julho 27, 2024

Por que realizar exame andrológico?

A importância do exame andrológico está no impacto direto que os reprodutores têm sobre a fertilidade do rebanho. Alessandra Corallo Nicacio* Um touro infértil pode representar a perda de 25 a 50 bezerros, conforme a relação touro:vaca utilizada. Já uma vaca infértil representa a perda de um bezerro, apenas. Sabe-se hoje que, em torno de 5% dos touros em serviço são animais inférteis, ou seja, que não produzirão filhos. E, pior ainda, entre 20 e 40% dos touros em serviço são subférteis, isto é, produzem menos filhos do que deveriam. Identificar o animal infértil é relativamente mais simples, pois é possível verificar que aquele animal não emprenhou nenhuma vaca na estação de monta. Mas como identificar o animal subfértil? Afinal, existem filhos desse touro que provam sua fertilidade. Somente o exame andrológico pode solucionar essa dúvida. Portanto, antes de iniciar a estação de monta deve-se realizar exame andrológico em todos os reprodutores. O exame andrológico é um exame altamente específico, pois avalia tanto as condições clínicas gerais quanto as condições reprodutivas e deve ser realizado por médico veterinário. Pode ser dividido em duas etapas: exame clínico geral e exame específico. No exame clínico geral, avaliam-se as condições gerais de saúde, questiona-se o histórico do animal e os motivos pelo qual o exame está sendo realizado (exame de rotina ou existência de alguma queixa). No exame específico, avaliam-se os órgãos reprodutivos como testículos e epidídimos (inseridos na bolsa escrotal), glândulas anexas (por palpação retal), pênis e prepúcio. Em relação especificamente aos testículos e epidídimos deve-se prestar atenção à simetria, temperatura, sensibilidade dolorosa, lesões e cicatrizes, além das biometrias testiculares, isto é medidas de altura, largura, comprimento e perímetro (ou circunferência) escrotal. A seguir realiza-se a colheita de sêmen, geralmente por eletroejaculação, pois é uma técnica que não exige condicionamento prévio do animal para sua execução. Após a colheita, o sêmen deve ser avaliado imediatamente para saber se existem espermatozoides vivos e, posteriormente, para verificar a concentração da amostra e a porcentagem de espermatozoides normais. De posse de todos os resultados o médico veterinário pode emitir o laudo indicando se o animal está apto, apto com reservas ou não à reprodução. É importante dizer que o exame andrológico avalia o animal naquele momento e, portanto, tem validade de 30 dias. Laudos emitidos há mais tempo devem ser repetidos, principalmente se o intuito for comercializar o animal. Não se recomenda a aquisição de touros sem laudo recente, pois não existem garantias do potencial reprodutivo do animal, de modo que o investimento pode te tornar um grande prejuízo. *Alessandra Corallo Nicacio é Pesquisadora de Reprodução Animal da Embrapa Gado de Corte. alessandra.nicacio@embrapa.br Fonte: Embrapa Gado de Corte

Especialista aponta os desafios no planejamento da terminação de bovinos

Como planejar o investimento na terminação de bovinos? Esta é a questão que Dan Loy, da Iowa State University, propõe para discussão no dia 17 de setembro, das 10h40 às 11h30, durante a Interconf 2014. O painel apresentará as formas para o pecuarista aumentar sua produtividade e garantir a rentabilidade da fazenda. Também será abordada a utilização dos diferentes sistemas de produção em gado de corte para viabilizar o investimento na atividade. “Mesmo que os sistemas de produção possam variar entre regiões e países, o processo de planejamento e os princípios de gestão importantes são semelhantes. Os sistemas que melhoram a eficiência possuem menor custo de produção e potencializam a ocupação anual além de, muitas vezes, melhorar a rentabilidade do gado”, aponta Loy. O especialista norte-americano destaca que pode haver diferenças entre instalações de confinamento e administração em diferentes países ou regiões, mas algumas questões são as mesmas em qualquer circunstância. Um dos exemplos citados por Loy é a avaliação das instalações – novas ou ampliadas – que devem garantir conforto e desempenho aos animais, eficiência e segurança aos trabalhadores, proteção ambiental e retorno econômico, dentre outros fatores essenciais às instalações. “O Brasil está entre as regiões que mais crescem no mundo em produção de carne em confinamento. Porém, a maioria dos confinamentos trabalha durante determinado período do ano. Dessa forma, como é preciso considerar a produção durante o ano todo, os métodos mais especializados podem ser muito úteis”, destaca. Interconf 2014 O maior evento da pecuária intensiva da América Latina (15 a 18 de setembro de 2014, em Goiânia) debaterá oportunidades e desafios do setor pecuário e estratégias aplicadas para o crescimento da produção de carne bovina no Brasil, com temas relacionados à política e ao mapeamento do consumo de carne no Brasil, incluindo palestra de abertura do jornalista da Rede Globo e Globonews, Alexandre Garcia. A Interconf também terá minicursos técnicos voltados aos peões, capatazes e gestores de fazendas e discutirá: cenário econômico e perspectivas de consumo no Brasil; diferentes sistemas de produção e como o produtor pode aumentar sua produtividade/rentabilidade; desafios para ampliação do mercado internacional e como vender; e aspectos positivos da carne brasileira. Mais informações: http://www.interconf.org.br/ Fonte: Interconf 2014

Rotina de ordenha

Uma boa qualidade de ordenha resume-se em ordenhar vacas calmas, sadias, bem estimuladas, com tetos limpos e secos, pelo menor tempo possível, sem deixar leite residual ou exercer sobreordenha e desinfetar os tetos após esse procedimento. Patrícia Vieira Maia* Uma boa rotina de ordenha é responsável por prevenir e reduzir os casos de mastite no rebanho e pela produção de leite com elevado padrão de qualidade! Para realizar uma ordenha de forma efetiva e evitar a contaminação do úbere do animal, é primordial que os tetos estejam secos e muito limpos, o que reflete a higiene do local de permanência dos animais. Este deve ser o mais limpo e confortável possível, reduzindo a chance do animal se infectar no intervalo das ordenhas e contaminar o leite e o animal durante a ordenha. A rotina inicia com o teste da caneca de fundo escuro (foto 1), retirando os 3 a 4 primeiros jatos de leite de cada teto, em uma caneca de fundo escuro, objetivando a observação de grumos e/ou qualquer alteração no leite. Isso possibilita o diagnóstico precoce de mastite clínica. Outras funções do teste da caneca são: estimular a descida do leite da vaca e eliminar os jatos mais contaminados do leite. O passo seguinte é a imersão dos tetos em solução desinfetante (foto 2), pré-dipping, seguido de secagem dos tetos com papel toalha descartável (foto 3). Esta ação visa reduzir a incidência de patógenos ambientais que estão aderidos à parte externa do teto e que poderiam penetrar no úbere durante a ordenha. As teteiras são acopladas (foto 4) e, após a ordenha completa do animal, devem ser retiradas e os tetos passarão por uma nova imersão em solução desinfetante (foto 5), o pós-dipping. Essa última etapa visa eliminar agentes de mastite contagiosa que são transmitidos de animais infectados para sadios durante a ordenha por meio do equipamento e das mãos dos ordenhadores. Sequência de fotos de uma correta rotina de ordenha: A correta rotina de ordenha reduz o risco de novas infecções intramamárias e é uma das estratégias mais importantes para garantir adequadas condições de higiene de produção do leite. *Patrícia Vieira Maia é médica veterinária da Equipe Rehagro Fonte: Rural Centro / Rehagro

Pesquisa vai auxiliar no controle da contaminação do solo

As concentrações críticas ou limites de elementos potencialmente tóxicos (EPTs) no solo diferem entre as regiões tropical úmida e temperada, como mostra estudo realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. O estudo da engenheira ambiental Alexys Boim comparou o acúmulo de EPTs nos vegetais nas regiões temperada e tropical úmida e calculou a concentração crítica à saúde humana para ambas as regiões, além de avaliar os teores prontamente disponíveis no solo. “Observamos também que seria interessante calcular concentrações críticas para cada tipo de solo ou região”, diz. O estudo de Alexys foi desenvolvido no programa de Pós-graduação em Solos e Nutrição de Plantas, na Esalq, e reforça que, no Brasil, é comum a utilização de resultados de trabalhos realizados em regiões temperadas. No entanto, Alexys lembra que cada região apresenta características diferentes como tipo de solo, temperatura, relevo, clima etc. “No entanto, o número de estudos relacionados à acumulação ou disponibilidade dos EPTs nos solos brasileiros é limitado, o que dificulta os levantamentos para a obtenção destas concentrações limites”, complementa a autora do trabalho, que teve orientação do professor Luís Reynaldo Ferracciú Alleoni, do Departamento de Ciência do Solo. A proposta inicial foi fazer um levantamento bibliográfico do banco de dados da concentração dos elementos potencialmente tóxicos nos solos e nas plantas nas regiões tropical úmida e temperada a fim de diferenciar o comportamento destes elementos em cada região. “Foi calculado o fator de bioconcentração (BCF), razão entre a concentração dos EPTs em partes comestíveis dos vegetais e a concentração total nos solos, que é utilizado para estimar a acumulação do metal nas plantas e subsequente exposição humana por meio do consumo do vegetal”, explica Alexys. Além disso, a pesquisa testou extratores químicos, geralmente utilizados na Europa, em solos cultivados com hortaliças do Estado de São Paulo. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determinou, a partir da resolução nº 420, as concentrações críticas ou limites de elementos potencialmente tóxicos (EPTs) no solo, que representam risco à saúde humana. “Essa resolução foi elaborada devido à necessidade do controle da contaminação do solo e de águas subterrâneas, buscando proteção à saúde humana e ambiental”, comenta. A engenheira aponta que a resolução nº 420 do Conama recomenda o uso dos métodos da Agência Ambiental dos EUA (USEPA) ou suas atualizações para extração dos teores pseudototais dos EPTs no solo. “Porém, o teor pseudototal não é, necessariamente, uma boa medida de disponibilidade e não é uma ferramenta muito útil para quantificar a contaminação e os riscos potenciais ao ambiente e à saúde humana, uma vez que este teor inclui não apenas os íons metálicos facilmente trocáveis entre a fase sólida e a solução, mas também os fortemente ligados à fase sólida do solo que não estão disponíveis para o transporte ou absorção das plantas e organismos”, detalha. Segundo Alexys, a bioacessibilidade dos EPTs, ou seja, a concentração de EPTs no solo que pode ser absorvida pelos seres humanos, também foi avaliada. “Além disso, avaliamos modelos matemáticos que podem ser utilizados como ferramentas no monitoramento e na identificação de áreas contaminadas. Estes modelos estimam o teor EPTs disponíveis em solos a partir do teor pseudototal extraído pelo método da USEPA e das propriedades químicas, físicas do solo – pH, matéria orgânica, teor de argila e óxidos metálicos”. Também os modelos matemáticos foram capazes de predizer a concentração que está potencialmente disponível no solo e poderá ser útil na avaliação da transferência dos EPTs no solo para as águas subterrâneas ou superficiais, e avaliar a toxicidade dos solos. Apoio e subsídios Além do fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que financiou a bolsa de estudos no País e no exterior (Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior – BEPE) durante o mestrado de Alexys, a dissertação foi dividida em dois artigos, sendo o primeiro desenvolvido com apoio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), enquanto o segundo foi baseado em resultados de pesquisa realizada em parceria com a Universidade de Aveiro, em Portugal. “A pesquisa trouxe resultados que serão utilizados pela Cetesb para trabalhos futuros, principalmente relacionado à revisão dos valores orientadores de EPTs em solos, além de poder também servir de subsídio para outras agências ambientais do país. Trouxe também, novos métodos que podem ser utilizados como ferramentas no monitoramento e gerenciamento de áreas contaminadas”. Para o orientador da pesquisa, “é importante destacar que a área de Ciência do Solo tem sido fundamental para entendimento do comportamento de elementos potencialmente tóxicos no ambiente, assim como para servir de fonte de informações tecnicamente confiáveis para uso das agências ambientais reguladoras”. Fonte: Agência USP

Comportamento do bovino e sua relação com o manejo

Os hábitos dos animais e a capacidade deles se adaptarem às diferentes condições que lhes são impostas, podem influenciar no desempenho. Aprofundar o conhecimento sobre o comportamento dos animais e dele tirar proveito prático, portanto, ajuda na boa produção animal. Sérgio Raposo* É a etologia, a ciência que estuda o comportamento dos animais, que tem nos dado várias informações que ajudam a melhorar nossas práticas com os animais, sempre que possível impelindo o manejo na direção de estar mais sintonizado com as preferências dos bovinos e em maior harmonia com seus instintos. Um traço de comportamento facilmente identificável nos bovinos é o fato deles serem animais gregários, isto é, de viverem em grupos. Outro aspecto importante, ligado a esse fato, é que, dentro do grupo, forma-se uma hierarquia social, na qual animais dominantes têm prioridade sobre os animais submissos na competição pelos recursos de interesse comum, seja água, comida ou sombra. Saber isso é importante, pois ela nos faz entender o porquê da falta de espaço para acesso aos animais aos cochos levar a subalimentação dos animais submissos e/ou superalimentação de animais dominantes. Na prática, no caso de oferta de concentrados em confinamento e semiconfinamento, o submisso, que come menos, tem pior desempenho e o dominante, que come mais, fica mais sujeito a ter problemas metabólicos (acidose, timpanismo, intoxicação com ureia etc.).   Esse instinto de formar hierarquia pode levar a formação de subgrupos dentro de um mesmo lote, caso o número de animais seja muito grande. De fato, a dificuldade dos animais em memorizar e reconhecer todos os demais animais do seu lote acaba aumentando a agressividade entre eles. Esse estresse pode prejudicar o desempenho, além de predispor à lesões por causa das brigas. Em função disso, não é interessante formar lotes com mais de 100 animais, aproximadamente. Outro fator importante é que, cada vez que há saída ou entrada de novos animais no lote, inicia-se a disputa para se estabelecer uma nova hierarquia no grupo, ou seja, mais estresse e maior perigo de contusões. Este é um dos motivos de se fazer lotes homogêneos, pois os animais tem mais chance de saírem para abate ao mesmo tempo, reduzindo a ocorrência deste problema. Mesmo que a venda não seja feita do lote todo de uma vez só, reduz-se o número de vezes que o lote vai ser “descascado” (vendido parcialmente). Por isso, além de deixar a competição entre os animais mais equilibrada, é vantagem deixar os lotes de animais tão homogêneos e constantes em sua composição quanto possível para reduzir novas disputas pela liderança dos grupos. Com relação aos hábitos de pastejo, os animais definem os locais onde desenvolvem suas atividades como áreas de descanso (malhadouro) e de alimentação, dependendo da disponibilidade de recursos (forragem, suplementos e água) e da pressão de ambiente. Além desse comportamento quanto ao espaço, na questão do tempo o bovino divide seu dia em períodos de pastejo, ruminação e descanso  de maneira alternada ao longo do dia. Didaticamente, atribui-se que os animais passariam cerca de oito horas em cada uma dessas atividades. Na verdade, vários fatores podem alterar esse padrão, claramente burocrático demais para representar um comportamento natural. Por exemplo, o tempo de pastejo é determinado pela qualidade da forragem e pela forma como esta se distribui no espaço (estrutura da pastagem). Quanto mais nutritiva (qualidade) e de mais fácil preensão (estrutura) estiver a forragem, menor será o tempo que o animal passará pastejando. Há relatos de animais pastejarem até por 12 horas, mas o tempo de pastejo não costuma passar das 9 horas. Períodos de pastejo maiores do que nove horas são indicativos de baixa qualidade e/ou disponibilidade do pasto o que limita a ingestão de forragem. Quanto ao tempo da ruminação, apesar de ser mais constante, também varia conforme o teor e qualidade da fibra do alimento. Quanto maior o teor de fibra e pior sua qualidade, maior o tempo de ruminação. A observação de baixo tempo de ruminação nos animais pode ser um indicativo de falta de fibra efetiva na dieta o que, obviamente, ocorrerá apenas em confinamento. Animais em dietas com elevada inclusão de bagaço tratado à pressão e vapor (bagaço hidrolisado), que tem baixíssima fibra efetiva, por exemplo, praticamente não ruminam. O clima altera, também, padrões de ingestão de alimentos. Nos períodos quentes, o consumo ocorre com maior intensidade nos horários mais frescos, ou seja, próximos ao amanhecer e ao pôr-do-sol, havendo  também aumento do consumo noturno (particularmente se há resfriamento noturno). Essa informação pode ser benéfica na troca de piquetes no pastejo rotacionado: o horário da troca dos animais, preferencialmente, deve ocorrer em horários anteriores aos períodos de consumo, ainda que esse efeito não deva ser muito grande. Também se deve levar em conta o hábito do animal, que é o de fazer o reconhecimento da nova área antes de iniciar o pastejo. Em pastagem, quando são fornecidos concentrados não auto-limitantes (com alta inclusão de cloreto de sódio), deve-se prover espaço de cocho para que todos comam ao mesmo tempo, caso contrário, além de termos o problema já comentado na hierarquia (super e subalimentação de dominantes e submissos, respectivamente), quando o líder do grupo se afastar do cocho os outros irão juntos.  Sem espaço suficiente, alguns animais poderão não ingerir todo o alimento que desejariam ou, na pior das hipóteses, não consumir nada. Isso é particularmente importante quando se idealiza um sistema de creep-feeding, pois, quando as matrizes forem embora, seguindo ao líder do grupo, os bezerros também irão. É por causa disso que a estrutura de creep-feeding deve ficar preferencialmente nos malhadouros, onde os animais permanecem por mais tempo. É também do creep-feeding que vem outro excelente exemplo da vantagem em se utilizar aspectos comportamentais no manejo. Assim, para fazer os bezerros iniciarem o consumo do concentrado é recomendável colocar um animal mais experiente junto a este grupo que nunca recebeu essa suplementação para “ensiná-los” a entrarem no cercado e se alimentarem nos cochos.  Isso é conhecido como facilitação social e funciona em muitas outras situações

Descarte de vacas é essencial para manter produtividade nas propriedades

A reposição anual do rebanho de matrizes é importante para manter a produtividade nas propriedades rurais, com o descarte dos animais improdutivos, que falharam em mais de uma estação de monta, e os considerados “velhos”, ou seja, perto de diminuir a fertilidade. A recomendação é que todo ano sejam repostos 30% dos animais. A pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Alessandra Nicácio, explica que, além da idade do animal, o descarte deve considerar vários critérios como: falha reprodutiva, temperamento da vaca e, no caso de se trabalhar com inseminação artificial, deve-se avaliar se o animal tem uma condição ginecológica favorável à técnica.  “Normalmente, o descarte é feito depois do diagnóstico de gestação, que detecta as vacas que falharam. Então, faz-se a análise do histórico do animal, se já falhou outras vezes. Tem propriedade que a vaca falha um ano e já é descartada mesmo sendo jovem ainda, o que é chamado de pressão de seleção”, diz a pesquisadora. Segundo ela, essa vaca que falha um ano não é necessariamente uma vaca improdutiva, então ela pode até ser vendida para outra propriedade ao invés de ser enviada para o abate.  Quanto antes for feito o diagnóstico de gestação, mais rapidamente pode ser realizado o descarte, evitando-se que o animal fique mais tempo na propriedade ou, caso a intenção seja fazer o confinamento para que o animal ganhe peso antes de ser vendido ao frigorífico, isso pode ser feito o quanto antes. Algumas propriedades realizam o diagnóstico mais tardio, junto ao período da desmama (convencionalmente quando o bezerro tem entre seis e oito meses), o que é interessante porque a vaca considerada velha, que teve o último bezerro, já pode ser descartada. “A decisão sobre o momento do descarte é mais uma decisão administrativa de quando é melhor para a organização da propriedade”, destaca Alessandra.  Vacas primíparas e multíparas A novilha torna-se primípara após o primeiro parto. Esse animal ainda está em fase de crescimento e, portanto, não alcançou seu peso adulto e, durante o período de pós-parto, tem uma necessidade nutricional maior. Devido a essas circunstâncias, as primíparas costumam ter uma taxa de prenhez mais baixa, o que pode levar à conclusão de que ela tenha falhado e deva ser descartada. “Desse modo, a propriedade só terá novilhas, vacas velhas e as primíparas que emprenharam. Então é preciso tomar cuidado com o critério de descarte de primíparas para que não se faça tanta pressão de seleção nessa categoria. O ideal é não descartar logo na primeira falha, mas dar a essa vaca uma outra chance para emprenhar novamente”, explica a pesquisadora. A partir do momento que a vaca tem o segundo parto, ela é considerada multípara. O período ideal entre um parto e outro é de 12 meses. De acordo com Alessandra, para a multípara, caso ocorram duas falhas seguidas, ela pode ser descartada da propriedade, considerando já ser um animal adulto e com peso ideal.  Novilhas No rebanho de matrizes, a recomendação é que 30% sejam de novilhas, visando não causar grande impacto quando elas se tornarem primíparas. A pesquisadora acrescenta que quando a intenção é aumentar o rebanho, o ideal é colocar mais de 30% de animais ou diminuir o descarte, sempre mantendo essa porcentagem de novilhas. “O que não se pode fazer é colocar muitas novilhas, pois no ano seguinte haverá um número muito grande de primíparas. Por exemplo, se forem colocados 50% de novilhas, no ano seguinte o índice de prenhez será mais baixo”, enfatiza.  Antes de serem colocadas na estação de monta, faz-se a seleção das novilhas avaliando-se quais melhor atendem aos critérios de reprodução, se estão ciclando e têm boa conformação e condição corporal. Muitas novilhas também podem ser usadas como receptoras de embrião. Através dessa técnica, é realizada a superovulação da vaca e, ao invés de ela produzir apenas um embrião, poderá produzir até dez, que serão colocados em outras vacas, as chamadas receptoras. “A técnica visa à produção de reprodutores e matrizes”, conclui a pesquisadora. Fonte: Embrapa Gado de Corte