julho 27, 2024

Destruição de área indígena leva ICMBio a criar uma força-tarefa no Tocantins

Segundo o ICMBio, há 12 anos a Mata do Mamão tinha o dobro do tamanho que tem hoje – a proibição da circulação tinha como objetivo conter a ocupação ilegal, principalmente, de criadores de gado, mas não foi o bastante para frear a destruição na mata.

A destruição de uma área indígena protegida por decisão judicial levou o ICMBio a criar uma força tarefa no Tocantins.

“Essa é a quantidade de gado que tem só num pedacinho aqui da ilha. Se tem povos originários aqui, como é que vai lidar com tudo isso né, isso é de retireiros”, narra um fiscal em um vídeo.

Fiscais do Ibama flagraram um rebanho em uma área da Ilha do Bananal conhecida como a “Mata do Mamão”, um santuário ecológico de floresta nativa. É onde os biomas do Cerrado, da Amazônia e do Pantanal se encontram. É também o lar de indígenas que escolheram viver isolados.

Pegadas indicam a presença de integrantes do povo Avá-Canoeiro. Para protegê-los, desde 2019, a circulação de não-indígenas no local é proibida pela Justiça Federal. Mas a decisão não está sendo respeitada. Como narra um dos fiscais.

“O que a gente vê é o saqueamento completo desse lago no que diz respeito à pesca predatória”, diz o fiscal em um vídeo.

Eles registraram a degradação em parte do Parque Nacional do Araguaia, onde fica a Ilha do Bananal. Carcaças de pirarucu, cervos e pássaros abatidos por pescadores e caçadores que invadiram o local; madeiras extraídas ilegalmente, e até construção de barracos.

“A degradação desse ambiente é muito grave porque afeta diretamente o modo de vida dos índios, a biodiversidade do local e o trabalho e a razão de ser do parque nacional”, diz o chefe do Parque Nacional do Araguaia, Lino Rocha.

Segundo o ICMBio, há 12 anos a Mata do Mamão tinha o dobro do tamanho que tem hoje. A proibição da circulação tinha como objetivo conter a ocupação ilegal, principalmente, de criadores de gado, mas não foi o bastante para frear a destruição na mata. Agora, uma força tarefa de fiscais ambientais foi criada para investigar os crimes na região e tentar identificar os responsáveis.

Tudo para preservar a biodiversidade e manter o grupo de indígenas Avá-Canoeiro isolado, como determina a Justiça. O Ministério Público Federal e o Ibama estudam ainda alternativas para melhorar o monitoramento da região.

“O Ibama tem uma proposta da gente criar uma alternativa tipo uma zona de amortecimento pra aquela mata”, diz o superintendente do Ibama/TO, Isac Braz Cunha.

“Com esse diagnóstico que foi feito, que outras medidas possam vir a ser tomadas. Que venham trazer essa efetividade”, diz o procurador da República Álvaro Manzano.

Representantes do povo Avá-Canoeiro querem que a preservação da natureza caminhe junto com a garantia de proteção do grupo de indígenas que ainda vive isolado.

“A gente nem sabe de onde vem esses vaqueiros, é preocupante não só para os isolados, mas para a fauna de dentro da ilha. Porque ali tinha que ser preservado e não ser destruído como está sendo destruído hoje”, diz a indígena Typyire Silva Âwa.

Fonte: G1

Curadoria: Boi a Pasto

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