novembro 21, 2024

Pastagens degradadas: um desafio para a pecuária brasileira

Por Marisa Rodrigues (*)

Legenda: Estima-se que mais de 70% das pastagens brasileiras estejam em vários níveis de degradação. Recuperá-las é uma questão estratégica para melhorar a produção da atividade

A pecuária é uma atividade fundamental para a economia brasileira, mas a degradação de pastagens é um problema sério e crescente no país. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, existem cerca de 170 milhões de hectares de pastagens no Brasil e, infelizmente, 70% dessas áreas estão degradadas em vários níveis. A degradação das pastagens ocorre devido a diversos fatores, como a falta de manejo adequado, o uso excessivo de agrotóxicos, a erosão do solo, o desmatamento e o pastoreio excessivo. Esses fatores afetam a qualidade e a produtividade das pastagens, comprometendo a saúde e o bem-estar dos animais e, consequentemente, a rentabilidade dos produtores rurais.

Um dos exemplos mais conhecidos de degradação de pastagens no Brasil é o da região Centro-Oeste, que é uma das principais produtoras de carne bovina do país. Nessa região, a falta de manejo adequado das pastagens e o pastoreio excessivo têm contribuído para a redução da produtividade e para o aumento da degradação do solo. Isso tem gerado prejuízos para os produtores rurais e para o meio ambiente.

Outra região que vem sofrendo com a degradação de pastagens é a Amazônia. A região é conhecida por sua rica biodiversidade, mas o desmatamento e a conversão de áreas de floresta em pastagens têm contribuído para a perda de espécies e para a degradação do solo. Já no Nordeste do país, a degradação das pastagens é um problema que afeta principalmente as áreas semiáridas. Nessa região, as secas prolongadas e a falta de manejo adequado das pastagens têm comprometido a produtividade e a qualidade das áreas de pastagem. Isso tem afetado a vida dos produtores rurais e contribuído para o êxodo rural.

Para combater a degradação das pastagens, são necessárias medidas como a implantação de sistemas de manejo integrado, o controle da erosão do solo, a diversificação das atividades produtivas e a utilização de tecnologias sustentáveis. Além disso, é importante que os produtores rurais sejam capacitados e tenham acesso a informações e tecnologias que possam ajudá-los a melhorar a qualidade e a produtividade de suas pastagens. Em resumo: a degradação de pastagens é um problema grave e crescente no Brasil, afetando a produtividade, a rentabilidade e o meio ambiente. É necessário que sejam adotadas medidas efetivas para combater esse problema e garantir a sustentabilidade da pecuária no país.

Para melhorar as condições das pastagens degradadas no Brasil, é necessário adotar medidas de manejo adequado, restauração e recuperação dessas áreas. Algumas dessas medidas são:

  1. Planejamento e manejo adequado das pastagens: É importante adotar práticas de manejo sustentáveis, como a rotação de pastagens, o controle de lotação, a adubação e a correção do solo. O uso de técnicas de manejo adequadas pode aumentar a produtividade das pastagens e reduzir a degradação do solo.
  2. Adoção de tecnologias sustentáveis: O uso de tecnologias sustentáveis, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a agroecologia e a agricultura de precisão, pode ajudar a melhorar as condições das pastagens degradadas. Essas tecnologias podem aumentar a produtividade das pastagens, reduzir a erosão do solo e melhorar a qualidade do pasto.
  3. Restauração de áreas degradadas: A restauração de áreas degradadas pode ser feita por meio da introdução de espécies vegetais adequadas, como gramíneas e leguminosas, que ajudam a melhorar a qualidade do solo e a produtividade das pastagens. É importante escolher espécies adequadas para cada região e clima.
  4. Controle do desmatamento: O desmatamento é uma das principais causas da degradação das pastagens no Brasil. É importante adotar políticas de controle e fiscalização do desmatamento e da conversão de áreas de floresta em pastagens.
  5. Capacitação dos produtores rurais: É importante que os produtores rurais sejam capacitados em práticas de manejo adequado, restauração de áreas degradadas e uso de tecnologias sustentáveis. Isso pode ajudar a melhorar a produtividade e a rentabilidade das propriedades rurais, além de contribuir para a conservação do meio ambiente.

Pecuaristas consideram altos os investimentos em reformas de pastagens. Mito ou verdade?

Realmente, muitos pecuaristas consideram a recuperação e reforma de pastagens um investimento alto e, por isso, acabam não investindo nessa área. No entanto, é importante destacar que a recuperação e reforma de pastagens pode ser um investimento rentável e que traz diversos benefícios tanto para o produtor quanto para o meio ambiente.

Um dos principais benefícios da recuperação e reforma de pastagens é o aumento da produtividade. Com um manejo adequado e a introdução de espécies vegetais mais produtivas, é possível aumentar a capacidade de suporte das pastagens, ou seja, a quantidade de animais que podem ser mantidos em determinada área. Com isso, é possível obter maior produção de carne ou leite por hectare, o que pode resultar em maior rentabilidade para o produtor.

Outro benefício da recuperação e reforma de pastagens é a melhoria da qualidade do solo. Com o uso de técnicas de manejo adequado e a introdução de espécies vegetais que fixam nitrogênio, é possível melhorar a fertilidade do solo e reduzir a erosão. Isso pode resultar em menor necessidade de adubação e em menor perda de nutrientes para o ambiente. Além disso, a recuperação e reforma de pastagens pode contribuir para a conservação do meio ambiente. Com um manejo adequado, é possível reduzir a emissão de gases de efeito estufa, como o metano, produzido pela fermentação entérica dos bovinos.

É importante destacar que a recuperação e reforma de pastagens deve exigir um investimento inicial do pecuarista, mas esse investimento pode ser recuperado em um curto espaço de tempo, por meio da melhoria da produtividade e da redução dos custos com insumos, como adubos e suplementos alimentares. Além disso, é possível obter financiamento para a recuperação de pastagens por meio de programas governamentais e linhas de crédito específicas. (linkar com o anúncio da Cooperativa aqui).

A recuperação e reforma de pastagens é um investimento rentável e que traz diversos benefícios tanto para o produtor quanto para o meio ambiente. Com um manejo adequado e a introdução de espécies vegetais mais produtivas, é possível aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do solo e contribuir para a conservação do meio ambiente. É importante que os pecuaristas considerem essa alternativa e busquem informações sobre as melhores práticas para a recuperação e reforma de pastagens.

(*) Marisa Rodrigues é jornalista, especializada em pastagens e nutrição animal e publisher do Portal Boi a Pasto

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