No Brasil, situação atinge 63% do pasto, segundo ONG Imaflora. Saiba como é possível reaproveitar.
Por Paula Salati, g1
Legenda: Pastagem em nível avançado de degradação: com erosão e perda de vegetação. — Foto: Mailda Lyra/Embrapa
O reaproveitamento de pastagens degradadas foi citado pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), em seu discurso de posse, como uma das metas na área do meio ambiente. A reutilização dessas terras contribui para o combate ao desmatamento, outro objetivo com o qual ele se comprometido.
A seguir entenda o que são as pastagens degradadas, por que a recuperação evita o desmatamento e como reaproveitá-las.
O que é uma pastagem degradada?
Uma pastagem é considerada degradada quando o solo vai perdendo ou perde totalmente a capacidade de produzir plantas suficientes para alimentar o gado. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), há dois tipos de degradação:
- por excesso de plantas daninhas que passam a competir com as forrageiras (espécies de plantas voltadas para a alimentação animal), dificultando que o gado consiga selecionar a vegetação correta para a sua alimentação;
- por deterioração do solo – há um aumento na proporção de solo descoberto (sem vegetação), facilitando a erosão e a perda de nutrientes do solo.
Muitos pecuaristas percebem essa degradação quando não conseguem criar a mesma quantidade de animais em um mesmo terreno como antes ou quando o gado perde peso ou para de produzir leite.
Legenda: À esquerda, pasto degradado por erva daninha; à direita, por deterioração do solo. — Foto: Roberto Reis/Mailda Lyra/Reprodução Embrapa
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O que faz um pasto se degradar?
- excesso de animais em uma mesma área;
- falta de adubação do solo;
- plantar uma espécie forrageira em um solo para o qual ela não é adaptada;
- queimadas;
- pragas e doenças.
No Brasil, qual é a principal causa da degradação de pastagem?
É a combinação da falta de cuidado com o solo, como a não reposição de nutrientes, e manejo inadequado de animais, como a superlotação do pasto, destaca Leila Harfuch, sócia-gerente da Agroícone.
No Brasil, 63% de toda a área de produção pecuária nacional tem algum nível de degradação (moderada ou severa). Ou seja, são 96 milhões de hectares ameaçados de um total de 152 milhões, segundo a ONG Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
O que é reaproveitar uma pastagem degradada?
É usar técnicas agrícolas para devolver nutrientes ao solo, estimulando novamente a brotação das plantas.
O reaproveitamento evita o desmate porque dessa forma o produtor não precisa abrir novas áreas para criar boi ou plantar.
Como recuperar uma pastagem?
Segundo a Embrapa, há três formas de recuperar uma pastagem. Veja a seguir.
Recuperação direta
É feita em casos menos graves. Consiste no controle de plantas daninhas por meio de uso de herbicidas, por exemplo, e ajuste na fertilidade do solo a partir da adubação.
Em alguns casos, pode ter replantio de forrageiras. Essas técnicas são relativamente mais baratas que as duas a seguir.
Renovação
É aplicada em pastos mais degradados e consiste na formação de uma nova pastagem. Além de recuperar a fertilidade do solo, há replantio com mudança, ou não, da espécie. Pode ter, em média, um custo 3 vezes maior que o da recuperação direta porque se gasta com o preparo do solo: nivelação do terreno, aplicação de calcário, redução da acidez, adubação, sementes, exemplifica Leila, da Agroícone.
Recuperação/renovação indireta
Também é voltada para pastos mais degradados. Neste modelo, a criação de gado começa a ser revesada com o plantio agrícola e/ou florestal. Esse processo pode sair 5 vezes mais caro que a recuperação direta, a depender da região. Isso porque o produtor precisa mecanizar a área, preparar o solo e fazer novas semeaduras.
Contudo, essa tem sido a saída mais frequente entre os produtores por trazer diversificação da renda: em uma época do ano eles ganham com a venda do produto agrícola e, em outra, com a pecuária, ressalta Leila. A integração da pecuária com a lavoura e a floresta renova a pastagem pois, as técnicas aplicadas no solo para fazer o plantio, devolvem nutrientes à terra.
O efeito de renovação é ainda maior quando árvores são plantadas. Por terem raízes muito profundas, elas conseguem captar nutrientes do fundo da terra e reciclar a água com maior facilidade.
Fonte: G1
Curadoria: Marisa Rodrigues, publisher do portal Boi a Pasto