setembro 16, 2024

CEPEA: com oferta limitada, preço do leite ao produtor avança 10%

O movimento de alta do preço do leite se explica pela redução da produção no campo

O preço do leite captado em maio subiu pelo sétimo mês consecutivo e registrou elevação de 9,8% frente ao de abril, chegando a R$ 2,7114/litro na “Média Brasil” do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Desde janeiro, o valor do leite pago ao produtor acumula avanço real de 30,4% (os valores foram deflacionados pelo IPCA de maio). Ainda assim, o preço médio de maio ficou 4,82% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado, em termos reais.

O movimento de alta se explica pela redução da produção no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea teve pequena reação de 0,14% de abril para maio, mas acumula baixa de 7,7% na parcial deste ano.

Além dos menores investimentos dentro da porteira no final de 2023, o avanço da entressafra no Sudeste e Centro-Oeste e o atraso da safra no Sul limitam a oferta do leite cru. Consequentemente, a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima sustentou a valorização do leite. Vale também ressaltar que os impactos negativos das enchentes do Rio Grande do Sul sobre a produção de lácteos gaúcha e o aumento pontual da demanda devido aos donativos no estado criaram especulação e elevaram as incertezas, dificultando o dimensionamento do mercado em maio.

A alta do preço do leite no campo levou ao aumento das cotações dos derivados lácteos.

A pesquisa do Cepea em parceria com a OCB mostra que, na negociação entre indústrias e canais de distribuição paulistas, as médias de preços do UHT, muçarela e leite em pó fracionado (400g) subiram 5,1%, 5,9% e 4,5% em maio, respectivamente. No entanto, o repasse da valorização da matéria-prima para os derivados ocorreu em intensidade menor do que a variação observada no campo, já que o consumo não se fortaleceu como o esperado.

Em junho, os preços dos lácteos avançaram até a segunda quinzena do mês – o que deve manter a média mensal ainda em alta frente ao mês anterior. Porém, nas duas últimas semanas de junho, as cotações retornaram ao patamar do início de maio, devido ao enfraquecimento do consumo e à pressão exercida pelos canais de distribuição. Dessa maneira, a margem dos laticínios na venda dos derivados seguiu justa, especialmente para os produtos mais “comoditizados” (como UHT, muçarela e pó) – o que, por sua vez, pode frear o ritmo de altas nos preços pagos aos produtores.

Outros fatores reforçam a perspectiva de que o movimento altista deve perder força em junho e, até mesmo, se inverter a partir de julho, como o incremento da margem do produtor nestes últimos meses, que tende a favorecer a recuperação da produção nacional de leite cru, ainda de forma lenta.

Quanto à oferta de derivados, as importações continuam sendo um fator de incerteza para o mercado. Dados da Secex mostram que, em maio, as compras externas caíram 23,6%, totalizando cerca de 150 milhões de litros em equivalente leite, queda de 28% frente a maio/23, mas ainda mais que o dobro do registrado em maio/22. De janeiro a maio, o volume importado somou 923 milhões de litros em equivalente leite, 5,1% a mais que no mesmo período de 2023.

INDICADOR PREÇO DO LEITE AO PRODUTOR CEPEA
Preços líquidos – não contém frete e impostos. Valores nominais.
BAGOMGSPPRSCRSBRASIL
jan-242,09582,13212,11052,21432,23922,13912,12442,1347
fev-242,12742,23822,20372,30482,35172,25242,24212,2347
mar-242,15072,36372,31162,36862,42022,30492,34432,3290
abr-242,21742,45762,46322,45632,56642,42892,44632,4576
mai-242,30992,75192,73412,64492,79022,73022,65172,7114
variação mensal4,17%11,97%11,00%7,68%8,72%12,40%8,39%10,32%
Nota: a partir de janeiro de 2023, o Cepea mudou a forma de nomear as informações que divulga, identificando os dados pelo mês da captação do leite cru, e não mais pelo mês do pagamento. Maiores informações estão disponibilizadas no site do Cepea.

Por CEPEA

Curadoria Marisa Rodrigues para o portal Boi a Pasto

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