Redação: Portal Boi a Pasto
Além de ser um pilar econômico, essa atividade desempenha um papel importante na mitigação das mudanças climáticas, oferecendo serviços ecossistêmicos significativos. O compromisso do Brasil em reduzir as emissões de gases de efeito estufa resultou na implementação do “Plano ABC” em 2010, uma política pública voltada para uma agricultura de baixa emissão de carbono.
Em um período de nove anos (2010-2018), o Brasil alcançou entre 68% e 105% da meta de mitigação estabelecida em 2015, evitando a emissão de milhões de toneladas de CO2 equivalente. O sucesso do “Plano ABC” se deve, em grande parte, à adoção de tecnologias sustentáveis, como a recuperação de pastagens degradadas e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que possuem potencial de mitigação comprovado cientificamente.
A “Plataforma Pecuária Baixo Carbono Certificada”, criada pela Embrapa em 2019, apoia as ações governamentais e promove marcas-conceito que funcionam como selos de garantia para a comercialização da carne bovina. A certificação “Carne Carbono Neutro” (CCN) se concentra na neutralização do carbono em sistemas com árvores plantadas, como os sistemas silvipastoris, enquanto a certificação “Carne Baixo Carbono” (CBC) se destina à carne produzida em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) ou pastagens bem manejadas, sem árvores.
A evolução da plataforma permitiu a criação da marca-conceito “Carbono Nativo”, que certifica a carne produzida em pastagens arborizadas com árvores nativas. Essa certificação valoriza os atributos intrínsecos e extrínsecos do produto, resultantes da mitigação/neutralização do carbono por meio da conservação ou introdução de árvores. A presença de árvores nativas nas pastagens não apenas contribui para a mitigação de gases de efeito estufa, mas também melhora a produtividade, o bem-estar animal, a eficiência no uso de recursos e a biodiversidade.
No entanto, certificar a carne produzida em pastagens arborizadas com árvores nativas apresenta desafios técnicos e científicos devido à variedade de espécies arbóreas nativas e à necessidade de estabelecer critérios e parâmetros para a conformidade com a marca-conceito “Carbono Nativo”. A pesquisa desempenhará um papel fundamental na definição desses critérios e na estimativa do conteúdo de carbono acumulado nas árvores nativas.
A introdução da marca-conceito “Carbono Nativo” representa uma oportunidade para promover a pesquisa, a transferência de tecnologia e a formulação de políticas públicas focadas na sustentabilidade da pecuária e na valorização do ambiente pecuário, que é frequentemente e, erroneamente, considerado como oposto à conservação ambiental. A certificação dessa marca-conceito destaca a importância das árvores nativas nas pastagens e sua contribuição para a mitigação das mudanças climáticas e outros benefícios ambientais.
Fonte: Embrapa Gado de Corte
Curadoria: Portal Boi a Pasto