Lavoura em Evolução e Pastos & Pastagens integraram a programação da primeira edição do Pampa em Evolução
Legenda: em sentido horário, Alexandre Valente Selistre, Anderson Belloli, Ivonei Librelotto, público seminário Pastos & Pastagens e Valter José Potter. Fotos: Lucas Vieira
A programação do Pampa em Evolução – Conhecimento, Negócios e Sustentabilidade reservou hoje (16/6) espaço para a comemoração dos 20 anos do Seminário Lavoura em Evolução, onde foi abordada a integração lavoura x pecuária, e também os 30 anos do Seminário Pastos & Pastagens, considerado um dos maiores eventos permanentes da pecuária gaúcha com enfoque na pecuária de corte.
Abrindo a programação dos eventos promovidos pela Associação e Sindicato Rural e pela Associação dos Agricultores de Dom Pedrito, o advogado Alexandre Valente Selistre discorreu sobre “O Direito agrário como instrumento da agroprosperidade”, enfatizando o potencial da agropecuária brasileira. Conforme o especialista, o direito agrário teve dois ciclos, o primeiro deles relacionado à reforma agrária. “No meu conceito, reforma agrária é dar condições ao homem do campo de permanecer no campo, mas hoje nós estamos já no segundo ciclo, que é exatamente a produção. A produtividade brasileira cada vez está crescendo mais e posicionando o Brasil como principal player mundial dentro do agronegócio, exatamente porque nós temos algumas características que nos destacam naturalmente”, ressaltou, citando questões como a precipitação pluviométrica, fertilidade das terras e mão de obra qualificada.
Outra vantagem da agropecuária brasileira em relação aos principais produtores mundiais de alimentos é o clima propício à atividade. “A Rússia e os Estados Unidos tem a questão da neve, já a Índia e a China – a exemplo dos EUA – tem uma reserva hídrica muito fraca”, explicou, lembrando que a FAO (Food and Agriculture Organization) já repassou ao Brasil a missão de, em 2040, ser responsável por 41% da produção agrícola mundial. “De cada cinco pratos de comida no mundo, um deles virá do Brasil, isso é muito significativo. Mas temos que, através da tecnologia e da ciência, trazer argumentos para que possamos transmitir não só para a população brasileira, mas para o mundo inteiro, a nossa capacidade produtiva. Temos melhores condições de produzir do que a maior parte dos países que estão competindo conosco e, inclusive, podemos fazer isso de uma forma eficiente, isso é agroprosperidade”, reforçou.
Logo em seguida, o diretor Jurídico e Executivo da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Anderson Belloli, proferiu a palestra “Direito agrário, insegurança jurídica e os prejuízos da generalização do conceito de trabalho análogo à escravidão”, repassando informações para que aos produtores rurais possam evitar quaisquer tipos de riscos no sentido de ser atribuída a eles uma condição de trabalho em condição análoga à escravidão, especialmente no que diz respeito a questões como dormitórios, alojamentos e espaços para alimentação. “O grande problema é tratar essa questão de maneira irresponsável, como nós entendemos que muitas vezes acontece, sem uma efetiva análise do caso em concreto, porque muitas vezes aquela primeira impressão, ela não se configura, de modo a causar prejuízo não só para o produtor, mas para o agronegócio como um todo”, observou, citando ainda as diferentes interpretações em relação à legislação vigente. “A legislação precisa ser mais clara, no sentido do que é o trabalho degradante. O que nós temos preconizado é que o setor deve ter atenção com relação a alguns elementos básicos para que o trabalhador possa ter sua dignidade atendida.”
A “Integração Lavoura-Pecuária” foi abordada pelos agropecuaristas Valter José Pötter, de Dom Pedrito, e Ivonei Librelotto, de Palmeira das Missões, que apresentaram os casos de sucesso de suas propriedades. Sócio-proprietário da Estância Guatambu, Pötter destacou a importância dessa integração no incremento da produtividade da carne. “Se não colocar nenhuma pastagem nas restevas de soja, se produz, no inverno, entre 50 e 80 quilos de carne por hectare. Já com uma pastagem bem implantada pode-se chegar a índices entre 500 e mil quilos por hectare.”
Conforme o titular da Fazenda Librelotto, a integração lavoura-pecuária traz inúmeros benefícios, entre eles a menor compactação do solo, otimização do uso de maquinário e mão de obra, eficiência no uso da água, antecipação da pastagem no vazio outonal, supressão biológica natural de pragas e patógenos, melhoria das qualidades físicas, químicas e biológicas do solo, retorno mais rápido do capital investido e aumento do lucro por unidade de produção.
Promovido pela Associação e Sindicato Rural, Associação dos Agricultores e prefeitura municipal, com apoio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), o “Pampa em Evolução – Conhecimento, Negócios e Sustentabilidade” ocorre até 17 de junho, no Parque de Exposições Juventino Corrêa de Moura, em Dom Pedrito (RS).
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