Animais passam por musicoterapia para ajudar no processo de ordenha; saiba como
De acordo com o gestor da fazenda, Mardonio Silva, todas as vacas em lactação – ou seja, período em que ocorre a secagem do leite – têm acesso à música na ordenha. Proporcionando bem-estar no pasto, a Tijuca Alimentos, empresa cearense atuante na produção e comercialização de ovos, frangos e queijos no Ceará, Piauí e Maranhão, adota, há cerca de 10 anos, musicoterapia para os animais durante o processo de ordenha. De acordo com o gestor da fazenda, Mardonio Silva, todas as vacas em lactação – ou seja, período em que ocorre a secagem do leite – têm acesso à música na ordenha. Segundo o profissional, os animais passam três vezes ao dia na ordenha. “Começa meia-noite, depois segue para 8 horas da manhã e finaliza às 16 horas. Durante três vezes por semana, todos os animais passam por essa ordenha, com o rádio instalado. A ordenha tem duração de cinco horas, mas um animal passa de 6 a 10 minutos ouvindo música, porque o processo é rápido: a máquina retira o leite e libera o animal”, explica. Na playlist para os animais, estão estilos como forró, brega, sofrência e até Michael Jackson. “As músicas dependem do gosto musical da equipe de ordenha”, ressalta. Para Mardonio, há diversos benefícios da musicoterapia, mas destaca a concentração dos animais. “Quando há música na ordenha, os animais não ficam distraídos olhando para o lado. As vacas não ficam espantadas com barulhos fora do ambiente que elas estão sendo ordenhadas”, finaliza. Fonte: Assessoria de Imprensa Curadoria: Boi a Pasto
Resultados detectaram monoetilenoglicol em produtos para alimentação animal
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que os resultados preliminares das análises realizadas nos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) detectaram monoetilenoglicol como contaminante de propilenoglicol em lotes de produtos para alimentação animal além daqueles inicialmente detectados. Dando continuidade às ações de investigação sobre os casos suspeitos de intoxicação de animais, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que os resultados preliminares das análises realizadas nos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) detectaram monoetilenoglicol como contaminante de propilenoglicol em lotes de produtos para alimentação animal além daqueles inicialmente detectados. Até o momento, as investigações ainda não determinaram a origem do aditivo utilizado, em virtude da falta de rastreabilidade dos envolvidos e da mistura de lotes de aditivos nos diferentes estabelecimentos já identificados sem registro no Ministério. O propilenoglicol é um produto de uso permitido na alimentação animal, desde que seja adquirido de empresas registradas no Mapa. Para o maior controle quanto à conformidade do propilenoglicol comercializado, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal determinou que empresas fabricantes de alimentos e mastigáveis devem indicar os lotes de propilenoglicol existentes em seus estoques e seus respectivos fabricantes e importadores ao Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SIPOA) de sua região, realizar análises em produtos que contenham o propilenoglicol em sua composição, para garantir a segurança de uso nesses produtos, e indicar os lotes de produtos acabados em estoque e já distribuídos que tenham utilizado propilenoglicol em sua composição, incluindo a porcentagem utilizada. Em caso de resultado não conforme, as empresas devem realizar o recolhimento dos produtos e informar ao SIPOA da região. Aos fabricantes de aditivos que elaborem ou importem propilenoglicol, o Dipoa solicitou que se manifestem quanto à fabricação, importação ou compra de propilenoglicol em território nacional desde dezembro de 2021, com relação à identificação dos lotes, o quantitativo adquirido e suas origens. Os fabricantes das demais categorias de produtos para as demais espécies de animais também devem indicar se usam o propilenoglicol na composição dos seus produtos e quem são os fornecedores do aditivo. As empresas têm o prazo de 10 dias para atender às determinações do Dipoa. A não comunicação ao SIPOAS será interpretada como não utilização do propilenoglicol e as empresas serão fiscalizadas quanto à veracidade das informações prestadas. Fonte: Revista Rural Curadoria: Boi a Pasto
Quantos estômagos tem uma vaca?
Confira algumas curiosidades sobre o órgão disgestivo dos bovinos e como é o processo de absorção dos alimentos pelos animais As vacas, assim como os demais animais bovinos, possuem apenas um estômago. No entanto, o órgão possui quatro separações, classificadas como retículo, omaso, abomaso e o mais conhecido, o Rúmen. A divisão do estômago dos bovinos A parte denominada como abomaso é classificada como o verdadeiro estômago do bovino. Nele é onde estão as enzimas que são utilizadas no processo de digestão química dos animais. Os outros três (Rúmen, Omaso e Retículo) são chamados de pré-estômago, neles são concluídos o processo de digestão mecânica. Esse conjunto chega a ocupar ¾ da cavidade abdominal, o lado esquerdo do bovino é totalmente preenchido pelo estômago e, significativamente, o lado direito. Como funciona a digestão do gado Primeiro, os alimentos passam pelo rúmen, onde é realizado a quebra da celulose da fonte de energia. Em seguida, passam pelo retículo, que forma bolos de alimentos. Os alimentos retornam para a boca do animal para ser ruminado. Animais ruminantes são aqueles que mastigam o alimento diversas vezes. Depois da ruminação, o alimento retorna para o estômago, especificamente para o omaso, onde ocorre a absorção de água restante na comida. Por último, o alimento vai para o abomaso, nele é concluído a digestão pelas enzimas presente no órgão. Fonte: Giro do Boi Curadoria: Boi a Pasto
Terceira Prova Top Brangus contará com 48 touros
Testes realizados pela ABB e a Ufrgs avaliam a seleção por eficiência alimentar de machos Brangus no Sul A Associação Brasileira de Brangus (ABB) confirmou na última quinta-feira (1º/7) que 48 terneiros foram inscritos para a terceira edição da Prova Top Brangus Ufrgs. Eles se juntarão a outros cinco da própria Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), totalizando 48 animais. Os testes terão uma duração de 91 dias e serão realizados na Estação Experimental Agronômica da instituição de ensino, em Eldorado do Sul (RS). A entrada dos animais está prevista para o dia 6 de julho. Participam da prova machos nascidos entre 1º de agosto e 30 de outubro de 2020. A atividade contará com 17 criatórios do Rio Grande do Sul. Quatro deles são de Uruguaiana – La Reina, Basca, BT Junco e GAP – dois de Quaraí – Paipasso e Brangus GR – dois de Santa Maria – Condomínio Rocha Sartori e São Manoel – e outros dois de Rosário do Sul – VPR Brangus e Tradição Azul. Também estão inscritas as cabanhas Guarita, de Alegrete, São Rafael, de São Borja, São Carlos, de Protásio Alves, Madrinha, de Dom Pedrito, Condomínio Rural Wailler, de Lavras do Sul, São Xavier, de Tupanciret&ã , e a JMT, de São Gabriel. O presidente do Conselho Deliberativo Técnico da ABB, Antônio Carlos Corrêa Osório, diz que o teste tem como objetivo medir a eficiência alimentar e também analisar o ganho de peso, as características de carcaça avaliadas por ultrassom e o perímetro escrotal dos animais. Ao final é gerado um Índice (TOP Brangus) com ponderações de todas essas medições. A avaliação será coordenada pelo Professor Doutor Jaime Urdapilleta Tarouco, da Ufrgs, profissional de referência internacional em avaliação de carcaça por ultrassom e maior autoridade brasileira nesse tema. O objetivo da prova Top Brangus é ranquear os animais mais bem avaliados e com características produtivas e equilibradas que o mercado da pecuária de corte busca, conforme Osório. “A eficiência alimentar não deve ser medida de forma isolada, mas junto com outras características de produção, como qualidade da carcaça, ganho de peso e fertilidade”, sublinha. E lembra que a seleção por eficiência alimentar é a ferramenta de maior impacto econômico na pecuária de corte e é usada em larga escala Estados Unidos e em países com pecuária de corte desenvolvida na seleção genética para melhorar os animais. “As principais centrais de inseminaç&atil de;o estão buscando animais superiores que são provados com essas ferramentas de avaliação de desempenho”, frisa. Julgamento Os pesquisadores também avaliarão o temperamento dos animais, no início, no meio e no final dos testes. A Ufrgs usará um equipamento formado por dois pares de células fotoelétricas, instalados na saída do tronco de contenção a uma distância de 2 metros entre eles e a uma altura de 0,60 a 0,80 centímetros do piso. A velocidade de fuga é calculada pelo tempo que o animal percorre determinada distância, após o manejo. Ainda será feito um julgamento morfológico. Os animais ainda serão avaliados por três técnicos da ABB, entre eles a zootecnista Renta Pereira, Superintendente do Serviço de Registro Genealógico da entidade. “O teste de temperamento e o julgamento morfológico, no entanto, não serão considerados para o Índice da Prova Top Brangus”, destaca o presidente do Conselho Deliberativo Técnico da ABB. Fonte: Divulgação Associação Brasileira de Brangus com curadoria Boi a Pasto.
A expansão do Brangus no Brasil
Raça sintética já é a terceira mais que mais vende sêmen no País, atrás apenas das raças mãe, Nelore e Angus Por Gustavo Paes, especialmente para o portal Boi a Pasto A Brangus é uma das raças bovinas de corte que mais cresce no País. Durante os leilões se observou um maior interesse Das principais centrais de inseminação por reprodutores Brangus, com grande destaque pela alta demanda de sêmen de touros da raça para cobrir fêmeas F1, uma excelente alternativa de cruzamento focado na produção de carne de qualidade.Esse aumento da procura por sêmen Brangus comprova a expansão da raça em todo território brasileiro, posicionando o Brangus como uma importante ferramenta de produção da pecuária competitiva. “Nos últimos quatro anos o Brangus cresceu em torno de 20% e já é a terceira raça em venda de sêmen, atrás apenas das raças mãe, Angus e Nelore”, salienta o presidente da Associação Brasileira de Brangus (ABB), Ladislau Lancsarics Jr, titular da Agrícola Anamélia – Brangus HP, de Martinópolis (SP).O número de registros na ABB foi recorde em 2020. Até dezembro foram realizados 22.409 serviços de registros genealógicos na entidade, o que representa uma alta de 22%. Em 2019, foram feitos 18.301 serviços de registros. E a tendência é de crescimento também neste ano. “De janeiro a junho deste ano foram realizados 9.297 serviços de registros”, destaca o vice-presidente da ABB, João Paulo Schneider da Silva, da GAP Genética, de Uruguaiana (RS). Outro número que apresentou alta no ano passado foi o da quantidade de sócios, com um incremento de 13%. Segundo a ABB, a raça abrangeu novos associados em 12 Estados brasileiros – Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. A história A raça Brangus é o resultado de um experimento entre o cruzamento da raça taurina britânica Aberdeen Angus e a raça zebuína Brahman. As primeiras experiências que resultaram no Brangus foram realizadas por técnicos norte-americanos do Departamento de Agricultura de Jeanerette em 1912, no estado de Louisiana. Na mesma época, pecuaristas de Oklahoma, no Texas, e do Canadá também passaram a fazer acasalamentos semelhantes. O objetivo dos cruzamentos era a criação de um animal que aprese ntasse altos índices de produtividade mesmo criado em condições de clima e meio-ambiente adversas, típicas das regiões tropicais e subtropicais.No Brasil, os cruzamentos começaram a ser feitos na década de 1940 por técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Bagé (RS). Inicialmente, o resultado do cruzamento foi batizado de raça Ibagé pelos técnicos da época. Alguns anos depois, em função do cruzamento ser o mesmo alcançado nos Estados Unidos, o nome da raça passou a ser Brangus Ibagé, até que se tornou apenas Brangus, anos mais tarde. O Brangus é uma das raças sintéticas que mais possui diversidade de selecionadores dentro de outros países além do Brasil, como a Argentina, o Paraguai, os Estados Unidos, o México, o Uruguai, a Bolívia, o Panamá, a África do Sul, o Canadá, a Colômbia e a Austrália.No Brasil, o maior número de criadores está concentrado na Região do Sul, pincipalmente no Rio Grande do Sul, mas a raça também vem ocupando espaços com uma expansão vertiginosa para as Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil, entre outras. “O Brangus está presente em todos os biomas brasileiros. A gente encontra a raça desde o Rio Grande do Sul até Roraima, Pará”, observa Lancsarics. “Ele vai bem no bioma amazônico, no Cerrado, na Mata Atlântica e no Pampa”, acrescenta. A raça Brangus reúne inúmeras vantagens como a rusticidade, a docilidade, a tolerância ao calor, a habilidade materna, a marmorização da carne (concentração de gordura), a padronização e rendimento de carcaça, a precocidade sexual (machos e fêmeas) e a fertilidade, além da grande resistência à infestação de ectoparasitas. Entre os benefícios do Brangus estão a facilidade de parto, os pelos curtos, os elevados pesos na desmama e no sobreano, o entoure mais cedo e bom desempenho de ganho de peso, tanto a pasto quanto no confinamento.Além disso, os animais se adaptam bem aos diferentes micros ou macros climas existentes no Brasil. Eles suportam tanto as temperaturas que passam dos 35°C no sol durante o verão no Brasil Central e no norte do País, como as temperaturas congelantes no inverno da Região Sul. “O Brangus traz a rusticidade do zebu junto com a qualidade da carne, fertilidade, habilidade materna e precocidade do Angus”, assinala o presidente da ABB. “É a raça que o mercado está buscando”, completa o dirigente. A ABB – A Associação Brasileira de Ibagé, nome que foi dado originalmente à raça, foi fundada em janeiro de 1979 por um grupo de criadores reunidos na sede da UEPAE de Cinco Cruzes de Bagé. Com o desenvolvimento do criatório e a introdução de animais de cruzamento de sangue Brahman, em 1989, passou a se denominar Associação de Brangus Ibagé. Em 1998, acompanhando as políticas de globalização e em função do Mercado Comum do Sul (Mercosul), com a homologação do Mapa, mudou o nome para Associação Brasileira de Brangus, usado até os dias de hoje. A entidade está sediada em Campo Grande (MS). * Gustavo Paes é jornalista do Grupo Futura-RS
Brangus invade o Nordeste
A raça Brangus, resultado do cruzamento do Aberdeen Angus com o Zebu, é uma das que mais cresce no Brasil. O maior número de criadores está concentrado na Região do Sul, pincipalmente no Rio Grande do Sul, mas a raça também vem ocupando espaços com uma expansão para as Regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, entre outras.As principais centrais de inseminação estão buscando por reprodutores Brangus, com grande destaque pela alta demanda de sêmen de touros da raça para cobrir fêmeas F1, uma excelente alternativa de cruzamento focado na produção de carne de qualidade. Esse aumento da procura por sêmen Brangus comprova a expansão da raça em todo território brasileiro, posicionando o Brangus como uma importante ferramenta de produção da pecuária competitiva.Nos últimos quatro anos, o Brangus cresceu em torno de 20% e já é a terceira raça em venda de sêmen, atrás apenas das raças mãe, Angus e Nelore. O número de registros na Associação Brasileira de Brangus (ABB) também vem crescendo. De janeiro a junho deste ano foram realizados 9.297 serviços de registros. Outro número que apresentou alta foi o da quantidade de sócios. Segundo a ABB, a raça conta com associados em 15 Estados brasileiros – Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe – além do Distrito Federal.A raça vem conquistando mais espaço no Nordeste, onde estão cinco associados. O rebanho total da raça ainda é pequeno, mas criadores e especialistas acreditam no potencial de crescimento e adaptação da raça na região. Um dos investidores é o criador gaúcho Luiz Paulo Malmann Filho, proprietário da Fazenda Fernanda, que, nesta semana, realizou o seu 4º Dia de Campo, o primeiro deles com a participação de 15 fêmeas e 10 touros Brangus. A propriedade, localizada em Balsas (MA), também seleciona animais das raças Nelore e Braford e faz Integração Lavoura-Pecuária (ILP) com o cultivo de soja e milho.O evento serviu para Mallmann Filho fazer contato com produtores da região e mostrar os diferenciais da raça, tanto para a genética como para a produção de carne de qualidade. Balsas integra o Matopiba, considerada a grande fronteira agrícola nacional e que responde por aproximadamente 10% da produção brasileira de grãos e fibras, principalmente soja, milho e algodão.Malmann iniciou o plantel há cerca de três anos. Em 2020, ele adquiriu touros e novilhas da GAP Genética, de Uruguaiana (RS), um dos principais criatórios da raça sintética no País. E depois comprou reprodutores da Cia Azul, de Alegrete (RS), e da JMT Agropecuária, de São Gabriel (RS). Atualmente, o rebanho é formado por 250 animais, considerando as 180 fêmeas em produção, touros e terneiros. “O Dia de Campo foi para mostrar as qualidades da raça Brangus, que está muito bem adaptada e tem u m grande potencial para se desenvolver na região”, afirma Malmann Filho.O Dia de Campo contou com a presença do técnico e diretor da ABB para o Nordeste, Roberto Maciel, e do especialista em cortes e preparo de carnes, Marcelo Bolinha, de Porto Alegre. O expert destrinchou meia novilha – dianteiro, costela e traseiro – e preparou um churrasco para mais de 300 pessoas. Os convidados ainda assistiram a palestras sobre as raças Brangus e Braford, cruzamento industrial e as vantagens da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), além de carne de qualidade. Por: Gustavo Paes (jornalista) – Associação Brasileira de Brangus (ABB) com curadoria Boi a Pasto.
Estudo sugere criar programa para controlar tuberculose bovina entre animais silvestres
O Brasil não possui uma legislação específica para o controle da doença, à qual os animais silvestres são suscetíveis A partir de uma pesquisa realizada no parque temático Pampas Safari, que funcionou no município de Gravataí, no Rio Grande do Sul, até 2017, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) compreenderam a extensão do surto de tuberculose bovina em animais silvestres, como cervos. Os resultados servem como um alerta para a necessidade de um programa de controle da doença entre esses animais, seja na natureza, em zoológicos ou parques. Desenvolvida com o apoio da Fapesp e a colaboração de equipes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul e da Faculdade de Medicina Veterinária da USP (FMVZ-USP), o resultado da pesquisa mostra que a doença foi provavelmente transmitida através dos bois para ao menos 16 espécies diferentes de animais, em sua maioria da espécie cervídeos. Foram encontradas três variantes genéticas da bactéria causadora da doença, a Mycobacterium bovis. Os resultados foram publicados na revista Transboundary and Emerging Diseases. Segundo os autores, trata-se do primeiro estudo que mostra a prevalência da doença em um ambiente que não é totalmente fechado, como um zoológico. Daiane Lima, pesquisadora do Grupo de Pesquisa Animal da Embrapa e primeira autora do estudo, afirma que “esses números, tanto de variantes como de espécies de animais infectados, provavelmente são maiores, pois não há um teste de diagnóstico específico para a tuberculose bovina em animais silvestres”. Flábio Ribeiro de Araújo, também da Embrapa, acrescenta que “o problema certamente foi muito maior do que o relatado. Nós só pegamos um fragmento do que aconteceu lá, com testes em animais mortos”. ZoonoseA tuberculose bovina é uma enfermidade infectocontagiosa que acomete animais domésticos, silvestres e também humanos. A transmissão para o homem se dá principalmente pela ingestão (leite cru não pasteurizado, na maioria das vezes) ou inalação de aerossóis por meio do contato com animais doentes. Não existe tratamento nem vacinas para os animais, somente medidas de prevenção e contenção do espalhamento de focos, que envolvem o abate após o diagnóstico. De caráter crônico, a doença causa prejuízos econômicos para a pecuária de corte e de leite, além de barreiras sanitárias. “Mundialmente, a notificação de tuberculose bovina à Organização Mundial da Saúde Animal é obrigatória. Mas, no Brasil, os casos em animais silvestres não precisam ser reportados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Queremos que esse trabalho ajude a corrigir esse vácuo legal, tendo em vista que o Programa Nacional de Controle da Tuberculose Bovina do ministério não leva em conta os animais silvestres”, afirma Ana Márcia de Sá Guimarães, coordenadora do Laboratório de Pesquisa Aplicada a Micobactérias do ICB-USP, onde foi feito parte dos testes. Diagnóstico e sequenciamentoOs cientistas analisaram amostras de animais sacrificados, coletadas entre os anos de 2003 e 2018. Além de amostras de lhamas que vieram a óbito, foram também incluídas amostras oriundas do diagnóstico de cervídeos realizado pela equipe veterinária do SEAPDR, seguindo orientações de pesquisadores, e o protocolo diagnóstico do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que também cuidou das eutanásias dos animais diagnosticados clinicamente. Com o decorrer dos anos, as amostras desses animais foram enviadas à Embrapa e à FMVZ-USP, que ficaram responsáveis por realizar o diagnóstico por meio de cultivo bacteriano. As amostras positivas foram submetidas ao sequenciamento genômico. Sendo possível entender se existia transmissão entre os animais e se houve múltiplas introduções da bactéria ao longo do tempo. No ICB-USP as amostras passaram por análises de bioinformática, onde foram captados todos os DNAs e comparados para avaliar se houve mutações da bactéria. “Tentamos ver quais genomas seriam mais próximos entre si e quais estariam mais distantes e que poderiam ser de origens diferentes”, explica Cristina Zimpel, aluna de doutorado. “Com o estudo, conseguimos mostrar, pelas três variantes encontradas, que houve ao menos três introduções diferentes da doença no parque no período”, acrescenta. Tudo indica que o surto no Pampas Safari se deu em função de dois fatores: alimentação inadequada dos animais, que compromete sua imunidade e habilidade de lutar contra o patógeno; superlotação de indivíduos de espécies diferentes em um espaço pequeno. “Os cervídeos que se infectaram foram sacrificados. Mas como o Pampas Safari é um local privado e a fazenda onde ele ficava situado ainda existe, não dá para dizer que o surto terminou”, diz Ana Márcia de Sá Guimarães. Os pesquisadores estimam que a doença pode ter se espalhado para outros Estados, pois no parque havia uma atividade intensa de venda de animais vivos para outras fazendas. Rastreamento de casosA busca por novas parcerias para analisar outros casos de transmissão de tuberculose bovina em animais silvestres. “Queremos conversar com pessoas responsáveis por zoológicos em diferentes regiões do país para ver se elas já presenciaram casos da doença e o que foi feito. E então analisá-los a fim de ter a real noção de sua prevalência no Brasil”, afirma Guimarães. Paralelamente, o grupo seguirá fazendo estudos sobre transmissão e diagnóstico da tuberculose nos bovinos e bubalinos. Na avaliação dos pesquisadores, é imprescindível um programa de controle da doença voltado aos animais silvestres, com notificação obrigatória dos casos e estabelecimento de critérios claros de diagnóstico. Sem essas medidas, o risco de disseminação da doença no Brasil, por meio dos animais silvestres, tende a aumentar. Fonte: Canal Rural Curadoria: Boi a Pasto