outubro 18, 2024

Leis da Fertilidade do Solo: conceitos para alcançar máxima produtividade

Um solo fértil é um solo com grande capacidade de fornecer nutrientes para a planta. Em geral, os solos brasileiros são pobres em nutrientes e ácidos (70% dos solos cultivados tem limitação séria de fertilidade), sendo, portanto, geralmente necessário aplicar corretivos e fertilizantes, tomando o cuidado para que sejam aplicados na dosagem correta. Para alcançar o máximo de fertilidade é preciso conhecer o solo da propriedade, peculiaridades e características para que o manejo seja muito bem feito e que os resultados da lavoura sejam fantásticos. Alguns pontos são importantes e determinantes para a fertilidade do solo: 17 elementos químicos são necessários para a nutrição das plantas, sendo 14 deles fornecidos pelo solo. O primeiro papel do solo é de fornecedor desses elementos químicos essenciais para que a planta se desenvolva; A água é o principal fator limitante de produção máxima, sendo a fertilidade o segundo; Cada solo tem uma capacidade diferente de fornecer nutrientes para as plantas em função de suas características químicas, físicas e biológicas; O manejo dos nutrientes para o solo é específico para cada tipo de solo e de cultura. Algumas características são tão determinantes para se trabalhar a fertilidade do solo que são denominadas “Leis da Fertilidade do Solo”. É necessário conhecê-las para definir as ações e conseguir atuar na melhoria da fertilidade do solo e alcançar máxima produtividade: – Lei do Mínimo: “A produção das culturas é limitada pelo nutriente em menor disponibilidade no solo, mesmo que todos os outros estejam disponíveis e em quantidade adequada”. A Lei do Mínimo nos permite concluir que a planta precisa de todos os 14 nutrientes em suas quantidades adequadas para uma produção sustentável e em grande escala; – Lei dos Incrementos Decrescentes: “Ao se adicionar doses crescentes de um nutriente, o maior incremento em produção é obtido com a primeira dose. Com aplicações sucessivas do nutriente, os incrementos de produção são cada vez menores”. A Lei dos Incrementos Decrescentes dita que o aumento da produção com aplicação de fertilizantes e corretivos não é linear. O manejo correto da fertilidade é responsável pela maior parcela dos ganhos de produtividade obtidos com o uso de práticas culturais recomendadas para as diversas culturas. Isto quer dizer que, se avaliarmos a fertilidade do solo de maneira correta, aplicaremos a quantidade correta de fertilizantes e corretivos necessária para explorarmos o máximo de produção que aquela cultura pode nos oferecer. Por isso, conhecer os conceitos básicos sobre fertilidade do solo é fundamental. Fonte: Equipe Rehagro

Por que realizar exame andrológico?

A importância do exame andrológico está no impacto direto que os reprodutores têm sobre a fertilidade do rebanho. Alessandra Corallo Nicacio* Um touro infértil pode representar a perda de 25 a 50 bezerros, conforme a relação touro:vaca utilizada. Já uma vaca infértil representa a perda de um bezerro, apenas. Sabe-se hoje que, em torno de 5% dos touros em serviço são animais inférteis, ou seja, que não produzirão filhos. E, pior ainda, entre 20 e 40% dos touros em serviço são subférteis, isto é, produzem menos filhos do que deveriam. Identificar o animal infértil é relativamente mais simples, pois é possível verificar que aquele animal não emprenhou nenhuma vaca na estação de monta. Mas como identificar o animal subfértil? Afinal, existem filhos desse touro que provam sua fertilidade. Somente o exame andrológico pode solucionar essa dúvida. Portanto, antes de iniciar a estação de monta deve-se realizar exame andrológico em todos os reprodutores. O exame andrológico é um exame altamente específico, pois avalia tanto as condições clínicas gerais quanto as condições reprodutivas e deve ser realizado por médico veterinário. Pode ser dividido em duas etapas: exame clínico geral e exame específico. No exame clínico geral, avaliam-se as condições gerais de saúde, questiona-se o histórico do animal e os motivos pelo qual o exame está sendo realizado (exame de rotina ou existência de alguma queixa). No exame específico, avaliam-se os órgãos reprodutivos como testículos e epidídimos (inseridos na bolsa escrotal), glândulas anexas (por palpação retal), pênis e prepúcio. Em relação especificamente aos testículos e epidídimos deve-se prestar atenção à simetria, temperatura, sensibilidade dolorosa, lesões e cicatrizes, além das biometrias testiculares, isto é medidas de altura, largura, comprimento e perímetro (ou circunferência) escrotal. A seguir realiza-se a colheita de sêmen, geralmente por eletroejaculação, pois é uma técnica que não exige condicionamento prévio do animal para sua execução. Após a colheita, o sêmen deve ser avaliado imediatamente para saber se existem espermatozoides vivos e, posteriormente, para verificar a concentração da amostra e a porcentagem de espermatozoides normais. De posse de todos os resultados o médico veterinário pode emitir o laudo indicando se o animal está apto, apto com reservas ou não à reprodução. É importante dizer que o exame andrológico avalia o animal naquele momento e, portanto, tem validade de 30 dias. Laudos emitidos há mais tempo devem ser repetidos, principalmente se o intuito for comercializar o animal. Não se recomenda a aquisição de touros sem laudo recente, pois não existem garantias do potencial reprodutivo do animal, de modo que o investimento pode te tornar um grande prejuízo. *Alessandra Corallo Nicacio é Pesquisadora de Reprodução Animal da Embrapa Gado de Corte. alessandra.nicacio@embrapa.br Fonte: Embrapa Gado de Corte

Especialista aponta os desafios no planejamento da terminação de bovinos

Como planejar o investimento na terminação de bovinos? Esta é a questão que Dan Loy, da Iowa State University, propõe para discussão no dia 17 de setembro, das 10h40 às 11h30, durante a Interconf 2014. O painel apresentará as formas para o pecuarista aumentar sua produtividade e garantir a rentabilidade da fazenda. Também será abordada a utilização dos diferentes sistemas de produção em gado de corte para viabilizar o investimento na atividade. “Mesmo que os sistemas de produção possam variar entre regiões e países, o processo de planejamento e os princípios de gestão importantes são semelhantes. Os sistemas que melhoram a eficiência possuem menor custo de produção e potencializam a ocupação anual além de, muitas vezes, melhorar a rentabilidade do gado”, aponta Loy. O especialista norte-americano destaca que pode haver diferenças entre instalações de confinamento e administração em diferentes países ou regiões, mas algumas questões são as mesmas em qualquer circunstância. Um dos exemplos citados por Loy é a avaliação das instalações – novas ou ampliadas – que devem garantir conforto e desempenho aos animais, eficiência e segurança aos trabalhadores, proteção ambiental e retorno econômico, dentre outros fatores essenciais às instalações. “O Brasil está entre as regiões que mais crescem no mundo em produção de carne em confinamento. Porém, a maioria dos confinamentos trabalha durante determinado período do ano. Dessa forma, como é preciso considerar a produção durante o ano todo, os métodos mais especializados podem ser muito úteis”, destaca. Interconf 2014 O maior evento da pecuária intensiva da América Latina (15 a 18 de setembro de 2014, em Goiânia) debaterá oportunidades e desafios do setor pecuário e estratégias aplicadas para o crescimento da produção de carne bovina no Brasil, com temas relacionados à política e ao mapeamento do consumo de carne no Brasil, incluindo palestra de abertura do jornalista da Rede Globo e Globonews, Alexandre Garcia. A Interconf também terá minicursos técnicos voltados aos peões, capatazes e gestores de fazendas e discutirá: cenário econômico e perspectivas de consumo no Brasil; diferentes sistemas de produção e como o produtor pode aumentar sua produtividade/rentabilidade; desafios para ampliação do mercado internacional e como vender; e aspectos positivos da carne brasileira. Mais informações: http://www.interconf.org.br/ Fonte: Interconf 2014

Rotina de ordenha

Uma boa qualidade de ordenha resume-se em ordenhar vacas calmas, sadias, bem estimuladas, com tetos limpos e secos, pelo menor tempo possível, sem deixar leite residual ou exercer sobreordenha e desinfetar os tetos após esse procedimento. Patrícia Vieira Maia* Uma boa rotina de ordenha é responsável por prevenir e reduzir os casos de mastite no rebanho e pela produção de leite com elevado padrão de qualidade! Para realizar uma ordenha de forma efetiva e evitar a contaminação do úbere do animal, é primordial que os tetos estejam secos e muito limpos, o que reflete a higiene do local de permanência dos animais. Este deve ser o mais limpo e confortável possível, reduzindo a chance do animal se infectar no intervalo das ordenhas e contaminar o leite e o animal durante a ordenha. A rotina inicia com o teste da caneca de fundo escuro (foto 1), retirando os 3 a 4 primeiros jatos de leite de cada teto, em uma caneca de fundo escuro, objetivando a observação de grumos e/ou qualquer alteração no leite. Isso possibilita o diagnóstico precoce de mastite clínica. Outras funções do teste da caneca são: estimular a descida do leite da vaca e eliminar os jatos mais contaminados do leite. O passo seguinte é a imersão dos tetos em solução desinfetante (foto 2), pré-dipping, seguido de secagem dos tetos com papel toalha descartável (foto 3). Esta ação visa reduzir a incidência de patógenos ambientais que estão aderidos à parte externa do teto e que poderiam penetrar no úbere durante a ordenha. As teteiras são acopladas (foto 4) e, após a ordenha completa do animal, devem ser retiradas e os tetos passarão por uma nova imersão em solução desinfetante (foto 5), o pós-dipping. Essa última etapa visa eliminar agentes de mastite contagiosa que são transmitidos de animais infectados para sadios durante a ordenha por meio do equipamento e das mãos dos ordenhadores. Sequência de fotos de uma correta rotina de ordenha: A correta rotina de ordenha reduz o risco de novas infecções intramamárias e é uma das estratégias mais importantes para garantir adequadas condições de higiene de produção do leite. *Patrícia Vieira Maia é médica veterinária da Equipe Rehagro Fonte: Rural Centro / Rehagro

Pesquisa vai auxiliar no controle da contaminação do solo

As concentrações críticas ou limites de elementos potencialmente tóxicos (EPTs) no solo diferem entre as regiões tropical úmida e temperada, como mostra estudo realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. O estudo da engenheira ambiental Alexys Boim comparou o acúmulo de EPTs nos vegetais nas regiões temperada e tropical úmida e calculou a concentração crítica à saúde humana para ambas as regiões, além de avaliar os teores prontamente disponíveis no solo. “Observamos também que seria interessante calcular concentrações críticas para cada tipo de solo ou região”, diz. O estudo de Alexys foi desenvolvido no programa de Pós-graduação em Solos e Nutrição de Plantas, na Esalq, e reforça que, no Brasil, é comum a utilização de resultados de trabalhos realizados em regiões temperadas. No entanto, Alexys lembra que cada região apresenta características diferentes como tipo de solo, temperatura, relevo, clima etc. “No entanto, o número de estudos relacionados à acumulação ou disponibilidade dos EPTs nos solos brasileiros é limitado, o que dificulta os levantamentos para a obtenção destas concentrações limites”, complementa a autora do trabalho, que teve orientação do professor Luís Reynaldo Ferracciú Alleoni, do Departamento de Ciência do Solo. A proposta inicial foi fazer um levantamento bibliográfico do banco de dados da concentração dos elementos potencialmente tóxicos nos solos e nas plantas nas regiões tropical úmida e temperada a fim de diferenciar o comportamento destes elementos em cada região. “Foi calculado o fator de bioconcentração (BCF), razão entre a concentração dos EPTs em partes comestíveis dos vegetais e a concentração total nos solos, que é utilizado para estimar a acumulação do metal nas plantas e subsequente exposição humana por meio do consumo do vegetal”, explica Alexys. Além disso, a pesquisa testou extratores químicos, geralmente utilizados na Europa, em solos cultivados com hortaliças do Estado de São Paulo. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determinou, a partir da resolução nº 420, as concentrações críticas ou limites de elementos potencialmente tóxicos (EPTs) no solo, que representam risco à saúde humana. “Essa resolução foi elaborada devido à necessidade do controle da contaminação do solo e de águas subterrâneas, buscando proteção à saúde humana e ambiental”, comenta. A engenheira aponta que a resolução nº 420 do Conama recomenda o uso dos métodos da Agência Ambiental dos EUA (USEPA) ou suas atualizações para extração dos teores pseudototais dos EPTs no solo. “Porém, o teor pseudototal não é, necessariamente, uma boa medida de disponibilidade e não é uma ferramenta muito útil para quantificar a contaminação e os riscos potenciais ao ambiente e à saúde humana, uma vez que este teor inclui não apenas os íons metálicos facilmente trocáveis entre a fase sólida e a solução, mas também os fortemente ligados à fase sólida do solo que não estão disponíveis para o transporte ou absorção das plantas e organismos”, detalha. Segundo Alexys, a bioacessibilidade dos EPTs, ou seja, a concentração de EPTs no solo que pode ser absorvida pelos seres humanos, também foi avaliada. “Além disso, avaliamos modelos matemáticos que podem ser utilizados como ferramentas no monitoramento e na identificação de áreas contaminadas. Estes modelos estimam o teor EPTs disponíveis em solos a partir do teor pseudototal extraído pelo método da USEPA e das propriedades químicas, físicas do solo – pH, matéria orgânica, teor de argila e óxidos metálicos”. Também os modelos matemáticos foram capazes de predizer a concentração que está potencialmente disponível no solo e poderá ser útil na avaliação da transferência dos EPTs no solo para as águas subterrâneas ou superficiais, e avaliar a toxicidade dos solos. Apoio e subsídios Além do fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que financiou a bolsa de estudos no País e no exterior (Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior – BEPE) durante o mestrado de Alexys, a dissertação foi dividida em dois artigos, sendo o primeiro desenvolvido com apoio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), enquanto o segundo foi baseado em resultados de pesquisa realizada em parceria com a Universidade de Aveiro, em Portugal. “A pesquisa trouxe resultados que serão utilizados pela Cetesb para trabalhos futuros, principalmente relacionado à revisão dos valores orientadores de EPTs em solos, além de poder também servir de subsídio para outras agências ambientais do país. Trouxe também, novos métodos que podem ser utilizados como ferramentas no monitoramento e gerenciamento de áreas contaminadas”. Para o orientador da pesquisa, “é importante destacar que a área de Ciência do Solo tem sido fundamental para entendimento do comportamento de elementos potencialmente tóxicos no ambiente, assim como para servir de fonte de informações tecnicamente confiáveis para uso das agências ambientais reguladoras”. Fonte: Agência USP

Comportamento do bovino e sua relação com o manejo

Os hábitos dos animais e a capacidade deles se adaptarem às diferentes condições que lhes são impostas, podem influenciar no desempenho. Aprofundar o conhecimento sobre o comportamento dos animais e dele tirar proveito prático, portanto, ajuda na boa produção animal. Sérgio Raposo* É a etologia, a ciência que estuda o comportamento dos animais, que tem nos dado várias informações que ajudam a melhorar nossas práticas com os animais, sempre que possível impelindo o manejo na direção de estar mais sintonizado com as preferências dos bovinos e em maior harmonia com seus instintos. Um traço de comportamento facilmente identificável nos bovinos é o fato deles serem animais gregários, isto é, de viverem em grupos. Outro aspecto importante, ligado a esse fato, é que, dentro do grupo, forma-se uma hierarquia social, na qual animais dominantes têm prioridade sobre os animais submissos na competição pelos recursos de interesse comum, seja água, comida ou sombra. Saber isso é importante, pois ela nos faz entender o porquê da falta de espaço para acesso aos animais aos cochos levar a subalimentação dos animais submissos e/ou superalimentação de animais dominantes. Na prática, no caso de oferta de concentrados em confinamento e semiconfinamento, o submisso, que come menos, tem pior desempenho e o dominante, que come mais, fica mais sujeito a ter problemas metabólicos (acidose, timpanismo, intoxicação com ureia etc.).   Esse instinto de formar hierarquia pode levar a formação de subgrupos dentro de um mesmo lote, caso o número de animais seja muito grande. De fato, a dificuldade dos animais em memorizar e reconhecer todos os demais animais do seu lote acaba aumentando a agressividade entre eles. Esse estresse pode prejudicar o desempenho, além de predispor à lesões por causa das brigas. Em função disso, não é interessante formar lotes com mais de 100 animais, aproximadamente. Outro fator importante é que, cada vez que há saída ou entrada de novos animais no lote, inicia-se a disputa para se estabelecer uma nova hierarquia no grupo, ou seja, mais estresse e maior perigo de contusões. Este é um dos motivos de se fazer lotes homogêneos, pois os animais tem mais chance de saírem para abate ao mesmo tempo, reduzindo a ocorrência deste problema. Mesmo que a venda não seja feita do lote todo de uma vez só, reduz-se o número de vezes que o lote vai ser “descascado” (vendido parcialmente). Por isso, além de deixar a competição entre os animais mais equilibrada, é vantagem deixar os lotes de animais tão homogêneos e constantes em sua composição quanto possível para reduzir novas disputas pela liderança dos grupos. Com relação aos hábitos de pastejo, os animais definem os locais onde desenvolvem suas atividades como áreas de descanso (malhadouro) e de alimentação, dependendo da disponibilidade de recursos (forragem, suplementos e água) e da pressão de ambiente. Além desse comportamento quanto ao espaço, na questão do tempo o bovino divide seu dia em períodos de pastejo, ruminação e descanso  de maneira alternada ao longo do dia. Didaticamente, atribui-se que os animais passariam cerca de oito horas em cada uma dessas atividades. Na verdade, vários fatores podem alterar esse padrão, claramente burocrático demais para representar um comportamento natural. Por exemplo, o tempo de pastejo é determinado pela qualidade da forragem e pela forma como esta se distribui no espaço (estrutura da pastagem). Quanto mais nutritiva (qualidade) e de mais fácil preensão (estrutura) estiver a forragem, menor será o tempo que o animal passará pastejando. Há relatos de animais pastejarem até por 12 horas, mas o tempo de pastejo não costuma passar das 9 horas. Períodos de pastejo maiores do que nove horas são indicativos de baixa qualidade e/ou disponibilidade do pasto o que limita a ingestão de forragem. Quanto ao tempo da ruminação, apesar de ser mais constante, também varia conforme o teor e qualidade da fibra do alimento. Quanto maior o teor de fibra e pior sua qualidade, maior o tempo de ruminação. A observação de baixo tempo de ruminação nos animais pode ser um indicativo de falta de fibra efetiva na dieta o que, obviamente, ocorrerá apenas em confinamento. Animais em dietas com elevada inclusão de bagaço tratado à pressão e vapor (bagaço hidrolisado), que tem baixíssima fibra efetiva, por exemplo, praticamente não ruminam. O clima altera, também, padrões de ingestão de alimentos. Nos períodos quentes, o consumo ocorre com maior intensidade nos horários mais frescos, ou seja, próximos ao amanhecer e ao pôr-do-sol, havendo  também aumento do consumo noturno (particularmente se há resfriamento noturno). Essa informação pode ser benéfica na troca de piquetes no pastejo rotacionado: o horário da troca dos animais, preferencialmente, deve ocorrer em horários anteriores aos períodos de consumo, ainda que esse efeito não deva ser muito grande. Também se deve levar em conta o hábito do animal, que é o de fazer o reconhecimento da nova área antes de iniciar o pastejo. Em pastagem, quando são fornecidos concentrados não auto-limitantes (com alta inclusão de cloreto de sódio), deve-se prover espaço de cocho para que todos comam ao mesmo tempo, caso contrário, além de termos o problema já comentado na hierarquia (super e subalimentação de dominantes e submissos, respectivamente), quando o líder do grupo se afastar do cocho os outros irão juntos.  Sem espaço suficiente, alguns animais poderão não ingerir todo o alimento que desejariam ou, na pior das hipóteses, não consumir nada. Isso é particularmente importante quando se idealiza um sistema de creep-feeding, pois, quando as matrizes forem embora, seguindo ao líder do grupo, os bezerros também irão. É por causa disso que a estrutura de creep-feeding deve ficar preferencialmente nos malhadouros, onde os animais permanecem por mais tempo. É também do creep-feeding que vem outro excelente exemplo da vantagem em se utilizar aspectos comportamentais no manejo. Assim, para fazer os bezerros iniciarem o consumo do concentrado é recomendável colocar um animal mais experiente junto a este grupo que nunca recebeu essa suplementação para “ensiná-los” a entrarem no cercado e se alimentarem nos cochos.  Isso é conhecido como facilitação social e funciona em muitas outras situações

Descarte de vacas é essencial para manter produtividade nas propriedades

A reposição anual do rebanho de matrizes é importante para manter a produtividade nas propriedades rurais, com o descarte dos animais improdutivos, que falharam em mais de uma estação de monta, e os considerados “velhos”, ou seja, perto de diminuir a fertilidade. A recomendação é que todo ano sejam repostos 30% dos animais. A pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Alessandra Nicácio, explica que, além da idade do animal, o descarte deve considerar vários critérios como: falha reprodutiva, temperamento da vaca e, no caso de se trabalhar com inseminação artificial, deve-se avaliar se o animal tem uma condição ginecológica favorável à técnica.  “Normalmente, o descarte é feito depois do diagnóstico de gestação, que detecta as vacas que falharam. Então, faz-se a análise do histórico do animal, se já falhou outras vezes. Tem propriedade que a vaca falha um ano e já é descartada mesmo sendo jovem ainda, o que é chamado de pressão de seleção”, diz a pesquisadora. Segundo ela, essa vaca que falha um ano não é necessariamente uma vaca improdutiva, então ela pode até ser vendida para outra propriedade ao invés de ser enviada para o abate.  Quanto antes for feito o diagnóstico de gestação, mais rapidamente pode ser realizado o descarte, evitando-se que o animal fique mais tempo na propriedade ou, caso a intenção seja fazer o confinamento para que o animal ganhe peso antes de ser vendido ao frigorífico, isso pode ser feito o quanto antes. Algumas propriedades realizam o diagnóstico mais tardio, junto ao período da desmama (convencionalmente quando o bezerro tem entre seis e oito meses), o que é interessante porque a vaca considerada velha, que teve o último bezerro, já pode ser descartada. “A decisão sobre o momento do descarte é mais uma decisão administrativa de quando é melhor para a organização da propriedade”, destaca Alessandra.  Vacas primíparas e multíparas A novilha torna-se primípara após o primeiro parto. Esse animal ainda está em fase de crescimento e, portanto, não alcançou seu peso adulto e, durante o período de pós-parto, tem uma necessidade nutricional maior. Devido a essas circunstâncias, as primíparas costumam ter uma taxa de prenhez mais baixa, o que pode levar à conclusão de que ela tenha falhado e deva ser descartada. “Desse modo, a propriedade só terá novilhas, vacas velhas e as primíparas que emprenharam. Então é preciso tomar cuidado com o critério de descarte de primíparas para que não se faça tanta pressão de seleção nessa categoria. O ideal é não descartar logo na primeira falha, mas dar a essa vaca uma outra chance para emprenhar novamente”, explica a pesquisadora. A partir do momento que a vaca tem o segundo parto, ela é considerada multípara. O período ideal entre um parto e outro é de 12 meses. De acordo com Alessandra, para a multípara, caso ocorram duas falhas seguidas, ela pode ser descartada da propriedade, considerando já ser um animal adulto e com peso ideal.  Novilhas No rebanho de matrizes, a recomendação é que 30% sejam de novilhas, visando não causar grande impacto quando elas se tornarem primíparas. A pesquisadora acrescenta que quando a intenção é aumentar o rebanho, o ideal é colocar mais de 30% de animais ou diminuir o descarte, sempre mantendo essa porcentagem de novilhas. “O que não se pode fazer é colocar muitas novilhas, pois no ano seguinte haverá um número muito grande de primíparas. Por exemplo, se forem colocados 50% de novilhas, no ano seguinte o índice de prenhez será mais baixo”, enfatiza.  Antes de serem colocadas na estação de monta, faz-se a seleção das novilhas avaliando-se quais melhor atendem aos critérios de reprodução, se estão ciclando e têm boa conformação e condição corporal. Muitas novilhas também podem ser usadas como receptoras de embrião. Através dessa técnica, é realizada a superovulação da vaca e, ao invés de ela produzir apenas um embrião, poderá produzir até dez, que serão colocados em outras vacas, as chamadas receptoras. “A técnica visa à produção de reprodutores e matrizes”, conclui a pesquisadora. Fonte: Embrapa Gado de Corte

Composição do Leite: como utilizar a nutrição a favor de seu rebanho

Quando falamos em leite, lembramos no mais antigo e rico alimento utilizado pelo homem. Liéber Garcia* Ao nascer, utilizamos como fonte de alimento, nos primeiros meses de vida, o leite materno. No entanto, com o passar dos anos, com o crescimento da demanda de alimentos no mundo, o homem passou a utilizar outras fontes para suprir a demanda de alguns nutrientes para seu melhor desenvolvimento. Dentre os animais domésticos, os bovinos são os principais fornecedores dessa matéria-prima tão apreciada e utilizada na indústria alimentícia. Contudo, para que o alimento leite tenha seu devido valor, devemos avaliar tanto a sua composição nutricional (proteína, gordura, minerais) quanto a sua composição sanitária (contagem de células somáticas-CCS, contagem bacteriana total-CBT, presença de água ou outros compostos químicos adicionados propositalmente), pois, essa composição poderá interferir no rendimento dos produtos lácteos nas indústrias. Focaremos na composição nutricional, sendo que o manejo nutricional influi diretamente na maior ou menor composição de nutrientes no leite produzido pela vaca. A composição média do leite bovino encontra-se no quadro abaixo: É de conhecimento geral que a indústria láctea nacional vem gradativamente aumentando a qualidade do leite adquirido, pagando aos produtores não somente pelo volume, mas também pela composição do produto. Sendo assim, é de suma importância econômica para a atividade, que o produtor não seja penalizado, quando for receber pelo leite produzido, ou seja, fornecer leite com níveis de sólidos, abaixo do mínimo permitido. Mas onde a nutrição poderia ajudar? Sabemos que o leite produzido é função da dieta ofertada aos animais e sua digestão por todo o trato gastrointestinal do mesmo. Sabemos também que essa produção só será potencializada após os nutrientes ofertados ao animal serem utilizados para a mantença e que somente após a exigência de mantença do animal for suprida é que o excedente de nutrientes passará a ser utilizado para a produção de leite. Portanto, o primeiro passo para potencializar a produção e qualidade do leite é o fornecimento de alimento (matéria seca), em quantidade e qualidade compatíveis com a produção e composição esperada. O segundo passo é entender que os alimentos deverão atender as demandas da vaca propriamente dita e dos microrganismos presentes no rúmen, pois a composição do leite depende desses dois indivíduos. Em dietas baseadas em forragens, grãos, farelos, vitaminas e minerais, deve-se ter em mente que cada um desses ingredientes terá sua digestão e absorção realizada no rúmen (fermentação microbiana) e seus compostos e/ou parte desses alimentos terão a digestão no abomaso (estômago verdadeiro) para depois serem absorvidos nos intestinos. As forragens, quando fermentadas pelas bactérias no rúmen, resultarão em ácidos graxos voláteis, sendo o principal resultante, o ácido acético e, em menor quantidade, o ácido butírico. Por sua vez, grãos ricos em amido resultarão em ácido propiônico. Por outro lado, farelos proteicos e/ou uréia, serão as fontes de nitrogênio e aminoácidos para o crescimento dessas bactérias, que por sua vez, servirão de fontes de proteína ao animal hospedeiro. Para que se obtenha a gordura no leite, o organismo animal se utiliza principalmente de 50% do ácido acético resultante da fermentação das fibras e 50% dos lipídeos oriundos da dieta ou lipídeos circulantes na corrente sanguínea. Portanto, para potencializar a produção de gordura no leite devemos lançar mão de alguns cuidados nutricionais e de manejo, para que, essa fermentação da fibra, não fique prejudicada, podendo assim, ocasionar queda nos níveis de gordura no leite. Dentre os manejos, podemos citar: • Baixo teor de fibra efetiva (FDNef) na dieta total e alto teor de carboidratos não fibrosos; • Dietas muito úmidas (>50% de umidade); • Fornecer mais do que 3 kg de concentrado por trato para os animais; • Fornecimento de gordura poli-insaturada acima do recomendado; • Animais sob estresse térmico; Todos esses fatores podem deprimir o teor de gordura no leite, seja porque causam acidose e o animal não consegue o equilíbrio ruminal desejado para a máxima fermentação e crescimento microbiano, ou porque algumas reações de biohidrogenação de gorduras poli-insaturadas produzem metabólitos que inibem a síntese de gordura na glândula mamária. Dessa forma, se quisermos aumentar o teor de gordura no leite, basta respeitarmos esses fatores supracitados, balanceando fibras e carboidratos não fibrosos, dietas com umidade adequada, dividir em maior número de vezes o trato ofertado aos animais, respeitar os limites de gordura adicionada na dieta (especialmente as de origem dos grãos de soja e algodão) e principalmente, dar conforto térmico (sombra, ventilação e aspersão) aos animais. Quando falamos em teor de proteína no leite, devemos saber que é o constituinte com menor modificação pela dieta. Mudanças muito significativas, dependendo do mercado, deverão lançar mão de material genético, pois há raças que produzem maiores teores de proteína no leite do que outras. No entanto, podem ser potencializados pela nutrição. A proteína do leite dentre os alimentos consumidos pelo homem é a que apresenta um dos melhores perfis de aminoácidos. Portanto, para que se aumente o teor de proteína basta melhorarmos o aporte e relação de aminoácidos nas dietas ofertadas. As principais fontes de aminoácidos – e as que mais se comparam com o perfil aminoacítico do leite – são as bactérias ruminais. Dessa forma, tudo o que for feito para potencializar o máximo crescimento microbiano ruminal tende a melhorar os níveis de proteína no leite. Outra forma é o fornecimento de aminoácidos específicos, protegidos da degradação ruminal, que complementarão os aminoácidos fornecidos pelas bactérias. Dentre esses aminoácidos protegidos podemos citar a metionina e a lisina. Para que haja um melhor crescimento e melhor aporte de proteína microbiana ruminal, podemos controlar o pH, evitando acidose, que prejudica o crescimento dessas bactérias; processar a fonte de amido, para que o mesmo se torne mais eficiente como fonte de energia para essas bactérias; quantidade e qualidade da fibra da forragem ofertada também impacta no crescimento dessas bactérias. Quando o desafio nutricional é alto, ou seja, animais de alta produção com alimentos de média a baixa qualidade, podemos lançar mão de aditivos que promovem um maior crescimento de microrganismos benéficos no rúmen. Dessa forma, haverá

As vacas falam, estamos ouvindo?

A avaliação da alimentação dos rebanhos leiteiros sempre foca nos índices produtivos e reprodutivos das vacas, mas para fazer uma avaliação completa do manejo nutricional, o produtor tem que andar no meio dos animais Alexandre M. Pedroso*  Eu costumo dizer que a vaca é o melhor ´termômetro´ para sabermos se as rações que formulamos ou o manejo que recomendamos estão adequados. Devemos sempre ´escutar o que as vacas nos dizem´, mas, muitas vezes, técnicos e produtores não dão ouvidos às vozes do rebanho. Costumeiramente digo em palestras e treinamentos que a parte mais fácil do manejo da alimentação é a formulação da dieta. O difícil é fazer com que as vacas comam exatamente aquilo que foi previsto pelo nutricionista e que estejam no ambiente que foi considerado por ele na hora de formular a dieta. Sim, pois o desempenho das vacas não depende unicamente da comida disponibilizada. Lembro-me de uma vez em que fui chamado por um produtor de leite que se queixava da produção de suas vacas. Ele gostaria que eu fizesse uma avaliação das formulações que estavam sendo utilizadas. Fui até a fazenda e passei cerca de três horas visitando as instalações, avaliando itens de conforto, manejo, e voltei a me reunir com ele. Apresentei uma lista com quinze itens que deveriam ser imediatamente corrigidos para que as vacas pudessem ter melhor desempenho. Uma das únicas coisas em que não vi defeito foi justamente na formulação das dietas. A avaliação da alimentação dos rebanhos leiteiros sempre foca nos índices produtivos e reprodutivos das vacas, e também os resultados das análises laboratoriais dos alimentos, mas para fazer uma avaliação realmente completa do seu manejo nutricional o produtor tem que andar no meio dos animais. Essa interação mais próxima é fundamental para que o produtor possa observar seu comportamento, o manejo do cocho, a disponibilidade de água, o conforto, seu escore de condição corporal e muitos outros itens, como ruminação, aparência geral, problemas de casco. Além disso, é importante que essas visitas sejam feitas em diferentes horários, para se ter uma ideia melhor das variações ao longo do dia. Assim, é possível unir as informações do escritório com as coletadas entre o rebanho para montar um quadro da situação. Para saber se as coisas vão bem na fazenda, há uma série de aspectos que devem ser observados. De cada dez vacas, quantas estão ruminando? Há sinais de que as vacas estão selecionando a ração? O que está sendo selecionado? As vacas estão consumindo dejetos, terra ou areia? Estão consumindo minerais de forma exagerada? Essas e outras tantas perguntas que podem ser feitas procuram cobrir pontos importantes relativos ao manejo da alimentação e às condições de conforto dos quais o rebanho está submetido. Por exemplo: como regra geral, caso não estejam comendo, bebendo, dormindo, ou se estiverem sob estresse térmico, quatro a cinco vacas de cada dez devem estar ruminando. As vacas podem ruminar por até dez horas por dia e, se isso não estiver acontecendo, é necessário procurar a causa. Seleção de alimentos? Falta de FDN ou Fibra Fisicamente Efetiva? Isso deve ser investigado e corrigido. Fazer a avaliação física da dieta oferecida às vacas e dos alimentos volumosos é muito importante para saber o que, de fato, os animais estão ingerindo e se isso equivale ao que foi formulado pelo nutricionista. Avaliar as fezes das vacas é uma excelente ferramenta para identificar possíveis problemas. Se as vacas fazem muita seleção de alimentos nos cochos, haverá grande variação nas fezes (de secas à diarreia) dentro do lote, que supostamente está consumindo a mesma ração. E, nesse caso, ficamos sem ter ideia de qual ração cada vaca está efetivamente consumindo. Dessa forma, aumentam os casos de acidose ruminal e outros distúrbios digestivos. Para resolver o problema, é preciso minimizar as possibilidades de seleção de alimentos, fazendo formulações e misturas corretas. Outro ponto a ser observado é que o aumento no consumo de minerais, bem como a ingestão de dejetos, terra ou areia, é um sinal claro de desordens digestivas ou de que as vacas estão sob estresse calórico. É fundamental avaliar muito bem as condições de conforto na fazenda. Atualmente, sabemos que, dependendo da umidade relativa do ar, temperaturas acima de 20°C já são suficientes para causar algum grau de estresse para os animais. Há sombra disponível nos sistemas de pastejo? Os galpões de confinamento oferecem condições adequadas, onde as vacas podem descansar confortavelmente? Se as vacas não conseguem andar ou descansar com conforto, provavelmente produzirão menos leite, isso porque o animal não precisará destinar energia extra para ´sobreviver´ ao ambiente. Superfícies lisas, que fazem as vacas escorregarem, superfícies irregulares, que as fazem andar como se estivessem pisando em ovos, ou lama tão profunda a ponto de ´sugar´ as botas de algum desavisado possivelmente vão contribuir para que as vacas façam menos visitas ao cocho ou, no caso de vacas no pasto, para que os ciclos de pastejo sejam reduzidos. Corredores cheios de pedras e buracos aumentam muito a incidência de problemas de casco no rebanho. Se nem o produtor consegue andar direito pelos corredores destinados às vacas, isso significa que elas estão sendo obrigadas a gastar mais energia do que deveriam em atividades não produtivas. Observar as vacas enquanto se movimentam é uma boa maneira de saber se estão confortáveis ou não. A distância entre a sala de ordenha e as áreas de alimentação e descanso determina quanta energia adicional elas terão que gastar para se locomoverem, acima do que normalmente já está considerado nas exigências de manutenção. E isso será subtraído da energia líquida disponível para produzir leite. Ou seja, quanto mais tiverem que andar, pior. Percursos de mais de 500 metros são indesejáveis. Proporcionar às vacas um lugar confortável para deitarem, ruminarem e descansarem é fundamental para mantê-las saudáveis e produtivas. Em galpões do tipo Free- Stall, se as vacas não deitam nas baias, é necessário reavaliar seu desenho e dimensões, e verificar se as camas estão limpas e em quantidade adequada. Os galpões do tipo Compost

O fósforo na alimentação de bovinos

O fósforo (P) é o segundo elemento mineral mais abundante no organismo.  Rafael Achilles Marcelino* A eficiência dos sistemas de produção animal depende, em grande parte, do uso de medidas racionais de manejo, sobretudo no que diz a respeito da nutrição dos animais, uma vez que a alimentação representa uma fração significativa dos custos de produção. Neste sentido, o correto balanceamento das dietas possui grande importância, sendo necessário para isso o conhecimento das exigências nutricionais dos animais, assim como da composição bromatológica e da disponibilidade de nutrientes dos alimentos. Os minerais, embora presentes em menores proporções do que outros nutrientes, tais como proteína e a gordura, desempenham funções vitais e suas deficiências acarretam alterações de ordem produtiva, reprodutiva e de saúde. Os minerais possuem basicamente três funções no organismo animal: composição estrutural de órgãos e tecidos, constituintes de tecidos e fluidos corporais e catalisadores de sistemas enzimáticos e hormonais. O fósforo (P) é o segundo elemento mineral mais abundante no organismo. Cerca de 80% está presente nos ossos e dentes, além de localizar-se também em todas as células e em quase toda transação envolvendo formação e quebra de ligações de alta energia. Fósforo também está intimamente envolvido no equilíbrio ácido-básico do sangue e de outros fluidos corporais, sendo componente fosfolipídico, fosfoprotéico e do ácido nucléico. A absorção de P ocorre principalmente no intestino delgado. Somente pequenas quantidades são absorvidas no rúmen, omaso e abomaso. A homeostase do P é predominantemente mantida por reciclagem salivar e excreção fecal, sendo proporcional a quantidade de P consumida e absorvida (NRC, 2001). Fósforo também é requerido pelos microrganismos ruminais para digestão da celulose e síntese de proteína microbiana. A falta de energia e de proteína é, frequentemente, responsável pelos baixos níveis de produção. Todavia, desequilíbrios minerais nos solos e forrageiras vêm sendo responsabilizados pelo baixo desempenho produtivo e reprodutivo de ruminantes sob pastejo em áreas tropicais. Fontes de suplementos minerais de P (fosfatos monocálcico e bicálcico) são adicionadas acima da recomendação, no intuito de se garantir “margem de segurança resultando em 25 a 35% de excesso do mineral na dieta e o aumento de 30% de sua excreção. No rúmen, a disponibilidade dos minerais e sua utilização dependem da taxa de passagem e da interação com a população microbiana. As disponibilidades do Ca e P podem ser significativamente alteradas em virtude de suas combinações químicas ou associações físicas com outros componentes da dieta. O ácido fitico afeta a absorção intestinal do Ca e P, porém no rúmen, em virtude da produção da fitase microbiana, o fitato é amplamente utilizado. A absorção de P também pode ser prejudicada pelo magnésio (Mg), AI e Fe, que formam precipitados, bem como pelo molibdênio (Mo) e cobre (Cu), que interferem diretamente na absorção de P. A vitamina D aumenta a absorção e a atividade de transporte de Ca e P. Seu requerimento em bovinos de corte é de 275UI/kg de matéria seca (MS) para cada dia (d), segundo o NRC. Porém, animais que recebem luz solar ou que se alimentam de forrageiras secas ao sol raramente necessitam desta suplementação, a não ser que sejam animais confinados e que recebam dieta conservada. A concentração plasmática da forma ativa da vitamina D (l ,25 OH2 D) é menor para o gado europeu, atribuída a uma adaptação genética e ambiental, devido à menor luminosidade. Fatores como espécie, maturidade da planta, clima, o tipo de solo e sua concentração de minerais, não devem ser utilizadas separadamente para predizer a concentração mineral da forrageira.Geralmente, as concentrações da maioria dos minerais são maiores em leguminosas com relação às gramíneas. Na tabela 1 pode-se observar as variações encontradas entre gramíneas e leguminosas, coletadas de suas partes novas e condições experimentais. Tabela 1 – Concentração de minerais em algumas gramíneas e leguminosas forrageiras Com relação à idade da planta, o efeito da idade da planta sobre a concentração de minerais em capim Panicum maximum pode ser observado na tabela 2. A concentração da maioria dos minerais nas forrageiras tende a decrescer com a idade da planta, e para alguns minerais, a influência da maturidade sob suas concentrações é maior, como no caso do nitrogénio e fósforo, os dois de grande importância no planejamento da suplementação dos animais em pastejo. Tabela 2 – Concentrações médias de minerais na forrageira Panicum maximum em diferentes idades O entendimento dos processos que envolvem a utilização dos minerais pelo ruminante, particularmente o fósforo, é importante, de modo a possibilitar o desenvolvimento de estratégias que possam adequar o suprimento de misturas minerais para o animal, garantindo uma maior vantagem produtiva e econômica, conciliada a uma menor excreção de fósforo, favorecendo uma maior eficiência de utilização desse mineral. Geralmente a suplementação com P é superestimada, ocasionando um gasto desnecessário para um melhor desempenho dos animais e menor excreção fosfatada no ambiente. Pesquisas feitas não sugerem que o excesso de P na dieta melhore o desempenho produtivo e reprodutivo. Deve-se avaliar o balanceamento da dieta como um todo e eliminar exageros, pois os custos desses excessos certamente pesam no orçamento, além de apresentar restrições ambientais. * Rafael Achilles Marcelino é da Universidade Federal de Lavras – 3rlab Fonte: 3rlab