dezembro 22, 2024

Perspectivas do agronegócio brasileiro para 2025: desafios e oportunidades

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 A CNA projeta um crescimento do PIB do Agro de até 5% em 2025, impulsionado pela produção agrícola e pela agroindústria. No entanto, os produtores enfrentam desafios, como a valorização do dólar e a manutenção da taxa Selic elevada, que podem impactar o acesso ao crédito e os custos de insumos.

Da redação

Conforme a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do Agronegócio está projetado para crescer em 2025. No entanto, os cenários interno e externo, incluindo política fiscal, câmbio, inflação e taxa Selic, apresentam desafios significativos para os produtores rurais brasileiros. A CNA estima que o PIB do Agronegócio pode aumentar até 5% em 2025, impulsionado pelo crescimento da produção agrícola, especialmente de grãos, além da expansão da indústria de insumos e da agroindústria voltada para exportação.

Embora a conclusão das negociações do acordo Mercosul-União Europeia tenha sido anunciada no início de dezembro, o ambiente externo continua conturbado, com tensões crescentes entre as principais economias e sanções da União Europeia aos produtos agropecuários brasileiros, como a Lei Antidesmatamento (EUDR). A valorização do dólar é outra preocupação da CNA para o próximo ano. Apesar de beneficiar as vendas antecipadas das principais commodities agrícolas, essa valorização pressiona os custos de insumos, como fertilizantes e tecnologias, que em grande parte são importados.

A política monetária também representa um desafio em 2025. Com as dificuldades fiscais e as expectativas inflacionárias, a taxa Selic deve permanecer elevada, projetando-se em 13,50% ao final do ano. Juros altos podem impactar negativamente o acesso ao crédito. Em relação à inflação, a CNA prevê uma desaceleração nos preços dos alimentos, com aumento de 5,75% em 2025, comparado a 8,49% em 2024, devido à recuperação da safra agrícola. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve cair para 4,59% ao ano, ainda acima do teto da meta de inflação de 4,50%.

A política agrícola enfrentará desafios orçamentários em 2025. O setor agropecuário precisará se organizar para fortalecer a gestão de riscos, expandir as fontes alternativas de financiamento, como o mercado de capitais, e adotar estratégias que garantam a sustentabilidade econômica diante do aumento dos custos de produção. O orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) não deve sinalizar aumento para o próximo ano. O recurso previsto de R$ 1,06 bilhão é insuficiente diante da demanda do setor por R$ 4 bilhões. No entanto, o agro aposta em novas alternativas para modernizar o seguro, como o Projeto de Lei 2.951/2024, que traz mudanças no Fundo Catástrofe e outros pontos que devem consolidar a ferramenta.

Neste ano, o Valor Bruto da Produção está estimado em R$ 1,34 trilhão, o que representa um leve aumento de 0,3% em relação ao ano anterior. O resultado é puxado pela receita agrícola de R$ 886,55 bilhões, mesmo com redução projetada de 2,5%. Já a receita pecuária deve crescer 6,2%, atingindo R$ 453,3 bilhões. Para 2025, a expectativa é de crescimento de 7,4% comparado a 2024, totalizando uma receita de R$ 1,43 trilhão. O segmento agrícola deve alcançar R$ 937,55 bilhões, mostrando a recuperação da produção após a quebra de safra em 2024. Já o VBP da pecuária deve crescer 9,2%, alcançando R$ 495,13 bilhões, com destaque para a bovinocultura de corte, que deve registrar, puxada pelos preços, crescimento de 20,9%. A pecuária deve registrar um aumento de 9,2% no VBP, atingindo R$ 495,13 bilhões, com destaque para a bovinocultura de corte, que pode crescer 20,9% devido aos preços.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra de grãos 2024/2025 será um recorde de 322,53 milhões de toneladas, um aumento de 8,2% em relação à safra anterior, resultado de uma leve ampliação na área plantada e recuperação da produtividade média. Na pecuária, a produção de leite deve crescer 1,5% em 2025, impulsionada pela maior acessibilidade de alimentação concentrada para os animais. Entretanto, a produção de carne bovina deve cair 3,3%, refletindo a transição do ciclo pecuário, com uma redução de 1,5% no consumo interno. As exportações, por outro lado, devem aumentar 1,8% em volume em 2025.

Em termos gerais, a alta do câmbio favorecerá as exportações de proteínas animais, mas impactará os custos de produção devido à dependência de insumos importados. A queda na produção de carne bovina, aliada ao aumento das exportações, deve sustentar os preços em 2025, enquanto a carne de frango pode ganhar espaço nas compras dos brasileiros. O Brasil está começando a explorar suas vias navegáveis com a criação da Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação e o lançamento do Plano Geral de Outorga Hidroviária, visando alavancar o transporte hidroviário, que historicamente é subutilizado.

O novo Marco Regulatório dos Rios estabelecerá regras para a gestão dos rios no Brasil e criará fundos setoriais, com incentivos para aquisição de embarcações e construção de terminais. O setor ferroviário também será importante em 2025, com investimentos de R$ 3,6 bilhões na Ferrovia Transnordestina, prevista para ser concluída em 2026. O leilão da Ferrogrão pode ocorrer no segundo semestre, dependendo da autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os problemas relacionados ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) e ao cumprimento do Código Florestal continuarão a ser desafios em 2025, exigindo soluções estruturais para demonstrar a sustentabilidade da produção agropecuária brasileira. O cenário geopolítico de 2025 trará tensões e transformações globais, com a gestão de Donald Trump nos EUA influenciando aspectos cambiais e macroeconômicos. Na Europa, a disseminação de informações enganosas sobre a produção de alimentos brasileiros gerou reações do setor privado, que buscará medidas legais em resposta.

A China, principal mercado do Brasil, enfrenta um crescimento econômico reduzido, buscando nas exportações uma solução para sua produção, embora as tarifas dos EUA dificultem essa estratégia. Apesar dos esforços para reduzir a dependência de grãos externos, a China ainda luta para alcançar a autossuficiência devido à escassez de terras agricultáveis e água. Por fim, novas orientações sobre a Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR) são esperadas, enquanto países produtores de alimentos se organizam em coalizões internacionais para enfrentar barreiras climáticas que afetam o comércio.

Em 2024, o PIB do agronegócio pode crescer até 2%, revertendo a tendência de retração, impulsionado pela melhora nos preços, especialmente na bovinocultura de corte. O comércio internacional de produtos agropecuários no Brasil se manteve estável em valor e volume em comparação ao ano anterior, com exportações estimadas em US$ 166 bilhões até o final do ano, mantendo a participação do agronegócio em 49% nas exportações totais.

Fonte: Cerrado Rural com informações da CNA.

Curadoria: Marisa Rodrigues para o portal Boi a Pasto

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