setembro 7, 2024

Fungo parasita que infecta e mata aranhas é descoberto no Brasil

Fungo parasita que infecta e mata aranhas é descoberto no Brasil — Foto: João Araújo

Cientistas descobriram na Mata Atlântica do Brasil um novo fungo parasita que se alimenta de aranhas-alçapão. Ele foi encontrado em novembro do ano passado durante uma viagem de campo às florestas do norte do Rio de Janeiro para documentar a biodiversidade da área e buscar novas espécies.

Segundo o jornal The Guardian, o raro organismo de cor roxa, que pertence a um grupo de fungos que infectam invertebrados e se apoderam do hospedeiro, precisará de uma descrição científica formal antes de ser confirmado como uma nova espécie.

“É uma coisa muito bonita”, elogiou João Araújo, micologista do Jardim Botânico de Nova York, nos Estados Unidos, responsável pelo achado. “Eles infectam aranhas de alçapão, e é um dos poucos cordyceps que são roxos, o que é uma característica interessante. Não sabemos muito sobre esse grupo de fungos porque é muito pouco estudado. Ele foi coletado poucas vezes no mundo, principalmente na Tailândia. Esta provavelmente será a primeira vez que sequenciaremos uma espécie como esta no Brasil.”

A expedição ao país para estudar a Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo, foi uma colaboração entre o Royal Botanic Gardens, Kew Gardens, o New York Botanical Garden, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e outras organizações e incluiu especialistas em plantas, fungos, sapos, cobras e pássaros que queriam ver o que há na floresta.

Ao encontrarem o fungo parasita, eles usaram a mais recente tecnologia portátil para sequenciar o seu genoma no local. Durante a exploração, a equipe ainda acredita ter feito mais descobertas de organismos raros (um fungo parasita que ataca uma aranha-opilião e outro que ataca besouros de esterco), mas estes precisam de mais verificações.

Comportamento é diferente dos fungos zumbis
Os pesquisadores disseram que não há evidências de que o organismo encontrado controle o comportamento das aranhas de alçapão antes de matá-las, como seus parentes fungos formigas zumbis, que superam os insetos e os induzem a deixar seus ninhos para ir a lugares onde possam espalhar seus esporos – essa espécie ficou famosa depois do lançamento da série pós-apocalíptica The Last of Us, da HBO.

Oscar Alejandro Pérez Escobar, condutor principal do estudo, e Natalia Przelomska, que conduziu o sequenciamento em campo, disseram que seu trabalho apoiaria a hipótese de novas espécies e poderia ser usado para acelerar a identificação de outras espécies em ecossistemas ameaçados.

“Aqui em Kew, temos acesso a grandes máquinas de sequenciamento de DNA e todos os tipos de maneiras de produzir dados. Isso costuma ser muito mais difícil em países com biodiversidade. Portanto, o que foi realmente especial na viagem de campo foi que pudemos usar algumas das mais novas tecnologias de sequenciamento de DNA com as pessoas que trabalham lá. É um pequeno passo neste problema realmente grande de acesso desigual”, completou Przelomska.

Fonte: Época Negócios
Curadoria Boi a Pasto

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