novembro 1, 2024

Produtores e empresas apostam em técnica que recupera àrea

“O produtor rural não consegue produzir se não tiver equilíbrio ecológico. A gente depende economicamente de uma natureza preservada.” A fala do produtor de soja Joel Carlos Hendges, de Balsas (MA), resume o conceito de agricultura regenerativa, ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), aplicada com a adoção de técnicas de cultivo ambientalmente inteligentes, com práticas voltadas para o enfrentamento das mudanças climáticas, proteção do solo e da água. Esse modo de plantar e colher, com técnicas simples, respeitando a natureza, recupera o ecossistema biológico e aumenta a produtividade, dando mais rentabilidade ao produtor. 

Em um mercado mundial com apelos crescentes, sobretudo na Europa, por produtos agropecuários produzidos sem derrubar árvores, a agricultura regenerativa é uma resposta brasileira às pressões globais contra as emissões de gases de efeito estufa. Entre as culturas em que o modelo está mais avançado destaca-se o café, cuja produção pode ser a mais atingida pelas mudanças do clima. O Brasil é o maior produtor mundial, colhendo cerca de 3 milhões de toneladas por ano. É também o maior exportador do planeta, o que o obriga a acompanhar a mudança no perfil do consumidor de café no mundo, cada vez mais exigente de sustentabilidade ambiental na produção.

Embrapa Café desenvolve projetos de sistemas produtivos integrados, com o uso da forrageira braquiária como planta de cobertura nas entrelinhas do cafezal para manter o solo protegido contra o sol, ventos e erosões. É literalmente plantar capim para controlar o mato. A tecnologia traz impactos regenerativos, armazenando e reciclando nutrientes, e reduz de 30% a 40% o uso de herbicidas. E também diminui a temperatura média do solo, evitando a evaporação direta da água e elevando em 20% sua disponibilidade para a planta. Reduz, ainda, em 40% o uso de máquinas e implementos. 

A Embrapa desenvolveu também cultivares – variedades de plantas – de café mais adequados para diferentes ecossistemas brasileiros, como as matas de Rondônia, as regiões serranas do Espírito Santo, as encostas da Mantiqueira, em Minas Gerais, e os campos do Paraná. “O produtor deve buscar a cultivar que mais se adapta às condições de clima e solo, e de acordo com suas necessidades de produção”, disse o chefe-geral da Embrapa Café, Antonio Fernando Guerra. Ele lembrou que estão em desenvolvimento os protocolos para nosso café carbono neutro. 

Prática 

Desde que iniciou a mudança no sistema de produção, em 2017, o cafeicultor Ricardo Bartholo, da Fazenda Cinco Estrelas, em Minas Gerais, conseguiu avançar do modelo convencional para a cafeicultura regenerativa e, daí, para o café orgânico com certificação. A mudança foi gradativa, mas irreversível, segundo ele. “Mudei a minha visão em relação ao café. Iniciei com o uso de compostagem com material que já tinha na fazenda, depois introduzi os pós de rocha nos compostos. Atualmente enriquecemos o composto com comunidades de biológicos”, disse. 

Fonte: Estado de São Paulo

Curadoria: Marisa Rodrigues para o portal Boi a Pasto

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