez que o produtor não fica dependente das condições favoráveis de mercado e ou sujeito à problemas climáticos de apenas um produto, além de possibilitar a obtenção de receitas em diferentes épocas do ano; (ii) associa o baixo risco da atividade pecuária com a possibilidade de alta rentabilidade da produção agrícola; (iii) viabiliza a recuperação do potencial produtivo de áreas já desmatas, principalmente pastagens degradadas, aumentando a produção e oferta de grãos, fibras, agroenergia, carne e leite, contribuindo para a redução da pressão por abertura de novas áreas, principalmente na região Amazônica; (iv) como alternativa para a recuperação de pastagens degradadas, a ILP apresenta viabilidade técnica e econômica, utilizando-se a produção da lavoura (grãos, fibras etc) para cobrir os custos de preparo da área e aquisição dos corretivos e fertilizantes, ficando o pecuarista com a pastagem recuperada; (v) otimiza a utilização de máquinas, equipamentos, insumos e mão de obra no decorrer do ano, ou seja, as máquinas e funcionários que no período da safra estão ocupados na condução das lavouras, no período da entressafra serão utilizados nas atividades pecuárias; (vi) redução na incidência de pragas, doenças e plantas daninhas nas lavouras em função da rotação de culturas, baixando os custos de produção (redução da quantidade de defensivos agrícolas e custos de aplicação); (vii) maior eficiência de utilização de corretivos e fertilizantes aplicados por meio de consorciação e/ou sucessão de culturas/pastagem em uma mesma área, como exemplo o aproveitamento pelas pastagens do adubo residual utilizado na cultura anterior; (viii) na ILP, com a introdução de capins em determinados períodos nas áreas de lavoura, têm-se a produção de excelente palhada (quantidade e qualidade) para a realização do Sistema de Plantio Direto na palha. O plantio direto possibilita a redução de custos com operações mecanizadas e defensivos, eleva o teor de matéria orgânica no solo, melhora a estrutura física do mesmo elevando a velocidade de infiltração da águas das chuvas e mantém o solo com cobertura vegetal durante todo o ano, protegendo-o da erosão e repercutindo em benefícios ambientais significativos. Durante as etapas de conversão da propriedade ou parte dela para SILP, o proprietário deverá ir se qualificando, pois o gerenciamento torna-se mais complexo. A maior dificuldade para adoção de SILP, por parte do pecuarista, é seu parque de máquinas geralmente limitado. Por sua vez, o agricultor demandará investimentos consideráveis em cercas e animais. Em razão disso, acordos de parcerias e arrendamentos de terra têm sido uma saída para aqueles que não dispõem de capital para fazer esses investimentos ou não estão dispostos a utilizar as linhas convencionais ou especiais de crédito para SILP que estão sendo implementadas. Milho consorciado com forrageirasNa prática, depara-se com as mais variadas situações em que o produtor tenta reduzir os custos de recuperação ou reforma de seus pastos fazendo plantio de milho + forrageira. Aliás, essa prática é bastante antiga. Por outro lado, é raro aquele que faz implantação de pastagens em áreas agrícolas. Existem para estas duas situações propostas para inserir as propriedades em SILP de tal forma que elas passem a ser mais sustentáveis e competitivas. As tecnologias disponíveis são o Sistema Barreirão, o Sistema Santa Fé e suas variações. Qualquer um desses sistemas é perfeitamente ajustável a qualquer tamanho de propriedade, desde as pequenas, com alguns hectares e que usam a mão-de-obra familiar, até
Nova metodologia mede emissão de metano em reprodutores bovinos
Gas metano é gerado no processo digestivo dos bovinos Metodologia desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sul (RS) é capaz de mensurar a emissão de gás metano (CH4) em reprodutores bovinos de raças europeias. Denominada de Prova de Emissão de Gases (PEG), consiste na coleta do metano emitido por jovens reprodutores de uma mesma raça, mantidos sob condições idênticas de manejo e alimentação durante cinco dias. Depois, o gás é avaliado em laboratório e os animais são classificados de acordo com a emissão a partir de coeficientes previamente estabelecidos. O objetivo da PEG, que será lançada durante a Expointer 2022, é identificar animais que apresentem menor emissão de metano por quilo de alimento consumido e por quilo de peso vivo produzido. A identificação dos jovens reprodutores com menores índices de emissão de metano pode ser empregada no melhoramento das raças, utilizando a genética na formação de progênies com essa característica. De acordo com a pesquisadora Cristina Genro, da Embrapa, identificar animais mais eficientes na relação entre consumo de alimentos, ganho de peso e menor emissão do gás é mais uma ferramenta em prol da sustentabilidade da pecuária brasileira e da redução de impacto nas mudanças climáticas. A relevância da prova, segundo a pesquisadora, também está relacionada ao fato de o Brasil ter aderido ao Pacto Mundial do Metano na COP26, realizada na Escócia em 2021, no qual se comprometeu a reduzir a emissão desse gás, considerado fundamental na estratégia de mitigação do aquecimento global. Segundo dados do Observatório do Clima, 70,5% das emissões nacionais de metano são originadas da agropecuária, sendo 90% oriundas da fermentação entérica dos bovinos. “Nesse sentido, a identificação de animais mais eficientes no uso dos alimentos e que, portanto, emitam menos metano por quilo de alimento consumido, passou a ser algo de grande importância para a cadeia da carne bovina brasileira”, ressalta Fernando Cardoso, chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, . Em 2022, foram realizadas PEGs com animais que participaram de outras provas de desempenho no centro de pesquisa. O objetivo foi validar a metodologia utilizada para a mensuração, bem como para a adaptação e ajustes no equipamento usado na coleta do gás. Segundo Genro, umas das mudanças feitas nesse período foi a inserção de dois sistemas de coleta e armazenagem do gás. “Com isso teremos mais segurança na coleta dos dados, pois caso um dos coletores ou tubos não funcione, teremos o outro para enviar para a análise”, explica. As provas foram realizadas com reprodutores das raças Angus, Braford, Charolês e Hereford. “Nos resultados preliminares, verificou-se uma média de emissão nesses reprodutores de 48 kg/animal/ano de metano, bem menor do que é preconizado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para animais da mesma categoria, que é de 56 kg/animal/ano”, complementa a pesquisadora. Como funciona a metodologiaA metodologia para aferir a emissão de metano pelos animais utiliza a técnica do gás traçador hexafluoreto de enxofre (SF6). Para tanto, uma cápsula com a substância é administrada via oral ao reprodutor no início da prova. O SF6 liberado pela cápsula mistura-se aos gases da fermentação ruminal, atuando como um traçador do gás metano produzido e arrotado pelo animal. O ar expirado pelo bovino é captado por um tubo capilar de aço inoxidável posicionado na região logo acima das narinas. O tubo capilar é conectado por uma mangueira a um recipiente cilíndrico de alumínio, localizado no dorso do bovino, preenchido pelos gases captados durante os cinco dias de coleta. Depois, o recipiente é pressurizado com nitrogênio e as concentrações do metano e do SF6 são determinadas a partir de técnicas de cromatografia gasosa em laboratórios especializados. Além dos recipientes colocados nos animais, são distribuídos na área mais quatro cilindros providos de válvulas reguladoras de ingresso em cada período experimental, a fim de captar amostras do ambiente. A PEG é realizada logo após o término da Prova de Eficiência Alimentar (PEA), que gera os dados de consumo e desempenho individuais utilizados para os cálculos de emissão de gás metano por consumo de alimento e ganho de peso. Nas duas provas, a alimentação e o manejo são os mesmos, em um ambiente controlado e com oportunidades iguais para cada animal expressar seu potencial genético. A dieta fornecida aos animais é composta por 75% de volumoso (silagem e feno) e 25% de concentrado. O coeficiente técnico para a classificação dos reprodutores é calculado com base na relação entre a emissão de metano por consumo de matéria seca e a emissão de metano por ganho médio diário. A partir dessas relações, os reprodutores serão estratificados em elite, superior e comercial. Emissão de metano é decorrente do processo de digestão dos bovinosA produção de metano em bovinos ocorre durante o processo natural de digestão dos alimentos pelos animais. Depois de ingeridos, os alimentos vão para o rúmen, órgão do aparelho digestivo, onde micro-organismos ajudam na digestão por meio da fermentação, produzindo também o gás metano, que é emitido para a atmosfera a partir da eructação (arroto) dos animais. Segundo Genro, é possível mitigar a emissão de metano na pecuária brasileira, especialmente pelo manejo nas propriedades. “Pesquisas mostram que, com o manejo correto das pastagens e dos animais, é possível alcançar um balanço positivo do carbono. Ou seja, a atividade consegue capturar mais carbono e estocar no solo em maior quantidade do que emite na natureza”, explica. De acordo com a pesquisadora, medidas simples como o controle da altura das pastagens contribuem de forma muito positiva para alcançar esse objetivo. Para a grande maioria de espécies de forrageiras utilizadas na Região Sul, a Embrapa tem estudos que indicam a altura ideal para a entrada e saída de animais nas pastagens, de forma a aumentar o estoque de carbono no solo e mitigar a emissão dos GEE. “Pastagens bem manejadas podem ser um grande sumidouro de carbono”, ressalta. A adoção de outras tecnologias também pode contribuir para uma produção mais sustentável na pecuária em relação às mudanças climáticas. Entre elas, a pesquisadora destaca a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), um sistema que proporciona maior sustentabilidade, por utilizar em um
Suplementação na seca: quem não planejou, agora, precisa remediar
O inverno, que não apareceu este ano, exceto na região Sul, castigou mais ainda, com altíssimas temperaturas a maioria das regiões do Brasil, prejudicando (secando, na verdade) ainda mais, as pastagens. (*) Por Marisa Rodrigues O inverno, que não apareceu este ano, exceto na região Sul, castigou mais ainda, com altíssimas temperaturas a maioria das regiões do Brasil, prejudicando (secando, na verdade) ainda mais, as pastagens. O que deve ter causado muitos prejuízos para os pecuaristas. Em especial, para aqueles que não planejaram com antecedência a passagem por esse duríssimo período de estiagem. Todos os anos essa tarefa tem que ser feita como uma lição de casa. Tem que entrar na rotina diária das propriedades. O pecuarista não pode dormir em berço esplêndido durante os primeiros quatro meses do ano, enquanto as chuvas em geral são abundantes por todo o País, sem prestar atenção na estação da seca, trazida pelo inverno, que, em função das já aceleradas mudanças climáticas, é cada vez mais rigorosa. O fenômeno vem sendo amplamente estudado e divulgado pelas mais sérias instituições de pesquisas científicas mundiais, mas parece que a ficha demora para cair justamente entre aqueles que mais precisam dela. Gente que convive com a lida diária em suas fazendas pecuárias, atividade estreitamente ligada ao meio ambiente, parece preferir fazer ouvidos moucos aos gritos da mãe natureza. O resultado é que as soluções- sim, elas existem e não são poucas – para mitigar o problema, a curto, médio e longo prazos, acabam sempre sendo procrastinadas, empurradas sempre mais um pouquinho para frente, e óbvio, o problema não só persiste como vai se avolumando, não só no Brasil, mas no planeta todo. É só prestarmos atenção nas ondas de calor do verão europeu que passaram dos 40 °C, em diversos países onde o frio se faz sentir, mesmo na estação mais quente do ano, como o Reino Unido, Portugal, Alemanha, França, entre outros. Não é mais uma questão de mito ou verdade. A situação é bastante séria e a cada ano, só tende a piorar, elevando cada vez mais os custos de produção, pois o temido efeito do boi sanfona, que quase virou lenda nas propriedades de alta performance, na época da seca, neste ano além de pequenos e médios produtores, atingiu muitos grandes também, pois os efeitos da estação foram e ainda estão muito intensos, nas diferentes regiões brasileiras, independentemente do calor exagerado em pleno inverno, do Sudeste para cima, como no Sul, onde as temperaturas muito baixas, até com registros de neve, onde esse evento climático não é muito comum, castigaram e acabaram com as pastagens. Nessa altura do campeonato, para quem não fez o planejamento nutricional para a prevenção da seca, com antecedência de uns quatro meses, pelo menos, agora, no auge dela, a única coisa a se fazer é suplementar o rebanho com produtos formulados especificamente para supri-los com vitaminas e sais minerais, além de outros nutrientes que ajudam na manutenção do score corporal da vaca. Na verdade, a suplementação mineral é fundamental para complementar a nutrição dos bovinos, e deve acontecer o ano todo, apenas sendo adaptada para cada fase do gado combinada com a ingestão das pastagens verdes e cheias de proteína. Pastagens essas que, dentro do planejamento podem ser transformadas em feno ou silagem, e armazenadas para que não faltem no período mais crítico. (*) Marisa Rodrigues, consultora de comunicação e marketing especializado para o agronegócio, com ênfase em pecuária, é jornalista, CEO da Taxi Blue Comunicação Estratégica e publisher-fundadora do portal Boi a Pasto.
Pecuária sustentável x pecuária extrativista
Em entrevista, uma das questões levantadas foi à forma que a pecuária é colocada como a maior vilã nas questões ambientais, e de como as mudanças climáticas associadas ao Agro vem apresentando um quadro assustador de “fim do mudo”. No início desse ano, a Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA) publicou em seu jornal acadêmico, um estudo que afirma que, se a criação de animais para alimentação fosse eliminada, teríamos como resultado, um impacto climático positivo substancial, que mudaria o curso do quadro de aquecimento global que temos hoje. Segundo Michael Eisen, um dos pesquisadores do estudo; o trabalho realizado por eles mostra que, acabar com a pecuária, tem o potencial único de reduzir significativamente, os níveis atmosféricos de todos os três principais gases de efeito estufa; e por hesitamos em responder à crise climática, isso se faz necessário para evitar uma catástrofe. Diante desse cenário, conversamos em entrevista com Mauroni Cangussú – Médico Veterinário e produtor rural. Referência em pecuária regenerativa. E Prof. Dr. Rogério Martins Maurício – Especialista em Biotecnologia Ambiental e Pecuária sustentável para saber mais sobre o Eco-Suicídio, e o que podemos fazer para evitar que isso aconteça. Em entrevista, uma das questões levantadas foi à forma que a pecuária é colocada como a maior vilã nas questões ambientais, e de como as mudanças climáticas associadas ao Agro vem apresentando um quadro assustador de “fim do mudo”. Segudo o Mauroni, esse quadro existe devido à exaustão do uso dos recursos naturais. Com o numero populacional mundial que temos atualmente, a barreira da sustentabilidade foi rompida, a sociedade está degradando mais do que a capacidade regenerativa da natureza. “Ao longo do tempo, se você degrada mais do que regenera, você leva a eliminação da humanidade.” Mauroni Cangussú Porém muito está sendo feito no Agro, e já existem diversas técnicas e tecnologias a disposição, sendo aplicadas em diversas propriedades que visam não só diminuir a agressão ao meio-ambiente, mas também ajudar na recuperação. E é o que chamamos de pecuária sustentável ou regenerativa. A produção de alimentos alterou nosso planeta mais do que qualquer outra atividade humana. Ela é responsável por 24% das emissões de efeito estufa e 70% do uso total de água doce; é talvez a maior causa da perda da biodiversidade no mundo, além disso, a produção de alimentos também é a causa de 80% da perda global de habitat, uma tendência que está acelerando a cada dia. Em vista disso a COP26 (Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas) realizada no ano passado 2021, com um grupo de 40 países, incluindo o Brasil, negociaram ações para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Sabendo desse compromisso que não só o Brasil se propôs, mas vários países. O professor Rogério falou um pouco da importância dos Sistemas Silvipastoris nesse cenário. Primeiro ele deixou claro que as emissões de gases ligado a agropecuária foi apenas um dos temas abordados na COP26, por ser um evento muito complexo tem uma diversidade de temas muito grande. “A produção pecuária bovina, tem um papel social muito importante. […> É uma atividade que volta a nossa cultura em 1500 e vem se desenvolvendo.” Prof. Dr. Rogério Martins Maurício O estudo de Sistemas Silvipastoris que é adotado na fazenda Monalisa, foi levado para a COP26 como um exemplo, mas é preciso ressaltar que a produção de metano que advém do processo de extração de petróleo é muito maior que a produção de metano dos bovinos, mas infelizmente, o mundo no geral volta o olhar para a vaca, e deixa de lado outros processos que são por vezes mais danosos. Como por exemplo, a matriz energética baseada no carvão mineral, que é extremamente poluente. “Teríamos que ter níveis de preocupações, até chegar ao nível de preocupação da pecuária”. Prof. Dr. Rogério Martins Maurício Chegando ao nível da pecuária, o primeiro passo é sair do sistema extrativista para um sistema sustentável. E é ai que entra os Sistemas Silvipastoris.Podemos defini-lo como: Uma opção tecnológica de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) que consiste na combinação intencional de árvores, arbustos, pastagens e gado numa mesma área e ao mesmo tempo. Uma das vantagens é a preservação da biodiversidade local, em segundo lugar está a falta de necessidade de fertilizantes químicos, que é uma das crises vividas nos dias atuais. Nos Sistemas Silvipastoris a bomba de fertilização são as raízes. Terceiro, é um sistema 0% agrotóxicos. Ter uma visão sistémica da propriedade. E por último, favorece o bem-estar animal. “Uma vaca, um animal, debaixo de uma árvore, ele vai ter 3 ou 4’ de melhor conforto, com isso o estresse é menor, a qualidade da carne é melhor, o ganho de peso é melhor, e as exigências internacionais para o conforto animal, são supridas.” Prof. Dr. Rogério Martins Maurício Quanto à transição de um sistema para o outro, o Mauroni diz que: “Para que você comece uma pecuária regenerativa, primeiro tem que mudar a cabeça. Entender que aquele processo (extrativista) está errado.” O primeiro passo é parar de colocar fogo, que apesar de ser um desastre para a pecuária brasileira, ainda é muito usado. Outro ponto é parar de usar químicos. Em terceiro lugar, está o respeito pelo ecossistema, com ordenamento do uso do solo. É um processo lento, e o produtor tem que aceitar que de início sua rentabilidade vai cair um pouco, pois deverá manejar tudo de forma que você tenha no futuro uma rentabilidade maior nesse novo modelo, e produzir alimentos mais sadios. Confira abaixo essa entrevista na integra: Redação: Boi a Pasto
Pecuária: 3 segredos para aumentar produção e rentabilidade das pastagens
Especialistas explicam o que todo pecuarista precisa fazer para garantir os níveis de nutrição adequados para o rebanho de corte e de leite Em um momento em que os produtores precisam mostrar níveis competitivos de pecuária frente ao cenário nacional e internacional, investir no cuidado inicial e na recuperação das áreas de pastagem a longo prazo se torna um aspecto essencial para um crescimento sustentável.Contudo, ainda que seja de extrema relevância, esse tipo de cuidado, não é muito comum no Brasil, o que reflete negativamente no desempenho animal, como explica Janaína Azevedo Martucello, professora da Universidade Federal de São João del-Rei e especialista em forragicultura e pastagens. “Precisamos tratar nossos pastos como lavoura. A partir do momento que o pecuarista entender que o bem mais precioso que ele tem na fazenda é o capim, vamos ter uma mudança de mentalidade em nossa pecuária e, consequentemente, uma mudança de rentabilidade”, afirma.De acordo com Vinícius Gomes, especialista da Mosaic Fertilizantes, ao atentar para os cuidados essenciais das pastagens, os pecuaristas podem ter ganhos até 50% maiores na produção de carne por hectare. Para isso, porém, é preciso seguir alguns passos iniciais: o preparo do solo, a adubação correta e a definição de um calendário de implantação que vai projetar a produtividade e rentabilidade ao longo do tempo. Na lista a seguir, você confere mais sobre as recomendações dos dois especialistas. 1 – Bom preparo do solo O primeiro segredo para garantir uma pastagem produtiva é criar um preparo com condicionadores de solo, a exemplo do calcário e do gesso, que atuam para regular os níveis de pH e para equilibrar o alumínio do solo. Aplicados de maneira e na dose adequada, eles melhoraram o nível de aproveitamento de fertilizantes, por exemplo, aumentando a produção de forragem. Segundo Vinícius Gomes, esse procedimento é necessário para neutralizar e precipitar o alumínio tóxico presente nos solos brasileiros, facilitando o enraizamento das forrageiras. “A aplicação de calcário e gesso forma o alicerce para o estabelecimento de uma área de pastagem e para que os fertilizantes químicos que serão aplicados em seguida atuem em uma faixa de pH ótimo”, pontua. Posteriormente, o produtor precisa regular os níveis de nitrogênio, fósforo, potássio, magnésio, enxofre, entre outros elementos importantes para o desenvolvimento e produtividade das pastagens. A quantidade de nutrientes, porém, depende de fatores como o teor de argila do solo, a exigência de cada gramínea e o número de animais que serão alojados na área. “Para que tudo isso seja mensurado, sempre faça uma amostragem do solo. O Brasil tem biomas, tipos de sistemas de produção e sistemas pecuários diferentes e, para cada particularidade, precisamos fazer uma recomendação de acordo com a análise de solo. Ela é um raio-X da estrutura de solo da fazenda”, diz Gomes. 2 – Aplicação de fertilizantes químicos de qualidade Seja na implantação de uma nova área, manutenção ou na recuperação de uma pastagem degradada, a aplicação correta de fertilizantes de alta qualidade pode contribuir para dobrar ou até triplicar a taxa de lotação, o que vai depender da dose aplicada.Segundo Vinícius Gomes, em rebanhos de corte, isso pode significar um ganho até cinco vezes maior na produção de carcaça, por exemplo. “O fertilizante é uma intervenção direta para aumentar os índices tanto reprodutivo como de produção. Vemos o resultado tanto no gado de corte quanto no de leite”, diz. No Brasil, fertilizantes de alta tecnologia, como a linha MPasto, da Mosaic Fertilizantes, atuam nas particularidades do solo nacional e oferecem ao produtor tecnologia necessária para estabelecer a pastagem desde o princípio ou até mesmo reverter uma área de degradação – cenário que atinge cerca de 53% dos pastos atualmente. “A adubação para manutenção é essencial, porque, quando o produtor não faz a reposição dos nutrientes, há o início do processo de degradação, que vai se instalando nas pastagens e no solo. Tudo isso depende do nível de tecnologia que o pecuarista deseja implantar na propriedade, bem como a produção em arroba, de leite e taxa de lotação que ele estima”, aponta a professora Janaína Martucello. 3 – Definição de um planejamento forrageiro Antes de colocar qualquer procedimento de cuidados e fertilização das pastagens em prática, os especialistas recomendam traçar um planejamento estruturado, para garantir o sucesso da produção de carne durante o ano todo. Segundo Vinícius Gomes, esse planejamento deve considerar fatores como: taxa de de lotação, que determina a quantidade de animais por área; tipos de plantas forrageiras que deseja usar; condições climáticas de cada região; extensão da área, dentre outros. Uma vez estabelecidos esses aspectos iniciais, o produtor poderá escolher os melhores produtos para aplicar e quando deverá iniciar cada etapa. Para isso, a linha MPasto, da Mosaic Fertilizantes, conta com três produtos distintos, mas complementares: MPasto Super, MPasto Max e MPasto Nitro, desenvolvidos especialmente para pastagens, com a finalidade de aumentar a produção de forragem e produtividade animal por hectare. No caso do MPasto Super, por exemplo, o pecuarista fará uso de um produto fosfatado com cálcio solúvel e com enxofre que contribui para o condicionamento do solo em subsuperfície e o que melhora o desenvolvimento das raízes tanto em profundidade e volume. Já o MPasto Nitro é um fertilizante nitrogenado de alta concentração à base de ureia estabilizada com inibidor de uréase que diminui as perdas de amônia por volatilização, dessa forma aumenta a eficiência das adubações de cobertura. O MPasto Max, por sua vez, é um fertilizante fosfatado, que apresenta nitrogênio, fósforo e enxofre, em duas formas, sendo uma, o enxofre elementar e a outra em sulfato. Nutrientes esses, importantes para o melhor desenvolvimento e crescimento das pastagens. “A companhia entendeu o vasto mercado que temos para fazer uma pecuária mais forte no Brasil e que traga competitividade no exterior. Sem abrir mais áreas, mas sendo efetivo e intensificando a produção e rentabilidade em um mesmo espaço”, completa Gomes. Fonte: Globo Rural Curadoria: Boi a Pasto
Como seria se existisse um Oscar da sustentabilidade?
Assim como no cinema, é preciso muito trabalho e muita gente qualificada para produzir momentos de encantamento, reflexão e transformação E se existisse um Oscar da sustentabilidade? Acho que muita gente já se fez essa pergunta, pois existem incontáveis premiações, rankings e mecanismos de avaliação, no Brasil e no mundo, sobre adoção de boas práticas ESG. Alguém dirá que talvez existam até demais e que o excesso pode confundir e dificultar o entendimento sobre o que realmente importa. Seria difícil discordar de tal afirmação. “Mas e se existisse um Oscar da sustentabilidade? Porque você não escreve sobre isso?”, pergunta meu lado sem medo do ridículo e desejoso por fazer um exercício de imaginação pretensamente divertido e possivelmente doloroso. Desta vez, cedo à tentação. Porém, ao invés de cometer a insensatez de apontar vencedores(as), ficarei restrito às possíveis categorias e critérios de avaliação. Categorias técnicas (gestão e estratégia)Engajamento de stakeholders: premia a organização que se destaca por mapeamento e classificação de públicos estratégicos, processos estruturados de engajamento e relacionamento, iniciativas de criação de valor compartilhado e mecanismos para considerar as contribuições de stakeholders na tomada de decisão. Representatividade no conselho de administração será considerado um diferencial capaz de definir a vencedora. Estratégia de Sustentabilidade: valoriza a existência de uma estratégia integrada de geração de valor, que considere os diversos capitais consumidos e produzidos pela organização (financeiro, humano, ambiental, social, entre outros), bem como suas externalidades. Mapeamento de riscos socioambientais, conexão do negócio com os ODS são outros critérios avaliados. Além disso, desenvolver soluções regenerativas de alto impacto será decisivo para o júri. Gestão ESG: além de estruturas específicas, como comitês ou áreas dedicadas, serão valorizadas a adoção de ferramentas como matriz de materialidade (com participação dos stakeholders), avaliação de impactos na operação e na cadeia de valor, indicadores e mecanismos de gestão de temas materiais. Aqui, a existência de metas ESG atreladas à remuneração (em porcentagem relevante) é a diferença entre finalistas e vencedoras. Relevância interna: nesta categoria, tudo depende do envolvimento da liderança com o tema. O envolvimento é pontual, eventual ou permanente? Tático, gerencial ou estratégico? O tempo dedicado e a disponibilidade para tratar do tema serão indicadores importantes. Governança: a pontuação aqui vai de acordo com a adesão a boas práticas bem conhecidas, como as recomendadas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que disponibiliza o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Transparência: como na direção de arte e fotografia, esta categoria é sobre mostrar o que realmente importa. As organizações finalistas serão aquelas que utilizam frameworks reconhecidos para disponibilizar de forma simples, acessível e prática dados sobre seu desempenho em temas materiais. Sem enrolação, sem informações escondidas no canto escuro da tela e sem dar foco naquilo que é de menor importância. Comunicação de verdade. Categorias de atuação (desempenho)Aqui, falar de critérios ficaria mais complicado, pois os temas são muito diversos (uma boa régua são os indicadores da GRI (Global Reporting Initiative), reconhecidos por mercado e stakeholders em geral. Com essa referência, algumas categorias possíveis seriam: Categorias econômicas: Desempenho Econômico; Compras e Gestão da Cadeia de Valor; Conformidade, Combate à Corrupção e Concorrência Desleal; Práticas tributárias. Categorias ambientais: Mudanças Climáticas e Emissões; Gestão Hídrica e Uso da Água; Gestão Energética; Recursos Naturais; Biodiversidade; Resíduos e Economia Circular. Categorias sociais: Emprego e Renda; Relações Trabalhistas (com subcategorias como Trabalho Infantil, Trabalho Escravo e Liberdade de Associação); Saúde e Segurança (de trabalhadores e de consumidores); Diversidade, Equidade e Inclusão; Combate à Discriminação; Direitos de Povos Originários; Direitos Humanos; Comunidades Locais; Marketing Responsável; Privacidade. Como se vê, a brincadeira ficou extensa. Isso porque não listei os ODS em cada frente temática. Fica como mais um lembrete de que a agenda da sustentabilidade não se limita ao tema quente do momento. E de que, assim como no cinema, é preciso muito trabalho e muita gente qualificada para produzir momentos de encantamento, reflexão e transformação. Fonte: Revista Exame
Solução para fertilizante sustentável e disponível no Brasil pode reduzir dependência do agro de importados
A tensão se avolumava desde novembro de 2021. Há quem diga que desde 2014 um possível conflito entre Rússia e Ucrânia era posto como algo que se aproximaria a uma terceira guerra mundial. No dia 24 de fevereiro, contudo, enquanto muitos acreditavam que o diálogo entre as potências seria o suficiente para evitar o embate, a invasão aconteceu. “A suspensão das entregas do fertilizante cloreto de potássio, originário da Rússia, comprometerá nossa produção e produtividade agrícola”, disse a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) após suspensão ordenada pelo Kremlin. Atualmente, o Brasil importa mais de 90% do potássio que consome, e cerca de 30% vêm da Rússia. Além da plantação de commodities destinadas à exportação, os alimentos para consumo interno também serão afetados. A subida de preços, que já vinha ocorrendo ao longo da pandemia, deve se intensificar. Tudo ficará, mais uma vez, mais caro. Porém, a solução para o agronegócio driblar a queda na importação de fertilizantes pode estar dentro do próprio Brasil. Nesta reportagem, Ecoa conta sobre uma solução mais barata, mais sustentável e nacional. O pó que vem das rochas “São materiais já disponíveis, são eficientes, não trazem problemas ambientais como contaminação do solo e da água e ainda podem sequestrar CO2 e armazená-lo”. É assim que Suzi Huff Theodoro, geóloga e professora da Universidade de Brasília, define o pó de rocha. Como o próprio nome já diz, o pó de rocha é um composto de rochas moídas que, quando acrescentadas ao solo, funciona como fertilizante, ou seja, oferece nutrição às plantações. O comércio desses remineralizadores, como também são conhecidos, foi viabilizado pela lei nº 12.890, de 10 de dezembro de 2013. “Como a rocha é um bem natural, ela precisa passar por um processo de extração, e não é qualquer rocha que pode ser utilizada. Ela precisa ser rica em uma série de nutrientes”, explica a geóloga. “Assim, os remineralizadores atendem do agronegócio à agricultura familiar porque os preços são mais acessíveis e porque é mais fácil de extrair”, completa. A pesquisadora diz que pequenas e médias empresas de mineração que já exploram rochas que servem como remineralizadores de solo podem atuar no ramo, basta obter registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Isso impediria, por exemplo, o risco ambiental de novas extrações de rocha. “A ideia de juntar o setor mineral ao setor agrícola é uma excelente saída. Enquanto que, para o setor mineral, esses materiais representam um problema ambiental em seu armazenamento, eles podem servir de insumos para a agricultura. O problema de um vira solução do outro.” Suzi Huff Theodoro, geóloga e professora da Universidade de Brasília. Benefícios do pó de rocha1. PreçoOs custos de aquisição são muito menores e seu efeito pode se estender por até quatro ou cinco anos consecutivos; 2. FertilidadeOs níveis de fertilidade nos solos são crescentes após a aplicação 3. RendimentoA produtividade mostra-se equivalente ou superior às obtidas pela fertilização convencional (em alguns casos, o rendimento pode ser até 30% superior); 4. CrescimentoAs raízes das plantas são mais desenvolvidas do que nas plantas que recebem a adubação química; 5. ÁguaO teor de umidade é maior nas áreas onde se aplicam os remineralizadores, mostrando que os mesmos possuem grande capacidade de retenção de água; 6. ExuberânciaAs plantas apresentam maior quantidade de massa verde e são mais exuberantes; 7. ProduçãoHá aceleração do ciclo produtivo da planta em alguns casos; 8. Meio ambienteNão ocorre contaminação ou eutrofização (poluição devido ao excesso de algas que deixa a água turva e provoca morte de animais) dos recursos hídricos; 9. OrgânicoAtende aos padrões de garantias exigidos de insumos utilizados pela agricultura orgânica. Para que serve esse tal potássio?O dado de que o Brasil é o quarto maior importador de NPK do mundo pode não significar muita coisa para boa parte dos brasileiros. Afinal, como isso afeta a vida de quem vê o pãozinho na padaria cada vez mais caro? Pois as duas coisas – a alta nos preços de produtos agrícolas e importação de NPK — tem tudo a ver. A sigla que mais parece o nome de um braço da S.H.I.E.L.D., agência governamental fictícia do universo Marvel, faz referência ao trio de macronutrientes nitrogênio-fósforo-potássio. Esses compostos são bastante usados na agricultura para a nutrição do solo num processo chamado fertilização química. E é para essa mistura que o Brasil precisa de potássio. A produção desse macronutriente no país se restringe a uma só mina localizada em Sergipe. Com a vida útil já chegando ao fim, a mina abastece apenas 4% da demanda nacional. Os outros 96% são importados. “Para esse modelo de agricultura que temos no Brasil envolvendo a produção de commodities para exportação, o potássio é muito importante, já que esses produtos demandam uma ‘recarga’ do solo”, explica a geóloga Suzi Huff Theodoro. O país é campeão em produção e exportação de soja, por exemplo, uma commodity, ou seja, um produto básico não industrializado. “Nos acostumamos a escutar que os solos tropicais, que representam grande parte do nosso país, são solos pobres. Mas que pobreza é essa? Se você considerar o plantio da soja, o solo é pobre, mas, por outro lado, a gente sustenta a floresta mais exuberante do planeta, o que mostra que o nosso solo também é rico”, comenta Theodoro. Estamos todos conectadosSe tudo posto até agora já não fosse complexo o suficiente, as sanções econômicas impostas à Rússia após a invasão da Ucrânia também atingiram o Brasil, mesmo o país estando fisicamente distante do conflito. “A decisão das maiores empresas mundiais de logística marítima de suspenderem suas operações de transporte de mercadorias, de e para a Rússia, deverá ampliar as dificuldades que o comércio exterior brasileiro terá até que a guerra contra a Ucrânia seja superada”, explica a nota da Associação Brasileira do Agronegócio. O grupo alerta: “isso trará sérias consequências à produção e custo dos alimentos, tanto para atender a demanda do mercado interno quanto às nossas notáveis exportações de commodities agrícolas”. Tudo isso fora o comando de suspensão de exportação de potássio. Uma das justificativas
Estresse calórico em bovinos gera queda de produtividade
Nos últimos dias, a onda de calor extremo, tem preocupado os produtores brasileiros. Diversos veículos de informação noticiaram a perca de lavouras e galinhas em várias regiões do Brasil, e com os rebanhos de bovinos não é diferente. O estresse calórico é definido por Silva (2000) como, a força exercida pelos componentes do ambiente térmico sobre um organismo, causando nela uma reação fisiológica proporcional à intensidade da força aplicada e a capacidade do organismo em compensar os desvios causados pela força.O termo estresse pode ser aplicado a qualquer mudança ambiental suficientemente severa para introduzir respostas que afetam a fisiologia, comportamento e produção dos animais. O estresse térmico em vacas leiteiras, por exemplo, ocorre quando a taxa de ganho de calor do animal excede a de perda, fazendo com que o mesmo saia de sua zona de conforto. Desta forma, são necessários ajustes no comportamento e/ou fisiologia do animal.Esse estresse calórico, especialmente nas regiões tropicais, consiste em uma importante fonte de perda econômica na pecuária, tendo efeito adverso sobre a produção de leite, produção de carne, fisiologia da produção, reprodução, mortalidade de bezerros e saúde do úbere.Como identificar animal com estresse térmico• Diminuição na produção de leite de 10 a 20%• Frequência respiratória acima de 80 movimentos por minuto em 70% dos animais do lote• Temperatura retal maior que 39,2ºC em 70% dos animais do lote ou acima de 39ºC por mais de 16 horas seguidas• Redução de pelo menos 10 a 15% na ingestão de alimentos• Aumento do consumo de água Como reduzir o estresse calórico em bovinos?Garantir uma dieta de acordo com as necessidades nutricionais do animal, e adaptá-la quando possível para reduzir a produção de calor metabólico, por exemplo, são formas de promover o bem-estar.Outra forma mais simples é prover aos animais um abrigo, ou seja, garantir espaços com sombra para que eles possam se proteger e evitar o contato direto com a radiação solar.O sombreamento de área pode ser tanto natural, composto por vegetação, quanto artificial, com a construção de sombrite de no mínimo 80% de retenção da radiação (coberturas normalmente feitas com redes plásticas ou telas de polietileno). Essa tática reduz a incidência dos raios solares sobre os animais, mas é insuficiente para regularizar a temperatura corporal, caso se mantenham as condições climáticas e atmosféricas adversas. Assim, outra opção é investir em aspersores de água e ventilação automática sempre que possível, pois são capazes de reduzir bastante os efeitos do calor sobre os animais.Tome nota | Animais em estresse térmico apresentam respiração ofegante, boca aberta e língua para fora na tentativa de trocar calor com o ambiente.Levar em consideração os efeitos das altas temperaturas, na hora de elaborar as melhores estratégias de manejo, é um dos detalhes que caracterizam o bom produtor.Uma opção, na redução do estresse térmico em bovinos, seria adotar o sistema Silvipastoril, que além de sustentável, por integrar pastagem com arborização, também, pode servir como forma alternativa de renda para o produtor, com a produção de madeira ou fornecimento de frutas. Por: Boi a Pasto
Nutrição de rebanho: Como escolher a ração apropriada para o seu gado?
Escolher a melhor ração está entre os pontos cruciais que fará toda a diferença garantindo a qualidade do produto final Muito do que vai definir a qualidade da carne que será comercializada, tem início na alimentação do gado. Uma alimentação rica em nutrientes, e com produtos de alta qualidade reflete no resultado final da carne e do leite como produto. A alimentação do rebanho ocupa um grande espaço na produção como um todo; e escolher a melhor ração está entre os pontos cruciais que fará toda a diferença garantindo a qualidade do produto final que é a carne ou o leite. As melhores práticas de alimentação de bovinos começam com um bom planejamento, assim como qualquer outro negócio. É preciso estabelecer as metas e quais características se deseja encontrar no produto final, (teor de gordura no leite, maciez da carne, por exemplo). Feito isso, é preciso fazer uma seleção criteriosa dos alimentos, avaliando os atributos e a qualidade da matéria-prima, e garantindo também sua correta armazenagem. Sabe-se que o uso de suplementação concentrada é essencial à medida que o manejo do pasto é menos intensivo, tendo em vista que o valor nutricional da forragem diminui. Na estação seca, período em que há menor crescimento do pasto, a suplementação volumosa também é necessária. E por fim, quando o rebanho é de vacas leiteiras, de alta produção, faz-se também necessário à suplementação, mesmo quando o pasto é vasto e de boa qualidade. O que a composição da ração animal deve atender? Produtores e técnicos que trabalham ligados ao setor de saúde, se preocupam com a composição da ração animal, mas no fim não existe uma fórmula específica que atenda a todos os casos. Embora não haja uma composição única que garanta desempenho para a produção animal, podemos dizer que existe sim um padrão. Uma linha que faz sentido quando o assunto é desempenho. O que procurar nas rações para gado Nutrientes! Esse é o primeiro ponto a ser considerado ao escolher a ração para seu gado. Pois a fase da engorda dos bovinos precisa de todos os nutrientes necessários para se chegar ao ponto ideal. As rações para gado, que mais trazem benefícios são aquelas com valor nutricional elevado. Os melhores ingredientes para compor as rações são: • Farelo de soja;• Milho integral moído;• Sal comum;• Uréia pecuária; Com uma ração de alta qualidade e rica com tudo aquilo que o que seu rebanho mais necessita, o produtor garante a saúde dos animais e a qualidade do corte final ou do leite não será afetada de forma negativa. Como você pode perceber ao final dessa pequena análise, nutrição do gado deve ser um dos grandes focos na cadeia produtiva. Após a execução das estratégias do seu negocio, é fundamental fazer o balanço da produção para, então, alterar as táticas ou prosseguir com elas. Assim, se garante uma produção de alimentos seguros e com as qualidades que atendam aos interesses do mercado. É claro que além de ração de qualidade o seu rebanho também precisará de pasto e água adequados, mas isso é assunto para outro dia. Este conteúdo foi elaborado a partir de uma curadoria sobre nutrição de bovinos. Redação – Boi a Pasto
Agronegócio x Meio Ambiente
PODEMOS ACABAR COM A FOME SEM ACABAR COM O PLANETA? Por Marisa Rodrigues – Jornalista A Degradação da natureza visando o aumento na produção de alimentos de um lado, com o planeta chegando a mais de 7,5 bilhões de pessoas, e de outro, o aumento da fome, principalmente na África Subsaariana, Ásia, Oceania, África, entre outros, traz uma questão a se considerar. Como produzir mais alimentos sem prejudicar ainda mais o meio ambiente? Esse cenário coloca os países em uma situação conflitante. De um lado têm que produzir mais, para vencer a fome, que se alastra pelo planeta e de outro, não pode mais desmatar para aumentar as áreas de plantio, pois o planeta está numa rota, cada vez mais acelerada de autosuicídio. Nos últimos anos, o planeta produz até o mês de agosto tudo o que deveríamos produzir em um ano. Isto é, todos os anos temos ficado em déficit com a Terra, que não consegue mais repor essa diferença para começar o ano seguinte, zerada, no azul. Nossa Terra é azul, mas há muito tempo os homens têm causado, em nome do capitalismo selvagem, uma devastação sem precedentes, o que ocasionou as mudanças climáticas, que por sua vez, são uma resposta do planeta para tentar se proteger e sobreviver a este massacre. Ainda que isso custe a vida da humanidade como a conhecemos. Está claro que os números de produção de alimentos são enormes, porém maior ainda é o número de pessoas passando fome no mundo. Em apenas um ano, esse número na América Latina aumentou em 13,8 milhões, de 45,9 milhões para 59,7 milhões, segundo o Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutricional 2021, da ONU. Isso equivale a 9,1% da população da América Latina e do Caribe – é a maior prevalência da fome dos últimos 15 anos. Diante desse quadro, algo pode ser feito para mudar o rumo? A boa notícia é que o sistema alimentar global está amadurecendo para mudanças e quem era visto como a maior ameaça à natureza pode se tornar sua melhor aliada. Até o momento, a agricultura e o meio ambiente têm sido vistos como antagonistas. O pensamento até agora tem sido que alguns danos ambientais são uma contrapartida infeliz, mas necessária para aumentar a produção de alimentos e nutrir a humanidade e nada pode se fazer contra isso. Mas as coisas não precisam ser assim, hoje já sabemos como alimentar uma população crescente sem destruir o planeta. Mas precisamos pensar além disso, queremos não só produzir mais, mas reduzir os danos. Precisamos investir em um sistema alimentar que restaure a natureza em vez de esgotá-la. Todo desafio é uma oportunidade de crescimento A produção de alimentos alterou nosso planeta mais do que qualquer outra atividade humana. Ela é responsável por 24% das emissões de efeito estufa e 70% do uso total de água doce; é talvez a maior causa da perda da biodiversidade no mundo, além disso a produção de alimentos também é a causa de 80% da perda global de habitat, uma tendência que está acelerando a cada dia. Com certeza os números não são animadores, porém uma ameaça crescente, pode se tornar uma oportunidade ainda maior. Por essas razões que a preservação do meio ambiente é um dos pilares do agronegócio nos dias atuais. Além de ser mais rentável ao produtor, os países compradores exigem essa medida mais ecológica. Segundo o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi: “Agricultura e a conservação do meio ambiente andam juntos. A boa produção de alimentos depende desses serviços que a natureza nos oferece, como um bom regime de chuvas, controle biológico, fertilidade do solo e controle de pragas. Tudo isso é que faz a produção agrícola acontecer. O bom agro não é predador, ele é parceiro da natureza”. Só no Brasil são mais de 180 milhões de hectares de pastos e setenta por cento disso estão com algum tipo de degradação. E é pensando nisso que a sociedade agrícola hoje dispõe de várias técnicas e tecnologias para que seu negócio ande de braços dados com a preservação do meio. Dentre esses podemos destacar: Novas metodologias: Forma de atingir conhecimento ou resultado. Nesta categoria estão métodos de análise, procedimentos de laboratório, formas de diagnóstico, métodos de pesquisa, entre outros. Como por exemplo o mapeamento digital de solos e Equações para predição de emissão de metano entérico de ruminantes criados em condições tropicais Novos serviços: de natureza de pesquisa ou de transferência de tecnologia, oferecidos pela Embrapa à sociedade, como treinamentos, capacitações, análises e monitoramentos. Podemos citar o Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos (Plataforma CIM) e Planilhas para estimativa da necessidade hídrica e manejo da irrigação de videiras. Novos produtos: São as soluções tecnológicas de natureza física e digital, como softwares, aplicativos, cultivares (sementes e mudas), animais, máquinas, equipamentos, bebidas, fertilizantes, vacinas e outros. Alguns exemplos são o SisILPF_Cedro – Software para manejo do componente florestal de ILPF – Cedro-australiano e o SisILPF_Elliottii – Software para manejo do componente florestal de ILPF – Pinus elliottii Novos processos: São os procedimentos para geração de produtos, como processos para obtenção de embalagens, alimentos, bebidas, rações, produtos químicos, biológicos, industriais e mais. Como os Imunoestimulantes em rações para peixes e o Beneficiamento da casca de coco verde para a produção de fibra e pó. Novas Práticas agropecuária: São técnicas de produção agropecuária e de manejo de recursos naturais, como adubação, plantio, controle de doenças e pragas, conservação de solo e água, entre outros. Alguns exemplos são o uso do amendoim forrageiro (Arachis pintoi cv. Belomonte) em pastagens consorciadas com gramíneas no Acre e a manutenção e recuperação de pastagens, e as técnicas de manejo de pastos para a obtenção de maiores produtividades sem que haja aumento de território de plantio. Novos sistemas: São conjuntos de práticas de manejo para produção vegetal ou animal. Inclui sistemas de criação, sistemas de produção em rotação, sucessão ou consorciação, sistemas integrados e outros. Como por exemplo Sistemas modulares para produção de plantas irrigadas com água salobra e Sistema de produção