novembro 21, 2024

Deputados debatem produtos lácteos modificados

Com rótulos similares e preços mais atraentes, alguns consumidores alegaram ter sido induzidos a erro e comprar “gato por lebre”.

Na última audiência pública do ano, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural debateu um tema que foi destaque na mídia e nas redes sociais em 2022: os produtos lácteos modificados. Apesar de já existirem há muito tempo, no período da entressafra em meados deste ano, tais produtos surgiram em maior quantidade e dividiram espaço nas gôndolas de padarias e supermercados ao lado dos lácteos convencionais.

Com rótulos similares e preços mais atraentes, alguns consumidores alegaram ter sido induzidos a erro e comprar “gato por lebre”. “Os meios de comunicação divulgaram que em vez de adquirir leite, iogurtes, cremes de leite e até leite condensado, os consumidores estavam levando produtos lácteos modificados com adição de soro de leite, entre outros ingredientes”, conta a pesquisadora Kennya Siqueira, que participou da audiência.

Já há algum tempo, o soro de leite se transformou de subproduto em ingrediente importante para a indústria de laticínios. Produtos como o whey protein se consolidaram no mercado fitness e são adotados em dietas especiais. A legislação também regulamenta os compostos lácteos elaborados à base de soro, estabelecendo que eles devem possuir no mínimo 51% de lácteo e a rotulagem conter todos os componentes do alimento. No entanto, a polêmica se estabeleceu devido à crise de produção ocorrida em 2022, com substancial aumento no custo de produção e no preço do leite (o litro do leite UHT chegou a custar cerca de R$ 9,00 para o consumidor). Os compostos ou misturas lácteas tornaram-se, então, uma alternativa mais acessível à população.

Para a gerente-geral de Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Patrícia Fernandes de Castilho, os produtos à base de soro de leite estão dentro da legislação, mas falta transparência, o que pode levar o consumidor ao erro. Embora as informações estejam todas contidas nos rótulos, a supervisora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Laís Amaral, diz que se a pessoa for ler todos os rótulos, passará horas no supermercado.

“Transparência” foi a solução acordada entre os debatedores. O deputado federal por Minas Gerais, Zé Silva (Solidariedade), que conduziu a audiência pública, concorda que o consumidor necessita de clareza nos rótulos dos compostos lácteos: “os produtos não podem ser vendidos como foram”. As embalagens dos lácteos convencionais e compostos lácteos precisam ser diferenciadas e o parlamento deverá buscar medidas para que isso ocorra, foi o que se concluiu do debate.

Fonte: Embrapa

Curadoria: Boi a Pasto

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