setembro 7, 2024

Apagão de mão de obra na pecuária já está acontecendo

O foco em gestão exigirão profissionais capacitados e raros na pecuária Em 2040, uma das dez grandes megatendências é o apagão de mão de obra na pecuária. A falta de pessoas qualificadas, no Brasil, chegou a 81% em 2022, o que representa o maior patamar nos últimos dez anos, segundo pesquisa da Man-Power-Group. A pandemia da Covid-19, que tirou inúmeras vidas, gerando também prejuízos econômicos incalculáveis, trouxe outro problema: a evasão escolar, algo que cobrará seu preço futuramente. “Especificamente, quanto nos referimos ao apagão de mão de obra, uma proporção de 84% da população brasileira já é urbana no Brasil. Essa tendência se acentuará. A forte injeção de automação irá reduzir esse impacto e alterará o perfil de pessoas necessárias na atividade. O maior desafio será qualitativo. Os enormes avanços tecnológicos, como a IoT, a maior complexidade do manejo, na busca de saltos produtivos, como a introdução crescente da ILPF e o foco em gestão exigirão profissionais capacitados e raros na pecuária. Adicionalmente, a alta rotatividade de gente especializada no campo faz com que produtores sintam-se desestimulados a oferecer treinamentos”, aponta Guilherme Malafaia, pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Na avaliação de Malafaia, a falta de mão de obra já abala cadeias de suprimentos de alimentos no mundo todo. Quer se trate de peões de fazenda, trabalhadores de frigoríficos, caminhoneiros, varejistas, assadores, chefs de cozinha, o ecossistema global de carne bovina sente a pressão da escassez. As cadeias de suprimentos são impactadas e alguns empresários necessitam elevar os salários, o que, de uma forma ou de outra, acaba impactando no preço final do alimento. Segundo ele, muitos produtores têm tido dificuldade em adotar novas soluções tecnológicas, pois não há profissionais com a qualificação necessária para lidar com as várias informações e inovações oferecidas por essas soluções. Apagão de mão de obra na pecuária já atinge profissão essencial Já Jaqueline Lubaski, pedagoga, jornalista e consultora de gestão de pessoas no agronegócio, informa que, a partir das ‘andanças’ realizadas em dez estados diferentes, a principal demanda, na bovinocultura de corte, é por um cargo em especial: especialista na lida de gado: os chamados vaqueiros, campeiros ou capatazes. OUÇA NO SPOTIFY: Saiba os impactos do La niña em 2023 “Já estamos, há alguns anos, com o aumento de déficit, porque formar um vaqueiro após os 18 anos é muito difícil. Nos últimos dois anos, a situação se agravou ainda mais com o aumento da procura, devido à maior produção de carne bovina. Estamos competindo com nós mesmos. Antes, perdíamos para a construção civil; hoje, perdemos para a agricultura, muitas vezes dentro de casa. Os vaqueiros deixam de ser vaqueiros para serem operadores ou tratoristas devido à maior valorização e também porque o conforto é maior”, destaca a especialista.

TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO: O QUE SERÁ TENDÊNCIA EM 2023?

Uso de imagens, inteligência artificial, ferramentas de automação e monitoramento devem ter avanços significativos em 2023. Tudo isso depende, no entanto, de mais conectividade A previsão de safra recorde de grãos — o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima uma produção de 288,1 milhões de toneladas – e o crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) – na ordem de 10,9%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) – permitem projetar um robusto crescimento para o agronegócio em 2023. Atrelado ao cenário otimista, o desenvolvimento de tecnologia segue a todo vapor. Essencial para a expansão do setor, com soluções que vão desde piloto automático, monitoramento de colheita e uso de drones, até ferramentas de planejamento e análise de resultados, a tecnologia tem revolucionado a maneira como se produz. A garantia de mais produtividade, sem deixar de lado a sustentabilidade, passa por diversas soluções inovadoras. Os avanços, no entanto, levam tempo. Segundo Alexandre Alencar, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da divisão de Agricultura da Hexagon, as operações extremamente complexas e diferentes umas das outras, fazem com que os passos da tecnologia no setor agropecuário, principalmente com relação a automação, sejam mais lentos. “Eu sempre elenco no mínimo cinco etapas: pré-plantio, plantio, adubação, pulverização e colheita. São cinco diferentes tipos de autonomia exigidas para uma safra completa autônoma. A complexidade disso é enorme e não vai acontecer da noite para o dia”. Confira, abaixo, algumas tendências para o ano de 2023: Uso de imagens e inteligência artificial Antigamente, os problemas na lavoura, como doenças e pragas, por exemplo, eram detectados somente por meio de monitoramento visual: era preciso percorrer pessoalmente a área plantada, o que tornava o processo muito mais lento e bem menos eficiente. Hoje, tecnologias de detecção por imagem, como voos por drone, com infraestrutura que identifica de forma automática as falhas na lavoura, são capazes de percorrer grandes áreas em um tempo muito menor. Segundo Alexandre, o uso de imagens permite um processamento mais complexo e avançado de dados, como consequência, um melhor planejamento para a execução das operações. “Atividades que antes eram feitas de maneira manual hoje estão sendo aceleradas pelo uso de imagens. E por trás disso temos a atuação de machine learning e inteligência artificial, que treinam algoritmos que permitem um monitoramento mais preciso das áreas”, explica. Automação plena A automação completa — em 100% das atividades no campo — ainda está longe de ser realidade, mas muitas ferramentas já permitem facilitar o dia a dia do produtor. “Um dos grandes sonhos dos produtores é ter a máquina totalmente independente da ação humana,executando as operações de forma independente. Isso não significa acabar com o emprego, mas aumentar a produção agrícola e deixar para as máquinas o trabalho físico enquanto o homem fica com o esforço intelectual”, explica Alexandre. Apesar dessa realidade ainda estar distante, a agricultura já conta com vários elementos de semi-automação, e a tendência para o ano de 2023 é que os investimentos aumentem ainda mais. “Na divisão de Agricultura da Hexagon, por exemplo, o piloto automático foi desenvolvido para ajudar na navegação de tratores, máquinas e implementos agrícolas e florestais, garantindo o alinhamento e minimizando a sobrepassagem durante o plantio, aplicação de insumos e tratos culturais”, exemplifica. Monitoramento remoto Outra área que deve receber atenção em 2023 é o monitoramento remoto. “Antigamente você mandava um exército de pessoas para o campo, não só para executar a atividade, mas também controlar se estava tudo correto. Tínhamos uma série de coordenadores de campo, gerentes, líderes de frente, que tinham a missão de verificar se a operação estava sendo feita de maneira correta. Hoje a atividade, até pela expansão da agricultura corporativa, é gerenciada de forma remota”, conta Alexandre. Por meio de salas de controle, no caso de grandes operações, ou pelo uso de dispositivos móveis, como tablets ou celulares, no caso de pequenos produtores, é possível coordenar as operações de forma mais eficiente. “A gente costuma dizer que a sala de controle da agricultura é quase como uma torre de operações de um aeroporto. Você consegue ver as colhedoras e tratores trabalhando dentro de áreas específicas, e ao mesmo tempo acompanhar as movimentações de caminhões no transporte da matéria-prima para a indústria”. Segundo o diretor, em 2023 os produtores devem investir cada vez mais na tecnologia, já que é possível manter uma melhor sincronização de todos os equipamentos e máquinas e resolver os problemas de maneira muito mais rápida e precisa. Fonte: Compre Rural Curadoria: Boi a Pasto

Agro 5.0: desafios e o que esperar dessa inovação

Agro 5.0 já é realidade no Brasil, mas a inovação ainda enfrenta desafios para a implementação em propriedades rurais A implantação da conexão 5G e o crescimento das tecnologias de coleta de dados estão dando um impulso no processo de salto tecnológico do agronegócio. A inovação proporcionada pelo agro 5.0 já é realidade em muitas propriedades do Brasil, mas a agricultura e a pecuária ainda enfrentam desafios para aproveitar todas as oportunidades oferecidas por essa evolução. Conheça a seguir o que é o agro 5.0 e quais são os impactos dele na agropecuária. O que é o agro 5.0? O agro 5.0 é a última inovação nos modelos de produção do agronegócio. A combinação da coleta de informações em tempo real e em larga escala com as tecnologias da inteligência artificial (IA) e análise de dados torna possível que os produtores rurais consigam gerir a fazenda de forma mais dinâmica e sustentável. Enquanto o agro 4.0 é caracterizado pela automação das máquinas agrícolas, a próxima revolução do agronegócio é baseada na transformação digital proporcionada por conectividade, Internet das Coisas (IoT), decisões baseadas em dados e tecnologias preditivas. As soluções digitais passam a se adaptar à realidade de cada produtor rural, dentro e fora da porteira. Nesse contexto, as startups do agronegócio (ou agtechs) desempenham um papel central com inovações que vão desde a biotecnologia e da administração do empreendimento até o barateamento de custos com insumos, seguros e financiamento. Impactos da inovação no agronegócio A agricultura e a pecuária, ao longo da história, sempre foram impactadas pelas inovações tecnológicas. Agora, o agro 5.0 tende a acelerar a evolução do setor, especialmente pela utilização de soluções de machine learning, que permitem às máquinas aprender com a própria experiência. Além de aumentar a produtividade com o uso de sensores, biotecnologia e previsão de cenários, o próximo salto evolutivo da agropecuária tem o potencial de desenvolver a qualidade dos alimentos produzidos ao mesmo tempo que torna mais econômica a produção, contribuindo para garantir segurança alimentar. Os processos do agro 5.0 ainda permitem o uso racional dos insumos e a redução de riscos relacionados ao ataque de pragas e à ocorrência de eventos climáticos ou desastres naturais. Tudo isso permite uma produção mais eficiente e sustentável, com menos impacto no meio ambiente e maiores margens de lucro para o agropecuarista. Desafios para a implementação do agro 5.0 Apesar de boa parte das tecnologias estar sendo usada, em menor ou maior grau, nas fazendas, a implementação do agro 5.0 ainda enfrenta desafios estruturais e técnicos para se tornar amplamente acessível. O principal deles se refere à infraestrutura de conectividade. De acordo com um levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mais de 70% das propriedades ainda não estão conectadas à internet, o que é um passo fundamental para o uso das inovações. O agronegócio também precisa de mão de obra especializada para operar máquinas, computadores e soluções digitais. Os cursos do setor precisam ser atualizados para formar uma geração que acompanhe a evolução tecnológica. Fonte: Canal Agro Curadoria: Boi a Pasto

O Futuro do uso de dados no Agronegocio

Brasil é um dos líderes dentre os países que mais realizam inovação e pesquisa científica na agricultura; grandes feitos ocorreram entre os anos 60 aos anos 2000 O setor do agronegócio possui uma grande tradição em pesquisa analítica com uso de dados. Foi assim que impulsionamos a revolução verde, conhecida também como a terceira grande revolução da agricultura – período de grande expansão na produção de alimentos nos anos 70 e 80 -, que foi em grande parte fruto de análise de dados e modelagem estatística. Muitas das técnicas de modelagem usadas hoje, a exemplo da análise de experimentos e de variância, apareceram ou foram aperfeiçoadas nesse período por demanda das aplicações no setor agro. E o Brasil é um dos líderes dentre os países que mais realizam inovação e pesquisa científica na agricultura. Grandes feitos da pesquisa científica brasileira na agricultura ocorridos nos anos 60 aos anos 2000, como a domesticação e expansão da soja no Cerrado, o controle do cancro cítrico e a criação de um dos maiores programas globais de energia renovável – a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar – só foram possíveis graças ao uso de dados e modelagem estatística. Como uma amostra dessa relevância, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) recebeu mais de três bilhões de reais em verbas federais para investimento em pesquisa e inovação agropecuária em 2022. No âmbito da economia digital, tecnologias como a agricultura de precisão, pesquisa genética contínua e mecanismos de proteção financeira, e a sofisticação dos produtos financeiros como o mercado de derivativos e de seguros, só são escaláveis com uso intensivo de dados e modelos matemáticos e estatísticos. Em um espectro mais amplo, até as recentes demandas da sociedade como rastreabilidade da cadeia, monitoramento e segurança alimentar e o controle sobre atividades de sustentabilidade ambiental são essencialmente cadeias de informações não-estruturadas. A combinação dados e agricultura, por sinal, é protagonista nas principais pautas da sociedade atual, como a segurança alimentar e a sustentabilidade sócio-ambiental. A segurança alimentar é um desafio devido ao cenário de estrangulamento da cadeia de suprimentos. Os desencaixes logísticos, consequência dos efeitos da COVID-19, afetam tanto a disponibilidade e preços dos insumos como sementes, defensivos e fertilizantes, como também a distribuição e processamentos dos produtos. Para dimensionar o problema, no Brasil, é estimado o retrocesso de mais de uma década de programas de erradicação da fome e miséria no período de 2019 a 2022. Para combater esse retrocesso, precisamos reorganizar a cadeia, identificar os pontos de gargalo de logística e armazenamento e digitalizar os dados “da porteira para dentro”, como detalhamento do histórico de produtividade, característica do solo e maquinário, tipos de cultura, entre outros, para conectar os produtores com melhores fontes de financiamento, otimização na compra de insumos e melhora na distribuição dos seus produtos. Fora as demandas urgentes de segurança alimentar, as pautas de responsabilidade social e ambiental, em especial relacionadas às demandas por descarbonização dos processos produtivos e compensação das emissões de gases do efeito estufa, também são um assunto que tende a ser amplamente discutido. Dentre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da ONU, fora a questão do combate à fome, podemos destacar o agronegócio naqueles relacionados ao consumo e produção conscientes, mudanças climáticas e agricultura sustentável. Assim, a inovação em modelos de predição relacionados ao agro se torna fundamental, objetivando a sustentabilidade e as questões sociais. Em ambos os temas citados, dados e análises são os principais mecanismos de identificação e valoração das iniciativas individuais, como o levantamento global para uso em políticas públicas. Buscando a coleta e análise de informações, bem como a implementação de soluções cada vez mais sofisticadas, podemos esperar protagonismo das empresas especialistas em dados e das agtechs no futuro do agronegócio, setor de crescente importância na agenda mundial. Fonte: Compre Rural Curadoria: Boi a Pasto

Sítio volta a lucrar após investir em tecnologias de reuso da água

Em parceria com a Embrapa, a família Marchezin aplicou também técnicas de fossa biodigestora, para fazer o saneamento do esgoto, e de restauração de áreas degradadas, fazendo com que a propriedade deixasse de ser improdutiva. Uma propriedade improdutiva teve seu rumo alterado após os donos, com ajuda de pesquisadores, começarem a investir em tecnologias de reuso de água. Conheça no vídeo abaixo a história da família Marchezin, localizada em São Carlos (SP). https://globoplay.globo.com/v/11193300/ A propriedade, adquirida pela família na década de 70, tem uma área praticamente em declive, que foi se degradando aos poucos, principalmente por causa da erosão do solo causada pelo desmatamento. Na década de 90, ela se tornou quase toda improdutiva. Flávio, herdeiro da propriedade, deixou o campo para estudar administração de empresas, depois voltou com o objetivo de tornar a produção rentável. Começou trabalhando com peixes em um tanque escavado. Foi então que ele conheceu a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que precisava de uma área para testar novas tecnologias. A parceria rendeu três experimentos: Fonte: G1 Curadoria: Boi a Pasto

Tecnologia impulsiona os resultados da pecuária de corte e leite

Na cadeia do leite, porém, a pecuária foi prejudicada pelo fenômeno La Niña, que provocou uma entressafra antecipada No último dia 7/12, um time de especialistas do negócio de Ruminantes da DSM se reuniu em São Paulo com a imprensa segmentada do Agronegócio para trazer um balanço de 2022 e falar das perspectivas para 2023. Para os especialistas, apesar da retomada decorrente da flexibilização após a pandemia de Covid-19, o Brasil foi desafiado com a alta na inflação que gerou impacto sobre o consumo de alimentos no país, de maneira geral, e de carne vermelha, em particular, passando pelas questões relacionadas à guerra entre Rússia e Ucrânia que dificultou o acesso da produção agropecuária a insumos. Um ponto que ajudou a segurar o mercado foi o fato de as exportações de carne bovina baterem recorde, somando 190 mil toneladas em outubro, segundo dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex). Os embarques da proteína para países como a China, que lidera o ranking de importadores, somado ao aumento da oferta e maior velocidade no ciclo de baixa de preços para todas as categorias animais, contribuíram para esse cenário apontando para o positivo. Leite Na cadeia do leite, porém, a pecuária foi prejudicada pelo fenômeno La Niña, que provocou uma entressafra antecipada, com custos de produção elevados que desanimaram o produtor. Mesmo assim, a oferta tende a melhorar no final do segundo semestre, com recuperação da produção e maior importação de laticínios. “Mais uma vez, a pecuária de corte e de leite se mostrou essencial ao desenvolvimento do nosso país. Tivemos uma série de desafios ao longo desse ano, que foram tratados com muito cuidado pelos produtores, os verdadeiros protagonistas do nosso setor”, aponta Sergio Schuler, vice-presidente do negócio de Ruminantes da DSM para a América Latina. Ao reforçar o protagonismo da atividade pecuária na economia brasileira, contudo, Schuler não deixa de mencionar os avanços dos produtores para a adoção de tecnologia no campo, de modo a impulsionar os resultados buscando produtividade, eficiência e rentabilidade e, consequentemente, preservando o capital alocado na produção rural. Nutrição animal Juliano Sabella, mencionou algumas inovações relevantes e que melhoram os índices zootécnicos dos bovinos de corte e leite e a rentabilidade dos produtores com aditivos, ingredientes de alta tecnologia exclusivos que combinados aos Minerais Tortuga, trazem uma série de benefícios para aumento da produtividade. Perspectivas 2023 Para 2023, a DSM espera um ano de incertezas para o setor, mas com desenvolvimento e uso de tecnologias e maior concentração na produção agropecuária. Quando o assunto é o segmento leiteiro, a companhia tem perspectivas de demanda ainda fragilizada, com o La Niña afetando o primeiro trimestre e custos ao produtor ainda elevados. Já sobre os bovinos de corte, a demanda externa vai continuar aquecida, com câmbio favorável. Apesar disso, a demanda interna ainda vai seguir sendo impactada, com possível melhora nesse final de ano e ao longo do próximo. “Teremos maior oferta de animais, o que inclui maior abate de fêmeas. Isso vai refletir diretamente na produção, que vai aumentar a partir desse ano, mas se prolongando principalmente em 2023 e 2024”, explica Schuler. Digitalização  Foi apresentado uma plataforma (Prodap) de apoio ao produto rural que combina tecnologia, serviços de consultoria e soluções nutricionais personalizadas para impulsionar a eficiência e a sustentabilidade na criação de animais.  “Com a integração da operação da Prodap, passamos a fortalecer o desenvolvimento de soluções digitais para alcançar mais mercados globalmente e um maior número de espécies de animais”, diz Schuler. Censo de Confinamento Um volume de 6,95 milhões de bovinos confinados. Esse foi o montante registrado pelo Censo de Confinamento DSM 2022, estruturado pelo Serviço de Inteligência de Mercado da DSM e que mostra um aumento de 4% sobre os 6,69 milhões mapeados pela equipe da DSM em 2021, o que mostra um ritmo frequente à medida que esse também é um número 4% superior aos 6,4 milhões identificados em 2020. O rebanho de animais confinados esse ano mostra também uma alta significativa de 46% frente ao primeiro levantamento, em 2015, que registrou 4,75 milhões de bovinos produzidos no sistema intensivo de produção. “O confinamento é uma ferramenta estratégica e uma tendência que contribui para melhorar a produtividade do rebanho. Os pecuaristas brasileiros estão percebendo isso e se movimentando para adotar as altas tecnologias que temos disponíveis no mercado, ao mesmo tempo em que adequam as suas fazendas para receber essas soluções”, avalia Hugo Cunha, gerente técnico Latam de Confinamento da DSM. Fonte: Terra Curadoria: Boi a Pasto

Como a tecnologia irá ajudar na adoção da pecuária de baixo carbono?

Thiago Parente, fundador e CEO da iRancho, destaca a demanda cada vez maior dos consumidores por “produtos verdes” A demanda cada vez maior dos consumidores por “produtos verdes” é também uma grande oportunidade para a pecuária brasileira. Os números de 2020 já mostram isso. As exportações de carne bovina bateram recorde no ano passado, com alta de 11,8% no faturamento, que chegou a US$ 8,53 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Foram 2,02 milhões de toneladas de carne embarcadas, o que representa 8,8% a mais do que em 2019. A alta nas vendas para o mercado externo teve um anabolizante que seguirá impactando a produção nacional: as pressões internacionais crescentes por boas práticas ambientais. As exigências dos frigoríficos em relação aos fornecedores também acompanham o desejo dos consumidores por uma carne mais sustentável ambientalmente. E aí temos um novo cenário já desenhado para o setor que está incentivando os produtores a criarem novos produtos que atendam consumidores agora mais exigentes e conscientes. Em uma parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), um dos maiores frigoríficos do país, a Marfrig lançou uma linha de carne carbono neutro, uma carne que no processo de produção deixa um saldo zero de emissões de carbono. A carne carbono neutro (CCN) é uma certificação do gado criada pela Embrapa em sistemas de integração do tipo silvipastoril (pecuária-floresta) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta, ILPF). Estudo realizado na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS) mostra que cerca de 200 árvores por hectare seriam suficientes para neutralizar o metano exalado por 11 bovinos adultos por hectare ao ano. Como a taxa de lotação usual no Brasil é de 1 a 1,2 animal por hectare, a quantidade de árvores é mais do que suficiente para produzir uma redução das emissões. O cálculo é feito com a conversão do metano gerado pela digestão dos animais, que também é um dos gases do efeito estufa, em toneladas de carbono equivalente. O carbono retirado da atmosfera com o crescimento das árvores é o que fica fixado no tronco das árvores. Para se saber a quantidade, basta estimar o volume de madeira e, consequentemente, a quantidade de carbono fixada pela floresta. Pelos critérios da Embrapa, o sistema ideal deve ter entre 200 e 400 árvores por hectare. Além do carbono fixado, a presença de árvores influencia ainda no bem-estar animal. A sombra natural, além de bloquear a radiação solar, cria um microclima com sensação térmica mais agradável. Com o conforto térmico, o animal apresenta maior ganho de peso e a produção fica mais eficiente, consumindo menos recursos naturais ao longo do ciclo de vida para gerar a mesma quantidade de carne. Técnicas de manejo sustentáveis reduzem emissões em até 90% Além da integração da pecuária com floresta e lavoura, há outras boas práticas a seguir na pecuária para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Outro estudo desenvolvido pela ONG Imaflora no Mato Grosso mostrou que a adoção de técnicas de manejo sustentáveis na produção de gado, com suplementação alimentar, recuperação de pastagens degradadas, aumento da lotação de cabeças por hectare e redução do ciclo de engorda, pode reduzir em quase 90% as emissões de gás carbônico. Para a realização do estudo, os pesquisadores compararam duas áreas com pecuária intensiva sustentável no nordeste do Mato Grosso aos índices médios de emissão da atividade no Estado onde, estima-se, mais da metade das pastagens tem algum grau de degradação. Os pastos degradados são justamente um dos vilões em relação às emissões de gases do efeito estufa e a recuperação dessas áreas ajuda a reter carbono no solo. Os solos brasileiros, se estiverem com uma boa forrageira (tipo de pastagem), têm grande potencial para sequestrar esse carbono. Entretanto, o pasto degradado acaba provocando um volume maior de emissão de gases do efeito estufa. A ideia de sequestro do carbono pelo solo como uma das estratégias para combater as mudanças climáticas foi lançada em 2015, durante a COP 21, a conferência do clima realizada em Paris. No painel internacional, a França apresentou a chamada Iniciativa “4 por 1000”, que propõe que os países busquem um crescimento anual do estoque de carbono nos solos de 0,4% (daí o nome “4 por 1000”), que, segundo os estudos científicos, permitiria frear o aumento da concentração de CO2 na atmosfera e, consequentemente, o aumento da temperatura global. Além de ajudar a fixar o carbono no solo, a recuperação das pastagens também aumenta a produtividade da pecuária. O estudo da Imaflora mostrou na fazenda avaliada, uma unidade da Pecsa (Pecuária Sustentável da Amazônia) em Alta Floresta, uma taxa de lotação de até cinco animais por hectare, mais de cinco vezes superior à média do Mato Grosso. Aliada ao uso de suplementação alimentar aos animais, o sistema obteve um ciclo de engorda de apenas 12 meses (ante 36 na pecuária extensiva). Vale reforçar que, quanto mais curto o ciclo de produção da carne, menores as emissões de gases do efeito estufa. A produtividade registrada no estudo foi de até uma tonelada equivalente de carcaça por hectare ao ano, uma marca 17 vezes superior à média do Estado. A suplementação alimentar oferecida aos animais também tem papel fundamental não só no ganho de peso, mas também no balanço de emissões da atividade pecuária ao reduzir a quantidade de metano gerada pela digestão dos animais. A necessidade da sustentabilidade ambiental em qualquer atividade humana é uma realidade. A chamada pecuária de precisão, que usa a tecnologia para melhorar a produtividade e a sustentabilidade ambiental, é uma forte aliada para os produtores aproveitarem essa oportunidade. Adotar novas práticas com o uso das novas tecnologias nas fazendas de corte é um caminho sem volta para que a pecuária brasileira continue a ganhar mercado mundo afora. Você, pecuarista, já começou a olhar para isso? Por: Thiago Parente – DBO com curadoria Boi a Pasto.

Transformação Digital e E-commerce no Agronegócio

*Helenice Moura A transformação digital está revolucionando o agronegócio brasileiro em todo ciclo da sustentabilidade à comercialização, passando pelo planejamento de safra, financiamento e gerenciamento de riscos.  71% dos agricultores usam canais digitais diariamente para questões relacionadas ao campo e 33% do total de agricultores estão dispostos a comprar sementes, fertilizantes e defensivos online, segundo estudo recente da Mckinsey & Company. O E-commerce no agronegócio brasileiro tem mais força que em mercados amadurecidos como os Estados Unidos, no Brasil 36% dos agricultores fazem compras online para o campo, contra 24% dos EUA. Segundo aponta o mesmo estudo, essa tendência é de crescimento para as próximas safras. Dentre as oportunidades para o e-commerce no setor agro estão principalmente maquinário e insumos agrícolas, onde a jornada de compra começa com pesquisas online no Google, mas a venda é finalizada principalmente via whatsapp. Nesse sentido o e-commerce entra como fonte de pesquisa, informação e conexão da marca com os agricultores.  Uma estratégia incrível para explorar e dar os primeiros passos no e-commerce são os marketplaces, sites que funcionam como agregadores de lojistas e que possuem alto tráfego e tecnologia avançada.  Marketplaces como Magazine Luiza, estão criando frentes direcionadas para o agronegócio, neste, por exemplo a Tortuga, importante fornecedor de insumos está abrindo a sua loja virtual, chamado Suplementos nutricionais Tortuga com produtos para nutrição da pecuária de leite e de corte e equinos.  Um ponto de alerta para o Mercado é a segurança digital, 39% do total dos agricultores pesquisados pela Mckinsey considera a segurança nas compras online como a principal barreira, tanto do ponto de vista transacional, quanto de entrega no prazo, visto que 1 semana de atraso pode fazer toda a diferença no plantio, por exemplo. Uma grande revolução se aproxima do agronegócio brasileiro e estar conectado a ela fará toda diferença na sustentabilidade, crescimento e sucesso dos seus negócios! Sobre o Comitê de Líderes do E-commerce (www.comecomm.com.br) –  Maior grupo de empreendedorismo, networking e aceleração do comércio eletrônico no Brasil. Promove a evolução contínua com outros executivos e empreendedores do Mercado digital. *Helenice Moura é presidente do Comitê de Líderes de e-commerce, fundadora da A Liga Digital – projeto social que leva jovens de periferia para o mercado digital. Também é comentarista da Record News, no programa sobre e-commerce, é Google Partner desde 2008 e possui MBA em Business Intelligence pela FIAP. Além disso, possui especialização em Gerência Comercial pela FGV, é sócia fundadora de startups de Marketing Digital, atua neste segmento desde 2005. Teve passagens por grandes empresas, como Terra, Scup, foi sócia diretora da Ativi Intellingence Marketing. No meio acadêmico é professora das disciplinas de Marketing Digital, Influencers e Novas Mídias. Também foi responsável por criar estratégias para marcas, como Amend Cosméticos, Sky, Ticket, Any Any, Speedo, Abilio Diniz, Banco Carrefour, Atacadão, Mapfre e Braskem.

Tecnologia agrícola e TI

Até há algum tempo, quando se pensava na população rural, nos trabalhadores do campo e nos agricultores, vinha a imagem estereotipada do Jeca Tatu. Ciro Antonio Rosolem* Quando se pensava no técnico que dava suporte e desenvolvia as técnicas agropecuárias, como agrônomos, veterinários e, principalmente, zootecnistas, vinha a imagem de um indivíduo com chapéu e botina, cujo principal instrumento de trabalho era um canivete. Essas pessoas fizeram a revolução verde, que hoje dá segurança alimentar à população mundial. Mas, os tempos são outros. Embora de 60% a 80% dos agricultores brasileiros possuam educação formal até elementar incompleta, e pouco menos de 5% tenham educação superior, há outra revolução em curso, uma revolução tecnológica. O agronegócio brasileiro tem sido o principal campo de crescimento de “startups” no Brasil. Segundo a ABStartups (Associação Brasileira de Startups), a quantidade de empresas de tecnologia baseada em informática, as chamadas Agritechs ou Agtechs, quase foi quadruplicada. Devem ser mais ou menos 200. Muitas destas empresas foram incubadas em Universidades, e algumas com aporte financeiro de Instituições de Fomento, como FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), por meio de programas especiais. Está dando certo. Há uma grande safra, não só de grãos, mas de jovens empreendedores, normalmente abaixo dos 40 anos, que estão alargando essa fronteira. Segundo a ABStartups, o agricultor é hoje conectado, 67% deles usam o Facebook e 96% o WhatsApp. Junto com bons resultados agrícolas e a intensa competitividade do setor, se compõe um cenário muito favorável para o crescimento destas novas empresas. As Agritechs apresentam soluções em diversas modalidades de agricultura de precisão, como monitoramento do desenvolvimento de lavouras, monitoramento de pragas e doenças, aplicação de corretivos e adubos, monitoramento de irrigação, entre muitos outros. Já há tratores não tripulados, é comum o uso de drones, já existe um tipo de ‘uber rural’, e até contratos eletrônicos, em que se usa a mesma tecnologia dos bitcoins em contratos de barter, ou seja, contratos de troca da produção por insumos. A agricultura tem sido o setor que mais contrata mão de obra, e a grande safra de 2017 é um motor da criação de empregos: foram contratados 12,7 mil tratoristas e 1,6 mil operadores de colhedeiras. Até agora se exigia baixa qualificação para essas contratações, mas o cenário está mudando muito rápido. Por exemplo, pragueiro virou monitor, tratorista está virando operador, pois a operação das modernas máquinas exige qualificação. É necessário, pelo menos, saber manusear um tablet. E aqui temos um problema: teremos gente qualificada para tanto?  No Mato Grosso há notícias de programas de qualificação em andamento, e no restante do país? Jovens, há um oceano de oportunidades, e as ferramentas não são mais a botina e o canivete! Sobre o CCAS O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto. O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas. A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: http://agriculturasustentavel.org.br/. Acompanhe também o CCAS no Facebook: http://www.facebook.com/agriculturasustentavel. *Ciro Antonio Rosolem é Vice-Presidente de Estudos do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).Fonte: CCAS / Alfapress