novembro 21, 2024

Sombreamento nos Pastos: O Pilar da Pecuária Sustentável em Tempos de Ondas de Calor

À medida que o Brasil se prepara para enfrentar ondas de calor intensas, com previsões alarmantes de temperaturas chegando a 45 graus Celsius nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, é fundamental destacar a importância do sombreamento nos pastos para a pecuária. O sombreamento, que pode ser alcançado por meio de árvores ou estruturas artificiais, é uma prática essencial para garantir o bem-estar dos animais e a produtividade da pecuária, além de desempenhar um papel significativo na mitigação das mudanças climáticas e na promoção da pecuária sustentável

Pasto e boi viram protagonistas na recuperação de terra fraca

Que tal recuperar uma área de solo arenoso com um bom manejo de pasto e com o pastejo do boi? Esta é basicamente a ideia do Sistema São Matheus.Pasto e boi viram protagonistas na recuperação de terra fraca 

O sistema é um modelo de integração lavoura-pecuária (ILP) para a região do bolsão sul-mato-grossense. Neste caso, o componente pasto e boi entram primeiro, inclusive com correções no solo.

Bem-estar animal: sombra é essencial em regiões de clima quente

O conforto térmico é um dos requisitos que garantem, além do bem-estar, a sustentabilidade e o sucesso da atividade pecuária em regiões de clima quente. Com a crescente preocupação do mercado consumidor – principalmente o europeu – em relação ao bem-estar animal, os produtores rurais devem ficar cada vez mais atentos ao modo como os animais são tratados dentro das propriedades. A produção animal no Brasil concentra-se basicamente na região intertropical, onde existe a maior incidência de radiação solar, o que pode causar efeitos prejudiciais, tanto na produção e na sanidade, quanto na reprodução. “Quando falamos em produção animal a pasto nos trópicos, considerando-se as mudanças climáticas e a perspectiva de aumentar ainda mais a temperatura do ambiente, é preciso tomar alguns cuidados para evitar esses efeitos prejudiciais aos animais”, destaca a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Fabiana Villa Alves. Há raças bovinas mais ou menos adaptadas ao calor. As taurinas, em geral, são pouco adaptadas a climas quentes e, por isso, as que mais sofrem os efeitos prejudiciais de altas temperaturas no ambiente. “Por outro lado, o nelore, pertencente às raças zebuínas, é um animal considerado adaptado a esse tipo de clima. Algumas características, como a cor da pele e do pelo, e a grande quantidade de glândulas sudoríparas muito eficientes, auxiliam-no a tolerar bem o calor”, diz a pesquisadora. Entretanto, ela explica que mesmo sendo adaptados, sofrem em períodos prolongados com altas temperaturas por se tratarem de animais homeotérmicos, que devem manter a temperatura “ótima” para realizar as funções fisiológicas normalmente. Quando essa temperatura começa a aumentar ou diminuir, eles precisam usar alguns mecanismos para retorná-la àquela considerada normal. Os animais têm diferentes faixas de temperaturas consideradas de conforto térmico. Para os taurinos, essa faixa é de até 27 graus. O zebuíno suporta um pouco mais, mas a temperatura máxima de conforto é de 35 graus. “No inverno, no Centro-Oeste, são facilmente registradas temperaturas, ao sol, próximas a essa. Então, dependendo da raça e da adaptabilidade, o animal fica ofegante, aumenta a temperatura retal e os batimentos cardíacos para tentar dissipar esse calor e voltar à temperatura ótima. Mas todo mecanismo que ele usa para isso demanda gasto de energia, o que pode refletir em queda de produtividade”, lembra Fabiana. Para deixar os animais na zona de conforto térmico, ela lembra que são necessárias modificações ambientais, conforme o sistema de produção. Para os confinados é possível colocar aspersores de água, cortinas e sistemas de ventilação. Para animais a pasto, a medida mais eficiente é oferecer sombra, que pode ser tanto artificial (sombrite 70%), quanto natural. Esta última, dada pela introdução de árvores, é a mais barata e eficiente, além de trazer outros benefícios agregados como aumento de biodiversidade, diversificação da renda e alimento para os animais. “A sombra natural é mais eficiente porque a árvore, além de bloquear a radiação solar, cria um microclima embaixo daquele ambiente com sensação térmica mais agradável. Assim, é oferecida uma condição de melhor conforto térmico, por se tratar de um ambiente com menor temperatura e, com isso, é possível promover o bem-estar do animal”, acrescenta a pesquisadora. Segunda ela, a espécie da árvore a ser usada depende de alguns fatores. Por exemplo, em sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) na região Centro-Oeste, o eucalipto é muito utilizado devido às condições de solo (ácido e com baixo teor de argila) e ao mercado consumidor existente para celulose, madeira e carvão. Na Embrapa Gado de Corte, vêm sendo realizados estudos para caracterizar quantitativa e qualitativamente tipos de sombra de diferentes espécies de árvores, e quantificar o benefício proveniente dela para os animais. A expectativa é que os resultados sejam divulgados dentro de três anos.  Fonte: Embrapa Gado de Corte. Foto: João Costa (Embrapa)

Agronegócio X Meio-Ambiente

Podemos acabar com a fome sem acabar com o planeta? Por Marisa Rodrigues – Jornalista A Degradação da natureza visando o aumento na produção de alimentos de um lado, com o planeta chegando a mais de 7,5 bilhões de pessoas, e de outro, o aumento da fome, principalmente na África Subsaariana, Ásia, Oceania, África, entre outros, traz uma questão a se considerar. Como produzir mais alimentos sem prejudicar ainda mais o meio ambiente? Esse cenário coloca os países em uma situação conflitante. De um lado têm que produzir mais, para vencer a fome, que se alastra pelo planeta e de outro, não pode mais desmatar para aumentar as áreas de plantio, pois o planeta está numa rota, cada vez mais acelerada de autosuicídio. Nos últimos anos, o planeta produz até o mês de agosto tudo o que deveríamos produzir em um ano. Isto é, todos os anos temos ficado em déficit com a Terra, que não consegue mais repor essa diferença para começar o ano seguinte, zerada, no azul. Nossa Terra é azul, mas há muito tempo os homens têm causado, em nome do capitalismo selvagem, uma  devastação sem precedentes, o que ocasionou as mudanças climáticas, que por sua vez, são uma resposta do planeta para tentar se proteger e sobreviver a este massacre. Ainda que isso custe a vida da humanidade como a conhecemos. Está claro que os números de produção de alimentos são enormes, porém maior ainda é o número de pessoas passando fome no mundo. Em apenas um ano, esse número na América Latina aumentou em 13,8 milhões, de 45,9 milhões para 59,7 milhões, segundo o Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutricional 2021, da ONU. Isso equivale a 9,1% da população da América Latina e do Caribe – é a maior prevalência da fome dos últimos 15 anos. Diante desse quadro, algo pode ser feito para mudar o rumo? A boa notícia é que o sistema alimentar global está amadurecendo para mudanças e quem era visto como a maior ameaça à natureza pode se tornar sua melhor aliada. Até o momento, a agricultura e o meio ambiente têm sido vistos como antagonistas.  O pensamento até agora tem sido que alguns danos ambientais são uma contrapartida infeliz, mas necessária para aumentar a produção de alimentos e nutrir a humanidade e nada pode se fazer contra isso. Mas as coisas não precisam ser assim, hoje já sabemos como alimentar uma população crescente sem destruir o planeta. Mas precisamos pensar além disso, queremos não só produzir mais, mas reduzir os danos. Precisamos investir em um sistema alimentar que restaure a natureza em vez de esgotá-la. Todo desafio é uma oportunidade de crescimento A produção de alimentos alterou nosso planeta mais do que qualquer outra atividade humana. Ela é responsável por 24% das emissões de efeito estufa e 70% do uso total de água doce; é talvez a maior causa da perda da biodiversidade no mundo, além disso a produção de alimentos também é a causa de 80% da perda global de habitat, uma tendência que está acelerando a cada dia. Com certeza os números não são animadores, porém uma ameaça crescente, pode se tornar uma oportunidade ainda maior. Por essas razões que a preservação do meio ambiente é um dos pilares do agronegócio nos dias atuais. Além de ser mais rentável ao produtor, os países compradores exigem essa medida mais ecológica. Segundo  o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi: “Agricultura e a conservação do meio ambiente andam juntos. A boa produção de alimentos depende desses serviços que a natureza nos oferece, como um bom regime de chuvas, controle biológico, fertilidade do solo e controle de pragas. Tudo isso é que faz a produção agrícola acontecer. O bom agro não é predador, ele é parceiro da natureza”. Só no Brasil são mais de 180 milhões de hectares de  pastos e setenta por cento disso estão com algum tipo de degradação. E é pensando nisso que a sociedade agrícola hoje dispõe de várias técnicas e tecnologias para que seu negócio ande de braços dados com a preservação do meio. Dentre esses podemos destacar: Novas metodologias: Forma de atingir conhecimento ou resultado. Nesta categoria estão métodos de análise, procedimentos de laboratório, formas de diagnóstico, métodos de pesquisa, entre outros. Como por exemplo o mapeamento digital de solos e Equações para predição de emissão de metano entérico de ruminantes criados em condições tropicais Novos serviços: de natureza de pesquisa ou de transferência de tecnologia, oferecidos pela Embrapa à sociedade, como treinamentos, capacitações, análises e monitoramentos. Podemos citar o Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos (Plataforma CIM) e Planilhas para estimativa da necessidade hídrica e manejo da irrigação de videiras. Novos produtos: São as soluções tecnológicas de natureza física e digital, como softwares, aplicativos, cultivares (sementes e mudas), animais, máquinas, equipamentos, bebidas, fertilizantes, vacinas e outros. Alguns exemplos são o SisILPF_Cedro – Software para manejo do componente florestal de ILPF – Cedro-australiano e o SisILPF_Elliottii – Software para manejo do componente florestal de ILPF – Pinus elliottii Novos processos: São os procedimentos para geração de produtos, como processos para obtenção de embalagens, alimentos, bebidas, rações, produtos químicos, biológicos, industriais e mais. Como os Imunoestimulantes em rações para peixes e o Beneficiamento da casca de coco verde para a produção de fibra e pó. Novas Práticas agropecuária: São técnicas de produção agropecuária e de manejo de recursos naturais, como adubação, plantio, controle de doenças e pragas, conservação de solo e água, entre outros. Alguns exemplos são o uso do amendoim forrageiro (Arachis pintoi cv. Belomonte) em pastagens consorciadas com gramíneas no Acre e a manutenção e recuperação de pastagens, e as técnicas de manejo de pastos para a obtenção de maiores produtividades sem que haja aumento de território de plantio. Novos sistemas: São conjuntos de práticas de manejo para produção vegetal ou animal. Inclui sistemas de criação, sistemas de produção em rotação, sucessão ou consorciação, sistemas integrados e outros. Como por exemplo Sistemas modulares para produção de plantas irrigadas com água salobra e Sistema de produção

Mais lucrativa, pecuária sustentável ajuda a reduzir o desmatamento

Com 1,064 milhão de toneladas e US$ 7,409 bilhões em receita, o Brasil é recordista na exportação de carne bovina, com e Iniciativas que garantem a sustentabilidade da cadeia produtiva abrem mais oportunidades nos mercados internacionais O Brasil é uma potência mundial no segmento de carne bovina, liderando o ranking de países exportadores. De janeiro a julho de 2022 foram 1,064 milhão de toneladas e US$ 7,409 bilhões em receita, respectivamente 17,7% e 45,5% a mais sobre o mesmo período de 2021, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Chegar a esses números exige não apenas esforço dos produtores, mas muitas vezes práticas que são condenáveis do ponto de vista da sustentabilidade da cadeia produtiva. Embora parte dos questionamentos a esse respeito parta de nações concorrentes, é praticamente impossível dissociar o avanço da pecuária ao desmatamento. De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no ano passado a floresta amazônica perdeu 10.362 km2 de mata nativa, 29% a mais do que em 2020. E em muitas das áreas onde antes havia árvores, hoje há pasto. A pecuária profissional e sustentável pode se descolar dessa imagem de vilã se assumir valores como a transparência frente ao mercado global. Desde que não fique apenas no discurso, claro. Essa tem sido uma das prioridades do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), conforme afirmou o vice-presidente da instituição, João Schimansky Netto, que está há pouco mais de um mês no cargo: “O maior desafio é despertar essa consciência de que é preciso mostrar o melhor da pecuária sustentável com a mesma mensagem”. O executivo entende bem essa relação, pois também é o responsável pela compra de carne bovina da empresa sueca Norvida na América do Sul, sobretudo no Brasil. Segundo Netto, além dos fatores relacionados à qualidade, os clientes europeus fazem questão de saber como a carne foi produzida. Para ele, falta um instrumento oficial que comprove a origem de um bezerro e por onde esse animal andou. “Isso é o que a Europa cobra e o setor está trabalhando para mostrar. Qualidade sanitária a gente já tem, a bola da vez é a questão do desmatamento”, disse. Quanto mais alinhado estiver o setor, maiores são as chances de avançar nesse campo. A pecuária sustentável é baseada em bem-estar animal, conservação do solo e da água, melhor aproveitamento de insumos e mitigação dos gases de efeito estufa. Adotar tais práticas naturalmente apresenta redução de custos, elevação de margens de lucratividade e pode conquistar mais mercados, o que já é um ganho bem significativo. Além disso, permite aos produtores receber serviços ambientais e entrar no mercado de créditos de carbono. Assim, todos ganham, especialmente o planeta. Fonte: Isto é Dinheiro Curadoria: Boi a Pasto

Quanto de pasto, lavoura e floresta devem ter na ILPF? Esta planilha dá a resposta

Pesquisadores da Embrapa falam sobre uma planilha eletrônica que ajuda o produtor a quantificar as áreas para implantar um sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Confira Está interessado em adotar um dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) na fazenda? Sabe quanto cada área de produção pode ter? Uma planilha elaborada por pesquisadores da Embrapa dá a dimensão exata para os pecuaristas implantarem qualquer sistema de ILPF. “A integração é um caminho sem volta e está crescendo mais de 1 milhão por ano”, diz Tonini. Os dados de 2020 estimam 17 milhões de hectares com o uso de sistemas de ILPF. “Este ano, seguindo as projeções, devem ser 20 milhões de hectares em todo o País”, diz Magalhães. A ILPF na ponta do lápis Para facilitar como o produtor pode dividir as áreas de sua propriedade, a união de trabalho de pesquisadores da Embrapa, com apoio da iniciativa privada, resultou numa planilha eletrônica. O documento pode ser aberto em um computador a partir de programas como o Excel, Libre Office ou Planilhas Google. Clique aqui e faça o download dessa planilha. Ela é gratuita. O sistema ILPF é para qualquer tipo de fazenda O sistema serve para popularizar cada vez mais a ILPF. Os pesquisadores afirmam que serve qualquer tipo de fazenda. A planilha também serve para qualquer tamanho de área de propriedade e para qualquer espécie florestal. O documento inclusive permite que sejam feitos os cálculos modificando a orientação do plantio das árvores no talhão. Cálculos para uma pecuária sustentável Uma das grandes vantagens, além da agregação de valor das atividades da fazenda, é poder implementar uma pecuária sustentável. A integração de árvores na pecuária ajuda o sequestro de carbono vindo da produção de gado. Segundo as pesquisas, de 200 a 400 árvores por hectare são suficientes para neutralizar as emissões de quatro a sete unidades animal por ano. Fonte: Giro do Boi Curadoria: Boi a Pasto