Confira os detalhes desse estudo na entrevista com a pesquisadora Patrícia Perondi Anchão Oliveira, da Embrapa Pecuária Sudeste, localizada no município de São Carlos (SP)
O feijão guandu é uma boa alternativa para produzir mais arrobas de carne bovina e menos pasto degradado e metano.
O consórcio do feijão guandu e capim como alimentação de bovinos pode ser um grande aliado na redução de emissão de gases de efeito estufa (GEEs) da pecuária de corte no País.
Este consórcio de plantas pode reduzir em 70% a emissão de GEEs de bovinos de corte e aumentar a produtividade da fazenda.
O resultado veio através de um estudo de cerca de quatro anos feito pela Embrapa Pecuária Sudeste, localizada no município de São Carlos (SP).
Resultado surpreendente do consórcio entre o feijão e o capim
A unidade de pesquisa já estuda o feijão guandu, que é uma leguminosa, há cerca de 30 anos. No entanto, os benefícios para o meio ambiente foram constatados mais recentemente, a cerca de quatro anos.
“Foi de fato um resultado surpreendente, pois a linha de pesquisa inicialmente era os benefícios do feijão guandu para a recuperação de áreas de pastagens”, diz Oliveira.
O consórcio é uma boa opção para pecuaristas de corte que estão em regiões com déficit hídrico, por conta da maior tolerância do feijão guandu.
Maior ganho de peso dos bovinos
O uso da variedade de feijão guandu BRS Mandarim, em consórcio com os capins Marandu e Basilisk, aumentou o ganho de peso dos bovinos e fez com que os bovinos emitissem menos metano por quilo engordado.
A emissão diária do gás por quilo de ganho de peso foi de 614,05 gramas no pasto consorciado, cerca de 70% a menos do que no degradado, com 2.022,67 gramas.
O uso da leguminosa no consórcio impactou também a produtividade. Os animais ganharam 58% a mais de peso em comparação ao pasto degradado, em um ano.
Meta de descarbonização da pecuária brasileira
Este tipo de pesquisa da Embrapa está contribuindo com o compromisso do Brasil de reduzir 30% das emissões de metano até 2030.
A tecnologia pode ser vantajosa não só para os pecuaristas, mas também para o País, que, em 2021, durante a 26ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP26), na Escócia, assumiu o compromisso de reduzir 30% das emissões de metano até 2030.
Detalhes do experimento com o feijão guandu
O experimento do consórcio de capins com o feijão guandu ocorreu de julho de 2020 a julho de 2021, na fazenda Canchim, sede do centro de pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste.
Os 27 animais utilizados, entre 15 e 16 meses, foram pesados mensalmente e o metano medido pela técnica do gás traçador de hexafluoreto de enxofre (SF6) por cinco dias consecutivos na estação das águas e na seca.
Os tratamentos avaliados foram três:
- pastagem recuperada das gramíneas Urochloa decumbens cultivar Basilisk e Urochloa brizantha cultivar Marandu com calagem e adubação de correção com fósforo (P), potássio (K), enxofre (S) e micronutrientes e fertilização nitrogenada com 200 kg de nitrogênio (N) por hectare ao ano na estação chuvosa divididos em três aplicações, com taxa moderada de lotação animal;
- pastagem degradada com baixa taxa de lotação animal;
- pastagem recuperada com calagem e fertilização corretiva com P, K, S e micronutrientes e consorciada das gramíneas Urochloa decumbens cultivar Basilisk e Urochloa brizantha cultivar Marandu com guandu BRS Mandarim, com taxa de lotação animal moderada.
Fonte: Giro do Boi
Curadoria: Boi a Pasto