julho 27, 2024

Primeiro nanossatélite brasileiro vai monitorar produção de soja e milho no Maranhão


Equipamento foi desenvolvido em cooperação técnica e financeira de instituições brasileiras e será colocado em órbita pela Space X, empresa do bilionário Elon Musk

Nanossatélite vai coletar dados de lavouras de soja e milho no Maranhão (Foto: Visiona Tecnologia Espacial)

Ele tem o tamanho aproximado de uma caixa de sapatos e deve ser colocado em órbita no início de 2023 pela empresa americana Space X, do bilionário Elon Musk. Trata-se do Visiona CUB (VCUB), primeiro nanossatélite criado integralmente pela indústria brasileira para validar tecnologias de aplicação agrícola. A primeira missão do equipamento será monitorar a estimativa de produção de soja e milho do Maranhão.

O acordo de cooperação técnica e financeira foi fechado entre a empresa Visiona Tecnologia Espacial (uma joint-venture da Embraer Defesa & Segurança com a Telebras, criada em 2012 para a integração de sistemas espaciais), a Embrapa Agricultura Digital e a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped). A parceria começou em 2018 com o objetivo de desenvolver nanossatélites para uso agrícola.

Pelo acordo, caberá à Embrapa validar as informações, imagens espaciais e mapas dos cultivos agrícolas cedidos pela Visiona, que também prestará informações técnicas referentes à execução e ao desenvolvimento do sistema. A Faped será responsável pela gestão administrativa, gerenciamento dos recursos financeiros em conformidade com o cronograma e o plano de trabalho e pela prestação de contas.

João Antunes, pesquisador da Embrapa e gestor técnico do acordo, avalia que a iniciativa conjunta, denominada Estimativa de Produtividade Agrícola por meio de Modelo Agrometeorológico-Espectral, representará uma evolução da API Agritec (interface de programação voltada ao agro), viabilizando maior assertividade nas previsões de produtividade das culturas da soja e milho no estado do Maranhão. “A solução tecnológica deve ser aperfeiçoada com a incorporação futura de dados obtidos das imagens do VCUB.”


Atualmente, o monitoramento da safra agrícola brasileira é feito por satélites governamentais americanos e europeus. Os dados são obtidos de forma gratuita pelas instituições, porém, o serviço carecia de aperfeiçoamento na visualização de alvos agrícolas, localizados no solo, abaixo das nuvens.

Por isso, os especialistas acreditam que as tecnologias modernas embarcadas no VCUB são uma solução inédita para se obter estimativas com maior precisão, aumentando a quantidade e qualidade das imagens destinadas ao mapeamento e monitoramento das áreas em produção e de conservação.

O nanossatélite vai passar 14 vezes por dia em órbita quase polar (sentido norte-sul, aproximadamente), girando em direção oposta à da Terra. É programado para operar por três anos, mas existem satélites que têm a vida útil planejada para cerca de cinco anos e operam há mais de 15 anos.

Estará equipado com câmera de alta resolução espacial especificamente projetada para captar alvos agrícolas com maior detalhamento. A inovação permite ao satélite apontar com precisão sua câmera para o local desejado ou realizar uma correção de órbita, entre outras aplicações.

Menor distância
“Atualmente, os satélites em operação fornecem imagens com detalhamento de 5 a 30 metros de distância do solo. O nosso vai alcançar 3,5 metros”
, destaca o diretor de operações da Visiona, Cleber Oliveira, de acordo com o divulgado pela Embrapa Agricultura Digital. Além disso, a adição de uma banda espectral, denominada borda do vermelho, confere maior definição às imagens, melhorando a acurácia na visualização de cultivos, diz ele.


Até então, para a agricultura, vinham sendo utilizadas as bandas azul, verde, vermelho e infravermelho próximo. O VCUB contará também com um sistema de coleta de dados na banda UHF baseado na tecnologia de rádio definida por software. São esperados ganhos também na periodicidade de coleta de imagens, podendo passar de intervalos de cinco dias para uma frequência de até dois dias. O presidente da Embrapa, Celso Moretti, destaca que a atual fase da agricultura digital é marcada pelo uso combinado de sensores, aplicativos e inteligência artificial.

“Quando se associa dados agrometeorológicos com imagens de satélite, os modelos ganham precisão, permitindo maior assertividade nas decisões. Além disso, o sistema de coleta de dados poderá atender o mercado de internet das coisas (IoT) em localidades com pouca infraestrutura. Daí a importância da aproximação com uma integradora de sistemas espaciais como a Visiona”, diz ele, segundo o divulgado pela Embrapa.

Para o presidente da Visiona, João Paulo Campos, o VCUB é um marco para o avanço e autonomia da indústria aeroespacial brasileira, que ganha significado ainda maior por ter como primeira missão atender ao agronegócio, setor fundamental para o país. “A possibilidade de conjugar imagens com alta qualidade e coletar dados de sensores no campo faz do VCUB uma plataforma poderosa para aplicações agrícolas, e a parceria com a Embrapa será fundamental para transformar esse potencial em soluções concretas voltadas para o mercado brasileiro.”

A operação do VCUB está sendo implantada em etapas. Na primeira, conduzida pela Visiona, os agricultores do Maranhão fizeram o cadastro indicando localização, cultivos realizados e estimativa de produtividade.

Na segunda, utilizando dados agrometeorológicos, a Embrapa mapeia a localização dos cultivos e a estimativa de produtividade das áreas em que há produção de soja e milho no Estado. O módulo 3 do sistema entrará em produção antes do lançamento do VCUB e usará imagens públicas de satélites para aprimorar a estimativa de produtividade por meio de Modelo Agrometeorológico-Espectral.

O gerente de Projetos e Desenvolvimento de Soluções da Visiona, Thiago Rodrigues, destaca que o VCUB é considerado um satélite de validação de tecnologias. Depois de lançado, ele deve passar por período de comissionamento, quando todos os subsistemas são colocados à prova, testados e validados.

“Vamos testar se a comunicação com o satélite está adequada, se a câmera a bordo do satélite está coletando os dados corretamente. Também será calibrada a coleta de dados em solo e a resposta dos alvos que estão sendo detectados pela câmera”, detalha o gerente.
Somente após esse período, com duração de três a seis meses, é que o nanossatélite entra em operação para aplicações.

O VCUB utiliza uma plataforma de 12 quilos (com 30 centímetros de comprimento, 20 centímetros de altura e 10 centímetros de largura). A partir de três satélites em operação conjunta já se considera uma constelação. Estudos mostram que nove satélites seriam suficientes para cobrir o Brasil inteiro em 20 dias.

Fonte: Globo Rural

Curadoria: Boi a Pasto

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