Raça sintética já é a terceira mais que mais vende sêmen no País, atrás apenas das raças mãe, Nelore e Angus
Por Gustavo Paes, especialmente para o portal Boi a Pasto
A Brangus é uma das raças bovinas de corte que mais cresce no País. Durante os leilões se observou um maior interesse Das principais centrais de inseminação por reprodutores Brangus, com grande destaque pela alta demanda de sêmen de touros da raça para cobrir fêmeas F1, uma excelente alternativa de cruzamento focado na produção de carne de qualidade.
Esse aumento da procura por sêmen Brangus comprova a expansão da raça em todo território brasileiro, posicionando o Brangus como uma importante ferramenta de produção da pecuária competitiva. “Nos últimos quatro anos o Brangus cresceu em torno de 20% e já é a terceira raça em venda de sêmen, atrás apenas das raças mãe, Angus e Nelore”, salienta o presidente da Associação Brasileira de Brangus (ABB), Ladislau Lancsarics Jr, titular da Agrícola Anamélia – Brangus HP, de Martinópolis (SP).
O número de registros na ABB foi recorde em 2020. Até dezembro foram realizados 22.409 serviços de registros genealógicos na entidade, o que representa uma alta de 22%. Em 2019, foram feitos 18.301 serviços de registros. E a tendência é de crescimento também neste ano. “De janeiro a junho deste ano foram realizados 9.297 serviços de registros”, destaca o vice-presidente da ABB, João Paulo Schneider da Silva, da GAP Genética, de Uruguaiana (RS).
Outro número que apresentou alta no ano passado foi o da quantidade de sócios, com um incremento de 13%. Segundo a ABB, a raça abrangeu novos associados em 12 Estados brasileiros – Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
A história
A raça Brangus é o resultado de um experimento entre o cruzamento da raça taurina britânica Aberdeen Angus e a raça zebuína Brahman. As primeiras experiências que resultaram no Brangus foram realizadas por técnicos norte-americanos do Departamento de Agricultura de Jeanerette em 1912, no estado de Louisiana. Na mesma época, pecuaristas de Oklahoma, no Texas, e do Canadá também passaram a fazer acasalamentos semelhantes. O objetivo dos cruzamentos era a criação de um animal que aprese ntasse altos índices de produtividade mesmo criado em condições de clima e meio-ambiente adversas, típicas das regiões tropicais e subtropicais.
No Brasil, os cruzamentos começaram a ser feitos na década de 1940 por técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Bagé (RS). Inicialmente, o resultado do cruzamento foi batizado de raça Ibagé pelos técnicos da época. Alguns anos depois, em função do cruzamento ser o mesmo alcançado nos Estados Unidos, o nome da raça passou a ser Brangus Ibagé, até que se tornou apenas Brangus, anos mais tarde.
O Brangus é uma das raças sintéticas que mais possui diversidade de selecionadores dentro de outros países além do Brasil, como a Argentina, o Paraguai, os Estados Unidos, o México, o Uruguai, a Bolívia, o Panamá, a África do Sul, o Canadá, a Colômbia e a Austrália.
No Brasil, o maior número de criadores está concentrado na Região do Sul, pincipalmente no Rio Grande do Sul, mas a raça também vem ocupando espaços com uma expansão vertiginosa para as Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil, entre outras. “O Brangus está presente em todos os biomas brasileiros. A gente encontra a raça desde o Rio Grande do Sul até Roraima, Pará”, observa Lancsarics. “Ele vai bem no bioma amazônico, no Cerrado, na Mata Atlântica e no Pampa”, acrescenta.
A raça Brangus reúne inúmeras vantagens como a rusticidade, a docilidade, a tolerância ao calor, a habilidade materna, a marmorização da carne (concentração de gordura), a padronização e rendimento de carcaça, a precocidade sexual (machos e fêmeas) e a fertilidade, além da grande resistência à infestação de ectoparasitas. Entre os benefícios do Brangus estão a facilidade de parto, os pelos curtos, os elevados pesos na desmama e no sobreano, o entoure mais cedo e bom desempenho de ganho de peso, tanto a pasto quanto no confinamento.
Além disso, os animais se adaptam bem aos diferentes micros ou macros climas existentes no Brasil. Eles suportam tanto as temperaturas que passam dos 35°C no sol durante o verão no Brasil Central e no norte do País, como as temperaturas congelantes no inverno da Região Sul. “O Brangus traz a rusticidade do zebu junto com a qualidade da carne, fertilidade, habilidade materna e precocidade do Angus”, assinala o presidente da ABB. “É a raça que o mercado está buscando”, completa o dirigente.
A ABB – A Associação Brasileira de Ibagé, nome que foi dado originalmente à raça, foi fundada em janeiro de 1979 por um grupo de criadores reunidos na sede da UEPAE de Cinco Cruzes de Bagé. Com o desenvolvimento do criatório e a introdução de animais de cruzamento de sangue Brahman, em 1989, passou a se denominar Associação de Brangus Ibagé. Em 1998, acompanhando as políticas de globalização e em função do Mercado Comum do Sul (Mercosul), com a homologação do Mapa, mudou o nome para Associação Brasileira de Brangus, usado até os dias de hoje. A entidade está sediada em Campo Grande (MS).
* Gustavo Paes é jornalista do Grupo Futura-RS